Coração Indomável II escrita por JFB Bauer


Capítulo 4
Parte I CAPÍTulo 3


Notas iniciais do capítulo

A coisa começa a esquentar entre o bad boy e a boneca. Quem vai ler?



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PARTE 1 CAPÍTULO 3

 

Minha vida seguiu seu ritmo normal. Faculdade, sair com meus amigos, escutar meus pais e Kate brigando. Quinze dias haviam se passado desde a última vez que eu havia visto o bad boy. Eu quase não pensava nele. Na verdade, eu queria acreditar nisso, contudo muitas vezes eu me pegava pensando naquele homem.

Meus amigos, ainda bem, não falaram mais em voltar ao subúrbio. Era verdade que estávamos muito atarefados com a faculdade e, por esse motivo quase não estávamos saindo.

Havia uma disciplina, Direito Cívil, que estava deixando a todos nós com os cabelos em pé. Eu e Christian fazíamos essa aula juntos. As notas da prova nos deixaram arrasados. Para compensar o professor passou um trabalho imenso, que exigia horas de pesquisa e estudo para podermos recuperar a nota. Eu e meu amigo decidimos fazer juntos.

Começamos a fazer no tempo livre que tínhamos entre uma aula e outra, mas não era suficiente. Christian foi a minha casa algumas vezes, mas ele não poderia ir sempre, pois como a mãe dele trabalhava, ele precisava cuidar dos irmãos mais novos.

O jeito seria eu ir a casa dele. No subúrbio. Depois de saber, que seu irmão mais velho não morava com ele e, também que não seria perigoso eu ir lá à luz do dia, decidi ir. Com sorte eu não o encontraria e, se por acaso o encontrasse eu iria agir como ele agiu comigo, iria ignorá-lo.

Naquela tarde, eu estava em meu carro indo em direção ao subúrbio. O combinado era que Christian iria me encontrar, no lugar onde ele costumava nos encontrar quando íamos para as festas. Ele faria a minha escolta até sua casa. Contudo quase chegando lá recebo uma ligação de Christian. Faço a coisa errada e atendo meu celular enquanto estou dirigindo.

— Nicole, desculpe, mas minha mãe teve que ir mais cedo para o trabalho e não posso deixar os meninos sozinhos. Não tenho como ir pegar você no lugar combinado.

— E agora? Devo ir sozinha até a sua casa?

— Não! Sebastian vai te esperar no local que combinamos, ok?

Minha boca ficou seca.

— Sebastian?! - guinchei.

— É. Algum problema? — ele perguntou, preocupado.

— Não. Não sem problemas — respondi, já quase chegando ao local do encontro.

Depois de uma curva pude ver Sebastian parado ao lado de um carro. Desliguei estacionando o meu carro ao lado do dele. Suspirei antes de ir falar com ele. Porra! Ele estava ainda mais lindo desde a última vez que o vi. Ele não se mexeu de onde estava. Não me restou alternativa se não ir até ele.

— Oi — falei meio sem saber o que dizer.

Ele não me cumprimentou apenas me olhou. Vi outra pessoa descer do carro dele e reconheci Urubu. Ele veio sorrindo.

— Oi, Nicole.

— Oi, Frank — falei feliz em revê-lo. Ele era um cara legal.

— Urubu? — Sebastian interrompeu minha interação. - Nos siga com o carro, eu vou no carro dela.

— Certo, chefe.

Como é que é?!

Olhei para ele procurando por uma explicação, mas o bad boy simplesmente se dirigiu ao meu carro e entrou, ainda por cima na direção.

— Você não vai dirigir o meu carro — falei para ele ao lado da janela.

Ele sorriu. Um sorriso lindo, mas irônico.

— Isso é o que nós vamos ver — respondeu. — Eu não estou com pressa podemos ficar aqui a tarde toda.

Bufei com irritação. Joguei a chave no colo dele e dei a volta entrando no carro. Bati a porta com força. Bem infantil, eu sei. Ele apenas sorriu e arrancou com o carro.

— Posso saber por que você quer ficar aqui comigo no meu carro se claramente você não vai com a minha cara? — perguntei sem olhar para ele que dirigia calmamente pelas ruas do bairro que conhecia.

— Sabe que fica linda bravinha, boneca? — disse como se comentasse sobre o tempo.

Esse cara era bipolar ou o quê? Não levei em consideração o seu "elogio" e me concentrei em não olhar para ele.

— Vai responder ou não?

— Eu não entendo o que uma riquinha como você gosta de fazer por aqui? — respondeu com outra pergunta.

— Deve saber que estou aqui porque eu e o Christian temos que fazer um trabalho para a faculdade.

— Ou... você está a fim do meu irmão — insinuou com ar sério.

— Eu e Christian somos amigos — respondi. - Não que eu não o ache um gato, por que ele é, mas somos somente amigos.

Por que estava me explicando a ele? Ele não tinha nada a ver com a minha vida.

— Pelo que sei, gente como vocês, fazem rodízios com amigos...

Era segunda vez que ele insinuava que eu era uma vadia.

— Por que você gosta de me ofender? - perguntei me sentindo um pouco magoada. — Não sou santa, mas não sou a vadia que você sempre sugere que seja.

Ele pareceu mudar a expressão.

— Não tive a intenção de te ofender — ele falou.

Olhei para ele com a expressão de quem diz "jura"? Seus atos eram muito estranhos. Nunca conheci alguém que me deixava tão confusa.

Ele parou em frente a uma casa bem simples.

— Chegamos — anunciou.

Antes que eu pudesse me mexer para sair, ele segurou meu braço. Todo meu corpo se arrepiou com seu toque.

— Sempre que precisar vir aqui, peça para Christian ir encontrá-la na entrada do bairro. Nunca venha sozinha entendeu?- falou me olhando, intensamente.

Havia algo em seus olhos.

— Por quê? — perguntei meio aturdida pela intensidade de seu olhar.

— É perigoso. — Disse dando de ombros.

— Obrigada pelo aviso, mas eu sei me cuidar.

Sua expressão carrancuda voltou.

— Se acontecer algo, depois não diz que eu não avisei — falou saindo do carro.

Quando saí do meu carro, ele já tinha partido no carro com Urubu.

Segui até a varanda e, antes que eu batesse, a porta se abriu revelando Christian sorrindo para mim.

— Eu ouvi o carro do Sebastian. Imaginei que você já tivesse chegado — ele disse me dando um abraço. — Entra. Não repare, é casa de pobre.

— Eu sei, Christian. Não esquenta.

Quando entrei eu vi dois meninos sentados à mesa fazendo a lição de casa.

— Nicole, estes são meus irmãos menores Thomas e Daniel. Meninos esta é a Nicole.

— Oi, Nicole — eles disseram juntos.

Tive que sorrir, pois os meninos eram a cópia mirim de Christian e Sebastian.

— Oi meninos como estão? — falei simpática.

— Christian, ela é sua namorada? — Daniel perguntou e o irmão riu.

Eu ri também.

— Não, Daniel. Nicole é minha amiga — Christian respondeu.

— Era o Seb que estava ali fora? — Thomas perguntou.

— Sim, era.

— Por que ele não veio ver a gente? — perguntou o menino fazendo um bico.

— Porque ele estava trabalhando e não podia vir agora, mas eu vou ligar pra ele vir hoje noite, ok? Agora continuem a lição que eu e a Nicole vamos fazer a nossa lição também.

— Vocês também têm lição de casa? — Daniel perguntou espantado.

— Nossa! Um monte - respondi.

— Que saco! Eu que não vou fazer faculdade se tem lição. — Daniel disse em sua inocência infantil.

Eu e Christian fomos para a sala e começamos a pegar nossos livros para o trabalho.

— Você tem jeito com eles, Christian. E seus irmãos são adoráveis — falei me sentando no chão em frente à mesinha em que íamos trabalhar.

— Eles estão quietinhos agora, porque são umas pestes quando querem. Se acha que eu tenho jeito precisa ver o Sebastian.

Pronto! Era a deixa que eu precisava para saber mais sobre este homem enigmático.

— Seu irmão Sebastian? Nossa! Não me parece que ele tenha jeito com as crianças — comentei.

— Os meninos o adoram e o respeitam. Eu sou o irmão que de vez em quando eles respeitam, mas o Sebastian é quase como um pai para eles — Christian explica. - Nosso pai morreu quando Daniel tinha dois anos e Thomas ainda não tinha nascido. Desde lá é Sebastian quem toma conta da nossa família. Não seriamos ainda uma família sem Sebastian.

Ele disse tudo aquilo em um jorro de palavras.

— Nossa! Que barra perder o pai tão cedo.

— É, foi. Minha mãe trabalha fora. Trabalha muito, mas não é o suficiente. Se não fosse Sebastian não sei o que seria de nós.

— É verdade que ele o ajudou a conseguir a bolsa para a faculdade? — perguntei não escondendo minha curiosidade.

— Sim, ele é meu maior incentivador para estudar — ele falou com verdadeiro orgulho do irmão.

— E ele não estuda por causa da... gangue?

— Nicole, eu não...

— Desculpe. Desculpe, Christian, não tenho que me meter — falei constrangida.

— Não. Tudo bem. Eu só não gosto de falar nisso... é complicado por que ao mesmo tempo que essa maldita gangue, às vezes torna meu irmão irreconhecível, também é por meio dela que Sebastian pode nos ajudar e, me ajudar a estudar — ele suspirou. — Vamos fazer o trabalho? — mudou de assunto.

— Claro.

Quem era Sebastian Wynn?

Por que ele parecia me odiar, e em outra hora não? Eu não podia mais negar que este jeito dele me aborrecia, mas ao mesmo tempo me atraia, e muito.

Eu nunca fui a garota problema da família e, nem pensava em ser, portanto estar interessada em Sebastian era algo que jamais imaginei acontecer comigo. Isso seria o tipo de coisa que minha irmã faria, não eu.

Peguei-me convidando meus amigos para ir à festa no subúrbio só para vê-lo. Eles negaram, pois estavam ocupados com outras coisas. De fato, eu estava ansiosa para vê-lo novamente e, isso acabou me fazendo agir impulsivamente e imprudentemente.

O trabalho que eu e Christian tínhamos que fazer juntos, ainda não estava completo e foi essa desculpa que usei para voltar ao subúrbio naquela tarde de terça-feira.

Combinei com meu amigo de que às 15hs ele iria me esperar, mas fiquei pronta muito antes, e antes das 14hs, eu já estava entrando no subúrbio. Ignorei o aviso de Sebastian e segui sozinha pelas ruas estranhas do bairro. Estava tudo tranquilo. Eu me sentia segura. Com certeza Sebastian havia exagerado.

Mal formulei este pensamento e um carro preto me fechou, eu freei bruscamente até meu carro para quase de lado na rua. Assustada, vi quatro homens enormes saírem do carro. Um deles veio em direção a minha janela.

Meu coração começou a saltar forte no peito. Merda! Será que eu seria assaltada? Ou coisa pior...

— Olha só, James, que coisinha linda está perdida por aqui. Desce do carro, lindinha — o moreno falou comigo. — Queremos ver você por completo.

Eu sabia que devia fazer o que ele estava dizendo, mas quem disse que meu corpo obedeceu. Eu estava congelada com as mãos presas ao volante.

— Você a está assustando Felipe — um loiro disse chegando também próximo. — Oi, princesa, olha só... Queremos apenas conversar. Por que não sai do carro, vai ser melhor — falou com a voz macia tentando me convencer. — Eu quero te conhecer. Eu sou o James. Como é o seu nome?

Eu tentei falar algo, mas nada saiu.

— Eu... Eu sou...

— Não interessa quem ela é — ouvi a voz grave e forte de Sebastian.

Olhei para o outro lado e o vi. Ele estava juntamente com outros caras, encarando os homens que estavam próximos de mim. O alívio tomou conta de mim. Tão nervosa estava, que nem havia notado o carro dele se aproximar.

O loiro se endireitou encarando Sebastian.

— Wynn? — ele disse com visível desprezo.

— Dê o fora James, aqui não é a área de vocês e sabe muito bem disso.

Sebastian disse rude, olhando diretamente para o loiro chamado James. Ele sequer destinou um olhar para mim.

— Você se acha demais não é Wynn? Mas uma hora dessas a sua sorte vai acabar.

Sebastian sorriu. Não era um sorriso normal. Parecia mais ameaçador que nunca.

— Você fala demais e age de menos, James. Se manda! Antes que eu mude de ideia.

Pude perceber, apesar pavor que me dominava, que Sebastian era temido e respeitado. Os quatro homens entraram no carro preto e foram embora. Minha respiração começou a voltar ao normal.

Sebastian veio direto até minha porta a abrindo-a. Olhei para ele, que não disse nada, mas mesmo assim entendi. Eu pulei para o banco do carona e, ele entrou logo colocando o carro em movimento.

Ele não me olhava. Olhava para frente, para a rua a sua frente. Estava sério, de cara fechada. Eu não sabia o que dizer, apenas sabia que precisava agradecer a ele por ter me salvado daqueles caras. E quem eram aquelas pessoas?

Tomando coragem abri a boca para falar.

— Sebastian... eu...

— Fica quieta! — ele me cortou de forma rude. — Não quero falar com você.

Eu me senti amuada e fiz o que ele disse. Droga! Não era assim que eu esperava encontrá-lo. Havia pensando em tantas forma que gostaria de tê-lo visto e, com certeza, essa não era uma delas.

O carro parou em frente à casa de sua mãe e, diferente da outra vez, ele desceu do carro comigo seguindo para a varanda e entrando na casa, antes que eu pudesse praticamente me mexer voltou com Christian atrás dele.

— Nicole... — Christian falou, mas foi cortado pelas palavras ríspidas de Sebastian.

— Avisa pra essa sua amiga de miolo mole, que não entre no subúrbio sem que alguém a espere na entrada. Eu não sou babá de ninguém e ,na próxima vez, vou deixar o James e sua gangue levar a princesinha — disse a Christian, mas seus olhos não me deixavam.

Abaixei meus olhos, envergonhada, ele tinha me avisado. Depois que falou aquilo, nitidamente furioso, saiu andando pela rua sumindo da minha vista.

— Mas o que foi que aconteceu? Por que Sebastian está tão bravo assim? E porque você está aqui neste horário? Era só daqui a uma hora que iríamos nos encontrar. — Christian perguntou confuso.

— Desculpe, Christian. Eu me precipitei e vim mais cedo. Seu irmão tinha me alertado em não entrar aqui sozinha, mas não obedeci e, entrei assim mesmo. Quando estava há algumas quadras daqui um carro preto me interceptou... — suspirei. - Não sei o que seria de mim se não fosse por Sebastian ter me encontrado — admiti.

— Nossa, Nicole! Você está bem? Quer algo para beber? Deve ter ficado nervosa. Entra. Minha mãe ainda está e fará um chá para você.

Eu queria agradecer, ir embora o mais rápido possível, mas acho que precisava sim do chá.

Acabei conhecendo a mãe dele e pude ver que Sebastian era muito parecido com ela. Emma Wynn era muito bonita e simpática. Acabei recusando o chá, mas bebi um copo de água. Fui muito bem acolhida pela mãe de Christian, principalmente, por eu ser uma das poucas amigas do filho que ela conhecera.

— Vocês têm que estudar não é mesmo? Vão fazer as coisas de vocês eu prometo não atrapalhar - ela disse.

— A senhora não vai trabalhar? — Christian perguntou surpreso.

— Não, querido. Thomas está um pouco febril. Eu avisei que não iria hoje. Mas podem ir lá pra sala. Eu não vou atrapalhar e os meninos também não.

— Se a senhora preferir podemos fazer outro dia... - comecei a dizer.

— Imagina, querida. Fique a vontade.

Eu e Christian seguimos para o local onde fizemos nosso trabalho da última vez. Estava arrumando minhas coisas quando senti o olhar de Christian sobre mim.

— O que foi? — perguntei já sabendo do que se tratava.

— O que aconteceu? Por que o Sebastian estava daquele jeito? — ele perguntou não escondendo sua curiosidade.

Fiquei desconfortável em falar sobre o cara que mexia tanto comigo.

— Bom... é que da outra vez seu irmão me avisou que era perigoso vir pra cá sem avisar, ou que alguém me esperasse na entrada. Eu dei pouca importância. Deveria ter entendido que era sério. Esses... caras que me interceptaram... Quem são eles Christian? — perguntei.

— Nicole... Aqui no subúrbio há várias gangues definidas por área. Cada uma tem sua área. Estes caras pertencem a outra gangue. E Sebastian está certo. Você foi imprudente.

Outra gangue? Meu Deus!

— Agora eu sei disso — suspirei — eles me assustaram.

Meu amigo segurou minha mão, em sinal de conforto.

— Eles são perigosos, Nicole.

A curiosidade era mais forte que o meu medo, por isso, perguntei:

— Um dos caras se chamava James — contei a Christian.

— Ele é da gangue serpentes selvagens.

— Mas se as gangues têm suas áreas por que eles estavam por aqui? Se esta é a área da gangue do seu irmão — falei sussurrando para que nem a mãe dele, nem seus irmãos ouvissem nossa conversa.

— Essa gangue do James, vive aprontando por aqui. Ele não vale nada. Não respeita nada — Christian disse bravo. — Nicole, por favor, não sabe o perigo que correu este cara é muito barra pesada. Se o Sebastian falar para você fazer algo, é por que ele sabe que é o melhor.

— Certo. Eu entendi. Eu sei que errei. Tentei pedir desculpas, mas seu irmão não deixou.

— Ele é assim mesmo. Não dá bola. Se algo acontecesse a você aqui, a coisa iria ficar feia pra ele e para a gangue daqui. Por favor, tenha mais cuidado. Na verdade, acho melhor você não vir mais aqui.

Meu interior se agitou. Se eu não fosse ali como poderia ver Sebastian?

— Não. Eu vou me cuidar. Eu prometo — falei quase, desesperada.

Christian pareceu desconfiar de minha reação, então usei a tática da distração para que ele não me perguntasse nada.

— E você e a Sophia, Christian? Como estão? — depois que falei me arrependi. Meu amigo era apaixonado pela minha amiga e pelo que sabia a situação deles não era nada boa. Os olhos dele ficaram tristes.

— Não estamos, Nicole. Ela me ignora - falou.

Acabamos conversando bastante sobre o relacionamento dele com minha amiga. Dei o toque nele dizendo que ele precisava ignorar a Sophia, que só assim ela iria dar valor a um cara bacana feito ele.

Uma hora mais tarde Emma nos chamou para tomar um delicioso lanche. Estávamos à mesa desfrutando da refeição. Apenas o pequeno Daniel é que estava a mesa. O pequeno Thomas, como estava febril ficara de repouso.

A senhora Wynn foi muito simpática. Acredito que ela imaginava que eu e Christian éramos mais que amigos, pelos olhares que ela nos lançava. A conversa estava agradável até que a porta da cozinha se abriu e o filho, bad boy, dela entrou.

Prendi a respiração ao vê-lo. Ele mexia comigo de uma forma inimaginável. Seus olhos passaram por mim. E para variar ele me ignorou.

— Oi, meu amor — Emma disse e Sebastian que se abaixou para beijá-la.

— Oi, mãe. Como está o Thomas? — ele foi direto à pergunta.

Ele evitava me olhar, e eu, tola, não conseguia parar de olhá-lo.

— Ele está bem, meu filho. Está dormindo agora. Eu dei um antitérmico a ele. Logo vai acordar melhor — ela respondeu.

Ele parecia preocupado com o irmão menor.

— Não é melhor levá-lo ao médico?- perguntou com o cenho franzido.

— Não exagera, Sebastian, é só uma febre de criança — Christian respondeu.

— Vem comer bolo com a gente Seb — Daniel falou com a boca cheia de bolo. — Sabia que a Nicole é a namorada do Christian? — Daniel disse e os olhos de Sebastian vieram para os meus.

Ele não disse nada somente desviou o olhar.

— Eu já falei que a Nicole é minha amiga, pirralho. — Christian disse bagunçando o cabelo do irmão menor.

— Você não vai cumprimentar a Nicole, Sebastian? — a senhora Wynn falou parecendo estar repreendendo o filho.

— Eu já a vi hoje, mãe — ele disse dando de ombros.

— Não importa. A boa educação que eu te dei foi parar onde? Vamos! Seja educado — ela disse imperativa.

Ele voltou a olhar para mim.

— Oi, Nicole — ele disse com tom de que fora obrigado a fazer isso.

— Oi — eu respondi, morrendo de vergonha por ele ter sido obrigado a me cumprimentar.

— Ótimo! Agora vamos lanchar — Emma disse.

Sebastian sentou-se ao lado da mãe, bem a minha frente, mas não voltou a me olhar. Ela o serviu de bolo e suco.

Christian começou então uma conversa com a mãe que eu não saberia dizer o que era, pois estava tentando a todo tempo não olhar para aquele homem lindo que parecia me odiar, e eu não conseguia entender porque.

Sebastian se mantinha quieto. Desconfortável por eu estar ali. A vontade de ir embora começou a me dominar, mas eu não queria ser desagradável com Emma que fora tão simpática.

O telefone da casa tocou e Christian foi atender voltando em seguida.

— Mãe, é pra você. Do seu trabalho — ele disse.

— Certo — ela se levantou. - Vou atender. Filho, você poderia dar uma olhada no Thomas para mim? — Emma pediu a Christian.

— Claro. Eu já volto, Nicole — ele disse a mim.

Daniel o acompanhou e, na mesa ficamos somente eu e Sebastian. Eu tive coragem de levantar meu olhar para ele que me olhava intensamente. Ficamos nos encarando não sei por quanto tempo, então ele desviou os olhos, levantou-se e entrou em uma peça anexa a cozinha me deixando sozinha.

Eu não sei que diabo deu em mim, mas o segui. Eu apenas sabia que precisava agrade-lo, pelo que havia feito hoje e, pedir desculpas por ter sido tão estúpida. Tudo era uma imensa mentira, eu queria era a oportunidade de ficar perto dele.

Segui na direção que ele foi, e a peça era uma espécie de lavanderia. Ele estava de costas para mim de frente a uma janela. Tomei coragem de falar com ele esperando não tomar outra patada dele.

— Sebastian... eu... eu queria pedir desculpas por ter sido idiota. Da outra vez você me avisou que era para eu não entrar aqui no subúrbio sozinha, e eu fui estúpida. Desculpe-me mesmo. Eu queria agradecer por ter me salvado daqueles caras... — desatei a falar como uma matraca, mas parei quando ele se virou para mim.

Seu olhar não era nada do que eu esperava. Não vi raiva ou desprezo que muitas vezes o vi direcionar a mim. Em seus olhos faiscantes vi desejo e luxuria. Ele veio até mim. Eu dei um passo atrás, mas parei contra a máquina de lavar. Estava presa entre ele e máquina. Ele estava muito próximo.

Minha respiração era pesada.

— Você é uma idiota mesmo — ele disse mansamente. — Por que insiste em vir aqui? — perguntou.

Eu abri a boca para responder que era sobre o trabalho da faculdade, o que não era toda a verdade. Mas ele colocou seus dedos em minha boca, me calando e, eu quase gemi com o contato.

— Não faça mais isso — falou baixo, quase íntimo. — Correu muito risco, boneca.

Seus olhos olhavam de minha boca para meus olhos constantemente.

— Tão linda... — ele disse acariciando meus lábios com seus dedos.

Já tinha perdido a capacidade de raciocinar. Se inclinou e me beijou e, então uma explosão de cores se fez. Eu o agarrei pelo pescoço, ele colocou suas mãos em minha cintura e nos abandonamos ao beijo de forma intensa e selvagem.

Era um beijo que eu jamais havia provado em minha vida, mesmo o outro beijo que havíamos trocado não era igual a este. Tinha o gosto do desejo que sentíamos. Eu sentia isso pela forma que ele me apertava, me agarrava.

Suas mãos deslizavam nas minhas costas, cintura e uma delas foram para minha coxa, que estava nua devido ao vestido que eu estava usando. Sem cerimônias, ele colocou sua mão sob meu vestido chegando muito próximo a minha calcinha.

Abri os olhos vendo seu olhar intenso. Sua boca ainda contra a minha, me olhando com luxuria. Senti quando me tocou por cima da calcinha. Ele não tinha pudor, e, eu tentei encontrar o meu, mas também não o encontrei. Só o que havia era fogo que eu sentia começando por onde sua mão me tocava.

— Você está molhada, boneca? — ele perguntou intensificando o movimento em meu sexo ainda coberto.

Fechei os olhos tentando conter um gemido. Droga! Sua mãe e irmãos estavam a metros de nós.

Ele me beijou novamente e tremi quando seus dedos tocaram meu clitóris sem a barreira da peça íntima.

— Sim, boneca! Você está — eu gemi com suas palavras e seu toque.

Sebastian retirou seus dedos de mim e me fez abrir as pernas para acomodá-lo entre elas. Eu senti sua dureza contra mim. Ele começou a se mover como se estivéssemos transando só que de roupas.

— Estou tão louco por transar com você, linda — falou sussurrando em meu ouvido.

Arrepios passaram do meu pescoço onde sentia sua respiração morna e não consegui reprimir um gemido quando ele me mostrou com seu corpo confirmando suas palavras.

Ouvimos um barulho de alguém e eu congelei. Olhei para ele com os olhos arregalados, que sorriu.

— Se acalme. É Daniel no quarto dele. Eu queria muito me enterrar dentro de você, boneca, mas aqui não é um bom lugar.

Ainda bem que ele percebeu, pensei comigo.

— Você vai vir para o subúrbio amanhã? — perguntou beijando meu pescoço com pequenos selinhos.

Ele estava tão diferente. Tão mais carinhoso. Claro! Só pra me deixar ainda mais confusa ele não agia nunca da forma que eu esperava.

— Não — respondi. — Amanhã tenho aula o dia inteiro.

Ele assentiu.

— E na quinta você pode? — perguntou beijando meu queixo.

Fiz que sim com a cabeça.

— Ótimo. Venha quinta à tarde. Se eu mesmo não a estiver esperando, terá alguém fazendo sua segurança na entrada do subúrbio. Siga até onde acontecem as festas. É lá que eu moro — ele disse, e meu deu mais delicioso beijo.

Minhas mãos em seus cabelos, em seus braços torneados, perdendo-me naquele corpo másculo que tanto me atraia. Ele parou de me beijar.

— Na quinta eu vou ensiná-la a se defender em casos de necessidade — me deu mais um beijo. - Até mais, boneca.

Fomos para a cozinha novamente e, logo Christian voltou. Eu tentei agir normal, mas não sei se dava para notar no meu rosto que eu estava me pegando com o irmão dele, a pouco encostada em uma máquina de lavar.

Quase ri com aquele pensamento.

Sebastian se despediu saindo em seguida, não sem antes dar uma piscadinha para mim e, me deixar de boca aberta, é claro.


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