Get Mad, Ear. escrita por TMfa


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Aqui temos o cérebro de Midoriya atuando perfeitamente bem e usando o conhecimento alheio para incrementar seu raciocínio lógico.



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Tinha alguma coisa errada com Midoriya. O garoto tinha uma sombra na íris dos olhos, como se ele não estivesse lá. Jirou só percebeu depois de Uraraka comentar com ela que, desde que o usuário do One For All voltou do estágio no dia anterior, ele não soltou mais que duas palavras.

O garoto de cabelos verdes tinha a testa franzida e Kyouka podia ver a fumaça saindo daquele cérebro. Honestamente? Ás vezes Midoriya conseguia ser muito assustador. Por sorte o dia de domingo é livre para todos. Com certeza Deku iria ter problemas para se concentrar se houvessem treinos hoje.

Bem, seja o que for, Midoriya precisou da ajuda de Shinsou para resolver. Assim que os estudantes da turma 1-B chegaram, Izuku monopolizou Hitoshi por quase duas horas, em uma conversa para lá de particular que parecia mais um monólogo de Shinsou. Eles estavam muito longe para qualquer ver algo além das gesticulações de Hitoshi, porém Jirou conseguia ouvir uma coisa ou duas.

Ela não queria se intrometer na conversa dos seus amigos, então focou sua audição nos dois apenas um par de vezes, só para saber se já estavam no final da conversa (Ela e Kaminari estavam esperando por ele para tocar e Bakugou estava apressando os dois, ele não queria esperar o garoto de cabelos roxos). Pelo que Kyouka pôde perceber, Shinsou estava explicando a formação de gatilhos, da mesma forma que ele fez com ela meses atrás e explicando vários conceitos da lavagem cerebral.

Fazia sentido. Midoriya era um dos mais próximos de Shinsou, eles eram amigos antes mesmo dos dois começarem a treinar com Aizawa-sensei. E desde que ele a fez criar um gatilho, talvez ele também queira que Midoriya tenha um.

— Só deixa o olhos de guaxinim aí, orelha – Bakugou insistiu mais uma vez.

— Meu quarto não está trancado! Vai usar a bateria, nós subimos depois! – Ela resmungou impaciente.

O garoto bufou e afundou ainda mais no sofá com uma cara mal-humorada.

Lidar com Bakugou era um exercício de todas as virtudes. Especialmente para Kyouka. Os dois eram orgulhosos demais para ceder, vira e mexe tinham algum atrito simples. Jirou agradeceu aos céus pelo seu sarcasmo e pensamento rápido. Depois de certo tempo ela conseguiu guiar Bakugou para um consenso que beneficiasse os dois. Claro, ela teve que aliviar um pouco seu orgulho mais vezes do que gostaria, já que o garoto tinha um temperamento difícil.

— Ok, eu concordo com Bakugou – Kaminari disse – Eles estão conversando faz tempo. Quando eles terminarem, Shinsou sobe para ficar com a gente.

Um pouco de insistência de Bakugou e choro de Kaminari foram suficientes para convencer Jirou. Eles subiram e passaram o resto do dia tocando. Kaminari se arrependeu amargamente de não ter esperado Shinsou. Bakugou e Jirou estavam em um nível tão acima do loiro elétrico que ele começou a sentir cãibras nos dedos em menos de meia hora de música.

Quando Hitoshi estava ali, Jirou era mais paciente e parava em certos momentos para ensiná-lo com mais atenção. Kaminari perdeu esse privilégio depois de dois meses do festival cultural. Agora Kyouka dava toda razão à Bakugou quando o loiro não conseguia acompanhá-los.

Para a tristeza de Denki, Hitoshi não apareceu no quarto de Kyouka. Então, depois de uma ameaça de morte vinda de Bakugou, ele resolveu descer e encontrar algo menos perigoso para fazer.

— Ei, Mina! – ele cumprimentou a garota rosa ao sentar-se no sofá ao lado dela e passando o braço pelos ombros de Ashido – Algo divertido para fazer?

— Argh, não – Ela gemeu frustrada – As garotas estão estudando de novo, Kiri e Sero estão treinando na academia. Sério, eu não sei como eles aguentam.

— Nem eu. – Denki suspirou recostando a cabeça no sofá.

— Achei que você estivesse tocando no quarto da Kyou-chan.

— Eu estava – ele fez uma careta – Mas Shinsou me abandonou – ele apontou com o polegar para Hitoshi que ainda conversava com Midoriya no fim do salão comum – Agora Jirou diz que eu não sou mais nenhum amador. E que eu devia começar a acompanhar ela e Bakugou.

— Vish – Mina comentou mordendo um lábio.

— Eu sei, certo?! E daí que eu não sou mais amador? Eles são mais que profissionais! Como eu devia conseguir acompanhá-los? – Ele resmungou apoiando a bochecha em seu punho – Eu saí antes que me matassem.

— Não é um pouco assustador o quanto eles estão ficando parecidos? – Mina perguntou com um tom sério – Semana passada eu ouvi a Kyouka gritando “Morre” quando bateu o dedinho na quina da mesa. E é tão assustadoramente estranho os ver comendo perto um do outro, parece que foram programados!

— Sim – Kaminari concordou com um calafrio – E Bakugou começou a dar petelecos na nossa orelha quando fazemos alguma piada sem graça. Eu estou vendo a hora de nascer um fone em Bakugou ou Jirou começar a explodir coisas.

Os dois riram (porém com respeito). A alegria dos dois foi renovada quando Kirishima e Sero saíram da academia e toparam jogar cartas com eles. Ainda faltavam algumas horas para o toque de recolher e eles não queriam deixar o domingo passar em branco.

No dia seguinte, algo diferente aconteceu. Aizawa-sensei os informou que, durante a semana, eles teriam uma hora extra de aula com ele. A princípio, os garotos se entristeceram, porém, quando souberam que isso os liberaria durante o sábado, a turma inteira se animou novamente. Ao final da aula, o sensei pediu que aqueles alunos em estágio o acompanhassem. Jirou não viu Asui até o dia seguinte, o que indica uma longa conversa no dia anterior.

A semana passou com aquela sensação incômoda de que alguma coisa estava errada e Kyouka conseguia sentir uma coceira na ponta de seus fones com a inquietação. E ela estava certa. Porque todos da turma A ficaram incrivelmente chocados no domingo, quando Shoto ligou a TV para ver as notícias e eles viram seu professor ser acusado de ser o responsável pelos assaltos às grandes empresas de tecnologia.

Ninguém conseguiu dizer absolutamente nada por cerca de sete minutos enquanto a reportagem explicava que Shota havia sido encontrado em um armazém industrial de tecnologia de ponta, com uma placa mãe piloto, capaz de comportar uma inteligência artificial revolucionária. Seu sensei estava agora encarcerado e sendo interrogado sobre os demais roubos.

— Não, não, não, isso não se encaixa. Não faz sentido – Midoriya murmurou mordendo o nó dos dedos.

— Claro que não faz sentido! Sensei nunca faria uma coisa dessas! – Ashido protestou angustiada.

— Não tem como ter sido ele, certo? – Kaminari perguntou com a voz trêmula.

— Sensei passou a semana adiantando as aulas porque ia sair da escola ontem – Midoriya continuou seu murmúrio alheio aos demais – Mas essa era uma empresa de computação, totalmente diferente das outras. Não se encaixa, não está certo...

— Deku! O que você está falando?! – Bakugou o puxou pela camisa, assustando o garoto – Se você sabe de alguma coisa é melhor abrir essa boca, seu nerd de merda!

— K-katchan! Não é nada disso, eu não sei de nada – Midoriya exclamou assustado – É-é que, tudo isso, está errado, muito errado.

— Eu concordo com o Bakugou – Jirou se aproximou dos garotos – Você sabe alguma coisa, Midoriya. Você está estranho a semana toda. Se você sabe como ajudar o Sensei, você devia falar.

— Não é assim, Jirou-san – Midoriya explicou mais calmo – Eu tenho estudado esse roubo. Mas não faz sentido o Sensei... – Izuku arregalou os olhos e abriu a boca, seu rosto ficou pálido e ele precisou se apoiar em Bakugou para não cair – A menos...

— A menos que o quê, Deku? – Bakugou rosnou impaciente.

— A menos que não tenham mais motivos para esconder o ataque – Midoriya completou mais para si do que para os outros.

— Que ataque, do que você está falando, Deku-kun? – Uraraka perguntou apoiando-o.

— Midoriya, é melhor você explicar tudo do começo – Iida aconselhou.

Izuku concordou com um aceno e respirou fundo para se recompor.

— Me dê um minuto – Ele pediu ativando o full crow e correndo para o dormitório masculino.

Rapidamente ele retornou com uma pilha de papéis nos braços e um mapa da cidade em grande escala. Espalhando tudo na mesa do salão principal, Izuku organizou brevemente suas notas enquanto os demais se reunião ao redor da mesa.

— Cara, há quanto tempo você vem fazendo isso?! – Kirishima perguntou surpreso.

— Desde que eu percebi uma conexão dos assaltos com os desaparecimentos dos heróis – Midoriya respondeu.

— Que desaparecimento? – Hakagure perguntou.

— Vários – Izuku explicou, abrindo um caderno com vários recortes de jornal -  O primeiro que eu percebi foi o do Fahrenheit – Ele bateu com o indicador em uma manchete – Ele sumiu por três dias e nem sequer lembrava disso. Eu achei estranho os guardas da empresa onde o ladrão foi visto estarem com hipotermia. Mesmo estando no inverno, eles estavam em um lugar fechado e climatizado, não deveriam estar com a temperatura tão baixa assim. O que me fez pensar na peculiaridade do ladrão, se fosse a mesma do Fahrenheit, ele poderia tê-los esfriado. Isso e o fato das cores do uniforme do herói também parecem com as do ladrão.

            Era um comportamento estranho, sair de herói para vilão. Mas e se ele não estivesse fazendo isso por querer? Tinha os três dias que ele sumiu sem nem sequer se lembrar disso. O que me fez pensar em uma lavagem cerebral. Por isso perguntei do Shinsou-kun como funcionava. Ele me falou de associações para criar um gatilho. E se nesses três dias desaparecido Fahrenheit estivesse sofrendo lavagem cerebral para criar um gatilho? Com uma palavra o vilão poderia ativar o controle mental a qualquer momento e obriga-lo a fazer o que quiser sem que ele lembrasse disso.

            Então tinha o detalhe que as empresas tinham sistemas de segurança diferente. A peculiaridade dele era perfeita para os sensores de calor, mas não ia servir de nada contra a leitura óptica da outra companhia. Foi por isso que comecei a pesquisar com o Aizawa-sensei sobre outros heróis que tiveram lapsos de memória por três dias. Encontramos 16, todos com habilidades perfeitas para cada empresa.

            Acho que tudo isso é obra de um só vilão. Alguém que consegue exercer controle mental. Não teria motivos para se arriscar capturando heróis se tivesse parceiros para fazer isso. Depois de pensar muito. Acho que finalmente descobri o que o vilão devia estar construindo. Os especialistas pensavam que era um transmissor, um captador ou algo do gênero. Mas depois que eles viram outros itens, não tinham como saber, porque não se encaixavam. As peças poderiam formar isso ou um acelerador de partículas. Mas e se fosse os dois? Não sabemos como a individualidade do vilão funciona. Mas Shinsou-kun disse que os controles mentais de longa duração afetam as sinapses do cérebro. Elas são feitas com moléculas, certo? Yaomomo, foi você quem me disse sobre os neurotransmissores. E se o acelerador de partículas for para ampliar a individualidade do vilão e o transmissor para ampliar o alcance dele?

— Espera a porra de um segundo – Bakugou bateu na mesa – Você está dizendo que tem um vilão querendo controlar a mente de todo mundo?!

— É uma possibilidade – Midoriya confirmou sério.

— E por que caralhos você só está falando disso agora, Deku?!

— Bakugou, nós precisamos nos concentrar – Intermediou Kirishima pondo a mão no ombro do amigo.

— Onde o Sensei entra nessa história? – Jirou perguntou.

— Ele e outros heróis estavam trabalhando juntos para resolver isso. Eu contei tudo o que sabia. Ontem eles deveriam averiguar uma busca ao redor dessa região – Midoriya circulou o Mapa com os dedos – É uma zona perfeita para esconder os furtos. Tem uma distância relativamente próxima das empresas, e alguns itens são muito grandes para ser levados a longas distância sem serem notados. E também tem muitas áreas amplas.

— Parece que o Saco de Dormir encontrou o ninho e acabou ficando preso – Bakugou bufou apoiando-se no mapa.

— Sim. E se Sensei foi pego hoje, quer dizer que não temos muito tempo – Midoriya suspirou – Todos os heróis já devem saber que Sensei estava sob controle de outra pessoa. Não sabemos o alcance dessa coisa. Mas uma placa mãe não faz sentido nenhum. Tenho quase certeza é para despistar a atenção. Então ele não deve estar precisando de tanto tempo assim para usar uma distração tão curta.

— Espere um minuto – Iida interpôs encarando os papeis – Sensei foi encontrado nesse prédio – Iida apontou no mapa – Mas é só uma filial dessa companhia – Ele arrastou o dedo até um ponto próximo aos círculos que Midoriya havia desenhado para destacar a zona de busca – se eles foram encontrados por aqui. Porque não mandar Aizawa-sensei para esse prédio? Por quê um tão mais distante?

— Talvez eles não quisessem a polícia investigando perto deles? – Sugeriu Uraraka.

— Hm... Eu conheço um pouco sobre aceleradores de partícula. Eles costumam ser grandes e barulhentos, por causa da velocidade de rotação – Iida contrariou – Além do mais, montá-los exige muita solda e marteladas. Essa área é ampla, mas também é muito movimentada. Um motor de partículas exige muita energia, com tantas empresas de tecnologia por perto, um aparelho desses sobrecarregaria o fornecimento e não teria como se esconder com tantas quedas de energia.

— em outras palavras, você está dizendo que essa zona de busca não serviu de nada – Bakugou resmungou encarando o Mapa.

— Mas aqui... – Midoriya olhou para a região próxima de onde Aizawa fora encontrado – É uma área residencial, e aqui... uma zona de armazéns. Ninguém ia ligar muito para quedas de energia no meio do dia, todos estariam no trabalho ou na escola. As casas estariam vazias e o fornecimento de energia livre.

— Vamos avisar os profissionais! – Iida berrou sacudindo os braços para por ordem.

Não demorou nem cinco minutos para que eles estivessem todos na sala do diretor com uma tela aberta diretamente com outros profissionais e toda a papelada de Midoriya explicando a descoberta deles.

Infelizmente, eles foram completamente ignorados. Os heróis não deram crédito para 20 crianças do ensino médio, mesmo que fossem da UA, alunos do Aizawa e tivessem um histórico de luta com vilões maior do que muitos por aí.

Depois de muita discussão, frustração e gritaria, a turma A voltou para o dormitório com tanto ódio que até mesmo Yaomomo parecia prestes a agredir alguém. Eles foram claramente menosprezados e o que foi aquilo de dizer que Aizawa estava realmente sendo investigado? Não era óbvio que era uma lavagem cerebral?

— Kaminari, fica quieto! – Jirou sibilou. O garoto estava andando de um lado para o outro a pele menos 15 minutos.

— Eu não consigo! – Denki gemeu esfregando o rosto – Eles realmente acham que o Sensei tem alguma coisa a ver com o roubo.

— Parece que a missão foi discreta – Midoriya murmurou – Faz sentido. Sem saber quantos mais haviam sofrido lavagem cerebral, se eles fossem interrogados sobre a situação da investigação, poderiam destruir todo o plano.

— Eu não acredito que temos que ficar parados esperando – Uraraka suspirou.

— Não temos. – Bakugou sorriu perigosamente batendo as mãos na mesa. – Vamos fazer essa porra!

— O quê?! Do que você está falando, Bakugou?! – Metade da turma exclamou com calafrios.

— O que vocês estão esperando?! Vocês ouviram o Deku, não temos tempo! – Ele gritou com o punho erguido – Vamos chutar a bunda desse palhaço com tudo e tirar o nome do nosso Sensei da lama!

— Isso é estúpido, Bakugou. – Iida contrariou calmamente ao ajustar os óculos – Não sabemos com o quê estamos lidando, e os profissionais estão cuidando disso.

— Não, Bakugou está certo – Jirou manifestou-se pondo-se ao lado do loiro explosivo – Os profissionais estão pouco se fodendo. Podemos não saber com o que estamos lidando, mas temos que fazer alguma coisa antes que seja tarde demais.

— Isso não é tão simples, assim. – Asui comentou – Somos heróis provisórios, só podemos agir em emergências.

— Essa é claramente uma emergência, porra! – Bakugou argumentou.

— Eu discordo, ainda tem outros profissionais, que estavam com Aizawa-sensei, - Momo disse sutilmente – E não sabemos exatamente quanto tempo temos. Pode ser que seja mais de uma semana para o que quer que estejam planejando.

— E se todos tiverem sido pegos? Por quê só o Sensei apareceu? O que aconteceu com os outros?! – Jirou disparou com um temperamento similar ao de Bakugou – Não podemos deixar ele sozinho, Momo! Sensei salvou a gente mais vezes que nós conseguimos contar!

Jirou criou um apego pelo professor. Ele a ensinou com Shinsou, cuidou da turma A como um pai, ele foi bom para todos. Eles não podiam deixa-lo cair sem fazer nada.

— Jirou-san nos lembrou de algo importante – Midoriya comentou sério – Não sabemos o que aconteceu com os outros heróis, nem sequer sabemos quem estava na busca.

— Vocês podem ficar aqui ou me seguir. Porque eu vou destruir qualquer porra que estejam construindo! – Bakugou chamou com encorajamento.

— Eu vou! – Kirishima pulou para o lado do Bakugou, já ativando sua individualidade. Jirou deslocou-se para o lado do loiro sem uma palavra.

A turma A se entreolhou por alguns segundos antes de assumir um olhar determinado.

— Vamos fazer isso! – Concordou Midoriya com um sorriso confiante.


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