O Internato escrita por Rain


Capítulo 5
Cinco


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal. Como prometido, saiu o quinto capítulo hoje (que na verdade era quarto, mas eu cortei rs).
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772896/chapter/5

A semana foi cheia, porém consegui sobreviver. Me arrumo para ir pra casa. Nos finais de semana os alunos são liberados pra voltarem pra casa. A maioria fica na escola mesmo, já que muitos ou não moram na cidade ou os pais são ocupados demais para lhes dar atenção e por isso foram jogados no Elite. Despeço-me de Victor que ia ficar na escola, e, ao sair do quarto dou de cara com Sebastian.

— Oi — diz abrindo um sorriso. — Estava passando pelo corredor, que coincidência.

— Oi. Como você está?

— Estou bem, você vai pra algum lugar? — Sebastian lança um olharem direção a mochila em minhas costas.

— Eu vou pra casa hoje, meu pai está me esperando na entrada.

— Ah ta, bom final de semana então. Aproveita bem os seus pais.

Seu semblante parecia triste.

Sinto um aperto no coração por ter que deixar Sebastian, nos aproximamos muito nesses últimos dias. Faz duas semanas que estou no colégio e que descobri a hierarquia de classes do colégio. Desde aquele dia o grêmio não veio mais atrás de mim, mas eles estão sempre me observando pelos cantos, isso continuava me incomodando, embora não assustasse mais.

— Por que não vem comigo? — Sugiro.

— Ir com você?

— É, vai ser legal! Corre pra pegar algumas roupas enquanto eu enrolo meu pai.

Sebastian Abre um sorriso grande. Como seu sorriso é bonito, eu poderia ficar o dia todo admirando;

— Tudo bem, eu te encontro daqui a pouco.

Chegando na entrada das propriedades do colégio vejo meu pai me esperando no carro. Só havia o carro dele. Os poucos alunos que voltaram pra casa foram ontem à noite, a maioria bolsista que mora na cidade ou em alguma cidade vizinha. Entro no carro. Depois de sentado meu pai bagunça meu cabelo

— Que saudade eu tava de você garoto. Por que ficou tanto tempo sem ir pra casa?

— Não queria deixar meus amigos.

— Aí você deixa seus pais. Não gostei dessa troca. — diz ele brincando.

Meu pai liga o carro. Eu o mando esperar e aviso que Sebastian também iria com a gente.

Esperamos por mais alguns minutos e logo Sebastian aparece. Ele entra no carro, cumprimenta meu pai com muita simpatia e, por fim, vamos embora. Chegando em casa, saímos do carro, minha mãe já nos esperava na porta e ao me ver me dá um abraço bem apertado.

— Que saudade que eu estava de você, filho. — diz entre beijos.

— Mãe ta me deixando com vergonha. Este é Sebastian, um amigo do colégio.

— Olá Sebastian, seja bem-vindo, sinta-se em casa. — disse minha mãe.

— Muito obrigado, senhora, Vidal. — Sebastian sorria.

Entramos em casa. Sebastian e eu subimos as escadas sentido meu novo quarto, e ao chegar, me jogo na cama. Era bom demais estar em casa, sem os olhos de nenhum estranho sobre mim. O quarto estava mais organizado do que quando saí. As roupas que eu havia deixado dentro da mala estavam guardadas, a estande de livros arrumada e meu notebook estava fechado em minha escrivaninha. O quarto era bem legal, diferente da casa que era toda branca, meu quarto tinha as paredes pintadas de azul, mas parecia sem vida. Ficava inativo, pois eu não estava aqui pra usufruir dele.

Faço sinal para Sebastian se sentar na cama, ele se senta bem próximo de mim me deixando um pouco tímido.

— Essa é minha casa, é modesta, mas sinta-se à vontade.

— Modesta? Eu adorei. É bom ver um ambiente familiar. Faz tempo que eu não entro numa casa. Estou naquele colégio desde que o ano letivo começou. — diz tranquilamente.

Encaramo-nos em silêncio por uns instantes. Sebastian era muito bonito, cabelos castanho claro raspado dos lados e com um penteado moderno em cima, ombros largos, alto, corpo atlético em forma, embora vivesse fugindo dos treinos de atletismo.

— Você tem um videogame! — diz Sebastian empolgado. — Vamos jogar?

— Não sei… Por que a gente não faz algo mais a céu aberto? Sei lá caminhar pela cidade, a gente pode conhecer ela juntos.

— Já conheço essa cidade muito bem não estou muito afim. Por que a gente não vai nadar então? Tem um lago lindo aqui em Nova Alvorada.

— Espera você é da cidade?

— Sim.

— Por que nunca me falou?

— Você nunca perguntou. — o tom de Sebastian era calmo.

— Tudo bem, vamos nadar. Eu to sentindo mais falta da natação do que admito.

— Então por que você não entra pra equipe do colégio? Acho um desperdício de talento você parar de nadar.

— Não sei. Foi um momento de revolta por ter me mudado. Agora com a cabeça fria, penso se realmente deveria abrir mão de fazer algo que amo.

— Você não tem que abir mão de nada, entre para a equipe, ainda dá tempo. Não seja bobo, Toni.

— Tudo bem. Quando a gente voltar eu falo com o treinador Fernando pra entrar na equipe.

Depois que Sebastian me convenceu a entrar voltar pra natação, fomos trocar de roupa. Eu me troquei no banheiro enquanto Sebastian se trocava no quarto. Emprestei pra ele um dos muitos calções de natação que tenho. Depois de pronto volto para o quarto, Sebastian também já estava trocado.

 

 

 

A caminhada até o lago era cansativa. Andamos cerca de uma hora, mas valeu a pena porque o lago era lindo, havia uma clareira em volta do lago e um cais a nossa frente. É estranho um lugar tão lindo como esse estar vazio. Tiramos nossas roupas rapidamente, atravessamos o pequeno cais correndo e saltamos juntos no lago. Dou um profundo mergulho saboreando aquele momento. Estar na água me fazia muita falta. Eu sentia os músculos do meu corpo se contraindo a cada impulso e era ótimo. Ressurjo na superfície e lá estava Sebastian boiando, ao me ver vem para mais perto de mim.

— O que achou?

— Achei ótimo, esse lugar é lindo. Obrigado por me trazer aqui, Sebastian.

— Eu sabia que você gostaria. — diz ele abrindo um sorriso.

— Mas porque um lugar bonito desse é tão vazio?

— As pessoas vinham muito aqui há alguns anos, mas houve um acidente e uma pessoa morreu. As pessoas começaram a dizer que o lago não era seguro e simplesmente pararam de vir.

— É uma pena…

— Faz muitos anos isso, eu era muito novo. Minha mãe me proibia de vir aqui, mas eu sempre vinha escondido mesmo assim. Esse lugar me transmite paz. — a expressão de Sebastian mudou. Seus olhos estavam distantes e transmitiram uma tristeza que eu não tinha visto antes. — Mas não trouxe você aqui pra relembrar do passado, vamos nadar.

Sebastian pega minha mão e me puxa para nadarmos juntos.

Depois de passarmos um bom tempo nadando. Decidimos sair um pouco da água. Sebastian se deita e começa a apreciar o céu, ele fazia isso sempre. No começo eu estranhava quando ele parava de caminhar pra olha para o céu, mas agora até paro pra apreciar junto. Deito-me no chão ao lado dele e ficamos apreciando o céu em silêncio. O céu estava lindo, bem azul, a temperatura de Nova Alvorada hoje estava mais quente que o normal, era até estranho, porém muito agradável. Ficamos admirando o céu enquanto conversávamos.

Depois de aproveitarmos à tarde, voltamos pra casa. Ao entrarmos pelo portão me deparo com meus pais.

— Ah, oi garotos, se divertiram? — perguntou minha mãe.

— Sim, foi muito legal. — respondi.

— Filho, sua mãe e eu temos uma emergência no trabalho. Teremos que fazer o parto de uma égua. Provavelmente só voltamos amanhã. Vocês fiquem aqui, aproveitem o resto do dia e fiquem em segurança. Sebastian você é mais velho, cuide do Toni — disse o meu pai.

Ok, a parte de Sebastian cuidar de mim foi desnecessária, mas decidi ignorar.

Meus pais foram embora enquanto Sebastian e eu entravamos em casa. Tomamos banho e depois caímos na cama pra descansar. Acordamos por volta das 20 horas, famintos.

— É melhor eu descer e fazer algo para comermos, você fica a vontade. — digo levantando da cama, mas Sebastian me impede segurando meus ombros suavemente com suas grandes mãos.

— Não precisa se incomodar, que tal pedirmos pizza? Eu pago. — Sebastian continuava me segurando.

— Tem certeza? Eu posso fazer algo rápido. - abro um sorriso amarelo.

Na verdade eu sou péssimo na cozinha, o máximo que sairia das minhas mãos seria sanduíches. Mas não queria que Sebastian se incomodasse de pagar.

— Eu insisto. Aceite como agradecimento pelo dia ótimo que tivemos. — Sebastian sorria.

— Tudo bem… Mas posso fazer, pelo menos, um café?

— Um café eu aceito.

Fui pra cozinha fazer o café e Sebastian me seguiu até lá, ele ficou sentado no balcão paralelo da cozinha me olhando colocar a água pra ferver.

— Não precisa ficar olhando, pode ir pra sala e procurar algo pra assistir. — digo me sentando também no balcão enquanto a água não fervia.

— Prefiro ficar aqui, seu pai pediu pra eu cuidar de você então eu tenho que garantir sua segurança. Eu sou mais velho, tenho que tomar conta de tudo.

— Mas não tem nada perigoso aqui. E você só é alguns meses mais velho seu besta.

— Ainda sim, prefiro garantir sua segurança. — deu um meio sorriso.

Depois que o café ficou pronto, servi em duas xícaras, entreguei uma para Sebastian e fomos para a sala procurar algo pra nos entreter durante o resto da noite. Foi mais difícil do que imaginei Sebastian não curtia filme de heróis e nem adaptações literárias, muito menos de games. Só entramos em consenso quando achamos um filme de suspense.

— Você é tão inteligente e não gosta de nada que os nerds costumam gostar.— analiso.

— Não é o que você assiste que vai te deixar inteligente, mas sim o que você aprende e ensina no dia a dia.

Eu mereci essa.

— Então o que você gosta de assistir?

— Gosto de assistir o céu.

Sebastian mesmo tendo todo esse pensamento hipster, não parecia como tal, estava usando uma bermuda jeans cor bege e uma camiseta branca simples sem estampa, seu cabelo estava despenteado. Mesmo com a vestimenta casual ele continuava charmoso. Estava descalço, e porra! Até seus pés são bonitos!

Seus olhos pretos me observavam atentamente.

— Vai soltar o filme de uma vez ou vai continuar me olhando?

Olho rápido pra frente envergonhado, posso sentir minhas bochechas queimarem.

Sebastian ri

— É tão fácil deixar você com vergonha. Segura um pouco o filme que eu vou lá fora ligar pra pizzaria e fumar um cigarro. — disse dando um tapinha suave em minha coxa e se levantando.

Quando Sebastian saiu, aproveitei pra ir ao banheiro.

Fecho a porta e me encaro no espelho. Ele me faz sentir estranho, eu não sei bem-dizer o que sinto. Gosto de estar com Sebastian, ele é uma ótima pessoa e tem um lindo coração. Mas havia momentos que eu me sentia intimidado. Eu não sei dizer o porquê. Talvez seja pelo fato de ele ser muito bonito.

Não tenho problema em falar quando um cara é bonito. Mas com Sebastian é diferente, sua beleza é irradiante e de dar inveja, deve ser a pessoa mais bonita que eu já vi!

Abro a torneira e lavo rosto para tentar afastar esse pensamento da mente. Depois me seco e volto para o sofá. Minutos depois Sebastian entra e se senta ao meu lado. Eu sentia o cheiro forte de canela que o cigarro deixou em sua roupa.

— Daqui a pouco a pizza chega. Pode soltar o filme enquanto isso. — disse passando o seu braço sobre meu ombro e se achegando ainda mais próximo a mim.

Começamos a assistir. O filme falava sobre uma mulher que desaparece e o marido dela se torna o principal suspeito, com a ajuda de sua irmã ele tenta provar que é inocente. O filme era até legal, mas acabei pegando no sono. Um pequeno defeito meu: durmo durante os filmes. Acordei com Sebastian falando que a pizza tinha chegado e que ele ia buscar. Depois que ele entra com a pizza e com o refrigerante soltamos o filme de novo e voltamos a assistir. Eu já não entendia mais nada do filme, estava apenas esperando acabar pra poder colocar outro filme mais leve.

A pizza estava ótima, Sebastian revezava entre comer, assistir e me zoar por ter dormido em seu ombro. Eu ria, mas estava envergonhado. Tentava fazer ele voltar atenção pro filme, mas ele me zoou até o final. Quando acabou coloquei um filme de comédia porque sabia que ele não gostava e eu queria irritá-lo. No fim ele aceitou assistir numa boa, disse que o importante era a gente se divertir junto. Fofo.

Quando o filme acabou já estava tarde, então decidimos ir dormir. Fomos para o quarto. Sebastian tirou a camisa alegando que estava calor, mas eu estava morrendo de frio. Ele exibia seu tanquinho e músculos bem definidos que elevavam ainda mais sua beleza, deitou na cama e puxou o cobertor todo pra si.

— Ei! Você falou que estava sentindo calor. Me devolve! — digo fingindo estar irritado.

— Só se a gente dividir. — respondeu.

—Ta legal… A gente divide.

Sebastian solta o cobertor e nos ajeitamos. Sua expressão muda e ele me encara sério.

— Obrigado, Toni, pelo dia de hoje.

— Não precisa agradecer, eu também me diverti muito graças a você.

Ele toca em meu rosto e me acaricia enquanto abre um meio sorriso.

— Boa noite, Toni.

Sebastian se vira para o outro lado, me deixando com uma estranha mistura de sentimentos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo sai na quinta-feira e assim voltamos a programação normal de postar a cada dois dias.
Abraço a todos :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Internato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.