Dragonize escrita por Kemur


Capítulo 7
A Santa das Quatro Estações


Notas iniciais do capítulo

Eis mais um capítulo com cenas de luta para animar o coração. E pensar que já estamos próximos do fim... Isso me deixa tão triste.



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Mark andava pelas ruas de Ishtar, já faziam dez minutos desde que havia chegado à cidade vizinha de Key, porém ele fazia um caminho totalmente diferente de onde planejava ir inicialmente. Ishtar era conhecida como “A Feira em Forma de Cidade” ou “A Grande Feira”, pois os maiores mercados se encontravam aqui, além de todos os outros negócios independentes que lotam as ruas da “Grande Feira”.

Por ter passado muito tempo nessa cidade, Mark já se acostumou com a grande movimentação diária das ruas de Ishtar, além de toda aquela barulheira que tomava conta da cidade, seja ela de vozes, veículos, construções ou músicos de rua.

O caminho que Mark fazia o levou até as ruinas de uma antiga estação de trem que foi desligada após uma guerra de gangues destruir 70% do túnel. Ele teve de fazer todo esse desvio, pois desde que chegou em Ishtar, ele notou estar sendo seguido.

— Acho que já pode se mostrar. – disse Mark.

— Hu, hu. Como esperado de um exorcista de sua classe. – uma voz feminina ecoa pelo local abandonado.

Um círculo formado de chamas rosadas surge ao redor de Mark que logo entra em alerta. Em seguida, um forte vento sopra parta dentro da estação e um tornado de fogo rosa se materializa diante do padre e logo em seguida se desfaz, revelando em seu centro uma figura até então desconhecida.

— E você é? – Mark pergunta ao notar a garota que surgiu à sua frente, enquanto a mesma fazia uma pose estranha.

— Eu sou o calor do verão. O frio do inverno. A brisa refrescante da primavera e o vento que sopra as folhas no outono. – ela muda sua pose a cada título que ela dá a si mesma. — Criada para ser a obra de arte perfeita! Minha existência se deve unicamente pela arte! Isso! A arte! Aquela cria emoções e sentimentos nos corações humanos! – o círculo de chamas se desfaz e então várias esferas coloridas surgem e explodem, simulando o feito de fogos de artificio.

Longos cabelos cor de vinho, olhos alaranjados, calças longas e pretas, um blazer rosa com listras azuis, um par de ombreiras douradas que lembravam muito roupas usadas por bandas ao realizarem marchas festivas, botas brancas de cano alto e uma camiseta xadrez preta e cinza. Esse visual excêntrico combinado aos efeitos exagerados da magia e suas poses faziam Mark ter duvida se a garota batia bem da cabeça ou só estava interpretando um papel.

— Você ainda não respondeu a minha pergunta. – disse Mark claramente entediado com a atuação da garota.

— Oh! Que falta de educação a minha! – ela assume um tom dramático. — Minha vida me conduziu até aqui, meus feitos me tornaram o que sou hoje. Sou a manifestação da arte em seu mais puro conceito. Sou o conceito de beleza que Da Vinci buscou por anos! Eu me chamo Estelle Symphonia! Abençoada pelos deuses gregos com beleza, sabedoria e poder! Sim, tremam diante de minha presença! Ajoelhem-se diante de minha beleza! Fui reconhecida pelos deuses e agora sou a manifestação de sua presença! Isso, sou uma santa! Estelle, a Santa das Quatro Estações! – grama começa a crescer no chão e algumas flores desabrocham.

— Santa? – Mark muda sua expressão de tédio para uma de seriedade.

— Uma santa, uma dama, uma artista! – ela cria uma espada de chamas rosas em sua mão. — E hoje, uma assassina!

Estelle avança contra Mark, apontando sua espada para o rosto do padre. A “lâmina” se aproxima o suficiente para que ele pudesse sentir o calor real das chamas mágicas, mas mesmo se aproximando bem perto de seu olho direito, quem levou o golpe foi Estelle. Mark moveu seu rosto para o lado esquerdo, fazendo com que a espada errasse o golpe, então ele agarra o braço da garota e a ergue de forma que ela se aproximasse dele, em seguida, ele afasta sua perna esquerda, enquanto apoia seu peso na direita, lentamente fechando os dedos de sua mão livre e com toda a sua força, ele desfere um soco esmagador no estômago da garota. Em seguida, ainda segurando ela pelo braço, Mark a joga de costas contra o chão agora amaciado pela grama criada pela garota.

— Como um agente da Igreja, devo-lhe informar que se auto intitular como santa, é um crime gravíssimo pelas leis de vossa santidade, o Papa. – Mark estava com uma aura assustadora em seus olhos. — Para sua sorte, não sou tão rígido quanto o vaticano, então torça para que nenhum soldado do vaticano te encontre.

Mark começa a se afastar e parte em direção à saída da estação, mas a garota lhe agarra o pé.

— E-Espere... – ela se levanta com dificuldade. — Eu sou uma santa... Os deuses gregos me abençoaram... Eu não teria todo esse poder se não fossem eles!

— Você não passa de uma feiticeira cujo pacto sanguíneo lhe deram um incremento nas capacidades arcanas. – disse Mark. — Um santo de verdade teria resistido à um simples soco do meu estilo da Tartaruga Redsky.

O estilo da Tartaruga Redsky é um dos quatros estilos da arte marcial conhecida como “Os Quatro Reis Celestiais de Redsky”. Uma arte marcial recente criada há pouco menos de 100 anos pelo mestre Anthony Redsky. Essa arte possui quatro estilos diferentes, O Dragão, O Pássaro, O Tigre e a Tartaruga. Cada estilo possui um princípio a ser seguido em seus golpes. O principio do Dragão é empurrar, golpes com a palma da mão aberta focando sempre a área do peito. O do Pássaro é perfurar, seus golpes são feitos com apenas três dedos, focando em pontos de pressão ao redor do corpo. Rasgar é o principio do estilo do Tigre, aonde seus golpes feitos usando as unhas, focando sempre áreas expostas, e por fim, mas não menos importante, o estilo da Tartaruga, cujo o principio é esmagar, seus golpes são feitos com o punho fechado, focando os golpes em áreas sensíveis, como o estomago, busto e rosto.

— N-Não é que eu não tenha resistido... – Estelle envermelhece o rosto. — Você que é estranhamente forte para um exorcista!

Mark aprendeu a lutar com o atual mestre dessa arte, Nicholas Redsky, este que fez sua fama em ringues de luta profissionais e agora dedica sua vida a ensinar os outros, visto que as lutas eram arriscadas de mais e que sua esposa faleceu no parto de seu filho, Michael. O estilo da Tartaruga foi o que Mark mais desenvolveu durante anos treinando, ele decidiu que aprenderia a lutar com seus punhos, pois não poderia depender de apenas suas artes sagradas, uma vez que quando jovem, quase morreu contra um oponente que apenas usava suas pernas no combate.

— Desista de uma vez, Symphonia. – Mark assume uma posição de combate. — Por que veio atrás de mim?

— Fui contratada para te matar, apenas isso. – a garota lentamente recuperava o folego.

— E quem te contratou?

— Kagutsuchi.

Mark se surpreende com a resposta e Estelle aproveita o momento para disparar um trovão contra ele, mas Mark ainda estava concentrado na luta e rapidamente ergue um escudo mágico para se defender do golpe, logo em seguida ele avançou contra a garota e com a palma da mão aberta desferiu com golpe potente no peito dela que a jogou contra a parede, abrindo uma cavidade no concreto que tinha a silhueta da garota que logo caiu desmaiada nos trilhos da abandonada estação.

— Senhor, cuide desta pobre criança e a guie para um caminho melhor. – Mark fez uma rápida reza e então sacou seu celular do bolso de seu terno.  — Rick? Precisamos conversar.

— Eu ia ligar para você agora. – disse Waver. — Temos problemas, Rashoumon está na cidade e ela tentou me matar.

— Rashoumon? – Mark finalmente ligou os pontos. — Rick, é pior do que eu pensava, tem agentes da Kagutsuchi em Seleanna.

— O quê?!

— Um deles tentou me matar agora pouco. – Mark pega sua mala e começa a sair da estação. — Temo pela vida de meus alunos, precisamos localizar o líder deles o mais rápido possível.

— Entendido, qualquer coisa me avisa. – disse Waver antes de desligar.

— Zack, Stella, Noire e Kuroneko... Que Deus os proteja, enquanto eu não puder. – Mark volta a colocar sua mala ao chão e guarda seu celular no bolso. — Vejo que hoje tenho muitas visitas.

Ao redor de Mark, em frente a entrada da antiga estação, estavam cinco figuras vestindo roupas totalmente pretas junto de uma máscara de ônix que cobria seu rostos por inteiro. Era o grupo de assassinos que enviou um de seus homens atrás de Stella.

— Meus alunos me contaram sobre vocês, são Apóstolos de Kagutsuchi, não? – Mark olha bem para seus inimigos que o cercaram. — Então, alguém quer sair antes que comecemos?

Todos eles sacaram adagas iguais e preparam para atacar. Assim como antes, Mark assume a pose de combate do estilo da Tartaruga Redsky e novamente encara todos os seus inimigos antes de soltar uma simples palavra.

— Venham! – Mark bradou e assim um combate se iniciou.


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Notas finais do capítulo

Michael, o filho do mestre Nicholas Redsky é o melhor amigo de May, a protagonista do livro.
Eu adoro esse estilo de luta que criei para o Michael e achei que seria uma boa explorar ele com o Mark.
Até o próximo!