OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada escrita por Sunny Spring


Capítulo 36
Capítulo XXXV - Primeiro dia


Notas iniciais do capítulo

Bom diaaa! Muito obrigada a todos que comentaram ♥

Gente, desculpa não ter postado sábado. Eu não tive tempo de finalizar o capítulo. Mas, aqui estou eu hoje. Espero que gostem. Bjs *.*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773481/chapter/36

—Eu não acredito que isso deu certo. - Natasha comentou, perdida em pensamentos.

Ela estava na casa de Evie, com Loki e Nerfi. A nave havia partido há duas horas e Nerfi não dera nem uma palavra desde então. Estava sentado no sofá, completamente inerte. Loki, entretanto, saboreava um pouco de vinho Asgardiano. Estava satisfeito por seu plano ter dado certo, mas, em seu interior, estava despedaçado. Ele tivera que deixar sua filha. Pela segunda vez. Loki não podia voltar para Asgard. Não ainda.

—Eles ainda estão nos procurando? - O deus perguntou referindo-se aos agentes.

— Da última vez que tive notícias eles ainda estavam atrás de uma das ilusões. - Respondeu séria. - Logo eles vão perceber e virão atrás de você. - Cruzou os braços. Loki bebeu o último gole da bebida que estava em sua taça.

—Não tenho medo deles. - Respondeu indiferente. - Sei o que vão fazer. Não me importo. - Deu de ombros. - Desconfiam dos cúmplices?

— Não. O único que eles têm provas é você. O resto está ileso por enquanto.

Loki assentiu.

—Ótimo! É bom que eles não saibam.

—Preciso ir agora. - A ruiva suspirou. - Mandarei notícias em breve. - Natasha fitou os dois por um breve momento e deu as costas, deixando a casa.

O deus sentou-se no sofá, silenciosamente, ao lado de Nerfi. Alguns segundos se passaram e nenhum dos dois disse nada. Estavam perdidos em pensamentos.

— Por que ficou, afinal? - Nerfi rompeu o silêncio, ainda sem encarar o pai.

—Quero provar a inocência da sua irmã. - Loki o encarou. - Mesmo que ela não volte, quero provar que ela é completamente inocente. - Nerfi franziu o cenho.

—Só isso? - A desconfiança em sua voz era evidente. O deus estreitou os olhos.

—A S.H.I.E.L.D vai pagar pelo que fez. - Havia um brilho nos olhos dele que indicavam uma fúria um tanto gélida e mortal. - Eles a prenderam e a acorrentaram. Vão sofrer as consequências por isso. - Nerfi soltou uma risada sem humor misturada a um suspiro.

— Não acredito que deixou a Evie sob a responsabilidade do Thor.

Loki suspirou.

—Nem eu. - Confessou. Nerfi sorriu, imaginando o desastre que seria e o deus fez  o mesmo.

—Banner me contou sobre o que você fez. - Disse baixo. Nerfi encolheu os ombros, esperando por uma bronca. - Foi muito corajoso. - Nerfi o encarou, surpreso.

—Não vai gritar por ter colocado a vida dela em risco? - Perguntou cansado.

—Em risco ela já estava. - Loki voltou a encarar o nada. - Acho que tem uma visão um pouco deturpada de mim, Nerfi. - Acrescentou. - Talvez seja culpa minha. Jurei a mim mesmo que nunca seria como ele, mas fiz exatamente a mesma coisa. - Admitiu. - Sinto muito.

—Isso é um pedido de desculpas? - Arqueou uma sobrancelha. Loki ficou em silêncio por um instante.

—Sim.

Nerfi assentiu silenciosamente.

— Por que fez isso? - Nerfi perguntou por fim. - Porque me largou nesse mundo completamente sozinho? Como um animal? - Havia ressentimento em sua voz.

O deus suspirou, cansado demais.

—Nunca tinha criado ninguém com magia quando criei você, Nerfi. Não sabia como funcionava a mente de alguém como você. - Explicou baixo. - Você foi um bebê, praticamente normal, que não foi gerado. Mas em pouco tempo já tinha a forma de um adulto. O problema era que sua mente não era como a de um humano adulto. Era quase vazia. Sem conhecimento suficiente.  - Continuou. - Só que eu não tinha tempo para ensinar coisas a você. A Evie estava desprotegida aqui e precisava de um guardião.

—E por isso me largou aqui como um gato?

—Era a forma mais discreta e segura para você e para a Evie. - Respondeu cautelosamente. - Um gato não precisa ter a mente de um adulto. Você só precisava seguir os instintos de guardião. - Suspirou. - E, eu sabia que a ligação mágica entre vocês iria o ajudar a aprender as coisas com o tempo, através da sua irmã. - Continuou. - Mas eu não esperava que a sua mente fosse se tornar como a de um humano.

—Não esperava que eu tivesse sentimentos? E que quisesse ter uma vida própria? - Nerfi soltou uma risada amarga. Loki não respondeu, mas o garoto sabia que aquilo significava um sim. - E depois de tudo me mandou embora! - Acusou baixo.

—Não mandei você embora, Nerfi. - Respondeu sério. - Eu o libertei.

— Eu só queria ficar. - Resmungou baixinho.

—E como eu poderia saber se você nunca me disse?

Nerfi encarou as próprias mãos, em silêncio.

—Achei que quisesse ir embora porque… - Loki hesitou, lutando com as próprias palavras. - Era isso que eu iria querer se estivesse em seu lugar. - Admitiu.

—Não sou igual a você. - Murmurou baixinho.

—Fico feliz por você. - Nerfi o encarou. - Porque ninguém gosta de traidores, Nerfi. - O garoto desviou o olhar por um momento. - Não cometa os mesmos erros que eu cometi. - O deus levantou-se e deu dois tapinhas amigáveis no ombro do filho antes de deixá-lo sozinho. Nerfi respirou fundo. Ele sabia que, no fundo, era um traidor tanto quanto o pai.

 

***

Na sala do Conselho, no grande palácio em Asgard, conselheiros e alguns guerreiros estavam reunidos para contar ao seu rei sobre o possível ataque de Surtur. Quando Thor  adentrou no local, acompanhado de Valkyrie e Magnus, todos se levantaram em reverência ao deus. O loiro dispensou as formalidades e pediu para que lhe explicassem a situação. Thor tinha um vinco de preocupação na testa quando seu general terminou de contar tudo.

—Comecem a preparar um exército. - Thor ordenou encarando Magnus. - Mas, discretamente. Não queremos chamar a atenção dos Asgardianos. - O deus não queria que seu povo entrasse em pânico por causa de um possível ataque.

—E quanto aos boatos? - Valkyrie questionou. - Já estão por todos os lugares.

—Se não dissermos nada, continuarão sendo boatos apenas.

—Vou ordenar que algumas tropas comecem a se preparar. - Magnus respondeu por fim.

—Ótimo! - Thor suspirou.

Evie

 

Havia um banheiro gigantesco em meu quarto. Como tudo naquele lugar, as coisas pareciam ter o dobro do tamanho. A banheira mais parecia uma piscina e estava cheia de espuma e essências perfumadas. Eu entrei na banheira, deixando a água quente relaxar o meu corpo. O perfume de flores tomava conta de todo o ambiente. Não sei quantos minutos passei ali dentro, pensando em tudo que eu havia passado. Era inevitável não pensar. Por um momento, quase cochilei. Quando saí da água, me vesti com um roupão de algodão macio e voltei ao meu quarto. Ingrid e Agathe haviam acabado de guardar as poucas coisas que eu havia trazido comigo da Terra.

— Alteza, precisa se arrumar para o jantar. - Anunciou Agathe amigável. Eu encarei Ingrid em busca de respostas, mas ela apenas deu de ombros. - Basta escolher uma roupa em seu closet e a ajudaremos. - Franzi o cenho.

— Eu tenho um closet? - Perguntei surpresa.

— Mas, é claro, alteza! - Ingrid sorriu. - Toda princesa tem um closet. O seu é bem ali! - Ela apontou para uma porta fechada entre o armário e a janela. Abri a porta vagarosamente, e o interior me fez ficar boquiaberta. O espaço era coberto por um carpete fofo no chão e por araras com centenas de vestidos, calças e blusas. Haviam prateleiras com sapatos de todos os tipos. Ouvi Agathe e Ingrid darem gritinhos eufóricos atrás de mim. Eu mesma tive que me conter para não soltar um gritinho também. Em toda a minha vida, nunca sonhara exatamente em ser princesa. Mas, eu não podia mentir. Aquilo era maravilhoso. E, eu já estava começando a amar a ideia.

— E ainda tem mais. - Ingrid invadiu o closet e apertou um dispositivo, criando um holograma, com espaço para uma senha. - Se aproxime! - Pediu. Caminhei até a ela receosa. Ela fez um sinal para que eu estendesse a minha mão direita e assim o fiz. O holograma fez a leitura da minha mão e desapareceu. Logo em seguida, uma dezena de gavetas, cheias de joias e tiaras de todos os tipos, se abriu. Um suspiro saiu pela minha garganta sem a minha autorização. - Usar as tiaras não é obrigatório, mas, se eu fosse princesa, eu certamente usaria. - Sorriu. Assenti, ainda atônita.

Depois que o meu choque passou, eu finalmente me vesti. Agathe e Ingrid estavam certas. Não é humanamente possível se vestir sozinha e fechar todos aqueles botões e amarrados nas costas. Senti saudade das minhas roupas normais, mas logo mudei de ideia quando vi o resultado no espelho. Eu havia escolhido um vestido rosa claro, de mangas compridas, que cobria do meu pescoço aos meus sapatos. Ele era bem marcado na cintura e tinha um caimento leve pelo meu corpo, com fendas que deixavam as minhas pernas mais livres. Escolhi um par de botas, de cano curto, na cor rosê, que combinavam perfeitamente com o meu vestido. Agathe fez duas tranças em meus cabelos e as prendeu na parte de trás, deixando o resto solto. O último acessório foi a tiara. Escolhi uma de ouro branco, com flores esculpidas delicadamente no ouro.

— Está pronta, alteza. - Agathe anunciou. Sorri como não fui capaz de sorrir em semanas. A maquiagem em meu rosto foi capaz de esconder a minha aparência abatida e as mangas compridas do meu vestido velavam os hematomas em meu corpo.

— Obrigada. - Eu as encarei. - E não precisam me chamar de alteza. Podem me chamar de Evie apenas. - Elas se entreolharam, surpresas, mas assentiram com sorrisos. Uma batida na porta chamou a nossa atenção. Agathe correu até a porta, abrindo-a. Meu tio apareceu, acenando com uma das mãos. As duas irmãs imediatamente fizeram uma reverência.

— Majestade. - Disse Agathe gentilmente. Thor sorriu, adentrando no quarto.

— Doroth! Joane! - Ele cumprimentou as duas, simpático. Elas se entreolharam confusas, por causa dos nomes errados. - Por favor, posso conversar com minha sobrinha um instante? - Pediu. Agathe assentiu rapidamente.

— Na verdade, majestade - Ingrid respondeu logo em seguida. - O meu nome não é… - Antes que ela pudesse completar sua fala, Agathe a arrastou para fora do quarto sussurrando palavras como “é melhor deixar para lá.”

Soltei uma risada fraca. Thor era capaz de errar o nome de todos na mesma intensidade que meu pai era capaz de mentir. Me sentei na cama, ajeitando o vestido. Meu tio puxou uma cadeira e se sentou também.

— Como está se sentindo? - Perguntou com um vinco de preocupação na testa.

— Bem, apesar de tudo. - Dei de ombros. - Asgard é muito bonita mesmo. - Dei um sorriso fraco. Thor sorriu.

— Eu sabia que iria gostar. E suas acomodações? Achei que fosse se sentir mais em casa se estivesse em um quarto menor. - Menor? Eu tentava imaginar o que era um quarto grande, então. - Mas, se preferir, pode escolher outro.

— Esse está ótimo, tio. Obrigada. - Sorri. Ele suspirou.

— Sabe, mandei preparar um banquete de apresentação para você. Será amanhã à noite. - Anunciou. - Sei que não deve estar no clima para festas, mas você está viva. E isso já é motivo o bastante para comemorar. - Sorriu. Dei um sorriso fraco. - Imagino o quanto seja difícil para você largar sua terra, seus amigos para trás, e depois de tudo que você passou deve ser mais difícil ainda. Mas, você precisa tentar recomeçar. E essa é uma boa oportunidade. - Disse calmamente. Assenti. Eu sabia que meu tio estava certo. Eu precisava tentar, mesmo que a culpa tomasse conta de mim sempre que eu me lembrava o que tinha acontecido.

— Eu sei. - Respondi baixo. - Eu prometo que vou tentar. De verdade. - Thor sorriu.

— Maravilha! O banquete será fabuloso! - Tagarelou, perdido em pensamentos e gesticulando com os braços de forma exagerada. - Terá bastante música, comida e cerveja. Sim. Bastante cerveja. - Thor parou, franzindo o cenho. - Espera, mas a cerveja não é para você não. - Acrescentou rápido. Soltei uma risada. - Porque você não pode beber não. - Continuou com cautela, tentando consertar o erro de sua fala. - Quando eu disse cerveja, eu quis dizer para os outros. Porque crianças não podem beber.

— Eu entendi, tio. - Ri. Thor suspirou aliviado.

— Muito bem. - Pigarreou, imitando uma voz paternal responsável e levantou-se. - Agora, vamos jantar. - Ele ofereceu um braço para me ajudar a levantar, e depois a caminhar. - Humanos precisam se alimentar de três em três horas. - Franzi o cenho.

— Quem te disse isso? - Perguntei enquanto caminhávamos para fora do meu quarto. Fomos imediatamente seguidos por guardas. Meu tio fez uma careta.

— Seu pai. - Confessou. - Ele jurou que se alguma coisa acontecesse com você enquanto estivesse sob a minha responsabilidade, ele arrancaria minha cabeça e lançaria o resto do meu corpo para os corvos comerem. - Contou, perdido em pensamentos. - Eu, claro, apenas fingi que tenho medo dele. - Acrescentou rapidamente. - Eu não tenho medo daquela serpente peçonhenta que acha que pode me enfrentar. -  Franziu o cenho. Soltei uma risada. - Mas, vamos deixar ele pensar que ele realmente me assustou. - Sorriu.  Não pude conter outra risada.

—O que vai ter para o jantar? - Perguntei curiosa.

—Ah, você vai adorar! - Respondeu animado.

 

***

O jantar foi ótimo. Haviam comidas de todos os tipos. Frutas, legumes, verduras, carnes e outra infinidade de comidas. Comidas que eu nunca havia visto em toda a minha vida. Há dias eu não comia direito, somente aquele mingau insosso que eu recebia na prisão. Eu não havia percebido, mas estava com fome. E cansada. Muito cansada.

Após o jantar, caminhei um pouco pelo palácio antes de voltar ao meu quarto. Eu troquei minha roupa e removi a maquiagem antes de me deitar na cama. Os lençóis de seda eram macios e o colchão extremamente fofo. Fechei meus olhos, agarrando um travesseiro, e tentei relaxar. O completo silêncio e o meu cansaço me fizeram dormir logo.

Num instante, eu estava presa de novo. Acorrentada na mesma caixa de vidro de sempre. Eu estava em um tribunal. Pessoas gritavam contra mim coisas de todos os tipos. Apesar de eu implorar, ninguém vinha me ajudar. Eu mal conseguia respirar e sentia dor em todo o corpo. Choques me faziam tremer e chorar. Comecei a bater no vidro da caixa, na tentativa de quebrá-lo, mas foi em vão. O desespero tomava conta de mim por inteiro.

— Me deixem sair! - Implorei. Mas, ninguém me ouviu. - Por favor!

Acordei sobressaltada. Minhas mãos estavam trêmulas e eu suava frio. Me sentia presa, mesmo me lembrando de que eu não estava. Me sentei na cama, tentando controlar a minha respiração. Meu coração batia acelerado e eu tive que correr até a janela, que eu abri de uma vez só. O vento soprou em meu rosto. Eu precisava disso. Precisava ter a certeza de que estava livre. De que não era mais uma prisioneira. Eu tinha que sentir isso. Porque pensar em estar presa novamente me fazia entrar em pânico. Sentei-me com cuidado no parapeito da janela, abraçando minhas pernas.

— Você está livre, Evie. - Falei baixinho. - Ninguém vai machucar você aqui. - Enterrei minha cabeça entre os meus joelhos, inspirando e expirando cuidadosamente. No entanto, eu ainda podia sentir em meus pulsos, meu pescoço e minhas pernas o aço frio das correntes. Como se elas ainda estivessem ali. Porque as marcas roxas não me deixavam esquecer. Nem a minha mente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.