Dragonize escrita por Kemur


Capítulo 6
Rashoumon


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, desculpem a demora pra postar. Tava corrido esses dias e não tive muito tempo para escrever. Porém, estou finalmente trazendo um capítulo com uma cena de ação, coisa que não temos desde o primeiro. Espero que gostem.



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Após uma longa conversa, Zack e Mark deixam o escritório de Waver e começam a conversar durante o caminho de volta. Zack estava encapuzado, pois não queria ser reconhecido por algum membro da Academia ou por algum conhecido seu.

— Quando pretende contar a seus pais que esta vivo? – Mark pergunta.

— Quando eu tiver certeza que Neko vai estar em segurança, vou resolver todos os meus problemas com a Academia e então eu me decido quando e como vou aparecer lá em casa. – Zack responde meio para baixo.

— E sobre a Stella?

— O que têm ela?

— Você a procurou primeiro, o que pretende fazer com ela caso consiga deixar Neko em segurança?

— Bem... – Zack respira funda e pensa bem antes de responder. — Eu quero levar ela para a ilha do senhor Edwin. Quero compensar todos esses oito anos que a abandonei sozinha aqui.

— Entendo. Vai revelar seus sentimentos a ela? – Zack fica vermelho igual a um tomate ao escutar as palavras de seu professor.

— D-Do que o senhor tá falando?

— Ora, parece que toquei numa ferida. – Mark se diverte com a situação. — Mas então, o que realmente sente pela Stella?

— E-Eu... Me importo muito com ela... Quero poder vê-la sorrir todos os dias e quando ela não conseguir sorrir sozinha, eu quero colocar um sorriso em seu rosto. – Zack começa a se lembrar de todos os bons momentos que teve com Stella. — Quero poder acordar e abraça-la, quero poder viajar com ela e a mostrar tudo que vi e aprendi nesses últimos anos, quero dar a ela a família que ela nunca teve, quero dividir minha vida com ela... Mas, ela já tem uma vida aqui. Não posso tirar isso dela.

— E a flor do amor desabrocha nas chamas da amizade. – disse Mark sorrindo ao ouvir as palavras de Zack. — Quero que me faça um favor, Zack.

— E qual seria?

— Stella é pra mim a filha que nunca tive. E como um pai, me dói ver minha filha triste. – Mark põe a mão sobre o ombro de Zack. — Estou te encarregando de dar a ela todo o seu amor e carinho, dar a ela o final feliz que ela merece. Estou te pedindo que a faça feliz.

— Professor... – Zack entendeu o que Mark quis dizer.

— Bem, devo ir agora. – Mark faz sinal para que o ônibus parasse. — Estarei alojado naquela igreja em Ishtar, da qual o padre de lá é um amigo meu. Me visite se precisar de algo.

— Sim. – Zack se despede e observa seu professor ir embora.

— Mestre Zack? – Noire surge no ombro de Zack.

— O que foi?

— Por favor, me siga. – o gato pula do ombro do garoto e começa a caminhar pela calçada.

Os dois andaram por uns minutos até que Noire para em frente a uma loja. Zack chega até o local onde Noire estava parado e nota que se tratava de uma joalheria, aonde estavam a mostra diversas joias, incluindo alianças.

— Está tentando insinuar algo, vossa majestade?

— Não, apenas pensei que já que aceitou a ideia de pedir Stella em casamento, talvez você devesse dar a ela uma aliança. – Noire respondeu.

— E com dinheiro pretende comprar isso?

— Comprar? Acredito que só de olhar para isso você já é capaz de algo. – Noire insiste.

— Entendo. Quer que eu use minha magia, certo? – um miado confirmava a resposta de Zack. — Não sei, não acho que estou pronto.

— Nunca se sabe o dia de amanhã. – Noire vai até a perna de Zack e tenta escala-la. — É melhor se adiantar nisso.

— Sim, sim. Vossa majestade. – Zack pega Noire e o coloca em seu ombro. — Vamos voltar, até lá eu penso em algo.

— Como desejar, meu mestre.

...

— Ei, Neko... – Stella olhava desacreditada para a garota. — Eu já disse, isso não vai te matar.

— Certeza...? – Neko olhava com medo para o prato em sua frente que possuía ovos mexidos, bacon e torradas.

— Certeza! – ela se senta ao lado da garota. — Acontece que quando eu era jovem, tentei fazer um bolo e quase queimei o forno da casa de Zack. E teve outra vez que coloquei açúcar ao invés de sal numa carne... E a vez que derrubei um pote inteiro de pimenta em pó no macarrão... Enfim! Todas aquelas vezes foram acidentes e por isso ele tem medo da minha comida, mas eu pratiquei por anos até ficar boa.

— Açúcar... Não...?

— Não, eu coloquei sal e na dosagem certa.

Neko olha de volta para o prato e pega a colher com certa dificuldade, Stella já havia notado essa falta de destreza que ela tem para segurar objetos, inclusive Zack havia explicado que a mutação em corpo por conta da quimerização tem gradualmente afetado suas capacidades humanas. Ela pega um pouco do ovo mexido e após muita relutância, ela finalmente abocanha e engole a comida.

— E então? – Stella pergunta.

— Gostoso...

— Sério?!

— Sim...

— Ah, eu disse! – Stella abraça a garota.

— Ei, que comoção é essa? – disse Zack ao entrar na casa.

— Neko provou da minha comida e disse que gostou! – Stella parecia uma criança que acabou de ser elogiada pela professora.

— Eh?! – Zack olha confuso para as duas e então sussurra. — A mutação deve ter afetado o paladar dela.

— Ei, eu escutei!

— Zack... Stella... Comida... Boa...

— Tem certeza do que você está falando?

— Sim... Neko... Mentir... Não...

— Acho que o senhor devia dar uma chance, mestre Zack. – Noire pula do ombro de Zack e cai em cima da mesa. — Aceitarei dessa vez.

— É pra já, vossa majestade. – Stella brinca. — Aqui está.

— Por que dois pratos? – Zack pergunta.

— Um é o seu. – Zack congela ao ouvir isso. — Eu passo.

— Senta logo e come! – Stella lançou uma olhar mortífero para Zack.

— Sim... – e assim, da mesma forma que Neko, após muita relutância ele finalmente como um pouco do ovo mexido.

...

Waver estava na varanda de seu escritório observando a selva de pedra que era Key. Não apenas a maior cidade do país, mas também a capital de Seleanna, a grande ilha artificial. Aquela hora do dia era perfeita que ele pudesse fumar seu cigarro em paz, mas nem tudo é paz na vida do detetive chefe do departamento de investigações da policial federal.

— Hm? – Waver nota uma ondulação no ar, logo reconhecendo como um tipo de barreira mágica. — é muita ousadia sua entrar no meu escritório sem ser convidada.

Ao olhar para trás, Waver é capaz de enxergar uma pequena garota de aparentes 10 anos, morena de cabelos ondulados e pretos vestida em um manto bege e surrado com capuz, mas o que realmente chamou a atenção de Waver foram os olhos da pequena, eram brancos, indicando a cegueira na mesma.

— Esses olhos... Então você deve ser Rashoumon, certo? – Waver questiona.

— Sim. – a garota saca uma adaga de obsidiana. — Matar.

Ela então avança com um forte salto em direção à Waver que calmamente traga seu cigarro e então solta uma enorme nuvem de fumaça pela boca. O sopro estava tão forte que fez com que Rashoumon fosse jogada contra a parede.

— Então Rashoumon realmente existe? Interessante. – ele volta a tragar seu cigarro. — A descrição bate, mas não acreditava que o tal “espirito assassino da vingança” realmente fosse uma criança.

Rashoumon é tido como uma lenda urbana entre os magos mais novatos e principalmente aos incrédulos. Trata-se da personificação do ódio das centenas de pessoas que foram mortas e tiveram seus cadáveres jogados em frente ao portão sul de Kyoto. Apesar de se tratar de um conto escrito em 1915, aparentemente foi baseado em fatos reais, o que eventualmente originaria um demônio que possui o corpo daqueles que tem um forte desejo de vingança.

Waver sentia pena da garota que fora possuída pelo espírito maligno, pois para alguém dessa idade ter um desejo tão forte por vingança, a vida dela foi, no mínimo, inteira só de sofrimento. Porém, mesmo tendo pena da garota, Waver não podia deixar alguém como ela à solta por aí.

— Você é bem resistente para alguém do seu tamanho. – Waver comenta. — Foi bem inteligente de sua parte usar um Campo Demarcado para me prender no meu escritório, mas o seu erro foi me prender no meu escritório.

Um Campo Demarcado é uma magia de barreira na qual o conjurador faz uma cópia da área que a barreira envolve e a recria numa pequena zona dimensional, assim qualquer dano criado dentro da barreira não irá afetar o mundo real. O que para Waver era uma vantagem, afinal ele não se iria precisar se segurar caso fosse preciso mandar a sala pelos ares.

Rashoumon novamente avança contra Waver, mas dessa vez ela salta na parede antes de avançar contra ele. Ela aponta sua adaga contra o detetive, porém ele defende o golpe com uma faca baioneta a empurrando para trás. A garota continua atacando incessantemente Waver que sempre defende os golpes com sua faca.

— Irritada. – disse a garota.

— Significa que já é um passo a menos para acabar com você. – Waver comenta.

A garota lança sua adaga contra Waver que deflete a adaga com sua faca, mas aquilo era uma distração. O verdadeiro ataque era o de uma segunda adaga igual a que foi disparada antes, a garota se aproximou rapidamente contra Waver, o fim era certo para o mago. Porém, a luta não é entre dois guerreiros e sim, entre um mago e um guerreiro.

Infijar*. – a palavra foi o suficiente para que toda a fumaça que estava no local ascendesse e então explodisse na cara da pequena assassina.

Waver é especializado em magias de fogo, não apenas isso, ele detém o posto de 9º Mago Vermelho de toda Seleanna e 22º de toda a Academia. Portanto, ele é capaz de criar explosões gigantes como essa só de estar na presença de fumaça que inevitavelmente sempre carrega uma pequena brasa.

A explosão danificou o Campo Demarcado e este estava prestes a se desfazer. Waver usa sua pirotecnia para diminuir as chamas, pois se a barreira se desfazer, as chamas irão se manter e então começaria um incêndio em seu escritório. Ao diminuir as chamas, Rashoumon, que teve seu manto totalmente destruído e pequenas queimaduras no corpo, avança em direção à varanda e então salta. A barreira se desfaz e quando Waver corre para a varanda, ela já havia desaparecido na imensidão do cenário urbano.

— Sr. Waver! – uma garota entra desesperada na sala. — Sentimos uma barreira ser erguida em seu escritório, o senhor está bem?

— Sim, estou! – ele vira para a garota. — Acione a Academia, Rashoumon existe e ela tentou me matar.

— R-Rashoumon?! Sim! – a garota sai confusa da sala.

— Primeiro Zack, Kagutsuchi, Klaus Muller e agora Rashoumon. – Waver olha para sua mesa e vê todos os documentos espalhados pelo chão. — Algo grande vai acontecer e eu temo que Key seja o centro desse evento.


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Notas finais do capítulo

*Infijar = Explosão, só que em Árabe.
É a primeira vez que escrevo uma cena de luta com Waver sozinho, em breve vou mostrar mais do que nosso detetive é capaz.
Até o próximo!