The Stories of a cafeteria escrita por Clube da Julieta


Capítulo 2
Ballet, Família e noite fria


Notas iniciais do capítulo

Mais um, dessa vez com a nossa Hannah!



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Eu nem sequer me lembro com o que estava sonhando, mas o modo como fui acordada me irritou profundamente.
Os zumbidos se tornaram vozes claras, empolgadas e irritantes, pisquei algumas vezes tentando espantar o sono que me consumia, ficar até tarde em um bar que tem filmes recém lançados, com cerveja liberada dá nisso! Mas admito que foi um ótimo jeito de encerrar o segundo ano do ensino médio e começar as férias oficialmente.
Eu consegui ouvir os passos pesados vindo da escada cada vez mais perto, mas nem isso me fez tentar levantar e dar um jeito na minha cara amassada, eu estava com muito, muito sono.
Suspirei.
Batidas na porta nem um pouco leves me deram o incentivo necessário para poder começar o meu dia.
Lavei o rosto e encarei o meu reflexo no espelho, cabelos castanhos totalmente bagunçados, olhos castanhos escuros quase pretos com olheiras evidentes sob a minha pele pálida com algumas sardas e um nariz pequeno.
Bocejei e fui tomar um banho quente rápido e depois fui direto para o closet colocando uma calça vermelha de moletom da Adidas bem grossa, um suéter de gola alta grossa cinza, e uma jaqueta que também da Adidas que combinava com a calça, isso deve resolver um pouco do frio de NY.
Desci as escadas para tomar café e me surpreendi ao ver a mesa arrumada diferente do que eu geralmente estava acostumada.
Eu perdi alguma coisa?
Franzi a testa com a dúvida.
― Finalmente resolveu acordar! ― ouvi a voz da minha querida irmã que parecia estar de mau humor hoje.
― Bom dia para você também maninha! ― sorri de forma debochada enquanto seguia para a cozinha, mais especificamente para a máquina de café para preparar um Macchiatto, eu precisava de um pouco de cafeína nesse momento senão era bem provável que eu voltasse para a cama e eu tinha planos para as minhas férias:
Ensaiar até não poder mais e cair dura no chão, ou simplesmente conseguir uma vaga na Bolshoi Ballet academy, o que é, talvez, quase a mesma coisa.
Percebi que minha irmã, me encarava fixamente.
― Sim? ― Perguntei.
― Quais são os seus planos para hoje?
― Depende, primeiro me diga o motivo do seu repentino interesse na minha vida?
― Você podia começar fazendo alguma coisa de útil tipo, ajudando na decoração da casa. – Exclamou Cherry levantando os braços em um gesto de exasperação.
― Ah, saquei, esse seu mau humor todo é pela decoração? – perguntei bebericando meu café e fazendo obviamente pouco caso desse assunto.
― Hannah não é só a decoração! – gritou –
É tudo! Falta tudo! E você fica sem fazer nada, sempre que decidimos fazer algo em família você age como se fosse um desastre!
― Mas é um desastre! E parece que eu sou a única pessoa sensata que percebe isso… ― eu resmunguei.
― E vê se pelo menos dessa vez coloca um sorriso nessa sua cara, senão pode acabar assustando os convidados. ― Suspirou ― Da última vez você estava com a cara tão ruim que acharam que você estava passando mal…
― É a única cara que eu tenho, quer que eu ajude? Ótimo, faço isso, mas depois quero ficar em paz!
Sem barulho na minha orelha de preferência.
― Você vai descer e ficar conversando como todo mundo Hannah como deve ser com a família inteira, e isso incluí você! ― e saiu subindo as escadas e batendo a porta do quarto dela com força.
― Bate com mais força! Ainda não quebrou! ― gritei para provocar e terminei o meu café.
Então eu subi para o meu quarto precisava pegar minhas coisas, peguei minha mochila colocando meu tablet e o livro que eu estava lendo atualmente e para variar era sobre Ballet, fiz uma maquiagem leve e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo pronta para seguir para o galpão onde eu, provavelmente, passaria o resto do dia ensaiando enquanto Jason pensava em novas artes para grafitar os trens da nossa amada NY.
Desci as escadas correndo e quando saí o frio e a neve me abraçaram, comecei a caminhar tranquilamente enquanto digitava para Jason avisando que estava indo para o nosso ponto de encontro para podermos ir juntos até o galpão.
― E então aqui estamos nós lar doce lar – A voz de Jason ecoou em alto e bom som no lugar vazio.
Depois de meia hora de caminhada chegamos ao nosso canto onde ninguém nos perturbaria, um galpão repleto de espelho porque meu melhor amigo fez a gentileza de instalar para que eu pudesse ensaiar com tranquilidade assim como as barras.
Ele tirou a mochila das costas pegou o seu caderno de desenho, e alguns lápis de cor ele dizia que me ver dançando o inspirava, o que era ótimo porque assim ele me fazia companhia.
Liguei o tablet coloquei na minha playlist só de músicas para ballet e comecei a dançar fechando os olhos, era mais fácil dizer que a música se expressava atrás de mim, do que eu conseguir encontrar uma razão para os movimentos perfeitos que eu conseguia fazer sem ter tido muitas aulas de ballet.
**
Fiz meu corpo parar quando senti meus pés queimarem e minha barriga praticamente colar nas costas de fome, parei e olhei meu reflexo no espelho, roupas amarrotadas cabelo armado e lábios rachados pelo frio.
― Acho melhor você comer alguma coisa ― a voz de Jason entrou nos meus ouvidos.
― Só eu? ― perguntei retoricamente enquanto pegava meu tablet guardava na bolsa e em seguida pegava meu celular para conferir a hora já que o tablet estava sem bateria.
E quase cai para trás quando vi que horas eram.
23:00
Provavelmente eu teria rido se tivesse visto a cena de fora, mas eu acho bem provável que essa hora eu virei a cabeça lentamente na direção de igreja com os olhos arregalados parecendo Ester dentro de um filme de terror como era possível?
― Não, eu também estou vazio ― sorriu.
― Jason – chamei lentamente. ― Que horas chegamos aqui?
― Umas 19 porquê? – perguntou parecendo pensativo.
Caramba eu perdi praticamente o dia inteiro dormindo.
― Hannah você está me assustando com essa cara, por favor fale alguma coisa – Jason pediu.
― Eu perdi praticamente o dia inteiro ― sussurrei, mas para mim mesma do que para ele.
Ele riu suavemente.
― Ah isso! Bem eu achei que tivesse percebido, mas não comentei nada porque sei que você geralmente não liga para esse tipo de data comemorativa – deu de ombros. – Embora você nunca tenha me explicado direito o porquê. – Ele me olhou de canto.
E foi abrir o portão para sairmos do galpão isso resultou em um barulho meio ensurdecedor.
Parei no lugar quando vi a quantidade de Neve acumulada na rua, lado bom eu não precisaria participar das festas de fim de ano da família lado dar ruim eu nem sei se conseguiria chegar a um hotel.
― É parece que a Neve piorou enquanto estávamos lá dentro – Jason parecia estar meio assustado. – Nós vamos ter que andar para algum lugar de qualquer forma – e me estendeu a mão.
Segurei sua mão e começamos a caminhar de volta para qualquer lugar.
A verdade era que eu não tinha muita paciência para as festas de fim de ano, eu nunca tive muita certeza de certas coisas da vida mas uma coisa sabia eu queria entrar para uma das melhores escolas de dança do mundo e isso exigia certo esforço que nem todo mundo da minha família entendia afinal quando se tem 17 anos, tudo o que você faz parece ser errado, pelo menos na família Alvenea.
Essa época em que vem seres do outro lado do mundo achando que conhecem você e que conhecem sua história o bastante para decidir sobre o futuro dos adolescentes da família, e assim tentar fazer com que eu desista do meu sonho, que eles fazem questão de jogar na minha cara sempre que podem que é um Hobby.
Conversar com parentes distantes é entediante porque não dá para entrar realmente em um assunto porque eles não se importam, afinal só me veem algumas vezes por ano.
Então tipo, que diferença faz?
Fui despertada dos meus pensamentos deprimidos por um toque de sino e um sopro de ar quente, pisquei algumas vezes.
Uma cafeteria?
Jason se afastou dizendo que ia fazer nossos pedidos, assenti e flexionei meus dedos dormentes pelo frio enquanto me encaminhava para uma das mesas do café, sentando perto da janela encarando a belíssima noite estrelada.
Olhei o relógio.
02:00 da madrugada do dia 1° de janeiro, pisquei algumas vezes, já era ano novo.
Então é isso vou passara virada de ano com o meu melhor amigo em uma cafeteria qualquer do Brooklyn, parece uma boa ideia para mim e também a única opção no momento, mas eu sei que algumas pessoas não tem nem um cobertor para passar a madrugada fria, então só me resta agradecer por estar aqui e rezar para que a máquina de café funcione e que tenha comida o suficiente para todos por aqui.
E então um show de luzes atraiu minha atenção, fogos de artifício incessantes, mas não houve nenhum barulho apenas as belas luzes que entravam em contraste com a noite, e pela primeira vez na noite eu fiquei plenamente feliz, pelos fogos silenciosos agora os animais ficariam tranquilos, é uma ótima maneira de começar o ano…
― Acho que vai precisar disso ― a voz de Jason me despertou virei a cabeça em sua direção e ele colocou uma caneca de chocolate quente com menta na minha frente.
E logo em seguida se sentou de frente para mim com a sua xícara de chocolate quente com mini marshmallow.
― É uma maneira bem Inesperada de se passar a virada do ano não acha? – perguntou sorrindo animado ― Não se preocupe já estamos preparando um Croissant com Nutella e morangos e tem torta de maçã quente com canela saindo do forno ― sorriu abertamente ― fome a gente não passa – segurou minha mão fazendo um pouco de pressão e deu um beijo.
― Obrigada ― Sorri Jason sempre está aqui para mim, e esse é o melhor presente que eu poderia ter recebido esse ano ― estamos? ― perguntei confusa de repente.
― É bem, a garçonete está sozinha não custa nada dar uma força, e assim vai mais rápido todo mundo está com fome – deu de ombros.
Me levantei tomando um gole do chocolate quente.
― Vamos para atrás daquele balcão então – sorri animada e olhei para ele. ― Feliz ano Novo Jason!
― Feliz ano novo Hannah ― ele sorriu e me abraçou.

Julie H.


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Notas finais do capítulo

Com amor, Julie H



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