OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada escrita por Sunny Spring


Capítulo 35
Capítulo XXXIV - Adeus


Notas iniciais do capítulo

Bom diaa! Muito obrigada Jace Jane, Carol Marques e Magia pelos comentários. ♥

Estamos chegando na reta final... E aí, o que vcs acham que vai acontecer?

Espero que gostem. Bjs *.*



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Evie

 

Eu estava me afogando. Não havia água ou qualquer coisa do tipo. Estava dentro de mim. Meus pulmões ardiam como se estivessem pegando fogo e eu não conseguia respirar. Eu inspirava o ar pelas minhas narinas, mas isso não era suficiente. O oxigênio parecia não chegar para mim. Minha garganta ardia como se eu tivesse engolido mil farpas. Meu coração estava mais acelerado que o normal, fazendo-me sentir uma dor terrível no peito e no resto do meu corpo. Meu corpo inteiro tremia e suava frio, sem nenhuma previsão de que aquilo iria acabar. Se existia algo pior do que a morte, era definitivamente aquilo. Eu nunca havia tomado veneno, obviamente, mas já ouvira falar que a sensação de envenenamento era como uma tortura sem fim. Seria possível que eu tivera sido envenenada? Só poderia ter sido isso. No entanto, eu não conseguia saber como. Minha mente não conseguia se concentrar em nada além da dor insuportável. Quando isso iria acabar? Quando iria passar?

Vozes pareciam falar ao fundo. Ou talvez fossem alucinações da minha cabeça. Ou talvez um pouco dos dois. Eu queria mexer meu corpo, mas não conseguia. Também tentei gritar por ajuda, mas estava sufocando. Minha voz havia ido embora. Ninguém estava vendo isso? Ninguém estava vendo que eu estava morrendo? Ninguém iria me ajudar? Não sabia por quanto mais tempo isso iria durar, mas torcia que acabasse de uma vez por todas.

Parecia estar havendo uma luta dentro de mim. Como se meu corpo estivesse brigando contra ele mesmo. Como se quisesse colocar tudo o que estava dentro de mim para fora de uma vez só. Não sei quanto tempo se passou, mas pareciam horas. A dor passou a ficar mais suportável e a sensação de afogamento diminuiu. A ardência em minha garganta também ficou mais fraca e o meu coração voltou a bater um pouco mais devagar. Quando tentei mexer meu corpo, meus músculos finalmente me obedeceram e eu consegui sentir algo macio nas minhas costas. Tateei o tecido fino, tentando descobrir o que era. Parecia um colchão. Sim! Era um colchão.

Abri meus olhos lentamente. Minhas pálpebras pareciam estar grudadas, mas se abriram. Uma luz forte quase me cegou, mas logo foquei a minha visão. Eu estava em uma laboratório. O laboratório do dr. Banner. Tudo pareceu voltar à minha mente. A minha fuga do julgamento e a minha chegada até ali. Eu não lembrava de mais nada depois disso. Algumas cabeças aproximaram-se de mim, curiosas. Reconheci de imediato o dr. Banner. Ao seu lado estava Peter, quase roendo as unhas. Meu irmão estava do outro lado da cama, com uma expressão indecifrável, ao lado de Gwen.

— Esperem um pouco. - Disse dr. Banner aos outros, baixo. - Ela pode estar confusa. Pode ter havido efeitos colaterais. - Peter franziu o cenho. Olhei minhas mãos. As marcas das correntes ainda estavam ali. Doloridas e roxas. - Muito bem. Você me reconhece? - Perguntou à mim com cautela. Todos me encararam, cheios de expectativas. Fiquei em silêncio por um segundo, sem nem mesmo entender porque.

— Se você é o dr. Bruce Banner, então sim. - Respondi por fim. Minha voz saiu mais rouca do que eu esperava, mas eles não se importaram. Todos respiraram aliviados.

— Ai meu Deus! - Peter passou uma mão pelos cabelos, suspirando. - Que susto que você nos deu.

— O que aconteceu? - Franzi o cenho. O dr. Banner espetou meu indicador, recolhendo uma gota de sangue.

— O antídoto era o veneno da aranha modificada da Oscorp. - Explicou, enquanto depositava a amostra do meu sangue numa espécie de microscópio.

— Por sorte, a Gwen ainda tinha uma aranha guardada. - Peter acrescentou. - Porque ela é a Mulher-Aranha! - Completou pasmo. Dei um sorriso fraco. Eu já sabia disso. Peter franziu o cenho, percebendo a minha falta de surpresa. - Espera aí, você também sabia? - Assenti com a cabeça. Ele deu um suspiro fraco, desanimado, enquanto Gwen apenas balançava a cabeça.

— Todo mundo sabia, então? - Perguntou por fim.

— Nem todo mundo é lerdo como você, Peter. - Nerfi respondeu monótono.

— Eu não sou lerdo! - Cruzou os braços, emburrado.

— Isso! - Dr. Banner urrou, interrompendo a conversa. Ele levantou os olhos do microscópio com um sorriso largo. - Está curada, Evie. - Uma risada fraca, misturada a surpresa e emoção saiu de minha garganta. Era possível? Eu estava finalmente livre do maldito vírus. Eu teria controle sobre o meu corpo de novo. Eu não morreria mais. Eu estava curada.

— Eu vou ficar bem de novo? - Meus olhos se encheram de lágrimas de pura emoção. O dr. Banner assentiu. Peter sorriu para mim, parecendo feliz.

— Que bom que isso acabou. - Disse Gwen pela primeira vez. Ela parecia séria, apesar de tudo. Lancei-lhe um sorriso fraco com um “obrigada”. Gwen havia me perdoado. Ela tinha feito algo que eu não sabia se seria capaz de fazer caso estivesse no lugar dela. No entanto, eu nunca iria esquecer o que eu tinha feito. Eu causara a morte de três pessoas, e uma delas era o pai de Gwen. Eu causara muita destruição. Aquilo me persegueria pelo resto de minha vida. A culpa sempre estaria ali, me assombrando. Talvez eu me acostumasse um dia com ela. Como me acostumei com a dor e a saudade.

— Certo. - Meu irmão chamou nossa atenção, sério. - Se não morreu, tem que seguir o resto do plano. Não temos muito tempo. Nosso tio e nosso pai estão esperando lá fora. - Olhei rápido para os outros e vi a expressão de Peter mudar. O dr. Banner me ajudou a me levantar da cama. Ainda sentia dores em meu corpo. Dores que foram causadas por passar dias trancafiada numa cela na S.H.I.E.L.D, levando choques o tempo inteiro.

Nós deixamos o laboratório do dr. Banner, saindo pelos fundos, numa rua mais tranquila. Bruce e Gwen resolveram ficar em seu laboratório para realizar mais testes e recolher as provas. Eu logo avistei uma coisa enorme no céu. Era uma nave gigantesca que estava estacionada no ar. Suas escadas estavam abertas, indo até o chão. Logo avistei meu pai conversando com meu tio, que estava parado na escada da nave. Natasha apenas observava os dois enquanto Mary permanecia afastada. Loki se virou quando viu que eu estava me aproximando. Era isso. Eu teria de ir embora.

—Evie, acho que já sabe que terá de ir, não é? - Meu pai perguntou cautelosamente.

—Bem, eu vou falar com Valkyrie para ligarmos a nave. - Meu tio avisou antes de subir os degraus e adentrar na nave.

—Não tem muito tempo. - Loki disse baixo. - Há uma ilusão aqui e ninguém pode nos ver, mas não podemos arriscar. - Assenti, dando uma olhada para trás, onde os outros estavam. Senti um aperto na garganta.

—Posso me despedir deles? - Pedi. Meu pai hesitou por um momento.

—Tudo bem. - Suspirou. - Mas não demore. - Ele se afastou um pouco, me dando algum espaço para falar com os outros.

Natasha se aproximou de mim primeiro. Ela deu um sorriso fraco e me deu um abraço quase maternal, afagando meus cabelos. Senti meus olhos começarem a arder, mas segurei as lágrimas. Natasha me soltou.

—Sempre pode contar comigo quando precisar de uma amiga. - Disse amigável. Esbocei um sorriso fraco.

—Obrigada, Nat.

Ela deu ombros como um "não há de quê". Mary foi a próxima a se aproximar, com seu ar venenoso de sempre. Ela fez uma careta que me fez soltar uma risada.

—Odeio sentimentalismos. - Resmungou em seu tom reclamão de sempre, mas pude jurar que vi uma lágrima em seus olhos. - Não quero borrar minha maquiagem. - Ela deu um suspiro fraco, tentando deixar a situação mais leve. - Sabe, bater em idiotas por aí não vai ser o mesmo sem você. - Soltei uma risada. Ela deu um sorriso fraco.  - Se cuida, molenga! - Mary me deu um abraço inesperado e me soltou.

—Se cuida, Mary. - Sorri, entre lágrimas. Ela acenou com a cabeça e tomou um lugar ao lado de Natasha. Meu pai permaneceu longe, perdido em pensamentos.

Quando olhei para o lado, para o próximo de quem eu deveria me despedir, senti um aperto no peito maior ainda. Peter forçou um sorriso, como se segurasse o choro. Me aproximei dele, ficando cara a cara.

—Hey! - Ele suspirou.

—Hey! - Dei um sorriso fraco.

Ficamos em silêncio, nos encarando. Tantas coisas havíamos vivido. Coisas boas, na maior parte. Eram tantas lembranças percorrendo a minha mente. Peter me puxou para um abraço apertado, enterrando o rosto entre meu ombro e meu pescoço. Deitei minha cabeça em seu ombro enquanto ele acariciava a base das minhas costas com o polegar. Sua respiração pesada fazia cócegas contra a minha pele. Senti que ele estava chorando.

—Hey, Pete. - Tentei soar calma, mantendo um tom de voz bem-humorado. - Não chore, se não eu vou chorar também. - Ele soltou uma risada fraca e me soltou, enxugando o rosto com o dorso da mão.

— Eu não estou chorando. - Sua voz estava embargada. - Meus olhos só estão ardendo um pouco por causa da poluição. - Ele forçou um sorriso. - E, isso não é um adeus, é um até breve. - Disse mais para si mesmo do que para mim. - Porque você vai voltar, não é? - Havia uma pontinha de dúvida em sua pergunta.

A verdade era que eu não sabia. Eu era uma foragida ali. Uma criminosa. Talvez eu não pudesse voltar nunca mais. No entanto, eu não podia dizer isso a ele. Não enquanto Peter me encarava cheio de esperanças. Mentir era uma solução mais nobre nesse momento.

—É claro! - Sorri, segurando novas lágrimas. - E você pode me visitar sempre que quiser. - Acrescentei, mesmo sabendo que isso não seria fácil. Ele tinha uma vida ali. Uma viagem interplanetária não era algo que se dava para fazer todos os dias. Além disso, ele poderia acabar sendo seguido por alguém da S.H.I.E.L.D, o que complicaria a nossa situação. E, eu sabia que, com o tempo, ele acabaria se esquecendo de mim. Peter sorriu e me puxou para um novo abraço, dando um beijo em minha testa. Me concentrei nele. Era o último.

— Eu te amo. - Sussurrou.

— Eu também te amo, Pete. - Respondi.

Nos soltamos e eu me afastei alguns passos. Avistei Nerfi, de braços cruzados, fitando o nada. Me aproximei dele. Meu irmão estava sério e não consegui decifrar sua expressão.

—Quem viveu como gato fui eu, mas parece que quem tem sete vidas aqui é você. - Comentou espirituoso. Esbocei um sorriso contido. Ele ficou em silêncio, sério novamente.

—Eu vou embora. - Disse por fim, mesmo sabendo que ele já sabia. Nerfi assentiu.

—Vê se não arruma confusão em Asgard, está bem? - Respondeu baixo. Assenti, forçando um sorriso. Tive a impressão de ver seus olhos brilhando de emoção, mas, não pude ter certeza. Meu irmão respirou fundo, assumindo uma expressão ríspida e fria. Mais silêncio. - A gente se vê, Evie. - Nerfi simplesmente deu as costas e se afastou antes mesmo que eu pudesse dizer adeus. Era isso. Eu poderia ter dado um abraço de despedida nele, mas ele não queria. Estava prestes a seguir para a nave quando uma voz chamou a minha atenção.

— Hey! Vocês estão aí? - Era Ned. Ele olhava para todos os lados, mas parecia não nos ver. Só então lembrei. A ilusão de meu pai impedia que as pessoas nos vissem ali. Loki se aproximou de mim com o cenho franzido.

— Por favor, deixa ele nos ver. - Pedi. Meu pai soltou um resmungo, mas um segundo depois a visão de Ned pareceu ter se aberto.

Elsa! - Ele sorriu aliviado quando me viu. Me aproximei e dei um abraço em meu amigo. - Achei que você tinha morrido. - Comentou, ainda me segurando no abraço. - Pelo amor de Deus, vocês precisam me avisar das coisas. - Eu me soltei, rindo um pouco.

— Como soube que eu estava aqui?

— Eu avisei a ele. - Respondeu Peter baixo, aproximando-se de nós.

— Você vai embora? - Ned perguntou franzindo o cenho. Apenas assenti. Ele deu um suspiro fraco.

— Precisa ir, Evie. - Meu pai apressou. Dei uma última olhada em todos e um último sorriso antes de caminhar até a escadaria da nave. Loki me seguiu. Quando subi o primeiro degrau, meu pai parou.

— Você não vem, pai? - Perguntei sentindo minha voz falhar. Ele tinha uma expressão séria, escondendo todos os seus sentimentos, mas parecia triste.

— Ainda tenho assuntos pendentes aqui. - Respondeu cautelosamente. - Não vou agora. - Meus olhos arderam ainda mais e tive que limpar algumas lágrimas da minha bochecha. - Ficará bem em Asgard, sob a responsabilidade do Thor. - Dei um abraço em meu pai, que retribuiu calmamente, dando batidinhas leves em minhas costas.

— Vou sentir saudade. - Minha voz saiu abafada. Ele respirou fundo.

— Eu também, criança tola. - Respondeu por fim. - Agora, vá! - Me soltou do abraço, me encorajando a ir. Subi os degraus lentamente, observando os rostos de todos.

— Manda notícias, está bem? - Ned gritou. Parei de subir. - Sei lá, manda uma coruja. - Sugeriu confuso. Soltei uma risada.

— Estou indo para Asgard, Ned. Não Hogwarts. - Ri. Ele soltou uma risada.

— Ouvi dizer que eles usam corvos lá. - Dei de ombros.

Voltei a subir, sem tirar os olhos deles. Gravando seus rostos em minha memória. Observei Nat, que acenou com a cabeça. Mary, estava ao seu lado e sorriu. Ned acenou com uma mão e Peter repetiu o gesto, forçando um sorriso, mesmo sendo visível que seus olhos estavam vermelhos por causa do choro. Retribui o aceno. Por último, meu pai e meu irmão, um pouco mais afastados dos outros. Dei um último aceno e entrei na nave. Quando olhei para trás, a porta já estava fechada. Dei de cara com meu tio, que sorria para mim com os braços abertos. Ao lado dele, havia um moça. Com longos cabelos pretos, presos numa trança bem feita, e uma veste de guerreira. Ela deu um leve sorriso para mim.

— Sobrinha! - Disse meu tio animado e me deu um abraço sufocante. Quando ele me soltou, a moça tinha uma expressão de incredulidade no rosto.

— Eu sou Valkyrie. - Ela se apresentou. - E você deve ser a Evie. Seu tio falou muito sobre você. - Sorri. - Na verdade, ele falou tanto que tive a impressão de te conhecer antes disso acontecer. - Confessou. Thor deu um sorrisinho.

— Prazer em conhecê-la, Valkyrie.

Ela deu de ombros.

— Bem, vamos. Temos uma longa viagem pela frente. - Anunciou. Thor me encarou.

— Se anime! Você vai adorar Asgard! - Sorriu. Limpei meu rosto. Era hora de ir.

 

***

Quando aterrissamos em Asgard, meu tio foi o primeiro a descer. Ele se espreguiçou e sorriu ao ver que estava em casa. Eu fui a próxima a descer e Valkyrie veio logo atrás de mim. Asgard tinha uma brisa fresca, apesar de estar ensolarada. O céu era azul como eu nunca vira antes e o ar era tão puro que chegava a ser mágico. Sim. Mágico era a palavra certa para descrever aquele lugar, que exalava magia por todos os lados. Era um paraíso, cheio de montanhas esverdeadas ao sul, vales ao norte, e um palácio de ouro gigantesco ao centro. Era impossível não ficar impressionada diante da grandeza do lugar. Mesmo para qualquer humano cético, era impossível não dizer que aquela era a terra dos deuses. Não pude deixar de pensar em como Peter e Ned ficariam embasbacados com o lugar. Suspirei. Ah, Peter.

Nós três seguimos em frente, em direção ao palácio. Eu não conseguia parar de olhar para todos os lados, como uma criança deslumbrada. Caminhamos lentamente por dentro do que parecia ser uma feira. Pessoas passeavam por todos os lados, com vestes deslumbrantes, comprando o que parecia ser frutas e legumes. As mulheres usavam vestidos longo, com penteados exuberantes, enquanto os homens, trajes finos. Quando eles viam meu tio, se curvavam levemente, em reverência. Thor acenou de volta. Não pude deixar de reparar que algumas pessoas me encaravam com certa curiosidade. Estavam conversando entre si, em cochichos.

Não demoramos a chegar no palácio, que era muito maior de perto. Dois guardas, com armaduras de ferro e lanças, estavam na grande porta do lugar e fizeram uma reverência silenciosa antes de abrirem a porta. Adentramos no lugar, que era seguro por colunas douradas, que faziam um corredor imenso. O chão brilhava, lustroso, e o teto era tão alto que eu mal podia ver. Estava tão distraída que mal vi que havíamos entrado na sala do trono. Um homem alto, de barba  e cabelos ruivos como o fogo, se aproximou de nós. Seu maxilar era bem marcado, o lhe dava uma aparência séria. Ele vestia uma armadura elegante e não era muito velho. Em anos Asgardianos, ele não devia ser muito mais velho que eu.

— Vossa Majestade. - Ele fez uma reverência quase dramática ao meu tio. Valkyrie deu um suspiro impaciente. - Fico aliviado que tenha chegado. - Completou. No entanto, tive a impressão daquilo não ser completamente verdade. Franzi o cenho, o analisando. O sorriso perfeitamente alinhado, mas forçado. As reverências exageradas, mas sem sinceridade. A saudação quase falsa. Arqueei uma sobrancelha. Provavelmente meu tio não tinha percebido isso ainda. Provavelmente esse tipo de percepção só alguém com um instinto para mentirosos pudesse perceber. Ou talvez, só alguém que tivesse um deus da trapaça como pai e um irmão naja pudesse reparar. Por Odin!  Aquele homem era um bajulador real.

— Sim. Valkyrie me informou. - Meu tio respondeu seriamente. - Logo me reunirei com todos vocês. - Informou, decidido. - Mas, antes, quero acomodar minha sobrinha aqui no palácio. - Ele mudou o tom para um mais leve quando olhou para mim. Voltei minha atenção para meu tio. Só então o bajulador reparou na minha presença. Seus olhos se arregalaram.

— Ela é a filha… - Ele interrompeu a própria fala.

— Do Loki! - Meu tio completou. - Pode falar o nome dele, Magnus. Não é proibido. - O bajulador assentiu, envergonhado.

— Claro, majestade.

— Esta é a vossa alteza. — Thor deu batidinhas carinhosas em meu ombro. - Evie Stwart Lokison.  

Alteza. - Magnus fez uma breve reverência. Troquei um olhar rápido com Valkyrie, que apenas deu de ombros. Eu ainda teria de me acostumar com essa forma de tratamento.  - Deseja que eu ordene aos guardas que a levem para suas acomodações? - Perguntou ao meu tio.

— Claro! Faça isso! Encontro você em breve. - Respondeu por fim, e logo se virou para mim. -  Sobrinha, preciso tratar de alguns assuntos importantes do reino. Mas, não se preocupe, logo conversarei com você. Os guardas a acompanharão até seu novo quarto. - Explicou. - Se precisar de qualquer coisa, basta pedir a um servo ou guarda e eles lhe obedecerão. - Assenti. Thor sorriu e cinco guardas grandes como armários se aproximaram de mim.

Deixei a sala do trono, sendo seguida por eles. Eles me conduziram, silenciosamente, pelos corredores largos e longos do palácio. Tivemos que subir uma escadaria, até que finalmente chegamos ao meu novo quarto. Eu agradeci aos homens, que fizeram uma breve reverência antes de irem embora. Quando abri a porta do meu novo quarto, meu queixo caiu. O lugar devia ser maior que a minha casa inteira. Um carpete creme e fofo cobria parte do chão, e uma cama enorme e dourada, com dorsal, ocupava o centro do lugar. Na ponta do lado esquerdo, havia uma janela enorme que tinha vista para as grandes montanhas. Olhei para os lados e quase perdi o fôlego. Haviam uma penteadeira e um espelho tão grande que eu podia ver meu corpo inteiro e ainda sobrava espaço. Havia tanta coisa naquele quarto que eu mal podia me concentrar numa só. Eu praticamente corri até a cama e me joguei. O colchão era fofo, e mais parecia que eu estava deitada sobre as nuvens.

— Com licença, alteza. - Alguém pigarreou. Me levantei da cama rapidamente. Duas jovens, com vestidos cinza, marcados na cintura, me encaravam. Uma era mais baixa e tinha cabelos castanhos e lisos. A outra, era mais alta, e tinha os cabelos ondulados numa cor de cobre. Elas deviam ter a minha idade em Asgard. - Eu sou Agathe. - Continuou a mais baixa, simpática. - E essa é a minha irmã, Ingrid. - Ela apontou para a outra jovem ao seu lado. - Seremos suas damas de companhia.

— Damas de companhia? - Perguntei surpresa. Fiquei em silêncio, pensando na ideia, intrigada. - Sem ofensas, mas, o que fazem exatamente as damas companhia? - As duas se entreolharam como seu eu tivesse feito a pergunta mais absurda de todas.

— Companhia! - Responderam em coro como se fosse óbvio.  

— Ah! - Sorri.

— Nós a acompanhamos quando quer sair. Damos opiniões quando somos perguntadas. - Explicou Agathe, animada. - Ajudamos a pentear o cabelo e a se vestir. - Completou.

— Ah! - Franzi a testa. - Sem ofensas, mas acho que não preciso que me ajudem a me vestir. - Sorri. Elas se entreolharam e soltaram uma risada.

— Quando ver as roupas, vai perceber que sim, alteza. - Ingrid respondeu calmamente. - Ah, propósito, me permite falar algo?

—Claro! - Dei de ombros.

—Essa roupa não é nem um pouco apropriada para alguém da realeza, alteza. - Disparou, fazendo Agathe arregalar os olhos. Olhei para as minhas vestes. Talvez ela estivesse certa.

—Ingrid! - Repreendeu. - Por favor, perdoe a minha irmã, alteza. É uma louca. - Pediu visivelmente envergonhada. Soltei uma risada.

— Está tudo bem. Podem ser honestas comigo. - Respondi por fim. - Até porque, mentir para mim vai ser algo complicado. - Completei baixo, dando de ombros. Agathe pareceu respirar mais aliviada. As duas se entreolharam.

—Podemos ajudá-la agora? - Ingrid perguntou.

—Bem, acho que…

—Ótimo! - Elas comemoraram em uníssono e me arrastaram pelo quarto, tagarelas. A minha vida nova estava só começando.


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