O Internato escrita por Rain


Capítulo 10
Dez




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Entro rapidamente com medo de ser visto por Sebastian.

Uma mistura de emoções me invade. Tristeza, nervosismo, ciúmes, não sei bem definir o que é. Uma vontade de chorar toma conta de mim. Fecho meus olhos para reprimir as lágrimas e cerro meus punhos com tanta força que as lágrimas são substituídas pela raiva. Entro dentro da casa de Anna a passos largos. Vou à cozinha e viro boa parte de uma das garrafas de Vodka que tinham na mesa. Vou para a sala já sentindo uma leve tontura e levo a garrafa junto comigo. Lá avisto Camila sentada no sofá conversando com algumas pessoas.

Ando em direção a ela. Camila fica surpresa ao me ver, mas segundos depois sua expressão muda. Agora há desejo em seus olhos.

— Precisa de alguma coisa, Toni? — diz se levantando pra me encarar nos olhos.

— Preciso.

Sem perder tempo e movido pela coragem momentânea da bebida eu a beijo. Já conhecia o beijo de Camila, era muito bom. Suas mãos me agarravam pela nuca enquanto eu a segurava pela cintura. Nos separamos.

Camila se aproxima do meu ouvido e diz.

— Que tal subirmos para o quarto?

Aceno positivamente.

Ela segura minha mão e me conduz pelas escadas me levando até o segundo andar. Entramos por uma das primeiras portas a direita. Era um quarto rosa, todo decorado com pôsteres de cantores teens, provavelmente era de Anna.

Camila me joga na cama e se senta em cima de mim, voltamos a nos beijar. As mãos de Camila exploravam todo o meu corpo, ela alisava meu abdômen com uma mão enquanto a outra descia por uma das coxas.

— Você não sabe o quanto desejo você Toni. Sei que você tem medo de mim por causa de eu ser um membro do grêmio, mas eu quero você, eu desejo você. — Camila dizia entre beijos. Ficamos nos beijando por um tempo.

Camila tira sua camiseta, depois tira a minha e começa a beijar meu peitoral. Vai descendo pelo meu abdômen e, por fim, chega ao pé da barriga. Depois desabotoa minha bermuda e a abaixa junto com a cueca. Camila começa a me chupar. Fazia um bom tempo desde a minha última relação sexual, é ótimo poder fazer sexo novamente. Camila fazia movimentos lentos subindo e descendo. Não pude evitar dar pequenos gemidos de prazer. Camila é muito boa noa que faz. Depois de uns minutos, Camila para de fazer o oral e me encara.

— Isso poderia ter acontecido antes se você não ficasse fugindo de mim. Você deveria parar de andar tanto com Sebastian e andar mais com Victor. Ele que é o cara divertido.

Sebastian.

Começo a lembrar de Sebastian, do seu sorriso, do quanto ele é atencioso e carinhoso, lembro dele beijando a garota. Sinto uma dor inexplicável no meu peito.

Olho para Camila, ela me encarava decepciona. Já não estava mais com pênis ereto, eu havia brochado. Levanto-me rapidamente, visto minha camiseta e a bermuda.

— Sério? Você vai me deixar aqui? De novo.

— Desculpe Camila. Isso foi um erro.

Saio do quarto às pressas e vou sentido a saída. Já não estou mais com cabeça pra ficar neste ambiente. Ao sair pelo portão noto que Sebastian ainda estava lá, aos beijos com a garota. Saio silenciosamente pra não ser notado por ele, mas é em vão.

— Toni! Onde você está indo? — disse Sebastian vindo atrás de mim.

— Pra casa.

— Ia sem me avisar?

— Você tava meio ocupado, não quis atrapalhar. — digo num tom seco.

— Espera, eu vou com você.

— Não precisa, Sebastian. Fica aí fazendo… — Olho para garota, meu olhos se enchem de lágrimas, mas eu as contenho. — O que estava fazendo.

— Eu vou com você, só me dá um segundo.

Sebastian se virou para a garota que nos observava com uma expressão séria. Deve estar com muita raiva de eu interromper o momento. Ele troca algumas palavras com a garota e ela o beija. Sebastian aparentemente foi pego de surpresa pelo beijo e se separou rapidamente, mas isso não me impediu de ser tomado pela raiva novamente. Ele vem sem graça caminhando até mim.

— Vamos.

Andamos por todo o caminho em silêncio. Eu não sei o que dizer. Na verdade estou bem envergonhado pela cena que fiz. Sebastian também não puxava assunto, ele caminhava um pouco mais atrás de mim, e, eu não me atrevia a olhar pra trás.

Chegamos à frente de casa.

— Está entregue. — Sebastian rompeu o silêncio. Ele agora estava de frente pra mim.

— Boa noite.

Dou de ombro para entrar, mas Sebastian me impede. Ele me puxa pelos ombros e me dá um abraço. O abraço foi rápido, porém pareceu demorar uma eternidade. Sentir o cheiro de Sebastian, seu corpo junto ao meu. É estranho, me sinto estranho. Quando nos separamos ele abriu um pequeno sorriso.

— Nos vemos amanhã?

— Claro. Boa noite.

Entro dentro de casa.

Já passam das duas horas da madrugada e meus pais estão dormindo. Subo as escadas em direção ao meu quarto, tentando não fazer nenhum barulho pra não acordar ninguém.

Ao entrar fecho à porta. Me jogo em minha cama e começo a chorar. Essa noite foi muito esclarecedora. Por mais que eu não queira admitir, estou apaixonado por Sebastian. Não sei o que fazer, nunca senti isso por nenhum garoto antes, estou assustado. Sebastian me faz sentir especial, minha melhor hora do dia é quando estou em sua companhia. Apenas com seu sorriso ele é capaz de me deixar feliz. Eu não sei como lidar com isso, é tudo muito novo pra mim. Ele com certeza não sente o mesmo, seu afeto comigo é o mesmo que ele demonstra ter por Anna e eles são amigos de infância. Minha paixão está fadada ao fracasso.

Me sinto sozinho pela primeira vez em muito tempo. Nada nem ninguém pode me consolar, pois não posso revelar isso pra ninguém, não até eu mesmo entender direito o que está havendo comigo. Isso tudo é novo pra mim, minha mente está confusa.

Continuo chorando até cair no sono.

De manhã, acordo com os olhos um pouco inchados. Sento-me na cama e checo o celular. Havia uma mensagem de Sebastian. Ignoro a mensagem e desço para tomar café. Na mesa estavam meus pais, como de costume. Papai lia o jornal e mamãe fazia alguns sanduíches naturais para o café da manhã

— Olha quem acordou. — disse mamãe colocando os sanduíches na mesa.

— Como foi a festa garoto? — perguntou meu pai.

— Foi legal. — respondo seco. Não daria os detalhes da minha noite desastrosa.

Encho minha xícara de café e pego um sanduíche da bandeja.

— Filho que tal fazermos um piquenique no parque da cidade mais tarde? — minha mãe parecia animada.

— Não estou muito no clima de sair, mãe. Quero passar o dia no meu quarto.

— De jeito nenhum. — interveio meu pai — Você vai com a gente sim. Por acaso você vai passar as férias inteira no seu quarto?

— Não seria má ideia. — respondo

— Não vai não. Vamos dar um passeio em família.

 

 

 

Era minha primeira vez indo nesse tal parque, até porque nem tive tempo de conhecer a cidade toda antes de me jogarem dentro de um colégio interno. Descemos do carro e fomos caminhando a procura de algum lugar que tivesse grama baixa e sombra pra fazermos nosso piquenique. Deixei meu celular dentro do carro. Já tinham acumulado cinco mensagens de Sebastian desde que eu acordei. Eu nem sei como responder, estou muito sem graça do ocorrido de ontem. Evitarei Sebastian até quando puder.

O parque era enorme. Tinha muita área verde e algumas capivaras andavam livremente por todo o lugar. Pelo que tinha lido na placa da entrada o parque não era um simples lugar de lazer, mas também uma área de preservação ambiental. Havia algumas áreas asfaltadas, porém a maior parte do lugar era coberta por grama. Muitas pessoas passavam por nós, alguns caminhavam, outros andavam de bicicleta. Era um ambiente leve e agradável. Paramos numa área gramada próxima a uma quadra de basquete com alguns garotos jogando. Enquanto minha mãe estendia a toalha para nos sentarmos observo os garotos jogando basquete. Entre ele havia um garoto muito familiar e ele ao perceber nossa presença não parava de nos encarar. O garoto era Sebastian.

— Só pode ser brincadeira. — resmungo.

Passei o piquenique inteiro fingindo não ver Sebastian e torcendo para que meus pais também não o vissem, foi em vão. Ao notar Sebastian, minha mãe começa a acenar e a chamá-lo. Ele ao notar minha mãe o chamando acena para um amigo entrar em seu lugar no jogo, depois caminha em nossa direção.

— Oi senhor e senhora Vidal, como vão? — disse Sebastian.

— Oi, vamos muito bem. E já falamos que não precisa ser tão formal conosco. — disse minha mãe.

Sebastian falava com meus pais, mas me encarava a cada dois segundos. Eu olhava pra frente tentando evitar contato visual, mas era inútil.

— Toni, posso falar com você um minuto? — disse.

— Agora eu to com os meus pais, Sebastian. Podemos falar outra hora? — digo tentando não soar ríspido.

— Que bobagem, Toni. Vá falar com seu amigo. — falou meu pai.

Sebastian pega em minha mão e sai me guiando pelo parque. Eu tentava me soltar da mão de Sebastian, mas ele me segurava forte. Aquela situação estava me deixando muito envergonhado, por onde passávamos as pessoas nos olhavam.

Chegamos a um lugar vazio, era cercado de grama e havia um único banco. Sebastian finalmente me solta. Sento-me no banco enquanto Sebastian permanecia de pé a minha frente.

— Eu te fiz alguma coisa? — perguntou.

— Não. Por que está perguntando isso?

— Você está me evitando o dia todo. Ignorou minhas mensagens e agora no você nem sequer olha nos meus olhos.

— Não é nada, Sebastian. Sério, eu só não vi suas mensagens. — minto.

— Toni, eu mandei mensagem pra você o dia inteiro e nada de você me responder. Eu te fiz algo? Me desculpe.

Respiro fundo. Talvez eu tenha ido longe demais ignorando Sebastian. Agora estou exatamente na situação que estava tentando evitar.

— Você não tem que se desculpa de nada. Eu que tenho que pedir desculpa por ter dado a entender que havia algo errado. Está tudo bem.

— Tem certeza? — indaga.

— Tenho. — forço um pequeno sorriso.

Sebastian respira aliviado. Senta do meu lado e coloca a mão em minha coxa me fazendo arrepiar.

— Eu estava preocupado, mal dormi a noite pensando em você. — disse.

Eu já estava corado com a mão de Sebastian em minha coxa. Depois desse comentário minhas bochechas estavam pegando fogo. Uma pontada de esperança se ascende, talvez eu tenha alguma chance.

Ficamos ali sozinhos conversando. Sebastian estava deitado na minha perna e eu fazia carinho em seu cabelo. Somos interrompidos por uma ligação.

— Alô… Ah, senhora Vidal… Toni é pra você.

Ele me passa o telefone.

— Alô?

“Filho onde você está?”

— Estou aqui no parque mãe, mais no fundo.

“Seu pai e eu estamos indo embora, você vai com a gente ou vai ficar com Sebastian?”

— Esperem eu vou embora com vocês.

Sebastian fazia sinal negativo e gesticulava pra eu dizer aos meus pais para irem na frente, que depois ele me levava pra casa. E assim eu faço. Quero passar mais tempo com Sebastian. A noite de ontem foi horrível, eu tenho que reparar minha atitude infantil.

— Mãe pode ir depois eu vou embora com Sebastian. Até mais tarde.

Desligo o celular e entrego pra Sebastian. Voltamos a conversar. Depois de um longo tempo, quando já estava começando a escurecer ele me chama pra ir embora.

— Acho melhor irmos andando, meu irmão vem me buscar. Eu te deixo na sua casa.

Caminhamos de volta pra entrada do parque. Esperamos até o irmão de Sebastian chegar. Quinze minutos depois uma BMW X6 branca para a nossa frente, um homem de óculos escuro que aparentava estar na casa dos 20 anos era quem dirigia. Ele nos encara com uma expressão fria de superioridade.

— Vão entrar ou não? — disse o homem.

— Delicado com sempre. Vamos, Toni, nossa carona chegou.

Entramos no carro.

— Otávio esse é o Toni, meu amigo. Toni esse é o meu irmão.

— Prazer, Otávio.

— Prazer.

Eu não podia ver o rosto de Sebastian, mas ele devia estar tão desconfortável quanto eu. Seguimos boa parte do caminho em silêncio, até que percebo que Otávio fazia um percurso totalmente diferente da minha casa.

— É… Minha casa não é por esse caminho. — digo sem graça.

— Pra onde você está indo Otávio? Temos que levar o Toni em casa.

— Você quer levar o garoto embora sem comer nada antes? Não foi assim que eu te eduquei.

Paramos em frente a uma lanchonete. Eu nem estava com fome, mas fiquei tão sem graça que não recusei. Até porque ele foi até lá sem nos consultar antes. Entramos e nos sentamos numa mesa no fundo do recinto. A garçonete nos entrega o cardápio e depois volta para o balcão.

— Vão querer o que? — perguntou Otávio.

Sebastian aparentava estar bem desconfortável com a situação. Ele tentava disfarçar dando pequenos sorrisos, mas era evidente. Fizemos nosso pedido e pouco tempo depois o pedido estava em nossa mesa.

— Então vocês se conhecem do Colégio? — Otávio rompeu o silêncio.

— Sim. Eu cheguei na cidade há pouco tempo. — respondo.

— Hum. Meu irmão não costuma ser tão legal com quem não conhece. Você deve ter algo muito especial pra ter chamado atenção do meu irmão tão rápido.

Eu sorri sem graça

— Isso é uma coisa boa né?

— Acho que sim, eu estou tentando descobrir o que é especial em você.

Otávio me analisava. Agora que ele estava sem óculos de sol pude perceber que tinha os mesmos olhos pretos de Sebastian, e o mesmo cabelo castanho claro. Mas sua áurea era diferente, sua postura mais séria. Como se ao mesmo tempo em que está falando comigo, estivesse pensando em muitas outras coisas. Otávio era tão bonito quanto o irmão.

— Pare de falar bobagem. Toni tem muitas qualidades, só dele conversar contigo agora nesta lanchonete, que você o trouxe sem seu consentimento, já é digno de admiração. — Sebastian estava muito sério.

Otávio não disse nada, apenas continuou me estudando como se eu fosse um enigma a ser decifrado.

Depois que terminamos a refeição, Otávio me leva embora. Paramos em frente de minha casa.

— Toni, eu vou fazer uma pequena reunião com alguns amigos na minha casa na sexta feira. É uma coisa simples apenas para os íntimos. Você pode ir também. Assim Sebastian não fica sozinho no meio do pessoal velho. — Otávio diz antes que eu descesse do carro.

— Claro, eu vou sim.

Desço do carro e Sebastian desce também. Ele me acompanha até o portão, ainda parecia desconfortável, como se estivesse querendo dizer algo.

— Me desculpe pelo meu irmão. Se eu soubesse que ele ia fazer isso não tinha deixado. Se não quiser ir na festa eu vou entender. — disse finalmente.

— Tudo bem Sebastian. Seu irmão parece ser uma pessoa legal… no fundo.

— Bem no fundo aparentemente.

 

 


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Notas finais do capítulo

Olá leitores, como estão? O próximo capítulo sai no domingo.
Um grande abraço a todos :)