Coração Indomável II escrita por JFB Bauer


Capítulo 3
Parte I CAPÍTulo 2


Notas iniciais do capítulo

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PARTE I CAPÍTULO 2

 

Voltei, furiosa, para onde meus amigos se encontravam, a vontade de ir ao banheiro totalmente esquecida por conta da raiva. É claro que não mencionei nada do que tinha acontecido a nenhum deles. Não sei se por vergonha ou, raiva por ter sido tão estúpida.

Fui eu quem dirigiu no retorno, já que eu era a única que não havia bebido ou me drogado. Todos meus amigos estavam animados e falavam sobre como a noite fora divertida e combinavam em repetir o programa.

— Eu não venho mais — falei olhando a estrada a minha frente.

— Qual é, Nicole?  Você foi uma das que mais se divertiu — Sarah disse.

— Eu achei que tinha gostado, gata — Alex completou.

— Eu gostei... só acho que é uma coisa pra se fazer raramente e, não virar um hábito.

Nem no inferno que eu voltaria Queria distância daquele sujeitinho. Quem ele pensa que é pra me tratar feito uma vadia?

— Bom, espero que mude de ideia, pois vamos voltar na semana que vem —  Sophia quem falou desta vez.

Em casa após um banho relaxante caí na cama, mas, infelizmente, o sono não veio. Só o que vinha a minha mente eram os momentos que passei com aquele... cara.

Por mais que rolasse na cama e pensasse não conseguia entender como deixei Sebastian me beijar daquela forma. Me pegar daquele jeito.  Era surreal! Eu não podia nem colocar a culpa na bebida, pois não havia tomado nem uma gota de álcool.

Me convenci a pensar que Sebastian foi o meu cara do rebote, só podia ser isso.

A semana passou rápido. Na faculdade, os professores estavam pegando pesado e nos deram diversos trabalhos. Eu e Christian estávamos na mesa turma e combinamos de fazermos dupla para os trabalhos deste semestre.

— O pessoal vai amanhã à festa lá no subúrbio — Christian disse quando saíamos da nossa aula e, seguíamos para o refeitório, onde iríamos encontrar nossos amigos. — Eles disseram que você não vai. Por quê?

— Ah... é... não a fim — respondi

Não podia revelar que o motivo era o idiota do irmão dele.

— Hum... Você ficou decepcionada.

— Como assim, Christian?- perguntei não entendo o comentário dele.

— Ah, Nicole,... lá é um local simples. De pobre mesmo. Você está acostumada com outro nível... Eu entendo, sério, não estou julgando.

— Christian, por favor, eu não sou esnobe. Não tem nada a ver com isso. Você já me conhece bem devia saber que eu não penso assim — falei quase ofendida com o que ele disse.

Detestava que as pessoas tirassem conclusões ao meu respeito que não fossem verdadeiras. Minha família não era rica. Longe disso. Era verdade, que tínhamos uma vida boa. Boas condições financeiras, mas pelo que eu sabia meu pai trabalhava muito. Prestava assessoria contábil para várias empresas, além de administrar um hotel. Porém não éramos abastados.

— Desculpa, Nicole, eu sei que você não é assim — ele disse me abraçando de lado. — Tirei conclusões erradas. Perdoa-me.

Eu sou uma pessoa muito fácil de conviver e, por isso, não iria ficar brava com meu amigo por pouca coisa. Aceitei suas desculpas.

Naquela noite, eu estava estudando em meu quarto, quando do som os gritos de minha mãe passaram através da porta fechada.

“O que você está pensando, Kate? Isso já passou dos limites. Eu e seu pai já avisamos você que se não parar com estas atitudes iremos dar um jeito em você.”

“Por que só comigo que vocês agem desta forma? A Nicole não é nenhuma santa!”

Minha irmã gritou.

“Não venha colocar a Nicole na história, Kate. Ela não nos dá um terço do trabalho que você dá.”

Coloquei os fones de ouvido e aumentei o som do meu celular, ouvindo música bem alto, para não ouvir a briga dos meus pais com minha irmã, que andava acontecendo quase que diariamente.

Meu celular tocou. Era Sophia.

— Oi — respondi sem animação.

— Oi, gata! Vamos balançar o esqueleto?  Dançar salsa no subúrbio?

— Ah, não, Sophia. Não vai dar, tenho muita matéria pra estudar.

— Nicole! Amiga... vamos lá! Você nunca foi de negar a sair pra se divertir. Mesmo se tivesse uma tonelada de coisa pra estudar. Sabe que sempre vai bem nas provas. É uma CDF mesmo! — Brincou.

— Eu sei, eu só... não estou a fim.

— Amiga! Sou eu, a Sophia, qual é o problema?

 O problema é que um cara metido a bad boy gostoso, que se acha o máximo me beijou como nunca fui beijada na vida, e, depois, praticamente, me chamou de vadia. É claro que não falei isso para ela.

— Não é nada, Sophia, só que...

Você vai deixar de ir num lugar que gostou dançar salsa só por que este cara vai estar lá? E aí? Ignore-o, e dance muito.

— Quer saber, Sophia? Mudei de ideia. Vamos sim!

— É isso aí! Essa é a Nicole que eu conheço. Passo aí em meia hora.

Desci para pegar um sapato que eu queria usar, que estava na lavanderia e encontrei meu pai na sala assistindo ao tele jornal. Na mesinha de centro haviam várias pastas com folhas e mais folhas.

Olhei para ele que parecia cansado.

— Oi, papai.

— Oi filha. Vai sair?

Sentei-me ao lado dele colocando minha cabeça em seu ombro.

— Vou sim. Sophia vem me buscar daqui a pouco — falei fazendo carinho em seu braço.

Eu era muito apegada ao meu pai, muito mais que com a minha mãe. Ela era uma mãe maravilhosa, mas meu pai era meu herói.

— E a faculdade como está indo? - perguntou interessado.

— Tudo tranquilo, pai. Começou o semestre a pouco, mesmo assim já tem matérias bem puxadas.

— E sair com sua amiga não vai atrapalhar seus estudos?

Antes que eu pudesse responder ele colocou seu braço sobre meus ombros.

           — É claro que não vai! Minha filha é muito inteligente e responsável, não é?

          Sorri boba com o elogio.

           — Você é jovem. Precisa se divertir um pouco... ainda mais depois de terminar um namoro tão longo.

           — Não se preocupe, papai. Eu estou bem.

Voltei para o meu quarto procurando me vestir para arrasar. Eu não admitia, mas queria esfregar na cara do irmão do Christian como eu era linda, gostosa e, que não estava nem um pouco interessada nele.

Ainda no carro Ethan tocou no nome do bad boy.

— Christian falou que irmão dele não gosta muito da ideia de estarmos indo as festas no subúrbio.

A raiva por tudo o que aconteceu, na semana passada, se apossou de mim.

— Esse cara se acha muito, né? Qual é? Ele é o dono do lugar por acaso? É dono do bairro? Eu tô pouco me fodendo sobre o que ele gosta ou não — despejei.

— Nossa amiga! Não se esqueça de que o cara é um bad boy. Líder de gangue... — Sophia falou.

Dei de ombros.

— Na verdade, Christian disse que gosta muito do irmão. Que se não fosse por Sebastian ele não estaria estudando. Que ele é quem mantém a família deles — Sarah comentou.

Aquela revelação não combinava com a imagem que eu tinha dele.

Paramos de falar quando vimos Christian e, de novo, os caras mal encarados, parados no mesmo local da semana passada. Eles montaram em suas motos e faziam uma espécie de escolta para nós.

Chegamos à festa e, assim como na outra semana, eu e Alex fomos dançar. Não pude evitar procurar um homem específico entre todos os presentes. Mas não o vi.  Sebastian Wynn não estava em parte alguma. Não sei porque, mas me senti desanimada subitamente.

Após dançar, eu já estava com calor e fui até o bar buscar uma água. As pessoas do bairro pareceram já não tão surpresos com nossa presença e, isso começou a me deixar mais relaxada.

Quando estava voltando para a mesa onde estavam meus amigos, o vejo. Ele vinha em minha direção. O homem, que eu mesmo sem querer admitir, pensei a semana toda. Ele vinha se aproximando, mas não olhava para mim. Na verdade, ele passou ao meu lado e me ignorou completamente. Como se eu fosse um poste. Não. Talvez se eu fosse um poste ele se dignasse a me dar um mero olhar.

Fiquei tão estupefata com sua atitude, que cheguei a me virar ao vê-lo passar por mim como se eu fosse um nada. Ele foi para uma mesa, onde os outros homens mal encarados e várias garotas quase seminuas estavam. Ele sentou e uma das garotas foi para seu colo.

Irritada e furiosa segui para a mesa dos meus amigos prometendo a mim mesma ignorar aquele idiota.

Ethan e eu dançamos muito. Estávamos nos divertindo, apesar de, às vezes, eu olhar para o local onde o bad boy estava. Ele continuava me ignorando, então Ethan começou a me apertar mais contra seu corpo mostrando um comportamento que não era bem de amigo.

Eu tentei, gentilmente, demonstrar que a situação estava me incomodando, mas ele não pareceu se dar conta. De nossa mesa vi, minha amiga Sarah nos olhando, atentamente.

— Ethan? O que está fazendo? — perguntei.

— Nicole... Você é tão linda. — ele disse tentando me beijar e eu virei o rosto.

— Poxa! Ethan, qual é? Somo amigos — falei apelando para seu bom senso.

— Nicole, eu sempre quis ser mais que seu amigo. Você era comprometida e, eu respeitei isto, mas agora... Agora você é livre porque não me dá uma chance? — ele falou.

— Porque gosto de você como amigo, por isso.

— Mas no passado você não me viu só como amigo.

— Esquece aquilo, Ethan. Foi coisa de adolescente imatura. Por favor, não quero perder sua amizade.

Ele baixou a cabeça parecendo conformado.

— Não vou desistir. Mas por ora serei seu amigo como sempre fui.

Continuamos dançando, e ele se comportou apenas como amigo. Voltamos para a mesa onde estavam Alex e Sarah. Eles riam de algo.

— Do que estão rindo? — perguntei curiosa.

— Não estamos rindo. Estamos comemorando — Sarah apontou para a pista de dança e nela estavam Christian e Sophia dançando e se beijando, apaixonadamente.

— Ufa! Até que enfim hein! — falei rindo.

— Sim, estava mais fácil um acordo de paz entre palestinos e judeus que estes dois se acertarem — Alex disse nos fazendo rir.

Apesar de feliz pelos meus amigos, eu tinha receio, principalmente, por Christian que era louco por Sophia, já ela eu não tinha tanta certeza.

Dirigia-me ao banheiro quando minha passagem foi interrompida por uma pessoa que ficou no meio do caminho. Sebastian!

Ele me olhou, eu ergui o queixo e o encarei.

— Sua turminha de riquinhos não tem mais nada pra fazer do que ficar vindo a festas no subúrbio, não?

Qual era a desse cara?

— Você é o dono do subúrbio por acaso?

Eu sei, eu deveria ter ficado de boca fechada, afinal o cara que estava na minha frente era perigoso. Os olhos de Sebastian ganharam um novo brilho com minhas palavras.

Ele se aproximou mais de mim e eu recuei um passo.

— Não estava assim tão arisca na semana passada — disse irônico.

Minha vontade era estapeá-lo por ser tão cretino e... Porra! Ele era realmente lindo.

— Olha aqui, riquinha, diga para a piranha loira, que está grudada no Christian,  que se ela zoar com a cara dele, é comigo que ela vai ser ver — ele avisou.

Senti que sua ameaça era séria. Continuei muda.

— Perdeu a língua, boneca?

— Você é um imbecil.

Saiu antes que eu pudesse segurar as palavras dentro da minha boca, e, ainda mais rápido do que minhas palavras saíram me vi presa contra parede com a grande mão de Sebastian apertando meu pescoço. Não estava me machucando só era forte o suficiente para me manter imobilizada. Senti a adrenalina passar por todo meu corpo. Era o medo do perigo.

— Não me toque — falei olhando em seus olhos.

— Não era isso que você queria na semana passada. Se não fosse por eu não querer, eu teria te comido aqui mesmo contra esta parede.

A raiva aumentou ainda mais. Minha vontade era gritar uma série de desaforos para ele, contudo dessa vez agi com cautela.

Ele acabou se afastando, retirando a mão do meu pescoço.

— Avise a piranha da sua amiguinha.

Saiu andando, todo dono de si. E mais uma vez eu fiquei ali, parada feito uma idiota.

Na mesa, com meus amigos, eu observava a mesa em que o todo poderoso estava. Havia vários homens com cara de poucos amigos e muitas mulheres. Ele, novamente, não olhava para mim.

— Nicole, onde você vai? — ouvi Sarah perguntar quando levantei.

A ideia maluca se formou em minha mente e, quando dei por mim, já estava na mesa deles. No momento, que cheguei à mesa dos temidos homens da gangue todos pararam de falar. Todos me olhavam até mesmo “ele”. Encarei aqueles homens e, escolhi aquele que menos me amedrontava. Dirigi-lhe o olhar e falei:

— Oi, eu sou Nicole Andrews. Você gostaria de dançar comigo?

Tive o prazer de ver o olhar do fodão Sebastian Wyn, surpreso. Era a minha vez de deixá-lo sem fala.

O grandão com uma cicatriz no queixo me olhou como seu eu fosse um ET. Após um minuto esperando sua resposta, ele exibiu um belo sorriso.

— É claro — ele levantou-se e fomos à pista de dança.

Eu não via Sebastian, mas sentia seu olhar em mim. Vibrei internamente. Começamos a dançar e, apesar dele ser muito grande tinha ginga.

— Como se chama? — perguntei após uns momentos de silêncio.

— Frank, mas ninguém me conhece por este nome, somente pelo meu apelido. Urubu — respondeu ele como uma voz potente.

Nossa! Que apelido estranho.

— Por que o chamam assim? - minha curiosidade estava aguçada.

Ele respirou fundo fazendo uma cara estranha.

— Bom, é que eu, quando era criança, não tinha o que comer, então ia aos lixões daqui para procurar o que comer... era eu e os urubus, então...

Meu coração se apertou ante aquela revelação dele. Que tristeza!

— Sinto muito... — falei sem saber o que dizer, mas verdadeiramente tocada.

Então, ele começou a rir.

— Jura que acreditou nisso? — ele perguntou ainda rindo.

O olhei feio.

— Muito engraçado.

— Me desculpe não resisti. Chamam-me de Urubu sei lá por qual motivo. Sempre foi assim. Brincam que é porque eu sempre fico com as sobras das namoradas dos meus parceiros — falou divertido.

Não sei explicar, mas gostei dele. Tinha esta cara de mal, no entanto, parecia ser um cara legal. Legal o quanto um cara de gangue poderia ser.

— Me desculpe, te chamei pra dançar e nem perguntei se você tinha namorada. Não quero colocá-lo em problemas — falei sincera.

Ele olhou para o lado, onde havia uma garota com cabelos ruivos sentada junto a um casal. Ele olhou para mim novamente.

— Não tenho namorada, não — falou.

— Bom, mas me parece que quer ter. É aquela moça? — perguntei indiscreta. — Desculpa...

— Não, tudo bem. Dá pra ver que sou de quatro nela? — perguntou nervoso.

Assenti.

— O nome dela é Elisa — ele suspirou.

— Ela não gosta de você?

— Boa pergunta... Não sei, às vezes, eu acho que sim, outras eu acho que não. Ela disse que não fica comigo por que os pais não querem, mas não sei — ele disse.

Olhei novamente para a garota que não tirava os olhos de nós com uma carranca. Ela claramente estava com ciúmes.

— Eu acho que ela gosta de você e, acho que ela está com ciúmes por estar dançando comigo — falei tentando animá-lo.

Deu certo.

— Sério? — perguntou sorrindo.

Assenti.

— Por que os pais dela não iriam querer que você a namorasse?

— Bom por causa da... da gangue.

— Ah... a gangue... E você não pode obrigá-los a aceitar? - perguntei - Achei que esse negócio de gangue, os caras obrigavam as pessoas a fazerem o que eles quisessem — comentei.

Ele gargalhou.

— Que isso?! Não é assim que funciona...

— Mas vocês não são os foras da lei? — indaguei.

Falei usando este termo, não quis dizer criminosos ou marginais.

— Sim, mas para tudo há limites.

Urubu olhou para a mesa onde Sebastian estava.

— Acho que o chefe não gostou de eu estar dançando com você — comentou.

— Ele é o chefe? — perguntei.

— Mais ou menos. Há vários chefes e, Sebastian está um patamar acima de nós. Os simples integrantes da gangue — ele explicou.

— Hum... E o que tem você dançar comigo? É proibido por acaso? Esse Sebastian se acha muito.

Ele riu.

— Ele parece ruim, mas é legal — piscou sorrindo. - Somos amigos desde crianças.

— Legal, aham, sei  — bufei.

Ele riu mais uma vez.

— Urubu?! Vamos! — ouvimos a voz de Sebastian.

Ele olhava com o semblante sério para nós.

— Você tem que ir? - perguntei quando olhei novamente para Urubu.

Ele assentiu.

— Faz tudo o que ele quer como um cachorrinho? - perguntei irônica.

— Nem tudo, mas é melhor não irritar a fera. Tchau, Nicole, foi um prazer conhecê-la. Você não é nada da riquinha metida à besta que eu pensei que fosse — ele disse pegando minha mão e beijando.

Eu ri com sua tentativa de fazer charme.

— Obrigada. Valeu, Frank.

Ele saiu atrás do todo poderoso bad boy. Voltei para a mesa com meus amigos e não demorou muito para irmos embora.


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