The one she comes back to escrita por Lily


Capítulo 13
13. Send Me On My Way




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29 de junho de 1994

16h55

Casa de Eric e Donna Forman

Donna se virou em seu vestido branco observando os detalhes pelo espelho. Jackie torceu o nariz diante da vestimenta. Só Donna mesmo para escolher algo tão… argh para se casar. O vestido tinha um corte reto no busto e flores de cetim por toda a saia, até poderia ser bonito se não fosse as manchas coloridas que estampavam o tecido.

—Acho que não vai dar pra usar ele. - Donna disse um tanto triste, Jackie abriu um sorriso de satisfação porque ambas tiveram o mesmo pensamento. - Eu queria tanto me casar com ele de novo.

—Mas olhe pelo lado positivo, sua madrinha de casamento está aqui e eu mesma vou me certificar que você terá o melhor vestido de casamento, o que compensa essa trapo em que você se casou. - Jackie falou sorrindo ainda mais, Donna revirou os olhos.

Para o aniversário de dez anos de casamento, Eric e Donna renovaram seus votos em um cerimônia íntima no jardim dos Forman. Jackie estava em êxtase com aquela novidade, já que ela não havia ido ao primeiro casamento, este segundo seria uma chance de se redimir com eles e também de roubar a cena em seu vestido de madrinha.

—Então, qual é a cor do meu vestido? Eu estava pensando em algo azul celeste ou lilás.

—Amarelo.

—O que? Ah vamos lá, amarelo me deixa com cara de doente. Quem tal rosa?

—Sem rosa.

—Por que não?

—Jackie é o meu casamento. E eu vou fazer as coisas do meu jeito.

—Isso não é justo. Você já teve uma chance e eu não tenho culpa se você fez tudo errado. Agora é minha vez de fazer isso certo. Eu ainda não tive minha chance.

Donna apenas revirou os olhos para ela.

—Jackie, você é minha madrinha então isso significa que terá que fazer tudo ao meu gosto, entendeu? - Jackie bufou, mas assentiu. - Agora me ajude, preciso de um vestido novo para o casamento.

—Posso pedir para Led fazer um, mas ela cobra caro e é muito detalhista.

—Existe algo que essa garota não consegue fazer? - Donna indagou.

—Não. Ela é uma Burkhart. - Jackie disse dando de ombros. Donna balançou balançou a cabeça rindo. - Led está animada em poder ajudar.

—Eu vi. Ela e Kitty estão discutindo onde as cadeiras vão ficar e o que fazer para o jantar. Ela está muito animada.

—Pelo menos com esse casamento ela está.

Donna se virou para ela com a sobrancelha arqueada.

—Ela ainda não se resolveu com Martin?

—Led o odeia e eu não sei se algum dia ela poderá mudar de ideia. Ou quero que ela mude de ideia. - Jackie murmurou a última parte abaixando os olhos.

Donna caminhou até ela se sentando à sua frente.

—Você vai terminar com Martin?

—Donna, você já se sentiu como se estivesse seguindo por uma ponte e não pudesse mais voltar para trás? Eu sinto como tivesse deixado Martin para trás no momento em que vi Steven novamente. - ela revelou. Donna colocou as mãos sobre a boca e arregalou os olhos.

—Aí meu Deus! Você ainda ama ele! - ela exclamou sorrindo.

—Eu não queria. Mas eu ainda não consigo deixar de sentir essas malditas borboletas no estômago quando Steven sorrir para mim ou quando ele me elogia ou quando ele simplesmente aparece na porta da cozinha sorrindo para a sra. Forman. É como todo aquele sentimento que eu tinha voltasse de uma vez e eu simplesmente não sei como sair dessa merda. - ela resmungou.

—Jackie. Não dá pra controlar o coração. Temos que fazer certas escolhas se quisermos ser felizes. Se você quiser ficar com Hyde, você deverá escolher.

—Eu não sei se consigo isso, Donna. Eu já me dei a Steven três vezes e todas as vezes acabamos no mesmo lugar. A quilômetros de distância um do outro. Nunca dará certo.

—Talvez a quarta vez dê sorte. - Donna sugeriu, mas Jackie continuou cabisbaixa. - Quando você se foi, Hyde ficou triste.

—Impossível. Ele tinha Sam para poder animá-lo. Ele a escolheu.

—Hyde foi um idiota, Jackie. Mas você tem que admitir que vocês dois foram muito cabeças-duras, você devia ter insistido e conversado sobre o relacionamento de vocês.

—Donna, eu não posso ser sempre a responsável por fazer as coisas darem certo. Eu me dei inteira a ele. Meu corpo, minha alma e meu coração. Eu fiz de tudo para isso dar certo, mas parecia que Steven não estava nem aí. Eu sei que é o jeito dele, cresceu órfão de amor e carinho, e a pobreza o fez ser duro emocionalmente. Mas eu não pedi muita coisa, eu só queria que ele estivesse lá por mim. Que ele não me abandonasse como todos fizeram. Steven era o único que me entendia, ele sabia o que era se sentir abandonado pelos pais, se sentir vulnerável e inseguro diante de novas pessoas. Ele era como eu. Acho que foi por isso que nós aproximamos. Mas agora… eu só estou cansada, Donna. Estou cansada de tentar fazer isso dar certo.

Donna estendeu os braços para ela e a envolveu contra si. Jackie se deixou relaxar alguns segundos enquanto fechava os olhos e aproveitava aquele momento de paz.

17h28

Casa dos Forman

Led sentou no sofá com um bloco de desenho em uma mão e um lápis na outra. Ela bateu a borracha do lápis contra a boca fechada tentando decidir por onde começar. O vestido de casamento de Donna deveria refletir a personalidade dela, Led estava pensando em lago clássico, mas delicado, mangas três quartos, tule ou cetim, longo ou midi. Ela ainda não tinha certeza de suas escolhas.

Sua atenção foi atraída para Betsy que entrava na sala, na TV ligada passava algum clipe de música na MTV.  Led jogou a cabeça para o lado observando os detalhes no vestido da dançarina do clipe.

—No que você está pensando? - Betsy indagou se sentando ao lado dela.

—No vestido de tia Donna e em alguma maneira de fazer papai admitir que ainda ama mamãe.

—Já tem algum plano?

—Não exatamente. Estou pensando em algo, mas vou precisar de ajuda.

—Conta comigo. Adoro finais felizes. - Betsy afirmou com o mesmo ar romântico de Brooke. Led riu e abriu a boca para explicar o plano para a garota, mas parou quando a porta da cozinha se abriu deixando Red entrar sendo acompanhado por Eric.

—Mas papai, será apenas uma noite, como você pode dizer não? - Eric implorou fazendo Red revirar os olhos.

—Você tem sua própria casa, faça nela e me deixe em paz.

—Mas pai. - Eric insistiu recebendo apenas um olhar gelado de Red. Led abaixou os olhos rindo baixinho.

—Hey, antes que eu esqueça, seu pai vai mesmo fazer aquele concurso? - Betsy indagou, ela assentiu em afirmação. - Ótimo. Porque eu vou participar, vou tocar piano e cantar.

—Eu também! - Eric afirmou. - Vou tocar a marcha imperial com um flauta.

Led franziu a testa para os dois a sua frente.

—Tio, não sei se papai vai aceitar você fazer isso e eu também não acho que você saiba tocar flauta.

—E ele não sabe. - Red afirmou abrindo o jornal. - Mas como sempre ele não deixará esse mísero detalhe em seu caminho.

—Não mesmo! Eu ganharei esse concurso. - Eric falou sorrindo. Led então se virou para Betsy.

—E você sabe tocar piano ou cantar?

—Não. Mas eu posso aprender.

Led franziu a testa novamente.

—Não da pra aprender piano em duas semanas.

—Eu só preciso de um bom professor. - Betsy afirmou sorrindo como uma Kelso.

—Eu precisei de quase cinco anos para aprender a tocar bem um piano e quase sete para poder tocar sem olhar para as partituras. Você não vai conseguir aprender em duas semanas.

—Ótimo! Já que você sabe, você pode me ensinar.

—Eu até posso, mas, um, eu cobro e dois, eu sou exigente e não deixarei você ir se perceber que você pode pagar um belo mico na frente de todos. - ela disse com o olhar sério, Betsy assentiu e abraçou com força.

—Obrigada, Led. Agora me mostre o que fazer.

Betsy puxou Led para o piano e ambas se sentaram no banquinho. Led riu baixinho da animação da amiga e então respirou fundo e tocou seus dedos contra as teclas fazendo a melodia suave soar pela sala. Aquela era uma das suas músicas favoritas, Elton John era seu cantor favorito, então significava que todas as músicas dele eram suas favoritas, mas havia duas que eram muito especiais, e aquela era uma delas.  

And you can tell everybody this is your song. - Led cantou começando em sussurro baixo. - It may be quite simple, but now that it's done.

I hope you don't mind. I hope you don't mind that I put down in words. — Betsy a acompanhou em um semi-dueto. Led sorriu enquanto continuava a cantar as palavras que o sr. John cantará certa vez. - How wonderful life is while you're in the world.

Elas duas pararam de cantar trocando sorriso de animação. Led bateu o ombro contra o de Betsy, que revidou já sorrindo.

—Led, Betsy, isso foi... Uau! - Eric disse sorrindo meio abobalhado, Led sorriu para ele.

—Não se impressione, tio Eric. Eu sou boa em tudo. - ela falou dando de ombros, o sorriso dele murchou e ele murmurou.

—E voltamos ao normal.

30 de junho de 1994

09h56

—Tem certeza que não quer que eu vá? Eu sei karatê e posso te proteger. - Led sugeriu, mas Jackie apenas riu e beijou a têmpora dela.

—Eu vou fazer isso e será rápido. Desço em dez, no máximo quinze minutos. - Jackie disse.

—Então se você não voltar em quinze minutos eu chamo a polícia?

Jackie riu novamente e então se afastou em direção ao hotel. Jackie caminhou com determinação pensando no que falaria para Martin quando chegasse ao quarto dele. Ela tinha que fazer aquilo, tinha que terminar com ele porque aquilo já havia ido longe demais. Jackie não era mais aquela garota fútil que provavelmente se casaria por dinheiro ou por status social, não. Martin poderia ter todo o dinheiro do mundo ou todo o prestígio, Jackie não se importava mais, ele nunca teria seu coração, pois ele já pertencia a outra pessoa.

Jackie deu dois toques contra a madeira e esperou que a porta fosse aberta. Martin lhe sorriu amavelmente, Jackie tentou sorrir de volta mais a culpa remoeu seu estômago. Havia tantos motivos para romper com eles e todos pareciam envolver a mesma pessoa. Steven.

—Oi amor, o que faz aqui?

—Precisamos conversar, Martin. - ela disse e apenas essas palavras fizeram o sorriso dele desaparecer.

—O que houve?

—Martin, você é o cara mais incrível que eu já conheci. Qualquer uma teria sorte de ter você, eu tenho sorte por você estar aqui por mim, mas eu não posso continuar. Não posso arrastar isso fingindo que tudo está bem, sendo que não está.

—Do que você está falando, Jackie? Como assim? Você está falando de nós?

—Sinto muito, Martin. Eu adorei o tempo que passamos juntos, mas eu não consigo mais. - ela disse tentando forçar lágrimas em seus olhos para que pudesse mostrar que falava a verdade, mas as lágrimas pareciam não vir. - Não é você, definitivamente não é. Sou eu. Minha história e meu coração.

—Você está terminando comigo? - Martin indagou franzindo a testa. Jackie assentiu lentamente. O rosto de Martin se contorceu como se ele tivesse levado um soco no estômago.

—Me desculpa, eu definitivamente não planeja isso. Eu realmente pensei que poderíamos ir em frente com isso. Pensei que seríamos felizes, mas não acho que algum dia iríamos conseguir isso. Você merece ser feliz, Martin, ser amado e adorado. Mas eu não vou poder dar isso a você. Sinto muito.

Jackie olhou para baixo demonstrando o quão envergonhada estava daquela situação, então girou os calcanhares e se preparou para sair pelo corredor, porém Martin a agarrou pelo pulso, fazendo-a se virar para ele.

—Quem diabos você pensa que é para terminar comigo?! - ele gritou fazendo-a se encolher. - Você não é nada, Jackie. Você não é ninguém para me rejeitar assim.

—Martin, me solta. Você está me machucando. - ela disse tentando puxar o pulso aperto dele.

—Você era uma ninguém de me conhecer. Eu te transformei no que você é hoje. E se você acha mesmo que pode terminar comigo e sair por cima, você está muito enganada. - Martin ergueu a mão como se estivesse preste a bater nela, Jackie então o chutou na canela fazendo com que ele a soltasse. - Sua vadia!

Jackie tentou correr, porém Martin pulou sobre ela a jogando no chão. Jackie se debateu enquanto ele a prendia pelos pulsos contra o chão.

—Sai! Sai! Sai de cima de mim! Socorro! Socorro!

Martin sorriu cinicamente enquanto levava uma das mãos até o pescoço dela e a  apertava ainda mais contra o chão. Jackie grunhiu sentindo as lágrimas escorrerem pelo o seu rosto. Não era assim ela esperava morrer. Em um corredor de um hotel sendo estrangulada pelo seu ex-noivo.

Jackie tentou se bater nele, porém quanto mais se esforçava, mas suas forças se esgotavam. Seu ar era escasso enquanto Martin fazia ainda mais força contra seu pescoço. Ela iria morrer.

Quando as pessoas dizem que sua vida passa como um filme durante seus minutos finais, não é exatamente uma brincadeira. Jackie viu com clareza seus melhores momentos de brilho, como o nascimento de Led; seus primeiros passos e palavras; sua primeira ida ao porão, a cara de desgosto de seus amigos e de indiferença de Steven; seu baile com Steven; sua aula de como ser Zen e seu primeiro quase beijo com Steven; o seu primeiro encontro com Steven; seu primeiro beijo real com ele e todos os outros que se seguiram; todos os términos e voltas, porque eles não conseguiam ficar longe um do outro e não era apenas porque o fato deles serem um casal antinatural fosse algo quente, era porque eles se entendiam e se amavam apesar das diferenças. Ela gosta dele por causa de suas qualidades e o ama apesar de seus defeitos. Jackie não se importaria de passar o resto da vida em uma corda-bamba com Steven, se pudesse vê-lo novamente naquele momento.

Ela soltou o último sopro de ar que parecia haver em seus pulmões e deixou que a escuridão lentamente tomasse conta dela, mas foi então que subitamente Martin foi tirado de cima dela. Jackie puxou todo ar que podia sentindo seus pulmões gritarem de alegria.

—Mamãe. - Led sussurrou a ajudando a si sentar. Jackie rapidamente abraçou a filha deixando as lágrimas caírem como em uma cascata, mas então se virou quando ouviu grunhidos irritados.

—Eu vou chamar a polícia! - um dos hóspedes gritou batendo a porta do quarto logo em seguida.

Jackie arregalou os olhos ao observar Steven e Martin trocarem socos no meio do corredor. E não era como naquela vez no porão, aquilo era pior. Steven parecia possuído pela ira cada vez que batia no rosto de Martin até sair sangue. Jackie se levantou e empurrou Led para trás dela. Steven continuou a bater mesmo sendo visível a quase inconsciência de Martin. Jackie fez Led virar de costas antes de gritar.

—Steven, para! Por favor, eu estou bem! Steven! Hyde! - ela continuou a gritar, mas nada parecia realmente adiantar. Ela então correu até ele e tentou puxá-lo pra trás. - Baby, por favor, para! Pudim pop!

Steven de repente parou, o punho erguido direcionado para a cara já ensanguentada de Martin, Jackie aproveitou esse momento para puxá-lo de cima do apresentador. Ela então o envolveu em seus braços e o apertou com força contra si.

—Eu estou bem, baby. Eu estou bem graças a você. - ela sussurrou sentindo o braço dele envolver sua cintura e seu rosto se esconder na curva de seu pescoço. Jackie deixou as lágrimas caírem enquanto ouvia as batidas do coração dele. Ela estava bem. Ela ficaria bem. Eles ficariam bem.


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