Night Changes escrita por Sophia Burlak


Capítulo 4
Os 0,001 por cento


Notas iniciais do capítulo

heyyyyy, como estão amores?



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Sophi não pode deixar de sorrir quanto Tom entrou pela porta, ele tinha sido um dos pacientes mais difíceis que ela tivera até o momento, e depois de duas paradas cardíacas ele estava ali firme e forte para a última consulta. Ela se levantou e foi até ele.

— Oi garotão. – Ela abriu a mão para que ele pudesse fazer um “hi five”.

— Oi tia Sophi. – Ele se sentou na cadeira de ursos, e ela se sentou atrás da mesa, o consultório de Sophi era realmente o sonho de qualquer criança, tinha vários brinquedos e uma cadeira toda feita ursinhos de pelúcia para as crianças se sentarem e uma ao lado que era como a outra, porém os bichinhos eram somente nas laterais da cadeira. Sophi tinha uma parede de desenhos e sempre deixava as crianças fazerem um na última consulta, e era uma coisa que eles realmente adoravam. Tom estendeu o envelope branco para Sophi que abriu o exame da última ressonância do menino.

— Sabe o que diz aqui? – Ela perguntou depois de analisar os papeis por alguns minutos e ele negou. – Que o monstro malvado que estava fazendo você ficar doente foi derrotado totalmente. – Ela disse em um tom divertido e ele riu.

— Então quer dizer que eu nunca mais vou levar picadas, que não são de formigas? – Ela riu da constatação dele, de fato as picadas que ele levava não eram de formigas, mas não faziam o cabelo cair e nem causava efeitos colaterais. Tom estava se tratando há quinze dias, um tempo longo, os pacientes de Sophi costumavam obter os resultados em uma semana, mas ele tinha mais um tumor no cérebro e um dos rins havia sido retirado por ter sido atingido pela doença também, Sophi tinha que prestar muita atenção no outro, não foi ela quem tirou um dos rins dele, mas ela sabia que o outro tinha que ficar seguro, além disso tudo ainda tinha a leucemia. Tom ficou internado por onze dias e depois ficou quatro dias em casa e fez os exames e agora estava de volta, claro que é um tempo pequeno se comparado aos quase seis meses no hospital convencional, mas mesmo assim era muito.

— Não, quer dizer, agora não e eu espero que nunca mais. O seu cabelo é muito bonito sabia? – Ela disse vendo os primeiros fios loiros crescendo na cabeça do menino, ele sorriu envergonhado. – Sabe o que eu separei para dar pra você? – Ele negou. Ela foi até o armário e pegou uma sacola azul, depois se aproximou do frigobar e pegou um pote pequeno e colocou junto com as coisas da sacola e deu para ele.

— Um Kit vegetariano? – Ela assentiu e ficou feliz com a empolgação dele, ela sempre dava um Kit daquele para as crianças. Sophie era vegetariana desde seus quatro anos, e bem ela nunca obrigou as crianças a se tornarem, mas todos os seus pacientes haviam aderido. Ela sempre dizia que durante o tratamento e um ano depois eles não poderiam comer nenhum tipo de carne, porque se comessem seriam expostos a hormônios muito fortes, aquilo era uma parte da pesquisa, os hormônios adicionados por algumas empresas têm alto teor cancerígeno, tinha uma lista de coisas que eles não poderiam comer e a carne era o principal, as outras coisas não eram tão prejudiciais, mas em grande quantidade poderiam prejudicar igualmente, esses hormônios eram responsáveis por retardar a recuperação celular que estaria completa um ano depois, e isso poderia causar um novo câncer, Sophie ficava feliz em saber que nenhum deles voltou a comer. – Eu acho que vou gostar de não matar os animais, eles não fazem nada para a gente e a gente come eles, não deveria ser assim. – Ela assentiu, ela sempre ficava impressionada com o modo como ele falava as coisas, errava poucas vezes, e sempre sabia o que dizer, ele falava muito bem para um menino de cinco anos. – A minha mamãe disse que nunca mais vai comer também, porque ela não quer que eu fique doente de novo, eu vou ficar doente de novo tia Sophi? – Ele perguntou com uma voz triste, e Sophi sentiu um aperto no coração.

— Eu acho que você não vai ficar doente de novo, mas se você ficar eu quero que você volte e tome mais algumas picadinhas Okay? – Ele assentiu, ainda triste. Ela sabia que tinha dito anteriormente que era provável que ele não precisaria de mais “Picadinhas”, mas percebeu que ele tinha continuado com aquilo na cabeça – Escuta, você não precisa ficar triste, a culpa de você ter ficado doente não é só por causa das comidas, a culpa não é sua entende? Várias crianças como você vêm aqui. Você só sofreu um pouquinho mais que elas, e isso também não é culpa da sua mamãe, ela não sabia e achou que estava fazendo o melhor para você. – Ela explicou e ele assentiu. O tratamento que os médicos aplicaram nele era muito forte para a idade dele e mesmo assim não surtiu efeito nenhum, em compensação ele começou a perder algumas funções, quando ele tinha chegado aqui nem mesmo podia respirar sozinho.

— Obrigado. – Ele disse, e ela franziu o cenho. – Por ter cuidado de mim e não ter desistido como os outros fizeram. – Sophie sentiu algumas lágrimas nos olhos, mas não eixou que elas caíssem, ela se levantou e deu um abraço nele.

— Eu fiz o que eles deveriam ter feito, não sei como alguém poderia desistir de um menino tão maravilhoso como você. – Ele sorriu, ela pegou uma caneta na gaveta da mesa e deu a ele. – Você quer fazer um desenho ali. – Ela apontou a parede e ele assentiu.

Tom se aproximou da parede e desenhou um desenho de criança, porém muito significativo, ele o desenhou feliz com vários animais em volta e Sophie com ele, ela sorriu para o desenho.

— Está lindo. – Ela disse e ele sorriu — Agora que já conversamos, que tal se formos ali chamar a sua mamãe para se juntar a nós? – Ele assentiu e ficou logo de pé, saindo com ela pela porta, carregando a sacola, e mais importante, ele estava feliz.

— Ele tem vinte e um anos, nasceu dia treze de setembro de mil novecentos e noventa e três. – Harry disse enquanto conversava com Charlotte, Liam estava dirigindo e pediu que ele falasse.

— E qual é o nome completo dele? – Char perguntou.

— Niall James Horan. – Harry disse, e se surpreendeu por ela não ter tido nenhuma reação doida por parte da menina.

— Eu só preciso de mais uma coisa, quanto tempo ele se tratou? Quando diagnosticou o câncer e os últimos exames. – Harry verificou os exames que estavam em sua mão.

— Está tudinho aqui, ele começou a um ano assim que ele soube. – Harry ouviu o barulho das teclas do computador da menina.

— Okay, depois a doutora vai conversar com vocês, você disse que já está chegando, não é? – Harry tirou o telefone do ouvido.

— Já estamos chegando Liam? – Liam assentiu e continuou prestando atenção na estrada.

— Harry! Pergunta pra ela qual é o número eu não me lembro. – Harry assentiu e voltou a falar com Charlotte.

— Sim estamos chegando, preciso só confirmar o número com você. – Harry disse.

— Mil quatrocentos e treze. – Ela respondeu.

— Mil quatrocentos e treze, okay, até daqui a pouco. – Harry repetiu o número para que Liam também escutasse.

— Até. – Ele ouviu a menina dizer e desligou.

Liam parou o carro dois minutos depois em um pequeno consultório, antes de destravar as portas ele se virou para Niall.

— Você disse que conversaria com ela, então converse direito ouviu? Você tem que tentar pelo menos, se lembre que ela não tem culpa de nada. – Ele alertou.

— Tudo bem, eu já disse que vou não disse? – Os meninos assentiram. – Então pronto. – Niall completou. Liam destravou o carro para que todos saíssem, Niall não precisou da ajuda de ninguém, para ir andando até o consultório, assim que eles entraram viram Charlotte, ou supuseram ser Charlotte, a menina estava em uma bancada concentrada em alguma coisa até que percebeu a presença deles.

— Há olá, podem ficam à vontade, a doutora está terminando uma consulta e depois vai atender o Niall, e se precisarem de qualquer coisa podem falar comigo. – Char disse e levou os meninos a recepção, Sophie era de fato uma médica para crianças e isso ficava evidente na recepção toda colorida e com vários brinquedos, os meninos se sentaram em um sofá e avistaram de longe uma mulher que estava sentada em uma cadeira do outro lado. A sala de estar não era nada grande, mas ao mesmo tempo era uma espécie de Playground, Sophi fez questão de ser assim para que as crianças pudessem brincar durante o tratamento. Eles notaram que era bem simples, tinha quatro salas e uma estava escrito Doutora Sophie, a porta da sala tinha um papel de parede de M&M e a plaquinha que continha o nome dela era branca para se destacar entre as variadas cores. Aquilo ficou como Sophi queria, um ambiente que não perecia um hospital.

— Oi, vocês vieram para saber sobre o tratamento? – A mulher sentada perguntou.

— Não, quer dizer, eles estão imensamente interessados, mas como o tratamento é para mim e eu não estou nem m pouquinho confiante, na verdade ele meio que me obrigaram a vir aqui porque não aceitam o fato de que eu vou morrer. – Niall respondeu e a mulher se calou, os meninos reviraram os olhos, Zayn bufou e resolveu ir ao banheiro, mas não disse nada. Algum tempo depois Harry e Louis sentiram seus celulares vibrarem ao mesmo tempo, e saíram do consultório para conversar com suas mães que estavam bem bravas por eles ainda não terem ido visita—las depois que chegaram do Japão, Liam também teve que sair porque a mãe de Niall estava ligando para ele, e ele não ia atender na frente de Niall, não queria que ele dissesse mais uma vez que não queria mais se tratar para sua mãe, ele sabia que ela mais do que ninguém sofria com aquilo. Niall ficou somente com a mulher, Liam rezou para que ele não dissesse mais besteiras, antes de sair.

— Hum, bem, eu sei que não é da minha conta, mas talvez você deveria dar mais créditos a Sophie. – Niall voltou sua atenção para a moça que aparentava ter uns quarenta anos. — Digo, eu cheguei aqui seis meses atrás ela me explicou sobre tudo e sobre o tratamento que ela ia fazer no meu filho de cinco anos, eu disse coisas horríveis a ela, e disse que nunca faria aquilo. – Niall arregalou os olhos, mas não disse nada. — Procurei outros médicos. O meu filho fez um tratamento convencional, os cabelos dele caíram, ele não conseguia andar, parou de brincar, entrou em uma depressão. Ele não conseguia respirar sozinho porque os remédios eram fortes de mais, ele precisava de uma máquina para respirar. – Niall começou a sentir os olhos ficando marejados, por mais que ele estivesse lutando contra aquilo, ela não podia convence—lo, não podia. – Ele ficou esse tempo todo dentro do hospital, fez várias cirurgias, tiraram um dos rins dele. – Ele percebeu uma lágrima solitária descendo pelo rosto e rapidamente a secou a mulher também estava chorando. – Ele contraiu um tumor no cérebro, e os médicos simplesmente disseram que não havia mais nada a fazer. Sabe o que eu fiz? – Niall negou. – Eu engoli todo o orgulho que eu tinha e voltei aqui, e sabe o que ela fez? – Niall negou novamente se sentindo estúpido por estar escutando. – Ela não disse nada ruim, ela não disse que ele não tinha mais jeito, ela disse que me entendia, que me perdoava por tudo que eu havia dito. Ela cuidou do meu filho como nenhum daqueles médicos fizeram em seis meses. Mas sabe o que mais ela fez? – Niall negou, pensando em como Sophie deveria ser uma pessoa realmente maravilhosa, por não ter julgado aquela mulher. – Ela me fez parar de me culpar, ela me convenceu de que nada do que fizeram o meu filho sofrer era culpa minha, ela não conversou comigo como a mãe de um paciente, ela não foi rude muito menos insensível, ela foi minha amiga. – Niall não notou que outras lágrimas já haviam escorrido por seu rosto enquanto ela falava. – Sinceramente, eu estou te dizendo para não ser tão burro ao ponto de fazer o que eu fiz, confie em cada palavra do que ela te disser e não fuja disso só porque é algo desconhecido. – Niall respirou fundo e secou as outras lágrimas, por mais que parte dele ainda quisesse dizer que não queria, ele sabia que aquela moça tinha razão, e ele sabia o que ela estava fazendo, o que ela gostaria que tivessem dito a ela quando ela veio aqui pela primeira vez, ela o estava impedindo de cometer o mesmo erro que ela, não acreditar.

Niall viu que os meninos estavam voltando e que pareciam ter conversado sobre alguma coisa, ele negou com a cabeça achando loucura o que ia dizer a seguir.

— Eu vou fazer o tratamento. – Ele disse em um tom baixo e os meninos o olharam extremamente surpresos e felizes, ao mesmo tempo que achavam que ele estava brincando. Niall observou a mulher que estava agora na sua frente com uma cara satisfeita.

— Está falando sério? – Harry perguntou sorrindo.

— Sem contestar? Gritar? – Liam perguntou.

— Eu vou fazer, sem contestar, sem gritar, sem... – Niall interrompeu sua fala quando Sophie saiu pela porta junto com Tom, ele olhou para a menina ignorando a sensação estranha que passou por seu corpo, logo depois abaixou o olhar para o menino de cinco anos, o nome dos seus 0,001%.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem desse, fiz com carinho :)



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