East End - Jaminique escrita por Aurora Blackburn


Capítulo 3
The Wasted Years


Notas iniciais do capítulo

N/A: Pessoal, como vocês devem imaginar pela capa da fanfic, a história se passa quando eles já são adolescentes, nos últimos anos de Hogwarts, ou seja, os primeiros capítulos tem que passar bem rápido para poder chegar na parte que interessa.
Nos links pelo texto tem algumas imagens de como seriam os personagens!



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Por mais que eu tentasse esquecer o que aconteceu, eu simplesmente não conseguia. Faltavam duas semanas para as aulas em Hogwarts começarem e eu ainda tentava convencer minha mãe, sem meu pai saber, a me deixar ir para França, Estados Unidos ou literalmente qualquer outro lugar que não fosse a Escola de Magia e Bruxaria que meu pai frequentou. 

Foram longos meses desde o Natal. Eu consegui ficar até o ano novo na França, mas quando Victoire voltou para a escola em janeiro eu tive que voltar para casa e para a escola também. Antes de Hogwarts, os bruxos são colocados em escolas que ensinam o básico, como leitura, matemática e controle de magias espontâneas (não que eu tivesse aprendido este último). 

Eu consegui, facilmente, evitar todos os meus primos exceto, claro, James. Ele estudava na mesma sala que eu na escola, já que nós dois temos a mesma idade. 

Depois das férias, James começou a ficar mais próximo dos meninos da sala, principalmente Erick Macmillan, filho de um jogador de quadribol profissional. O pai de Erick jogou contra tia Ginny muitas vezes enquanto ela ainda estava no Harpias de Holyhead, então eles já se conheciam antes mesmo de nascerem. Ele também ficou amigo de Alisson Carter, uma garota mestiça que veio de família praticamente trouxa. Como James era meu único amigo, eu aprendi a me virar sozinha. 

Eu sentia muita falta dos meus primos, da alegria da Toca, do meu avô contando piadas trouxas e dos meus tios falando besteiras quando achavam que nenhuma das crianças estava ouvindo, mas foram eles que se afastaram de mim e não o contrário. Eu não podia escolher ter poderes maiores que os deles, mas eles poderiam escolher como iam reagir a isso. 

Pouco antes das inscrições para Hogwarts abrirem, eu encontrei o Sr. Malfoy mais uma vez. Ele e minha mãe conversaram por muito tempo, e no final eu ganhei um bracelete de prata com pedrinhas vermelhas nas pontas. Ele me explicou que o bracelete ia em ajudar a controlar a magia, e que quanto mais magia eu usasse, mais vermelho ele ficaria. 

Todas as vezes que eu brigava com Bill, o bracelete ficava escarlate. 

Foi nesse ano também que eu parei de chamar Bill de pai e comecei a me referir a ele como “você”, quando falava com ele, e como Bill quando falava para outras pessoas. 

— Precisamos ir comprar vestes novas para você e para Vic. - disse Fleur, ainda tentando se adaptar a falar em inglês com menos sotaque, enquanto terminava de conferir minha lista de materiais do primeiro ano.  

— Mãe, eu não quero ir. 

Mon doudou, já conversamos sobre isso. Sabe que é o melhor para você, eu e seu pai já decidimos. 

— Bill não quer saber o que é melhor pra mim, pra ele é mais fácil me largar em Hogwarts e me culpar se tudo der errado depois! 

— Eu já disse para você parar de chamar seu pai de Bill. - vociferou a mulher loira, com as mãos na cintura - Dominique, somos seus pais e sabemos o que é melhor para você, já chega dessas criancices! 

— EU ODEIO VOCÊS! 

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Ok, eu era um pouco dramática demais naquela época, mas eu realmente odiava a ideia de ter que conviver com a minha família todos os dias sem ter para onde fugir. 

Naquele dia eu peguei tudo que uma garota de onze anos precisava para sobreviver: água, doces, cobertas, meu bracelete e alguns livros de história em quadrinhos e “fugi” de casa. 

Meu irmão de sete anos me contou que meus pais só perceberam que eu não estava no quarto quando me chamaram para jantar, ou seja, no final do dia. Eles chamaram a polícia francesa e meus tios, Harry e Rony, que são aurores, foram para lá me procurar também. 

Foram necessários dois dias escondida perto das pedras do chalé para eles entenderem que eu, literalmente, preferia morar na rua do que ter que ir para Hogwarts. Naquele dia senti também que minha relação com Bill nunca mais seria a mesma. 

Não sei dizer se o preço que eu paguei para poder ir para Beauxbatons foi justo, mas foi definitivamente o que eu precisava naquela época. 

Beauxbatons, assim como Hogwarts, é separada em casas. Na casa Noble ficam os mais belos e determinados, ou como eu gosto de falar, os mais egocêntricos e mimados. Eu tenho certeza que se Victoire estudasse na França, essa seria sua casa. Na casa Lucttore ficam os justos, audaciosos e ambiciosos. Na Sagasse, os inteligentes e criativos. E por fim, em Paxlitté, a casa para qual eu fui sorteada, ficam os Leais e de coração puro, que prezam justiça e bondade acima de tudo. 

Eu também não sei muito bem como fui parar em Paxlitté, mas lá fiz muitos amigos que me ajudaram durante toda a minha estadia na França, me acolheram nos Natais que eu não quis passar com a minha família e me apoiaram em todas as brigas que tive com Bill, namorados e com garotas malvadas que reinavam a escola. 

Sabe aquela frase clichê, de que chega um momento na sua vida que seus amigos são sua família? 

Comigo isso realmente aconteceu. Olivia, Timothée e Charles foram e sempre vão ser a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu dividia quarto com Olivia e nós sempre encontramos os meninos nas aulas, nos horários livres e em todos os momentos possíveis.

É claro e até imaginável que, quando começamos a ficar mais velhos, começamos a ter sentimentos uns pelos outros. 

Eu, no auge dos meus quinze anos, comecei a gostar de Charlie. Ele, na mesma época, começou a gostar de Olivia. E eu soube, mas nunca consegui confirmar, que Tim gostava de uma de nós duas na mesma época, mas como ele sempre foi muito fechado e na dele, achei melhor não comentar nada. 

Aos dezesseis, ano passado, Charlie e Olivia começaram a namorar oficialmente. Percebi que eu não gostava dele tanto assim e que preferia ver os dois felizes do que comigo. Foi o mesmo ano que eu e Liv paramos de engolir o comportamento das meninas mesquinhas e começamos a fazer as nossas próprias regras na escola. 

Nossa amizade que começou aos onze anos, quando eu ainda lutava para falar francês corretamente, dura até hoje, no nosso último ano na escola. 

Ou pelo menos eu pensava que ia durar. Mas esses não eram os planos da minha família, mais uma vez

— Dominique, eu aceitei MUITA COISA. Mas eu não vou deixar você ir para aquela escola enquanto algo assim estiver acontecendo. Que tipo de pai você acha que eu sou? 

Ausente. Pensei em responder. Eu estava passando as férias de verão no Chalé das Conchas pela primeira vez em dois anos. Consegui, nos últimos dois natais, passar com minhas primas e meus amigos. 

Victoire estava sentada no sofá com Ted, seu namorado. Eles acabaram de se formar de Hogwarts e Victoire resolveu tirar um ano para pensar no que quer fazer com a sua vida, enquanto Ted começava a trabalhar no ministério inglês. 

Do outro lado da sala, Louis estava sentado jogando vídeo-game como se não ouvisse a discussão acirrada que Bill e eu estávamos tendo desde as oito horas da manhã. Meu irmão estava com treze anos e se preparando para mais um ano em Hogwarts com seus colegas da Lufa-Lufa. 

— Ótimo, não basta estragar minha vida, me culpar por tudo que acontece nessa família e me proibir de ver meus amigos durante as férias, você também vai me proibir de voltar a estudar? 

— A questão não é essa Dominique! Você tem que entender que só tem uma coisa mais importante do que família no mundo: a sua segurança. E você pode gritar e espernear o quanto quiser, mas eu nunca vou permitir que você volte para França enquanto Beauxbatons participa de um Torneio Tribruxo. - ele gritou, batendo as mãos na mesa no final e fazendo com que eu desse um passo para trás, esbarrando no sofá onde Vic e Teddy estavam. - Você já está bem grandinha para entender que da última vez que um Delacour participou do torneio um garoto saiu morto e sua mãe nunca mais foi a mesma. Até sua tia concorda com isso, Dominique! 

— E você tem que entender que ao contrário da mamãe eu sei me cuidar sozinha! - as luzes começaram a piscar. Olhei para o meu pulso e vi as pedras do bracelete flutuando, em um tom vermelho sangue. - Eu sempre me virei sozinha

Se eu quisesse, eu sei que conseguiria jogar ele para longe só com meu pensamento. Se alguém me ameaçasse, sei que conseguiria convencê-lo a me deixar sozinha e fazer tudo o que eu quisesse. O sangue Veela me garantia isso, o poder de persuasão com qualquer pessoa que não tivesse o mesmo sangue que eu, ou seja, que não fosse da minha “família”. 

Se eu precisasse, conseguiria fazer com que Teddy entrasse entre eu e Bill e lutasse com ele até a morte, mas isso já seria dramático demais. 

O lustre da sala balançava, as janelas batiam por conta do vento e o céu, outrora ensolarado na praia francesa, havia se fechado com pesadas nuvens. 

Ao contrário de todas as pessoas que já me viram ter um acesso nervoso, Bill não sentia medo. Ele continuava olhando diretamente nos meus olhos, como uma provocação para ver o quão longe eu iria desta vez. Como eu evitava vir para casa, eu quase não perdia mais o controle e desta vez eu queria mostrar que podia fazer o que eu quisesse. 

Quando os livros começaram a cair das prateleiras fazendo um alto estrondo eu percebi que Fleur havia se aproximado, tocando em meu braço e comecei a me acalmar. 

Droga. Eu sabia que não conseguiria sair dessa enrascada e que ele tinha razão, mas eu nunca ia admitir isso em voz alta. 

Peguei meu celular no balcão da cozinha, passando entre o casal confuso que assistia a cena e segui em direção ao meu quarto, fechando a porta com cuidado para não causar mais uma discussão. 

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— Será que a gente pode conversar? 

Olhei para a porta do meu quarto vendo minha irmã, sozinha, parada na soleira. Seus cabelos estavam tingidos de loiro, sua pele bronzeada pelas férias no chalé e ela segurava uma taça de vinho que com certeza não era para mim. 

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa ela sentou na beirada da cama, colocando a taça na boca e dando um gole. Nós não somos próximas e eu sei que o vinho era para lidar comigo. 

— Domi, dessa vez não tem como ficar do seu lado. - disse Victoire, tentando apaziguar a situação. - Vocês podem brigar, mas o papai te ama e só quer que você fique bem e salva. Você sabe muito bem o que a mamãe e o tio Harry passaram no último torneio tribruxo. 

— Mas eu nem vou participar do torneio! Eu não sou burra. - falei, olhando para o teto e tentando não me descontrolar mais uma vez. - E meus amigos? Eles também são minha família e todos eles moram aqui na França. Como você se sentiria se alguém falasse que você não pode mais ver o Teddy, ou as suas amigas de Hogwarts? 

— Mas é diferente, né? Eu e o Teddy namoramos desde os 13 anos… CALMA, VOCÊ TÁ NAMORANDO ALGUÉM EM BEAUXBATONS? - ela praticamente gritou, pulando na cama. 

— Ah, faça me o favor, Victoire! - eu disse, jogando um travesseiro nela e revirando os olhos, tentando continuar brava, sem sucesso. 

— AU NOM DE L'AMOUR! - ela gritou, “em nome do amor” — porque se for isso mesmo eu posso te ajudar a encontrar ele nos finais de semana, Teddy e eu sempre nos escondíamos atrás do quadro da…

— Ei! - a voz grave de Teddy surgiu no ambiente, enquanto ele batia levemente na porta. Ele recriminou a namorada com o olhar. - Vic, está ficando tarde, acho melhor eu ir embora antes que Harry brigue comigo como da última vez. 

Ela levantou da cama, com a garrafa na mão, indo em direção ao namorado. 

— E você, Nick, está melhor? - ele disse, evitando me olhar diretamente nos olhos mas ainda sim mostrando que se importava. A maioria dos garotos se sentia intimidado quando eu olhava diretamente para eles, então eu estava acostumada. Balancei a cabeça positivamente, enquanto encostava meus ombros na cama e via minha irmã sair do ambiente. 

— Se te consola - ela disse, colocando a cabeça para dentro novamente. - Você é tão birrenta com papai que provavelmente vai acabar caindo na Sonserina para deixar ele bravo de novo! - ela riu, finalmente saindo.

 

 


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Notas finais do capítulo

Caso alguém estranhe, vou colocar o nome do “Gui” como “Bill” (de William), porque já me acostumei a falar e ler assim, do mesmo jeito que chamo o “Thiago” de “James” e o “Alvo” de “Albus”.



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