O Internato escrita por Rain


Capítulo 4
Quatro




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Era hora do futebol. Victor e eu caminhávamos até a quadra interna do colégio. Eu vestia uma bermuda esportiva, uma camiseta do meu antigo time de natação e vestia tênis apropriados para o esporte. Mas meu ânimo era zero, eu queria mesmo era voltar para o meu quarto ou estar com Sebastian, ele era do time de atletismo, mas aparentemente nunca ia à prática.

Chegando à quadra Victor me apresenta para o treinador que me olhava com cara feia.

— Antônio? Pelo jeito é só mais um desocupado que entrou no futebol pra não ter que fazer nada. Sente-se na arquibancada e não me incomode.

— Só isso? — pergunto.

— Você achou que já faria parte do time? — o treinador riu — Apenas sente-se na arquibancada garoto.

Fui para a arquibancada e senti-me num lugar afastado dos outros alunos. Victor me olhava de longe como se tivesse pedindo desculpa.

Observo o treino sem interesse algum, mas não tinha nada pra fazer, não podia usar celular durante o horário de aula e não tinha ninguém pra conversar. Observei o treino, o time era bem entrosado e jogavam muito bem, é triste saber que eles não tenham o reconhecimento que mereciam do colégio. Até entendo a frustração do técnico. Deve ser difícil ter que abrir o clube pra todos os alunos quando outros clubes só aceitam alunos qualificados.

— Toni? Você por aqui? — perguntou uma voz feminina tocando em meus ombros por trás.

Olho para trás pra saber quem falava comigo. Era a garota que eu tinha visto durante o intervalo conversando com André.

— Oi, Hum… estou observando o treino.

— Por que não está no time de natação? Você não estava dentro sem precisar de teste?

A garota senta-se ao meu lado.

— Como sabe disso? E você não deveria estar com roupas de ginástica durante o treino?

— As notícias correm. E eu sou membro do grêmio, não preciso frequentar nenhum clube. A propósito, eu sou Camila, estou no segundo ano.

— Prazer Camila, o que te traz aqui então já que não precisa frequentar nenhum clube?

— Gosto de observar garotos bonitos jogando futebol e hoje eu achei um garoto bonito sentado na arquibancada. — disse tocando em meu rosto — Sabe, Toni, gente podia dar uma passeada pra se conhecer melhor, gosta da ideia?

— A gente vai acabar se encrencando por caminhar a sós por aí.

— Não vamos não. — Camila alisava minha coxa e isso me excitava.

Ela é linda. Cabelo castanho claro acima dos ombros, rosto fino e delicado, nariz arrebitado, olhos escuros e penetrantes, seu uniforme destacava sua perfeita silhueta. E está me dando mole. Alguma coisa dentro de mim mandava ficar longe dela. Ela era do grêmio e Victor tinha me mandado ficar longe, mas ela era muito linda eu não consigo resistir a uma garota linda me dando mole.

Acabamos indo para trás da arquibancada. Ninguém conseguiria nos ver dali a não ser que prestasse muita atenção. Começamos a nos beijar, Camila beijava muito bem ela acariciava meu abdômen enquanto eu segurava em sua cintura. As carícias foram ficando mais quentes e quando dei por mim estava abrindo o blazer de Camila e beijando seu pescoço.

— Adoro caras de abdômen definido, é tão sexy. — dizia ela enquanto beijava meu pescoço e me acariciava por baixo da camiseta — Como um garoto da cidade grande tão lindo como você veio parar aqui?

— O que? — perguntei confuso.

— Gato, atleta, medalhista, seus pais são ricos?

— O que isso tem a ver com o momento?

— Nada, só estou curiosa.

Camila estava fazendo o mesmo questionamento que André, com certeza isso não é coincidência, ainda mais que tinha visto eles conversando mais cedo e ambos eram grêmio estudantil. Não devia ter me envolvido com Camila.

— Olha… É melhor eu voltar, podem sentir minha falta. - digo entre beijos.

— Mas já? Eu estou gostando tanto do nosso momento. – Camila mordia o lábio inferior de forma sedutora.

— Desculpe, eu realmente tenho que voltar agora.

Saio de trás da arquibancada e volto para onde estava.

Aquilo foi estranho. Por que os alunos do grêmio estão tão interessados em mim? Tento não ficar pensando, porém quanto mais eu tento mais isso surge em minha mente.

No fim do treino Victor e eu voltamos para o dormitório, tomamos banho e nos arrumamos para o jantar.

— Cara você sumiu por um tempo, onde foi? — perguntou Victor enquanto caminhávamos para o refeitório.

— Você não vai acreditar, uma garota do grêmio veio dar em cima de mim…

— Camila? Ela queria o que contigo? — falou Victor me interrompendo.

— Eu não sei, a gente foi pra trás da arquibancada e ela ficou me fazendo perguntas estranhas. Como você sabia que era Camila?

— Toni, eu falei pra você não se envolver com o grêmio. Isso é o que a Camila faz, seduz pra conseguir o que quer.

— Mas eu não falei nada pra ela, assim que ela começou a fazer perguntas estranhas eu caí fora. Sinceramente eu não entendo, o que o grêmio quer de mim?

— Toni, o grêmio gosta de manter a “ordem do colégio” — disse Victor fazendo sinal de aspas no ar. — Eles claramente devem estar querendo saber mais sobre você e sua família, se seus pais são muito ricos, essas coisas. Querem te classificar pra você não andar misturado.

— Mas eu não sou rico, meus pais são veterinários. Eu não ligo pra isso! – digo irritado.

— Eu também não ligo, vou continuar sendo seu amigo, mas eu meio que estou violando uma regra saindo do meu grupo e andando com você.

— Grupo? Pra que isso?

— É uma coisa estúpida que a presidente inventou. Ela assumiu o grêmio há dois anos e resolveu colocar ordem na escola separando por classes. Primeiro vem o grêmio representando a ordem, depois a elite que são os alunos ricos, depois os atletas, os nerds, e por último os bolsistas. A gente só pode interagir com pessoas da nossa classe. Eles devem estar querendo saber mais de você pra pode te classificar.

— Que loucura. Então eu iria pra classe dos bolsistas? Já que não sou rico?

— Acho que sim, por isso não revele muito sobre você. Eu vou continuar sendo seu amigo independente da sua classe, mas é por sua segurança que eu falo isso.

— Isso está me assustando.

— Desculpa, mas você descobriria uma hora ou outra, achei melhor te contar agora antes que o grêmio arranque informações sobre você.

— Obrigado cara, você é um grande amigo. — tento abraçá-lo, mas Victor é mais alto que eu o que dificultava um pouco.

— Você é muito baixinho, não consegue alcançar meu ombro direito. — Victor ri enquanto bagunça meu cabelo.

Seguimos para o refeitório.

Chegando ao refeitório, Sebastian nos esperava na mesma mesa em que almoçamos. Sentamos com ele e conversamos sobre diversos assuntos durante o jantar, mas algo na minha mente não me deixava relaxar. Tentava entrar na conversa, porém só conseguia pensar nesse esquema maluco de ordem inventado pelo grêmio. Controlar com quem uma pessoa pode ou não se comunicar só por causa de uma classe social ou comportamento natural. É assustador.

Depois que terminamos, Victor foi falar com os seus amigos, me deixando a sós com Sebastian. Saímos do refeitório e nos sentamos no banco que eu ia me sentar quando nos conhecemos.

— O que você tem Toni? Está pensativo a noite inteira. — questionou Sebastian.

Eu não ia falar nada, mas achei melhor abrir o jogo de uma vez.

— Em que classe você está?

Sebastian me observou calado por uns instantes sabendo exatamente do que eu estava falando.

— Você já sabe. Victor te contou né?

— O grêmio fica vindo atrás de mim, ele teve que contar. Por que não me falou nada?

— Eu só não queria falar dessas bobagens com você, esse sistema é ridículo e não se aplica a mim.

— De que classe você é? — pergunto novamente.

Sebastian abaixa a cabeça por alguns instantes, me encara e diz:

— A elite.

Eu já imaginava isso, mas olhando nossa diferença de classe começo a me sentir triste. Levanto-me e saio andando, ele vem atrás de mim.

— Aonde você vai? Espere! — Sebastian me segura pelo ombro suavemente.

— Eu vou pro meu quarto, somos de classe diferente e eu não quero que ninguém se prejudique por estarmos infringindo às regras. — digo voltando a encará-lo.

— Você não é bolsista, está tudo bem.

— Não, não está Sebastian, eu não sou bolsista, mas também não sou rico. Meus pais não são políticos e muito menos empresários, e sinceramente isso me assusta. Ser classificado segundo minha condição financeira.

— Eu não ligo pro colégio ou pra esse sistema imbecil. Se você é rico ou pobre, tanto faz pra mim, Toni… Você é diferente de todos esses alunos soberbos e prepotentes… Eu gosto de você do jeito que você é então seja meu amigo.

Meus olhos se enchem de lágrima, sou muito idiota de demonstrar medo e fraqueza. Eu não vou abaixar minha cabeça pra esse sistema, não deixarei que me classifiquem e nem que decidam com quem eu devo andar.

Sebastian me abraça forte, sinto que ele realmente gosta muito de mim, assim como Victor. Eu realmente ganhei dois amigos com quem posso contar e confiar sempre.


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Notas finais do capítulo

Boa noite pessoal. O capítulo de hoje saiu um pouco curto, pois me enrolei com a revisão e tive que cortar um pouco. Porque se não, não daria tempo de sair capítulo novo antes da meia noite, e eu prometi que postaria um capítulo a cada dois dias.

Amanhã vou postar outro capítulo (o restante deste) pra compensar vocês rs.
Um abraço a todos.



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