Os Treze Guardiões escrita por Miss Lidenbrock


Capítulo 4
Metamorfose


Notas iniciais do capítulo

Agora a história vai começar a ficar um pouco louca... Mas espero que gostem!



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Os três dias de suspensão passaram mais rápido do que eu esperara. Minha mãe fez questão de me manter bem ocupada, limpando a casa, lavando os banheiros, preparando o almoço, lavando e secando toda a louça e todo o tipo de tarefas domésticas entediantes que fizeram o tempo de passar voando.

Na última noite, mal consegui dormir. Eu vinha me sentido estranha nos últimos dias. De vez em quando, do nada, meu coração disparava dentro do peito e eu sentia meu sangue correndo mais rápido nas veias.

Quando finalmente consegui dormir, meu sono foi povoado dos sonhos mais estranhos.

Eu estava no quintal de casa. A vizinhança inteira estava escura e silenciosa, como se eu fosse a única pessoa nas redondezas. A lua brilhava solitária no céu, oferecendo a única iluminação. Ela parecia maior do que o normal, como se estivesse mais próxima.

Mas eu não estava sozinha. Na minha frente havia um homem alto, sua silhueta brilhando na escuridão da noite. Estava escuro demais pra que eu pudesse identificar suas feições, mas ainda assim ele parecia vagamente familiar.

— Seus inimigos despertaram – disse ele. Sua voz era grave e ribombou nos meus ouvidos. – Você deve tomar cuidado.

Franzi a testa. Eu não tinha nenhum inimigo, não que eu soubesse, a não ser que Pâmela tivesse resolvido me expulsar do time de vôlei.

— Não sei do que está falando – falei. Minha voz parecia distante, estranha aos meus ouvidos.

— Você corre perigo – exclamou ele – O poder do guardião está dentro de você. Deve aprender a usá-lo, e rápido.

Balancei a cabeça. Nada do que ele dizia fazia sentido.

— Quem é você? – sussurrei.

— Um amigo – respondeu – E eu venho observando você há muito tempo, Lorena.

O homem deu um passo a frente, de modo que eu pudesse ver seu rosto. Tinha as expressões largas e fortes, e a sensação de familiaridade me atingiu com força. Porém, quando olhei em seus olhos, senti meu sangue gelar.

Seus olhos eram inteiramente verdes, sem a parte branca visível, e sua pupila era comprida e vertical, como a de um gato.

De repente, um grito horripilante cortou a noite, um lamento gélido que enviou arrepios pelo meu corpo.

— Eles estão chegando – anunciou ele – Corra.

Acordei num susto, meu coração batendo rápido como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Inspirando fundo, saí da cama, cambaleando em direção ao banheiro.

Joguei um pouco de água no rosto, tentando desanuviar a mente. Enxuguei o rosto com a toalha, e parei para me olhar no espelho. Mas, quando vi meu reflexo, soltei um grito, derrubando a toalha no chão.

Meus olhos estavam completamente verdes, as pupilas verticais como as de um gato.

Foi aí que realmente acordei.

*                                    *                                  *

— Juro que um dia ainda vou matar aqueles gêmeos – resmungou Renata – Da próxima vez que eles cantarem “Renata, ingrata” quando eu passar, não respondo por mim.

— Eles te enchem muito o saco – riu Gisele – Aposto que um deles tá a fim de você.

— Deus me livre – Renata fez uma careta – Vai nevar nessa cidade antes que eu fique com um desses palhaços.

— Nunca diga que dessa água não bebereis... – provocou Samir.

— Ah, cala a boca – riu Renata, jogando uma batata frita nele.

Eu mal ouvi, muito concentrada no meu cheeseburguer, que parecia mais delicioso que o normal. Estávamos sentados no meio do refeitório, e a barulheira de sempre parecia ainda mais alta que de costume. Eu estava começando a ficar incomodada.

— Ei – Gisele disse de repente – Olha a Sofia, sentada ali sozinha... Será que a gente vai lá falar com ela?

Olhei para trás. Sofia estava sentada num dos degraus da escada que levava até o andar das salas, totalmente concentrada em um livro, pra variar. Os outros alunos passavam por ela como se ela nem estivesse ali.

— Vamos lá – falei, levantado da mesa, sendo seguida pelos outros.

Ao contrário da última vez, Sofia levantou os olhos imediatamente assim que nos aproximamos dela.

— Ei – falei, sorrindo amigavelmente – Por que você não foi lá sentar com a gente? Nem nos falamos hoje...

— Vocês... Querem que eu vá me sentar com vocês? – perguntou ela, hesitante.

— Claro que sim – falou Gisele, arregalando os olhos, surpresa.

Após um momento de hesitação, Sofia levantou e nos seguiu até a mesa.

— Achei que não fossem mais querer falar comigo – disse assim que sentou – Depois do... Daquilo que aconteceu no museu.

— De jeito nenhum – assegurei.

— Olha, aquilo que aconteceu no museu foi... Foi... Tudo bem, foi esquisito – admitiu Gisele – Mas não é motivo pra pararmos de falar com você. Você é muito legal, e querermos ser seus amigos.

Todos nós concordamos com a cabeça, fazendo com que Sofia abrisse um sorriso brilhante, e eu imediatamente me senti feliz.

— Ei, Renata – Gisele falou de repente – Esse sanduíche é de quê?

— É um x-bacon – falou – Por quê? Você quer? – brincou.

Gisele encarou o x-bacon com o olhar de cobiça que um ladrão olharia uma carteira.

— Ah meu deus, você quer! – exclamou Renata, espantada.

— Como assim? – falou Samir – Você é vegetariana desde... Bom, sempre.

— Eu sei – Gisele mordeu o lábio – Eu não sei o que é. De repente, o cheiro de carne ficou tão... Bom. Ontem, meus vizinhos fizeram um churrasco e eu me segurei pra não pedir pra participar.

Eu sabia o que ela queria dizer. Mesmo tendo acabado de devorar um cheeseburguer, continuava com tanta fome que me sentia capaz de comer mais uns cinco. Parecia que o cheiro de carne estava em toda parte.

— Bom, se você quer, eu te dou um pedaço – ofereceu Renata.

Gisele encarou o sanduíche com tanta vontade que por um segundo achei que ela fosse aceitar.

— Não. Não – disse – Me recuso a comer qualquer coisa de origem animal – falou, mordendo seu sanduíche de alface com convicção.

— Você quem sabe – Renata deu de ombros – Eu estou mais que feliz em devorar uns porcos e vacas no lanche.

— Você faz isso soar tão ruim – comentou Samir.

Aquela conversa estava atiçando a minha fome, então procurei desviar a atenção. Olhei para o livro da Sofia, que tinha uma foto de um deserto na capa. O título era “Mistérios da Arábia”, por Alexandre Alencar.

O sobrenome da Sofia era Alencar, lembrei. E ela tinha dito que o pai era escritor...

— É do seu pai? – perguntei, apontando pro livro.

Sofia corou, dando um sorrisinho.

— É, sim.

— “Mistérios da Arábia” – leu Samir – Você já foi na Arábia?

Sofia assentiu, parecendo constrangida.

— Nós moramos lá por alguns meses.

— Cara, isso é muito legal – comentou Renata.

— Meu pai gosta de visitar os lugares sobre os quais escreve – explicou Sofia – Por isso nós nos mudamos tanto.

— Isso é legal – disse Samir – Você deve conhecer muita coisa.

— É... Mas assim fica um pouco difícil de fazer amigos – disse, tristonha.

Fiquei com pena dela. Gentilmente, pus a mão em seu ombro.

— Bom, agora você tem amigos – falei – Nós.

Ela sorriu, feliz, quando todos concordaram.

De repente, um telefone começou a tocar, um barulho estridente e incômodo. Olhei em volta da mesa, mas ninguém se mexeu.

— Sério? – falei – Ninguém vai atender isso?

— Atender o quê? – Renata perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Ué, o celular que tá tocando!

— Não to ouvindo nada – disse Gisele.

— Nem eu – Renata deu de ombros.

Sofia e Samir balançaram a cabeça. Olhei em volta, confusa. O barulho parecia muito próximo.

— Alô? – disse uma voz feminina.

Olhei na direção da voz. Do outro lado do pátio, tinha um menina com o telefone de ouvido. Eu podia ouvir claramente a voz dela, como se estivesse bem do meu lado.

— Não, mãe, não esqueci a consulta de hoje. Eu sei...

Pisquei, espantada. Não era possível eu estar ouvindo tão bem. Ela estava muito longe. Antes que eu pudesse pensar sobre isso, porém, o sinal tocou, e soou tão ensurdecedor que eu tive que tapar os ouvidos.

— Partiu educação física – disse Renata, levantando-se – Ouvi dizer que vai ter vôlei.

— Ótimo – falei – Tô louca pra detonar a Pâmela.

Pâmela tinha entrado na sala hoje e ido direto pros braços do Ricardo. Olhara bem pra mim enquanto fazia isso, numa clara provocação.

Se o objetivo dela era me deixar com raiva, tinha sido um sucesso.

Eu só não fazia idéia de quão perigoso isso seria.

*                                  *                                    *

— Muito bem, meninas, hoje é vôlei – anunciou a professora – Pâmela e Lorena, vocês tiram os times.

Me segurei pra não dar pulinhos de animação. Vôlei sempre fora meu esporte favorito. Por isso me animei quando as meninas da sala seguiram pra quadra de vôlei, enquanto os garotos iam pra quadra de futebol.

Pâmela passou por mim, balançando os cabelos pretos presos num rabo de cavalo.

— E aí, pronta pra perder? – perguntou, erguendo a sobrancelha perfeita pra mim.

Meu sangue ferveu de raiva. Eu era extremamente competitiva, ainda mais se a Pâmela estivesse do outro lado da rede.

— Eu podia te perguntar a mesma coisa – respondi.

Ela fez uma careta azeda, como se eu fosse uma barata na qual ela tivesse pisado por acidente.

— Vamos ver – falou, rebolando irritantemente de volta pro seu lado da quadra.

Escolhemos os times. Gisele e Renata, claro, logo vieram pro meu. Renata tinha um saque matador, e Gisele era bem alta, facilitando a defesa da bola.

— Ok, Renata, você é boa no saque, então você começa – falei – Gisele e Tamara, vocês ficam na frente comigo, e Michele e Juliana ficam atrás. Tentem prestar atenção na Mayara, ela sempre rebate com força – completei. As meninas assentiram e foram pras posições. Eu e a Pâmela estávamos de frente uma pra outra, ambas nos encarando ferozmente.

A professora soprou o apito, indicando o início do jogo. Renata sacou, sendo logo rebatida pela Mayara, mas Gisele conseguiu rebater a bola, que caiu sonoramente do outro lado da rede.

— Ponto! – gritou a professora.

Sorri ironicamente pra Pâmela, que me fuzilou com os olhos. Eu venceria com gosto só pra manter aquela expressão no rosto dela.

O jogo continuou, comigo e Pâmela sacando e rebatendo as bolas com violência, ambas jogando pra ganhar, levando aquilo muito a sério pra uma simples partida de colégio. Havíamos transformado o jogo na nossa guerrinha pessoal.

A cada jogada, eu sentia meu sangue ferver nas veias. Meu coração estava mais acelerado do que jamais esteve. Todo o meu espírito competitivo havia despertado naquele jogo.

Dez minutos depois, estávamos perdendo por três pontos, e Pâmela agora sorria vitoriosa.

— Parece que você não é tão boa quanto pensa – zombou ela – E olha só quem chegou pra assistir o jogo...

Olhei na direção da arquibancada. Ricardo, junto com um bando de meninos recém saídos do futebol, acabara de aparecer pra nos ver jogar. Nossos olhares se encontraram e ele sorriu pra mim, e eu senti meu estômago embrulhar.

— Uma pena que ele vá te assistir perder – Pâmela continuou, fazendo beicinho – Quem sabe ele não me dê um beijinho pra celebrar a minha vitória?

O sangue subia até minha cabeça. Aquela garota sempre me tirara do sério, mas agora minha raiva havia atingido proporções épicas. Minha visão estava tingida de vermelho, e eu podia jurar que um rosnado estava se formando na minha garganta.

— Lorena, você saca! – falou a professora.

Cerrei os olhos. Em vez de olhar pra rede, mirei a cabeça irritantemente perfeita de Pâmela. Antes que eu pudesse pensar melhor, saquei a bola com tudo, que fez um trajeto perfeito até...

— AI! – Pâmela gritou, esfregando a testa, que agora tinha uma grande marca avermelhada onde a bola havia batido.

O apito soou mais uma vez.

— Tempo! – gritou a professora, que correu pra acudir Pâmela, que estava rodeada das colegas de time, se segurando na rede pra não cair.

Agora que a raiva começava a murchar dentro de mim, eu me dava conta do que tinha feito. A voz da diretora, dizendo que não seria condescendente seu pisasse na bola mais uma vez ressoava na minha cabeça.

A professora virou os olhos furiosos pra mim.

— Lorena! – bradou – O que estava pensando?!

— Tenho certeza que ela não fez por mal, professora – Renata interveio rapidamente.

Eu sabia que devia me retratar, provavelmente me desculpar com a Pâmela, mas estava começando a me sentir muito mal. Minha pele fervia como se eu estivesse com febre, e uma tontura se abatera sobre mim. O mundo ao meu redor tinha começado a parecer borrado e tremido.

O olhar da professora passou de irritado a preocupado.

— Lorena? – chamou ela. Sua voz pareceu muito distante, como se ouvida através de um túnel. – Você está bem?

— Amiga? – a mão de Gisele pousou no meu ombro, prestativa. O toque dela ardeu como fogo. – O que você tem?

— Eu... Eu preciso... – sentar, beber água, pensei, mas o que eu mais queria era dar o fora dali o mais rápido possível – Eu já volto.

Saí correndo em direção ao vestiário, ouvindo as vozes da professora e das minhas colegas me chamando. Entrei e fechei a porta com força, apoiando o corpo contra a parede, ofegando.

Havia um grande espelho na minha frente. Ergui o rosto, sabendo que devia estar muito pálida, mas levei um susto ainda maior ao encarar meu reflexo.

Meus olhos, normais e castanhos, agora estavam completamente verdes, com pupilas verticais e felinas.

Como no sonho...

Apavorada, dei um passo pra trás, tropeçando em uma mochila que alguém jogara no chão e caindo. O vestiário começou a girar, e por um instante minha visão ficou completamente negra.

Vou desmaiar, pensei.

Mas não. Em alguns segundos minha vista clareou novamente, embora eu ainda estivesse me sentindo muito, muito estranha.

Ergui a cabeça, apenas para levar um susto ainda maior, meu coração quase saltando pela boca.

Havia um gigantesco tigre na minha frente, olhando pra mim com os olhos graves. Eu nunca havia visto um tão de perto, e tive a certeza que a minha última visão seriam suas presas, prontas pra me mastigar.

Abri a boca pra soltar um grito, mas tudo o que saiu foi um alto, pavoroso rugido.

Congelei por um instante, confusa.

Foi então que entendi.

Eu ainda estava olhando para o espelho. Não tinha tigre nenhum na minha frente.

O tigre era eu.

*                                        *                                          *

Impossível. Impossível. Impossível.

Se a minha mente pudesse explodir, teria feito isso naquele momento.

Pessoas simplesmente não se transformavam em tigres. Simplesmente não podia acontecer. Era cientificamente impossível.

No entanto, ali estava eu, encarando o reflexo de um enorme tigre de bengala onde deveria estar o meu.

Um sonho, pensei, Só pode ser. Eu desmaiei na quadra e agora estou sonhando.

Olhei para minhas mãos – patas – e parecia improvável que eu pudesse me beliscar com aquelas garras.

Água. Talvez se eu jogar água no meu rosto...

Havia um cantil de água dentro do meu armário. Corri até ele, estendendo a pata, pensando em como faria para abri-lo. Enormes garras surgiram dos meus dedos, e eu as passei no armário, produzindo um horrível ruído e deixando marcas feias no metal.

Comecei a andar de um lado para o outro, desesperada. Parei bruscamente, no entanto, quando meus ouvidos captaram um ruído do lado de fora.

— Acho que ela entrou no vestiário – disse uma voz, seguida do som de passos. Era Renata.

— Espero que ela esteja bem – falou outra voz. Gisele. – Ela parecia prestes a desmaiar na quadra.

Se antes eu estava desesperada, agora estava em pânico. Se as pessoas entrassem no vestiário e se deparassem com um tigre, ia causar pânico geral, e em algum momento alguém ia ligar pras autoridades, e eu ia acabar sendo mandada pra um zoológico ou coisa pior.

Examinei a sala freneticamente, procurando uma saída. Havia uma janela grande na parede esquerda, mas estava há uns bons três metros do chão.

Pensei na gata da minha irmã, e em como ela conseguia pular de muro em muro na vizinhança, bem mais altos que aquela janela. Talvez eu também conseguisse.

Hesitante, arqueei o corpo, e, sem tempo pra pensar numa idéia melhor, pulei.

Meu corpo percorreu a distância com facilidade, e eu atravessei a janela, pousando delicadamente do outro lado. Gatos sempre caem de pé, pensei, irônica.

A janela dava pra garagem, que por sorte estava vazia àquela hora.

Mas não ficaria vazia por muito tempo. Em algum momento, alguém ia me achar, e então estaria acabado. Iam me acertar com dardos tranqüilizantes e eu acordaria dentro de uma jaula.

Que diabos estava acontecendo?! Eu não queria ser um tigre. Se me levassem embora, eu poderia nunca mais ver minha mãe, minha irmã, meus amigos...

Os rostos deles dançaram na minha mente, assim como a imagem do meu corpo original. Minha respiração foi se acalmando conforme eu pensava na minha mãe, nos seus braços me envolvendo, o perfume de rosas...

Meu corpo, de repente, começou a ficar quente. Muito, muito quente. A garagem começou a girar, e minha visão não tardou a voltar a escurecer.

Fechei os olhos com força, tentando me livrar da vertigem, e os abri de novo alguns segundos depois. Minha visão já tinha clareado.

Olhei para baixo, pras minhas mãos. Mãos, percebi. Não patas.

Freneticamente, toquei meu rosto, meus cabelos, meus ombros. Havia uma poça d’ água um pouco a frente de mim, e eu me inclinei para ela, examinando meu reflexo.

Sim! Eu era eu mesma outra vez!

Suspirei de alívio. Por sorte, minhas roupas continuavam ali. Eu já havia visto filmes o suficiente de transformações pra saber que algumas pessoas ficavam peladas quando voltavam ao normal.

Dei a volta, correndo de volta para o vestiário. Quando já estava no meio do corredor, trombei com força em Gisele e Renata, que iam na direção contrária.

— Ai! – gemeu Renata – Lorena, onde você estava? A gente tava louca te procurando!

— Achamos que você estava desmaiada em algum lugar – acrescentou Gisele.

— Eu... Estava na enfermaria – balbuciei – Estava me sentindo enjoada e... Fui pedir um remédio.

— Você ainda está muito pálida – Gisele franziu a testa – Tem certeza que está bem?

— Estou melhorando – murmurei, apesar de não ser exatamente verdade. Meu estômago estava embrulhado e minha cabeça girando, e eu talvez acabasse precisando mesmo do remédio pra enjôo.

— Bom, temos uma boa notícia – disse Renata – A professora não vai te mandar pra diretoria. A gente conseguiu convencer ela que a bolada na Pâmela foi um acidente. Não é ótimo?

Eu devia me sentir aliviada, mas ainda estava surtando por dentro. Minha mente ainda não havia conseguido assimilar o que acabara de acontecer. Se não fora sonho, então o quê?

— Vamos voltar pro vestiário – disse Gisele – Tô doida pra tomar uma chuveirada e tirar essa camisa suada.

Fui andando em silêncio enquanto as duas conversavam animadamente, principalmente sobre como a bolada na cara da Pâmela foi merecida.

— Caramba – Gisele falou, assim que entramos no vestiário – Que diabo aconteceu ali?

Ela estava apontando pro meu armário, onde três marcas de garra reluziam contra o metal.

Definitivamente não fora um sonho.

Então que diabos estava acontecendo?


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