A primavera inglesa é agradável como sempre. O frio do inverno começa a se dispersar e as flores desabrocham lindamente. Hian sai do portal no mesmo lugar em que entrou todos aqueles anos atrás, ou talvez ele deva dizer meses, afinal, no mundo humano não foi tanto tempo assim. 

O jovem fae tira um momento para observar a superfície calma do lago. Sob a luz do nascer do sol a água parece quase um espelho, refletindo o céu acima. Após um momento de quietude, Hian, agora mais uma vez Harry, se vira e some silenciosamente. 

O moreno reaparece diante de uma casa escura. A essa hora seus habitantes ainda estariam dormindo, mas ele anda até a porta e bate de qualquer jeito. O barulho das batidas ecoa na quieta manhã e seu eco se estende por alguns momentos antes de o som de passos serem ouvidos dentro da casa.  

Com o coração acelerado Harry espera ansiosamente até a porta ser aberta por uma Andromeda olhando irritada. Leva alguns segundos para a velha bruxa perceber quem estava na sua porta, afinal o jovem tinha mudado muito nos meses em que esteve fora, mas quando ela o reconhece a irritação some de sua expressão, sendo substituída por surpresa e alegria. 

— Harry!! 

A bruxa jogou seus braços sobre os ombros do jovem e o abraçou com força. 

— Andromeda. Sentiu minha falta? - brincou o moreno. 

— É claro que senti, menino bobo. Teddy também sentiu falta da sua pessoa favorita. 

Se afastando do abraço, Andy olhou bem para o rapaz que nos meses após a guerra se tornou quase outro filho ou neto para ela. Ele havia mudado bastante. Ainda magro, mas não como antes. Músculos sutis preenchiam seu corpo, e o ar assombrado que ele tinha após a guerra também tinha sumido, substituído por um brilho de autoconfiança e, se seus velhos olhos não a enganavam, um novo amor. 

— Você parece bem Harry. 

O moreno sorriu para a mulher com carinho antes de responder: 

— Eu me sinto melhor para ser honesto. Melhor que antes. Acho que só precisava de tempo. 

—Eu posso ver. Você está claramente mais saudável e parece que um peso foi tirado dos seus ombros. 

—Acho que posso dizer que encontrei algo pelo que continuar. 

A velha bruxa sorri ao ouvir isso, reconhecendo o brilho apaixonado nos olhos do jovem. Com grande alegria ela o puxa para dentro de casa: 

—Eu fico feliz em ouvir isso Harry. Agora conte para essa velha quem é a sortuda que pegou seu coração. 

Embaraçado o moreno se senta na cadeira oferecida e após uma leve hesitação diz: 

—Bem... acho que sortudo, estaria mais correto. 

O silencio durou alguns agoniantes segundos, antes de Andy se sentar do lado de Harry e exigir, animada: 

—Me conte tudo! Eu preciso saber o tipo de homem que você gosta! 

Rindo, Harry fala para ela sobre Ravi, assim como sobre os amigos que fez, sem realmente entrar em detalhes sobre onde esteve e o que eles, e ele mesmo, são. 

O tempo voou e logo Teddy acordou e se alegrou ao reconhecer seu padrinho. O dia foi passado com o riso da criança e os dois adultos felizes com a alegria um do outro e a paz que cada um encontrou.