O Internato escrita por Rain


Capítulo 23
Vinte e Três


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, sumi de novo né? rs.
Primeiro venho pedir mil desculpas pelo meu sumiço. Estive passando por uns problemas pessoais, e graças a isso tive outro bloqueio criativo. Agora to de volta hehe



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A professorava de geografia passou recolhendo todas as folhas, desta, que é a última prova do ano. Eu mais do que nunca estou animado, foi um ano difícil, mas consegui sobreviver a ele.

O sinal não demora a tocar. Saímos da sala animados, finalmente as provas acabaram e daqui há dois dias acaba também o ano letivo. As últimas semanas foram normais, dentro do possível. Desde que o grêmio estudantil foi expulso do colégio, os alunos passaram a se misturar mais, agora todos conversam entre si e não tem mais aquela distinção de classes. Um novo vice-diretor entrou no colégio, este que é ainda mais rígido que Helena, mas também mais agradável.

No nosso círculo de amizades as coisas continuaram do mesmo jeito. Todos os dias comemos na mesma mesa, as vezes Rafael nos dava a honra de sua companhia, mas não era todo dia. Victor continuava dando pequenas investidas em Alice, e ela ignorava todas, as vezes eu até via interações dos dois sozinhos, mas eram raros os momentos. Torcia muito pra que Alice e Victor descem certo, mas acho que ela realmente não quer nada com ele.

Voltei a treinar no time de natação. Embora não fosse participar da competição nacional que está bem próxima, eu ia para ficar em forma e também aproveitar meus últimos momentos em contato com a água. Sempre estive consciente que este seria meu último ano nadando num clube, mas quanto mais próximo chega do fim do ano letivo, mais meu coração aperta de ter que parar com algo que amo.

Seguimos para a próxima aula de literatura, que seria a última do dia. A professora entrou na sala sorridente, nos cumprimentou e em seguida disse que conversaria em particular com os alunos que não passaram na matéria dela, e que o resto podiam conversar em voz baixa, pois ela não tinha mais nada para nos passar. Sebastian, Victor e eu passamos o resto da aula conversando. Eu podia ouvir algumas conversas dos alunos. Alguns falavam sobre o baile de formatura, outros falavam o quanto estavam ansiosos para a cerimônia de formatura em si. Eu estou tão empolgado quanto eles para tudo isso, mas também sinto um grande aperto no coração de saber que depois disso não verei mais os amigos que fiz aqui.

No começo eu odiei a ideia de estudar no colégio Elite. Preferia ter ido para o colégio público da cidade, mas hoje em dia agradeço por isso não ter acontecido de fato. Apesar dos pesares, jamais trocaria os amigos e a experiência de vida que tive aqui. Sem falar que encontrei o grande amor da minha vida dentro desses portões.

Observo Sebastian e Victor conversando sobre futebol e não consigo evitar um sorriso. Ele continua lindo, seus cabelos aparados com a parte comprida bem penteada para trás, e a barba por fazer. Seus olhos negros se encontram com os meus e Sebastian sorri.

Victor faz uma piada e nosso contato visual é cortado, pois agora estamos rindo demais para flertar com o olhar.

No fim da aula Sebastian e queríamos ficar sozinhos, então fomos para o ginásio de natação. Antes mesmo de chegar ao vestiário, Sebastian me beija. Seu beijo é ardente, excitante e cheio de paixão.

— Alguém pode pegar a gente aqui sabia? — digo lutando contra o sorriso que se formava em meu rosto.

— Coitado de quem entrar aqui e ver o quanto somos apaixonados um pelo outro. — brincou

Voltamos a nos beijar. Sebastian me segura pela nuca enquanto acaricia meu rosto com dedo livre. Poderíamos ficar aqui pra sempre, curtindo nosso momento, está perfeito. Mas eu já conseguia ouvir as vozes de alguns garotos do lado de fora. Então nos separamos.

— Você tem que ir agora. — digo.

— Sério? — Sebastian encostou a sua testa na minha — Queria ficar mais tempo contigo.

— Eu também, mas agora é a hora de treinar. E você tem um clube de atletismo pra ir.

— Claro, atletismo.

Demos mais um beijo caloroso e logo em seguida Sebastian saiu pelos fundos do ginásio.

Vou para o vestiário, me preparar para o treino. Poucos minutos depois os outros chegam.

O treino seguiu normalmente e ao final voltei para o dormitório para tomar banho e descansar antes do jantar. Mas meu plano de descansar falhou, pois Victor não parava de falar. Ele falava sobre tudo e eu fiquei com dó de interrompê-lo, então deixei meu amigo tagarelar durante duas horas inteiras enquanto eu apenas concordava. Até que enfim chegou a hora de irmos jantar.

 

 

O último dia de aula foi marcado por um sentimento melancólico. Estou feliz que finalmente terminei mais um ano letivo, mas também triste por essa etapa tão boa, mesmo que conturbada, lidar com a adolescência não é fácil. Daqui pra frente a responsabilidade só aumenta na vida.

Victor conversava e ria como de costume, mas eu podia ver uma pequena tristeza em seu olhar. Há caminho do nosso dormitório, cumprimentamos alguns colegas. Muitos abraçavam Victor, enquanto Sebastian e eu que não nos envolvemos tanto com os demais alunos só cumprimentávamos e sorríamos para quem ia falar com Victor. Até que finalmente Alice se junta a nós. Ela me abraça.

— Sobrevivemos a este ano. — disse sorrindo.

Sorrio de volta entendendo ao que elas está se referindo. Victor fez uma piadinha sobre o terceiro ano e rimos, mas o sentimento de triunfar perante as adversidades permanecia firme e forte tanto em mim quanto em Sebastian e Alice, consigo ver nos olhos deles.

De volta ao dormitório, fiz minha mala para voltar pra casa. A formatura será na próxima sexta-feira, então só voltaria pra escola para a formatura e para o baile. A maioria dos alunos ainda ia ficar no colégio, inclusive Victor e Alice.

Dou um abraço em Victor e marcamos de nos ver numa lanchonete amanhã pela tarde. Pego uma carona com Otávio e Sebastian até em casa. Meus pais ainda estão no trabalho uma hora dessa e por isso não deu pra eles virem me buscar.

No carro Otávio não falou muito. Na verdade ele ficou sério por todo o trajeto, e eu entendo. Faz bastante tempo que não nos falamos e ele provavelmente ainda tem sentimentos por mim. Chegando em casa, desço do carro e Sebastian desce comigo. Ele me abraça e me beija, mas eu rapidamente me desfaço do abraço. Não gosto de ficar demonstrando afeto na frente de Otávio, quero respeitar o sentimento dele e não fazê-lo sofrer.

Sebastian rapidamente entra no carro e grita de longe que me ligaria mais tarde. O carro parte, me deixando sozinho. Reviro minha mala a procura da cópia da minha chave, e, por fim, encontro. Entro em casa. Obviamente estava vazia, exceto por um gato preto novinho deitado no sofá. O gato ao notar minha presença olha desconfiado e fica me acompanhando com os olhos. Me aproximo do sofá pra tentar fazer carinho nele.

— Olá amiguinho. Qual é o seu nome? — digo tentando acariciá-lo, mas o gato rapidamente sai em direção a cozinha.

Não consigo evitar abrir um sorriso. Sempre quis ter um gato, mas por sempre morar em apartamento nunca pude ter animal nenhum. Agora que finalmente tem um gatinho em casa ele me ignora completamente. Pelo jeito terei que me esforçar pra ganhar o amor do bichano.

Subo para o meu quarto levando a mala e a deixo em um canto, quando estiver com mais paciência irei desfazê-la, mas não será hoje. Dou uma pequena arrumada na casa para que minha mãe não precise ter que arrumar quando chegar do trabalho e pouco depois de terminar ouço o barulho do portão se abrindo e do carro entrando na garagem. Instantes depois eles entram em casa. Mamãe vem direto ao meu encontro e me dá um abraço.

— Finalmente meu filhinho vai voltar pra casa. — disse.

— Também estava com saudades de casa.

— Já viu o novo membro da família, Toni? — disse papai pegando o gato no colo.

— Tentei fazer carinho nele, mas ele me ignorou. Qual o nome dele.

— Laila, e não é ele, é ela. — Disse mamãe indo para a cozinha. — Que bom que você arrumou a casa, filho. Teremos companhia para o jantar.

— Quem virá?

— Um casal colega de trabalho. O filho deles também virá, trate ele bem. — respondeu papai.

— Posso chamar Sebastian? — pergunto animado.

— Pode. — respondeu mamãe.

Subo as escadas animado pra ligar para Sebastian. Ligo pra ele, mas infelizmente ele não pode vir, pois está ajudando Otávio com alguma coisa do trabalho. Antes que eu desligasse o celular ele prometeu me recompensar amanhã.

Já que terei que aguentar o jantar sozinho, vou tomar um banho pra repor as energias.

A visita não demorou a chegar. Papai foi abrir o portão e trouxe consigo um casal de meia idade muito simpático e seu filho, o homem segurava uma garrafa de vinho. Logo mamãe apareceu para cumprimentá-los. O homem entregou a garrafa para minha mãe e ela agradeceu. Então me aproximo para cumprimentá-los.

— Este é o nosso filho. O Toni. — disse minha mãe me puxando pelo braço enquanto me aproximava. — Toni esses são Sílvia e Rogério, e este garoto bonito é o Leandro, ele tem a mesma idade que você.

— Este é o famoso Toni. Sabia que seus pais falam muito de você? — disse a mulher sorrindo. — É um grande prazer finalmente conhecê-lo, Toni.

— O prazer é todo meu – digo educadamente enquanto cumprimentos o casal, por fim cumprimento Leandro.

— Bom, eu vou terminar o jantar e colocar o vinho pra gelar, fiquem à vontade. — disse mamãe se retirando da sala.

Sílvia seguiu minha mãe para ajudá-la na cozinha, enquanto meu pai se sentou com o amigo para conversar. Para ser educado fico na sala, mas não digo nada. Papai está entretido demais com Rogério falando sobre um assunto que eu não tinha o mínimo interesse. Aparentemente Leandro está tão entediado quanto eu. Me aproximo dele e o chamo para subir para o meu quarto, assim poderíamos conversar sobre algo que realmente seja do nosso interesse em vez de ficar apenas ouvindo. Ele acena positivamente. Subimos.

Deixo a porta aberta, assim conseguiria ouvir melhor quando minha mãe fosse chamar a gente pra jantar. Sento-me na cama, enquanto Leandro vira a cadeira da escrivaninha para mim e se senta. Ele observa meu quarto silenciosamente.

— Muito legal seu quarto. — diz.

— Valeu.

— Nunca vi você na cidade, nem na escola.

— É porque eu não estudo na escola pública da cidade, estudo no Elite.

— Sério? Eu sempre quis saber como era estudar naquele colégio, até descobrir toda a treta dele na internet. Agora eu agradeço por nunca ter ganhado uma bolsa de estudo pra lá.

Forço uma risada.

Ouvir Leandro falar assim me irrita um pouco, mas como eu poderia julgá-lo? Provavelmente pensaria a mesma coisa se estivesse no lugar dele.

— Mas o colégio não é inteiro daquele jeito. Tem pessoas muito legais lá.

— Acredito. — disse de forma irônica — Deve ter vários riquinhos insuportáveis lá.

Certo de novo. Leandro sabe das coisas.

— Está com cede? — pergunto tentando mudar de assunto — Vou buscar algo pra gente beber.

— De preferência algo que tenha álcool. — Leandro gritou quando eu já estava passando pela porta.

Busco as bebidas e volto com duas latinhas de cerveja. Por ser fim de semana meus pais não ligam que eu beba, eles só não gostam que eu beba demais e fique bêbado. Uma vez quando morávamos em São Paulo, cheguei caindo de bêbado em casa e tive que ouvir um sermão horrível no outro dia, depois daquele dia tomei muito cuidado pra não ficar bebendo na frente deles. Agora mesmo que deixem eu beber, sempre evito ingerir álcool na frente deles, em parte por ainda sentir vergonha daquele ocorrido.

Entro no quarto, Leandro estava olhando minha estante de livros, quando me vê entrando volta a se sentar na cama.

Passamos um bom tempo conversando diversos assuntos. Leandro é um cara legal e divertido, suas piadas me fazem lembrar de Victor. Ele é mais alto que eu, mas não tão alto, uns cinco centímetros a mais. Olhos castanhos e cabelo curto na maquininha. Tem um belo sorriso e um papo agradável, mesmo que hora ou outra ele tentasse voltar a falar do Elite, mas logo eu desconversava e mudava de assunto.

Descemos para jantar.

A comida estava ótima. Mamãe fez frango assado com batata recheada, vários tipos de saladas pra acompanhar o arroz e farofa. Um belo banquete em plena sexta-feira. Embora esse tanto de comida seja um passe livre de culpa silencioso por parte da minha mãe, pra que pudéssemos extravasar a vontade, decidi me manter na dieta e só comi um pedaço de peito de frango com salada de alface e cenoura. Mamãe insistiu pra que eu comece mais, mas disse que já estava satisfeito. A comida estava ótima, mas não quero exagerar, ainda mais que vou tomar sorvete amanhã. Depois do jantar os adultos foram pra sala saborear o vinho e conversar. Enquanto Leandro e eu fomos conversar no quintal de casa. Ficamos um bom tempo conversando, até que meus pais abriram a porta se despedindo dos pais de Leandro. Levanto-me do chão para me despedir deles também e Leandro me acompanha para falar com meus pais. Depois me despeço dele.

— Foi um prazer conhecer você, Leandro. Agora que eu to de férias pode vir em casa sempre que quiser. Assim mantemos contato. — digo estendendo minha mão para cumprimentá-lo.

— Claro! Pode deixar que eu venho sim. A gente se vê por aí, Toni.

Eles vão embora. Meus pais e eu voltamos para dentro de casa, minha mãe senta-se no sofá cansada.

— Cozinhar pra muita gente dá um trabalhão, mas é muito bom ver a casa cheia de vez em quando. — disse feliz.

— Vou chamar meus amigos sempre pra cá, assim a casa fica sempre cheia. — digo.

— Pensando bem, a casa vazia é muito bom também. — disse sorrindo.

Dou uma gargalhada.

— É brincadeira. Falando nisso amanhã vou sair cedo pra encontrar alguns amigos, então não estranhem meu sumiço.

Depois de ficar um pouco na sala com meus pais, vou para o quarto dormir. Deito na cama e vejo meu celular ao lado do criado-mudo. Havia uma mensagem de Sebastian:

Boa noite, Toni. Já estou com saudades. Mal vejo a hora de te ver amanhã. Bons sonhos.
Te amo!”

Não consigo evitar sorrir ao ler a última frase. Respondo de volta:

Oi. Desculpa n responder antes, é q tivemos visita e eu tive q fazer sala pro filho dos amigos dos meus pais. Também to ansioso pra nos vermos amanhã. Boa noite, Sebastian. Tbm te amo!”

Em seguida adormeci em um sono profundo.

No dia seguinte, acordo disposto. Tomo um leve café na companhia de meus pais, e eles notam o meu bom humor. Fazem algumas brincadeiras comigo na mesa e depois volto para o quarto pra me arrumar para o passeio a tarde. Separo uma muda de roupa do guarda-roupa, depois tomo uma rápida ducha. Em seguida volto para o quarto pra me vestir.

Visto uma camiseta listrada, preto e branco de manga longa, e uma bermuda vinho, calço meu par de All Star preto. Dou uma rápida penteada nos cabelos e passo um perfume, quero estar cheiroso já que vou ver Sebastian.

Quando deu a hora de sair, recebo uma mensagem de Sebastian perguntando se eu queria que ele fosse me buscar em casa. Respondo que não precisa, e que eu encontraria ele na sorveteria. Saio de casa e sigo a pé, as ruas de Nova Alvorada estão movimentadas hoje. A sorveteria que marcamos fica no centro da cidade, é um ponto onde Alice e Victor saberiam encontrar facilmente, pois fica de frente para a praça central.

Continuo meu caminho sossegado, mas percebo algo estranho. Um carro preto com vidros fechado seguia lentamente um pouco mais atrás de mim. Ignoro, pois a rua está movimentada e, com certeza, deve ser algum carro parando em alguma das lojas da rua. Depois de um tempo perco o carro do meu campo de visão. Então sigo calmamente para o centro da cidade. Só estou a alguns quarteirões de distância. Viro em uma rua menos movimentada para pegar o caminho mais rápido.

Quando estou a quase chegando no fim um carro vira a esquina e vem em minha direção rapidamente. Era o mesmo carro preto da outra rua. Ele para ao meu lado e dois homens altos de terno preto abrem a porta e partem pra cima de mim. Rapidamente escondo o celular dentro da cueca achando que se tratava de um assalto, mas é pior que isso. Os dois homens tentam me segurar, mas eu resisto e tento escapar com uma cotovelada no rosto do homem que estava atrás de mim. Ele recua um pouco e eu tiro a oportunidade para fugir, corro sentido contrário ao que estava fazendo. E logo duas grandes mãos agarram meus ombros e me seguram por trás. O homem me levanta do chão. O outro rapidamente prende meus pés e minhas mãos. Logo o carro estava ao nosso lado com a porta se abrindo e os homens me colocando para dentro. O pânico toma conta de mim e a única coisa que imediatamente penso é em gritar.

Grito pedindo por socorro. Mas um dos homens agarra meu pescoço e me imobiliza. Tento sair de seus braços mas ele é muito forte, e apertava cada vez mais. Lentamente vou perdendo a consciência.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram do capítulo?
Já estou escrevendo o próximo e ele provavelmente será o último. Prometo q dessa vez n vou demorar uma eternidade pra postar. Obrigado por continuarem lendo essa história q eu escrevo com tanto carinho. E sintam-se a vontade pra comentar, os comentários de vcs me incentivam mt!
Um grande abraço a todos :)



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