Calabasas' Almost Fairytale — Interativa escrita por Mxtheusx


Capítulo 13
12 — Band-Aids Don't Fix Bullet Holes


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo a galera vai acampar para ver se os casais conseguem resolver os problemas entre si e para ver se o novo casal consegue aproveitar, inevitavelmente algumas pessoas acabam sobrando e caindo em uma bad fodida... Enquanto isso em Calabasas, ocorre muito drama e tensão para quem ficou também. Beijos e espero que gostem ♥



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O Natal era um dia muito especial, a véspera então nem se fala! Mas nem todas as famílias estavam comemorando naquela noite: a família de Noah, o capitão e um dos jogadores estrela do time, por exemplo, chorava de luto pelo filho que nunca mais voltaria a marcar um touchdown, a família Ferreira-Duarte passou a véspera de Natal sentados em cadeiras duras de um hospital em Los Angeles esperando que a filha acordasse do coma e a família Marshall lidava com um patriarca preso e uma Elizabeth que se recuperava de alguns ferimentos leves… Mas é claro que essa realidade não era a de todo mundo, né?! Pedro aproveitou uma excelente festa de Natal ao lado de todo clã Anwhistle em Washington, na casa dos avós. Jason e a tia passaram o feriado como voluntários alimentando sem-tetos em Los Angeles, depois viajaram para Nova York onde iriam passar o Ano Novo. Enricco passou as noites de Natal e de Ano Novo tentando se comunicar com o namorado que não atendia suas ligações e nem respondia suas mensagens. Arabella passou o primeiro Natal longe do pai e viajou para Londres com o namorado, passaram o Natal com a mãe de Thomas e no Ano Novo invadiram uma biblioteca. Scarlett e Eleanor passaram o Natal com a família Lightwood e o ano novo com a família Topaz. Rico e Sebastian passaram o Natal com suas respectivas mas foram comemorar o Ano Novo também com a família Topaz. Angelina e Alexis também passaram o Natal com suas respectivas famílias, mas depois correram para Cabo San Lucas, se juntar a Alissa e o seu recente namorado: Jack Snyde. 

Infelizmente as férias de inverno não duram para sempre, e dentro de três semanas todos já estavam voltando às aulas. Ainda havia um grande memorial em homenagem a Noah, com inúmeras fotos danificadas do garoto, flores que já haviam apodrecido e velas que já haviam derretido por completo.

 

Naquele dia Scarlett estava calçando botas de couro marrom, um colete longo bege de lã e cashmere com padronagem xadrez Burberry por cima de um suéter branco e de uma calça jeans claro da Calvin Klein. Havia prendido seu cabelo curto em duas trancinhas que iam somente até os ombros, uma de cada lado da cabeça. Ela segurava um bloco de notas e uma caneta, ela estava a caminho de entrevistar os alunos para o jornal, para saber qual era a expectativa deles para o novo semestre que estava começando naquele dia.

Já havia se acostumado com o novo cabelo, planejava deixá-lo crescer só mais um pouco, mas já não sentia mais raiva de ninguém, na verdade mal se lembrava de que havia sido a irmã de Sebastian que havia cortado o seu cabelo. Aquilo na verdade era coisa para qual Sky menos se importava, ela sabia que continuava incrível de toda forma. 

Eleanor estacionou o seu mais novo Toyota Hilux SRV perto do local onde a amiga terminava de entrevistar um calouro. Ela estava usando um vestido de alcinhas solto, por baixo usava uma camiseta de manga longa branca e meia-calça branca, calçava galochas pretas da Louis Vuitton e no pescoço usava um lenço de seda estilo gravata Saint Laurent. Seu cabelo cacheado estava amarrado em um rabo de cavalo. Elly abraçou fortemente por trás a querida amiga que não via desde a noite de ano novo. 

— Começou cedo hoje, hein, Senhorita Topaz?! — Eleanor disse soltando a amiga que se virou para ela e a abraçou novamente. — Preparada para o nosso último semestre nesse inferno de cidade?

— Nossa, nem me fala! Só mais alguns meses e vamos estar em Nova York! — Sky respondeu animada. — Você viu o memorial que fizeram para o Noah?

— É realmente muito triste que alguém tão novo tenha morrido, o cara tinha uma vida longa e maravilhosa pela frente — Elly respondeu um pouco melancólica, era triste pensar que uma vida tão jovem havia sido interrompida. — Dirigir e beber é algo que nunca dá certo, me deixa puta como algo tão simples como chamar um táxi pode salvar a vida de alguém e as pessoas continuam vacilando.

— A Lizzie deve estar se sentindo péssima também… Ela não devia ter feito isso, e eu me pergunto como ela deve estar se sentindo por ter causado a morte de alguém.

— E coitada da Melinda também né? Eu soube que ela voou para fora do carro — Eleanor comentou.

As garotas começaram a andar em direção a entrada da escola, foi quando de longe Scarlett avistou Sebastian. Eles estavam se tornando mais próximos e havia alguma coisa nele que fazia com que ela quisesse conhecê-lo melhor. E ela não estava pensando em amizade. Apesar de ter sido a irmã do garoto quem havia cortado seu cabelo sem nenhum solicitação, Sky era incapaz de guardar rancor… Talvez porque estava caidinha por Sebastian Chanté. 

— O que acha do Sebastian? — Scarlett acabou perguntando para a amiga.

— Bom, ele é legal — Respondeu Eleanor.

— Tá, ele é legal e o que mais? — Scarlett perguntou analisando o físico do rapaz da cabeça aos pés.

— É isso, querida, ele é legal. O que mais quer que eu diga? Se ele é bonito? Sim, Scarlett ele é bem bonito, ele é educado, ele é um bom amigo e ele é legal — Elly respondeu revirando os olhos. — Tá  satisfeita?

— Sim — A ruiva sorriu e então se virou para a melhor amiga — E o que acha de eu chamar ele pra sair? 

Eleanor sabia que estava prestes a ouvir aquilo, mas mesmo assim ainda ficou um pouco surpresa, talvez porque no fundo de seu coração, mesmo que ela ousasse negar, ela sentia que estava rolando uma química entre ela e Sebastian, ela esperava que o garoto tomasse a primeira atitude em relação a isso, mas ele ainda não havia feito nada. 

— Só chama — Eleanor forçou-se a sorrir e deu um tapinha nas costas da amiga.

Scarlett se animou, saiu em passos rápidos de perto da amiga e começou a andar em direção ao rapaz. Seu coração estava acelerado, mas ela não estava nervosa, estava super confiante. 

— Oi, Sebs — Ela cumprimentou o garoto com um abraço.

— Oi, Sky — Ele deu um beijo desajeitado no rosto dela.

— Então, eu queria conversar contigo. Eu estava pensando se a gente não podia ir um dia, sei lá, fazer alguma coisa, sair para algum lugar, sair para comer ou tomar alguma coisa. O que acha? — Scarlett disse tentando segurar a empolgação.

— Legal, e o Rico e a Elly vão com a gente? — Sebastian quis saber.

— Não, não, eu estava pensando em algo só nós dois. Só eu e você — A ruiva umedeceu os seus lábios com a língua.

— Eu topo sim, pode ser no sábado? Eu passo…

— Pode, e eu vou te buscar, vou aproveitar e te levar para dar uma voltinha de moto — Ela disse com um largo sorriso nos lábios. — É isso, até mais.

— Até mais.

Eles se despediram e seguiram caminhos opostos… O que não fazia muito sentido já que ambos estavam indo para aula. 

 

Arabella havia dormido na casa de Tommy, não ia em casa fazia três dias, mas lá estava ela em plena segunda-feira chegando em casa no horário de aulas. Para sua surpresa seu pai estava lá, sentado no sofá e encarando a filha. Ele não falou uma palavra. Arabella manteve a cabeça erguida e foi caminhando em direção ao seu quarto como se lá fosse o verdadeiro lugar onde ela deveria estar. Quando foi fechar a porta deixou com que os dedos escorregassem pela madeira, o que acabou resultando em um estrondoso barulho quando a porta bateu. O xerife aproveitava o dia de folga bebendo cervejas e ouvindo Black Velvet, da Alannah Myles, ele estava tentando se manter tranquilo, até que a filha chegou e “bateu” a porta. 

— Que porra é essa? Deu para bater portas agora? — Ele gritou abrindo a porta do quarto de Arabella abruptamente. 

— O que foi, porra? Não bate antes de entrar não, caralho? — Arabella disse estressada. 

Ela havia passado um final de semana incrível na casa do novo “namorado”... O único problema havia sido o pai de Thomas, aliás ele só não havia sido um problema quando estavam fora do país. O que para Arabella foi incrível, ela havia dito para o pai que iria para Nova York, fazer a entrevista para a Universidade Columbia, mas a verdade era que ela havia ido para Londres com Tommy, onde passaram semanas incríveis, ela conheceu a mãe dele, os lugares preferidos dele e ela havia até mesmo se esquecido como era a vida real. Agora que estava de volta para Calabasas precisava se resolver seus “negócios” atrasados, mas antes precisaria de colocar o pai para fora do quarto. 

— Dá para você me deixar em paz? — Ela disse se deitando na cama e soltando o cabelo. 

— Dá para você conversar como uma pessoa normal? — O xerife colocou a garrafa de cerveja na mesinha de cabeceira da filha. — Você some o final de semana inteiro e volta com essa atitude? Qual é seu problema, garota?!

— Meu problema? — Arabella levantou-se, bastante irritada — Meu problema é você, pai. Unicamente você! Sai do meu quarto. Agora!

— Garota malcriada! Quer ficar sozinha? Então fica, porra — O homem virou as costas para a filha e começou a andar em direção a porta.

Antes de sair o pai de Arabella pegou a chave da porta, ao sair trancou a filha dentro do cômodo. A garota não ficou quieta, obviamente. Correu em direção a porta e começou a esmurra-la. Por que o pai tinha que ser tão escroto? 

— Vai a merda, seu escroto! Abre essa porra! — Ela gritou.

Cheia de raiva, Arabella se afastou da porta. Tirou debaixo da cama uma caixa, dentro dessa caixa havia um fundo falso, onde ela guardava alguns de seus “produtos”, pegou um pouco que havia vendido, um pouco também para uso próprio e pegou algum dinheiro. Colocou dentro de uma mochila, junto um punhado de roupas e colocou dentro também. A mochila estava nas costas, ela amarrou o cabelo em um coque frouxo e abriu a janela, que não abria por completo desde sempre. Mas a garota jogou a bolsa para fora e em seguida se espremeu para conseguir passar para o lado externo. 

O pai olhou intrigado a filha fugindo pelo jardim seco, sumindo no horizonte. Para ele era só uma fugida para a casa do namorado, mas a verdade era que Arabella não queria nem ver a cara de Thomas, ela só queria fazer as suas entregas, alugar um quarto de hotel e fumar uma baseado. Era difícil namorar com um careta que não gostava de acender unzinho nem de vez em quando. 

 

Enricco só havia recebido um telefonema de Jason no primeiro dia do ano, avisando que ele havia sido assaltado em Nova York e estava sem telefone, desde então não haviam se falado. As aulas já haviam voltado e Enri podia jurar que o namorado estava evitando-o. Então em um final de tarde de domingo decidiu que apareceria na residência Osborne, quando tinha certeza de que eles não teriam saído. As luzes estavam acesas e uma música clássica vinha de dentro da casa. A moto de Jason estava estacionada em frente a casa, Enricco sentiu o coração acelerar, todas as palavras fugiram de seu cérebro, sua língua travou e ele não sabia o que dizer.

Quando tocou a campainha sentiu uma pontada de pânico, quando a maçaneta se mexeu para abrir a porta sentiu que cairia para trás. E agora? Não era como se ele pudesse sair correndo. 

— O-Oi, Abby — Enricco estava tão nervoso que apertou fortemente o buquê de rosas brancas que ele segurava. — O Jason está?

A mulher usava um coque e vestia um vestido longo, solto e estampado. Em suas mãos ela segurava um incenso. 

— Enricco, meu querido! — Ela parecia feliz em ver o rapaz, até cumprimentou ele com um beijinho no rosto. — Entre, Jason está lá no jardim com umas amigas. 

— Obrigado — Ele agradeceu e entrou na residência.

O moreno já estava mais relaxado, ele temia que Abby tivesse interpretado ele mal e tivesse ficado com raiva com os últimos bolos que ele havia dado no sobrinho dela. Talvez Jason estivesse tranquilo com ele e não tivesse levado ele a mal, estava preferindo acreditar que havia sido coisa de sua cabeça achar que o namorado estava ignorando-o. Seguiu o caminho que ele conhecia muito bem até o jardim. Ele encontrou uma fogueira acesa, ao redor dela estava Jason, muito bem agasalhado e calçando botas pretas da Calvin Klein, com ele estava Angelina, Alissa e Alexis, elas vestiam cardigans gigantes e coloridos, usavam apenas meias e haviam deixado os sapatos jogados por todo o jardim. Todos sentados em tamboretes de madeira.

— Olha só quem chegou — Alfinetou Angel observando o garoto se aproximar. 

— Enri? — Jason se virou, ao olhar o buquê de flores corou um pouco. 

— Oi, meninas — Enricco cumprimentou as garotas com um aceno de mão e então se aproximou do namorado. — Oi, Jay — Deu um beijo no topo da cabeça do loiro e lhe entregou as flores. 

— Precisam de privacidade? Qualquer coisa a gente sai, sem problema nenhum… — Alissa disse já se levantando. 

— Senta aí, Ali. Vocês não vão embora. Vocês são minhas convidadas — Jason disse se levantando e apontando para Alissa para que ela se sentasse de volta. — O que você tá fazendo aqui Enricco? 

— Eu vim te ver. Estava com saudades de você. Você anda me ignorando — Enri tentou beijar os lábios de Jason, mas ele virou o rosto. 

— Estava com saudades de mim? Meu Deus, Enricco… Ainda me surpreende você pensar em mim — Jason disse voltando a se sentar no tamborete. 

— Ei, eu sei que eu tenho sido um péssimo namorado, mas eu prometo que vou melhorar. Eu quero melhorar… Eu faria qualquer coisa por você! — Enri disse se ajoelhando próximo ao namorado. — Você me faz tão feliz, e eu sei que apesar de ter sido um merda nesses últimos tempos também te faço feliz.

— Eu não sei… — Jason desviou o olhar, ele não queria perdoar tão fácil… Mas era tão difícil. 

— Meninos! — Alexis chamou a atenção deles e se levantou. — Eu sei do que vocês precisam! 

— Do que “nós” precisamos? — Enricco parecia confuso. 

— Sim, do que todos nós precisamos: sair para acampar — Ela disse animada, com um largo sorriso nos lábios. — Podemos ir para Big Sur acampar, vai fazer bem para a gente experimentar um lugar diferente. Vocês precisam de um tempo para vocês, cercados de pessoas que gostam de vocês. E eu preciso de umas boas fotos na praia. 

— Sim, vai ser perfeito! Eu to precisando mesmo de tomar um sol, anda muito frio nesses dias — Acrescentou Angel. 

— Vai por mim, meninos. Viajar estando namorando acrescenta aquele aspecto de lua de mel que vocês estão precisando! — Alexis argumentou cruzando os braços. 

— Eu não sei não — Jason não estava em clima de viagem, apesar de adorar as meninas sabia da fama de festeira delas e conhecia de perto como elas aproveitavam, um acidente envolvendo direção alcoolizada já havia abalado Calabasas nas últimas semanas, outra seria terrível demais. 

— Ah, não, Jason, nós vamos sim, meninas — Enricco disse tentando se mostrar animado. 

— Ok, então tá fechado, vamos acampar em Big Sur — Confirmou a loira, bastante empolgada. 

 

Jack estava completamente perfumado, com o cabelo espetado em um topete, vestindo Adidas da cabeça aos pés, todo de branco, seria um azar caso uma gota de café caísse sobre sua roupa. Ele esperava Alissa junto de Scarlett e Sebastian, aparentemente eles haviam tido um encontro e agora não se desgrudavam mais. Eles seguravam a mão um do outro sobre a mesa, o que havia sido uma surpresa para o rapaz. Jack e Sebastiana haviam se aproximado bastante desde que o primeiro ingressara no Clube de Culinária, Sebs havia até ajudado a escolher o presente que Jack dera para Alissa quando pediu ela em namoro há algumas semanas na viagem para Cabo. Acontece que Sebastian havia compartilhado com Jack que achava as garotas da escola superficiais demais, e por isso nunca havia namorado com nenhuma, nem iria namorar. Então ele devia ter mudado de ideia… Certo?

Quando Alissa chegou no salão externo do segundo andar da cafeteria Scarlett ainda falava sobre o encontro que havia tido com Sebastian. 

— Pois é, eu reforço que foi coisa de outro mundo! Você não tem noção do que é esse garoto na cozinha! Foi incrível… — Scarlett queria parar de falar, mas Sebs era tão diferente dos outros garotos de Calabasas. Tão interessante, tão legal, tão… perfeito. 

— Oi — Alissa disse, sem fôlego. 

Ela geralmente estava sempre sem fôlego porque sempre estava atrasada. 

— Meu pai e minha avó estão me deixando louca com essa história de casamento, não sei porque ele cismou que vai casar com essa mulher, daí a confeiteira favorita dela me deixou presa falando de bolos e doces. Vocês iriam adorar, eu odiei — Ela continuou.

Scarlett separou sua mão da mão de Sebastian e rodou o café no copo para esfria-lo. Alissa usava um casaco felpudo branco de pele sintética que a fazia parecer uma madame rica que havia acabado de matar o sugar daddy e saiu para tomar um drink com os amigos. 

— Finalmente você chegou — Jack disse se levantando e dando um beijo no rosto da namorada. 

Os dois se sentaram lado a lado. Logo um dos garçons trouxe um café gelado com creme extra e chocolate, colocou a bebida no guardanapo diante Ali. 

— Eu adoro este lugar — Ela pegou a bebida e deu um gole. 

Sebastian ficou olhando intrigado para aquela cena, agora ela entendia porque a irmã queria tanto pertencer ao grupo de Alissa, o garçom já sabia o que ela queria. Dá para ser mais descolada do que isso? 

Alissa ofereceu um cigarro para Jack, ele rejeitou, ela colocou um na boca e acendeu. Ela exalou, soprando a fumaça para o mais longe possível da mesa deles. 

— Vamos acampar? — Ela disse por impulso, aquela mesa parecia tão silenciosa e calada.

Scarlett e Sebastian se entreolharam. Como sempre, Alissa estava agindo por impulso, ignorando completamente o fato de que ela e a melhor amiga talvez fossem as últimas pessoas que Scarlett desejaria acampar, que no final do ano anterior, não há muitas semanas, a ruiva tinha um segredo na ponta da língua que poderia muito bem arruinar seu relacionamento.

— Como assim acampar, amor? — Jack perguntou um pouco confuso. 

— Sim, acampar perto de uma praia em Big Sur. Vai ser tão… Incrível. Vocês deveriam totalmente vir — Ela disse olhando para o casal. 

Jack roubou o cigarro dos dedos da garota e deu um trago. Nas últimas semanas havia vivido um sonho, vivendo em um lugar completamente diferente, longe de todas as pessoas que ele conhecia. Desde que havia voltado as lembranças do Baile de Inverno voltaram a atormentá-lo, era simplesmente torturante ter de olhar para o memorial em homenagem a Noah todos os dias. Ele deveria ter ficado com eles, com todos eles. Devia ter sido forte. Devia ter acordado e ter implorado para que Pedro desse meia volta, talvez Noah estivesse vivo e Melinda tivesse sido socorrida mais depressa. 

— É, vamos, Sebs — Chamou Jack. 

— Vocês vão adorar o Jason — Alissa tomou um gole de seu café gelado. — Ele é a melhor pessoa! Tem um coração gigante e é super bonzinho, mas é meio rato de festa também. 

Jack assentiu e deu mais um trago no cigarro. Não via Jason com Enricco já fazia um bom tempo, estava torcendo para que os dois tivessem terminado, seria menos um problema para ele ter que lidar.

Eleanor chegou perto da mesa gargalhando e de braços dados com Rico que também estava rindo. O sorriso de Rico morreu no momento em que ele colocou os olhos sobre Alissa e Jack, mas ele agiu naturalmente e os cumprimentou com um aceno com a cabeça. Eleanor nem se deu ao trabalho de cumprimentá-los. Jack continuou a fumar e Ali estava focada em seu excelente café, demorou alguns segundos para que ela notasse a presença de Eleanor e Rico. 

Alissa simplesmente se levantou, deu um beijo no rosto de cada um e disse “oi” como se não tivesse percebido que eles haviam ignorado-a, então ela voltou para o seu lugar. Ela definitivamente não era do tipo de guardar rancor… Pelo menos não por muito tempo.

 — A gente tava falando sobre uma viagem que estamos planejando. Vocês deveriam vir com a gente — Alissa fez o convite com um meio-sorriso nos lábios. 

— Ah, vocês vão viajar? — Eleanor perguntou encarando Scarlett e arregalando os olhos. “Você tá doida? Realmente vai fazer isso?”, era o que ela queria dizer a amiga.

— É… Acho que vamos — Sebastian disse olhando para Jack e em seguida para Scarlett. — Certo, Sky?!

— Sim, parece uma boa — Ela disse descontraída. Ela na verdade gostava de Jack, ele era um cara legal e divertido… Mas será que Rico iria aceitar? E a verdade era que ela não tinha motivos para ter raiva de Alissa, a garota nunca havia feito nada para ela realmente. — Parece uma festa. Vamos? 

— Legal. E o que precisamos levar para esse acampamento? — Eleanor perguntou puxando uma cadeira e se sentando na cabeceira da mesa. 

— Coisas de acampamento, barracas, cobertores, comidas e principalmente: as bebidas, ué — Jack respondeu revirando os olhos para o garoto. Ele ainda não havia conseguido esquecer o encontro dos dois no Baile de Inverno. 

— Então nós vamos — Confirmou Eleanor. 



Havia chegado o dia do acampamento. Todos passaram a semana ansiosos com a viagem, comprando cada vez mais coisas que julgavam serem úteis, como por exemplo Angelina que havia comprado uma barraca de oito lugares apenas e exclusivamente para ela, Alissa comprando novas galochas da Chanel, Alexis comprando muita maconha, Jack comprando cinco garrafas de tequila e Rico fazendo estoque de repelentes. Todos haviam combinado de se encontrar no posto de gasolina na saída da cidade, na estrada que levava para o local do acampamento. Os primeiros a chegar foram Eleanor e Rico, encheram o tanque do veículo e foram na conveniência onde compraram alguns doces para a viagem. Logo chegou Scarlett e Sebastian na moto da ruiva, colocaram suas malas no banco de trás do carro de Eleanor. Em seguida chegada Jason e Enri também chegaram de moto, também colocaram suas coisas no carro de Elly, que ia praticamente vazio. Após alguns minutos Alissa chegou em seu novo carro, surpreendentemente trazendo Elizabeth no banco de trás. 

— Bom dia, é um belo dia para se viver — Alexis disse ao abrir a janela do banco de trás. 

— Vamos, são quatro horas de viagem e é melhor a gente chegar cedo para aproveitarmos mais — Alissa instou.

Eleanor revirou os olhos, ela havia sido a última a chegar, qual era o direito que ela achava que ela tinha de apressar as outras pessoas? 

O carro mais animado sem dúvida nenhuma era o que estava Alissa e Jack, Lizzie se mantinha quieta, com a cabeça deitada na janela, já Angelina e Alexis faziam a maior farra no banco de trás, fumando cigarros e bebendo um vinho que Angel havia roubado da adega dos pais. No som tocava no último volume Florence + The Machine. Jack estava preocupado, Alissa havia sido responsável em não beber enquanto dirigia, mas ele não sabia por quanto tempo aquilo duraria, ele esperava que pela viagem inteira. Só de pensar na garota bebendo e dirigindo ele sentia o coração apertar. 

Já o carro de Eleanor estava um completo silêncio, vez ou outra ela ou Rico comentavam alguma coisa com o outro, mas passaram grande parte da viagem em silêncio. 

Enricco segurava na cintura de Jason com bastante força, a moto deles estava lado a lado de Scarlett, que estava empolgada mais do que nunca por estar carregando Sebastian pela segunda vez na sua garupa. Era tão emocionante. 

Foram quatro horas de viagem até que chegassem na praia, já era meio-dia e a grande maioria deles estavam famintos, mas antes que pudessem pensar em comer alguma coisa, Alexis obrigou todos a montarem suas barracas. Scarlett montou uma barraca para ela e Sebastian, depois ajudou Eleanor a montar uma para ela e Rico, Alissa e Jack montaram a barraca juntos, assim como Enricco e Jason, Alexis após montar sua barraca precisou de auxiliar Angelina a montar a barraca para oito pessoas, mas onde só dormiria uma. 

Sebs e Jack montaram uma tenda grande perto do mar e de algumas pedras, seria onde eles iriam cozinhar. Com a ajuda de Alissa montaram um fogão improvisado com pedras e carvão, após lutarem para acender o fogo estava tudo pronto. Cozinharam um rápido macarrão com queijo para matar a fome de todos, mas assim como tudo o que Sebastian preparava estava completamente saboroso. Todos repetiram, menos Alexis e Angelina, que não queriam se entupir de comida antes de encherem a cara. Quando chegaram estava tudo cinza, mas o mar estava excepcionalmente azul, depois do almoço o céu estava tão azul quanto o mar e apesar das nuvens acinzentadas do céu, o sol brilhava fortemente. 

— Vamos explorar o local — Alexis disse puxando Alissa pela mão e lhe entregando uma garrafa de cerveja. — Vem, Angel. 

As garotas subiram pelo morro, caminharam pela grama e sumiram entre os arbustos. Scarlett e Sebastian começaram já a juntar o lixo, Eleanor e Rico sentaram-se na areia observando o casal. 

— Eles já estão catando o lixo? — Eleanor comentou.

— É, é o que parece — Rico respondeu.

O jovem italiano se levantou e caminhou até a caixa térmica, sentia o coturno pesado afundando profundamente na areia. Afastou os cubos de gelo com a mão e agarrou duas garrafas de cerveja com só uma mão. Rico estava usando camiseta mangas longas preta em algodão, uma calça jeans preta e reta. Por cima havia se agasalhado com uma jaqueta matelassê de plumas, Moncler. Eleanor havia prendido o cabelo cacheado em uma trança, estava usando uma jaqueta de couro preto Diesel, um vestido azul florido, meia-calça preta e coturnos marrons.

— Valeu, Rico — Eleanor agradeceu pegando a cerveja e a abrindo com os dentes. 

— Caralho, como você consegue fazer isso? — Rico por exemplo precisou da ajuda de um abridor portátil de garrafas que ele guardava no bolso.

— Costume, nem todo mundo se lembra de guardar um abridor no bolso — Eleanor brincou. — Eu nunca pensei que Sebastian fosse, tipo, namorar a Scarlett.

Rico olhou com um sorriso malicioso para Eleanor, aquele comentário aleatório dela era no mínimo suspeito, mas ele não diria nada, como de costume. 

— Sei lá, mas ele me passou a ideia de que nenhuma das meninas da escola eram boas os suficiente para ele — Elly deu um gole em sua cerveja. — Eu estou preocupada, Sky pode estar indo rápido demais. Eles só tiveram um encontro.

Aquilo era preocupação ou era ciúmes? 

— Relaxa e aproveita a viagem, hoje o dia está lindo — Rico disse olhando para o belo mar que estava a sua frente. 

 

Elizabeth estava melancólica. Estava com os cabelos soltos e desgrenhados por causa do vento, não usava nada de maquiagem no rosto. Estava usando um antigo suéter xadrez de lã da Burberry e uma calça legging branca de lycra que ia até a metade de suas canelas. Ela estava descalça e deixando com que as ondas morressem em seus pés. Jack se aproximou dela, usando jeans slim da Calvin Klein e uma regata vermelha da Adidas. 

— Eu pensei que você não viria, fico feliz que você tenha vindo — Jack disse tentando puxar conversa com Lizzie, mas ela não havia ainda nem olhado para ele.

— Da última vez que você me disse isso eu acabei num acidente de carro aguardando resgate por horas — Ela disse dando uma olhada de canto para o garoto.

— Lizzie, eu já me desculpei. Eu sei que quem levou toda a culpa foi você… Eu sei que isso não foi certo — Ele tentou colocar a mão no ombro dela, mas a garota se esquivou. 

— Sabe, em um ano em que eu fui obrigada a mudar de cidade, deixar todos os meus amigos para trás e vi meu pai ser preso dentro de caso, foi o auge ter finalizado o ano acidentada e abandonada na estrada pelo meu único amigo, claro, além de ter perdido minha carteira por supostamente dirigir alcoolizada e ter sido indiciada por homicídio culposo — Elizabeth respirou fundo para não surtar, sair correndo e contar a verdade para todo mundo. — Você é um dos meus únicos amigos nessa cidade, Jack. Por que você não voltou para me buscar?

— Eu quis… Mas… Eu desmaiei. Eu estava me sentindo esquisito — Jack revelou. — Pedro me ajudou e Alexis prometeu que iria ajudar vocês. 

— Sim, ela realmente ajudou, ela apareceu com a ambulância e levou todo mundo para o hospital. Minha sorte é que eu não estava tão machucada, mas a Melinda… O Noah… Jack, eu nem queria ter entrado naquele carro — A voz de Lizzie estava chorosa.

— Ei, vai tudo ficar bem. Eu vou te ajudar em tudo — Jack puxou a morena para um abraço. — Eu prometo para você que vai ficar tudo bem e não tem com o que se preocupar. 

Lizzie sabia que em situações como aquela o pai facilmente livraria a garota de todos os problemas, mas era impossível agora que o mesmo estava atrás das grades, ela agora só podia contar com Jack. Ele era o único amigo dela de verdade e ela sentia que o perderia se contasse a verdade. Ela se livraria do julgamento e da sentença, mas valeria perder Jack por isso?

 

As meninas voltaram da caminhada animadas, segurando uma grande quantidade de pedaços de madeira, depositaram no meio do acampamento que haviam montado e chamaram o restante para ajudar a montar uma fogueira. Jack e Sebastian correram para pegar uma maior quantidade de gravetos para juntar, Rico logo depois foi pegar outros pedaços de madeira seca para alimentar o fogo caso a fogueira acabasse. Eles acenderam logo ali mesmo, com um maravilhoso pôr do sol na frente deles, sentindo a brisa do amor e um delicioso friozinho do inverno da Califórnia. Formou-se uma roda em forma da fogueira, Alexis correu para a caixa térmica pegar uma bebida que ela havia trazido de casa. Jack acendeu um baseado para ficar bastante chapado. Alissa correu até o carro e ligou o som alto para que todos pudessem sentir cada batida. Estava tocando I Will Follow, do U2. 

A morena dançava balançando os braços para cima e para baixo de acordo com o ritmo da música enquanto seus quadris se mexiam lentamente, Angelina se levantou espirrando areia em Rico e Sebastian, que estavam do seu lado, e foi dançar com a amiga. Jack passou o baseado para Jason, que passou para Alexis, que estava com um cigarro na mão e um beck na outra, e parou por ali, porque ela ficou viajando olhando para as faíscas que saíam da fogueira. A bebida rodava por todos aqueles que estavam na roda. 

Quando o baseado voltou para Jack, Alissa sentou em seu colo. Ela lambeu o pescoço dele como se fosse um picolé e roubou o baseado do namorado. 

— Fala aí, Angel, qual era o seu nome artístico quando estava com as supermodelos? Era verdadeiro como o da Gisele ou mudou como o da Gigi Hadid? — Alexis provocou fazendo círculos de fumaça com a boca. Embora já soubesse, por um programa da MTV, que ela utilizava o nome verdadeiro. Na verdade, achava que só “Angel” era bem melhor do que “Angelina Vermont”, mas ela não iria ser uma vaca na frente de todo mundo e dizer isso. 

Angelina deu sua famosa risadinha tímida, que já havia sido capturada inúmeras vezes pela Teen Vogue e Harper’s Bazaar e continuou a dançar. 

— Qual é?! Você não sabe? — Provocou Alissa do outro lado da fogueira. 

— Você é bem mais bonita pessoalmente — Brincou Jason agarrando um punhado de areia e jogando nas longas pernas de Angelina quando ela estava dançando perto dele. Era óbvio que ele estava brincando porque Angel era completamente impecável de qualquer maneira.

Angelina recuou para trás e tapou o rosto, fingindo se envergonhar de sua boa aparência.

Alissa virou uma grande quantidade de bebida e passou para Enricco que estava sentado ao seu lado, quando ele somente bebericou, voltou a devolver a garrafa para ela, mas Ali não se deu por convencida e obrigou Enri a beber a mesma quantidade que ela. Começou a tocar Womanizer e a garota pulou para fora do colo do namorado. Ele agarrou ela pela cintura e tentou fazê-la ficar, mas ela acabou escapando de qualquer forma. Tudo o que ela queria era se divertir um pouco.

Alissa deu uma tragada tão forte no baseado que acabou tossindo, algo que raramente acontecia. Tudo o que Alissa queria era se divertir um pouco o tempo todo

Rico se levantou e trouxe a caixa térmica com cervejas para mais perto da roda.

— Ei, tem cervejas aqui. Alguém aí está com sede? 

— Eu, por favor — Eleanor respondeu de imediato. A bebida de Alexis era muito doce e não estava tão gelada, ela precisava definitivamente de uma cerveja gelada. 

Sebastian ajudou Rico a passar sete cervejas para o pessoal que estava ao redor da fogueira. Jack demorou a pegar a sua, estava completamente aéreo.

— Tintim — Enricco disse batendo sua garrafa na do namorado.

Enricco já se sentia um pouco bêbado, e apesar não ser íntimo de todos naquela roda, estava meio tímido, ainda mais por causa de seu histórico com Jack. Ele estava introspectivo que as pessoas se perguntavam se ele estava realmente se divertindo, mas ele nem estava pensando nisso. Só de sentir o cheiro do cabelo louro-claro do namorado e poder beijar a pele alva de seu pescoço, já valia a pena. Logo os dois já estavam esquecendo os problemas e beijando intensamente a boca um do outro. 

Os olhos de Jack capturaram Alissa enquanto ela dançava e cantava The Less I Know The Better junto de Angelina. O que era bom, considerando que para aproveitar sua onda ele não queria pensar em coisas ruins. Ele não conseguia parar de babar por ela. O loiro se levantou, mas sentiu que estava flutuando.

— Você é a garota mais bonita que eu já conheci — Murmurou ele na orelha cheia de piercings dela. — Não consigo acreditar que essa deusa é minha namorada.

Alissa deu mais um longo trago no beck, ainda sentia a garganta um pouco irritada. Ela sabia que o namorado estava extremamente chapado. 

— Deusa que nada, você tá viajando — Disse ela. — Sou apenas eu.

Jack continuou encarando Alissa. Ela não se conteve e soltou um gargalhada. 

— Pare com isso — Ela disse com um largo sorriso nos lábios. — Fuma um pouco aí, Lizzie — Ali disse se afastando indo até a garota — Para ver se você melhora essa cara de bosta. 

Elizabeth estava chateada, então sem pensar muito colocou o beck na boca e fumou. O que de pior poderia acontecer na vida dela? 

A mão de Scarlett sem querer tocou a coxa de Sebastian, eles imediatamente se olharam. Ambos estavam levemente bêbados e, apesar de não terem fumado, estavam chapados por tabela. Eles foram se beijar e acabaram batendo os dentes. Gargalharam. Aquele momento era cômico demais para passar despercebido. Estava tocando SICKO MODE, Angelina e Alissa rebolavam cantando a música do Travis Scott, mas Jack estava hilário, completamente chapado tentando cantar junto com as meninas, Alexis também estava travada de tão chapada. Lizzie estava com uma cara incrivelmente engraçada, mas a verdade era que ela parecia estar achando aquilo tudo meio desagradável. Rico parecia estar aproveitando sozinha, já que Eleanor parecia não ter se encaixado. Sky e Sebs gargalharam alto. Depois se beijaram e ficaram se beijando por um bom tempo. 

Alexis só parecia morta para o mundo, não estava. Ela percebeu Scarlett se jogando para cima daquele cara engraçadinho do clube de culinária que ela não fazia ideia de quem fosse, e também percebeu Elizabeth parecia meio desconfortável. Ouvir a risada do mais novo casal fez com que ela acordasse para a vida e começasse a dançar com as amigas. 

— Okay, vocês vem dançar — Alexis disse ao se levantar, mas somente Rico e Elizabeth se levantaram. 

Eleanor permaneceu sentada. 

— E aí, Elly. Não quer vir dançar com a gente? — Perguntou Rico.

— Eu to com um pouco de sono — Eleanor disse um pouco enrolado… Meu Deus! Ela também havia chapado por tabela? E o que havia naquela bebida da Alexis? 

Eleanor não sabia o que estava sentindo, mas de repente virou metade da garrafa de cerveja e já pegou outra. Rico se aproximou de Eleanor e se sentou mais uma vez do lado da garota, pegou uma cerveja para si e silenciosamente decidiu que iria fazer companhia até que ela melhorasse.

 

Jack se aproximou de Ali enquanto tocava Banquet. Ela estava de costas para o namorado, mas quando as mãos dele foram colocadas em sua cintura ela rodopiou ficando de frente para ele. Jack tinha a certeza de que estava apaixonado e de que ele queria Alissa mais do que qualquer coisa… Mas mesmo assim, algo parecia errado, talvez aquela história dela ter beijado Rico enquanto os dois estavam juntos. Ele precisava tirar isso a limpo para ficar em paz e é claro, para que os amigos de Sebastian ficassem mais a vontade, era claro que Eleanor não estava curtindo nem um pouco e Rico estava se esforçando ao máximo… Mas ele queria se divertir com o cara que havia lhe dado um soco e cuspido em seu rosto?

— Tem uma coisa que tá me atormentando, amor — Jack disse acariciando a pele macia do rosto da namorada. — Você realmente ficou com o Rico enquanto estávamos juntos?

— Não... — Respondeu a garota com um meio-sorriso nos lábios — Fiquei com o Rico enquanto a gente tava se conhecendo.

— Porra, Alissa — Jack se afastou — Mas eu já estava gostando de você, caralho.

— Jack, qual é?! A gente não tinha combinado exclusividade nenhuma, e eu só queria me divertir — Ela deu de ombros. — Esquece isso, não é nada.

Jack estava tentando ser racional, mas com a quantidade de álcool correndo pelo seu corpo era praticamente impossível. Ele somente fechou a cara e se afastou enquanto Alissa pulava na areia dançando junto de Angelina. 

— Quer conversar? — Lizzie perguntou se levantando e jogando a ponta do baseado na fogueira. — Eu sem querer ouvi o que vocês estavam conversando.

— E o que você acha disso? — Jack quis saber.

— Acho que você tem que se desculpar com o Rico, ele não tem culpa, quem estava se envolvendo com você era a Alissa — Lizzie aconselhou. — Mas também não adianta você ficar sofrendo por uma coisa que já aconteceu e ainda mais que vocês nem estavam namorando. Se desculpe com o Rico e foque no seu relacionamento com a Ali.

— Você tem razão, Lizzie — O loiro abraçou a amiga e lhe depositou um beijo na testa. — Você está completamente certa — Por mais que doesse admitir, afinal querendo ou não ele havia beijado sua namorada, naquele momento para Jack parecia a coisa certa a se fazer. 

Apesar da companhia de Rico, Eleanor sentia que estava sobrando ali, ela estava olhando e vendo que o amigo queria curtir, mas ela simplesmente estava incapacitada. Logo Jack se aproximou dos dois, ele estava entre Eleanor e Rico, agachado. 

— Ei, Rico. Eu queria me desculpar contigo — Jack respirou fundo. — Eu não devia ter partido para a agressão contigo e nem ter… cuspido em você. Foi uma coisa ridícula. 

Pelo tempo em que o rosto de Rico ficou doendo, ele fantasiou várias vezes sobre como iria se vingar de Jack, mas assim que a dor passara ele rapidamente se esqueceu do que havia ocorrido no final daquela noite. Aliás, insistir em uma briga com Jack não o ajudaria em nada.

— Tudo certo, cara — Rico esforçou-se para sorrir. — Não tenho desejo nenhum de me envolver entre vocês — Até porque sempre dava errado — Eu mesmo já conversei com a Alissa e disse que aquele beijo não significou nada para mim. Eu realmente não sinto nada por ela.

— Tranquilo, irmão — Jack sorriu. — Agora por que vocês não vêm dançar com a gente?

— Ok, vamos — Rico disse se levantando junto de Jack. 

— Olha, galera, foi mal, mas eu sou fraca para bebida e… — Eleanor bocejou — Estou morrendo de sono. 

Ela engatinhou por alguns centímetros e se levantou. Todas as barracas pareciam tão iguais naquela zona escura, então ela deitou na primeira que viu pela frente. Respirou fundo e fechou os olhos. O mundo girava. Ela sentia o estômago esquisito. Deitou de estômago para cima e seguiu respirando fundo, tentando sentir o ar fresco em seus pulmões. Estava bêbada e meio chapada, mas em alguns minutos ela já estava me adormecendo.

 

— É muito bom ficar com você, mas eu só queria… — Jason começou a refletir enquanto dançava frente a frente com o namorado.

— Só queria o que? — Enricco perguntou virando a cerveja e a colocando na areia.

— Eu queria que você estivesse mais comigo, principalmente em certos momentos, como no Baile de Inverno, você disse que iria — Jason desabafou.

Enri revirou os olhos e sorriu.

— Eu estou aqui com você. Na nossa primeira viagem juntos — Ele envolveu o namorado em um abraço. — Eu amo você, e eu prometo que nunca faria nada para magoar você. 

— Então por que você faz isso? Simplesmente me abandona, me deixa esperando por você, ou sai sem mim — Jason selou seus lábios aos lábios do namorado. — Eu quero você comigo. 

— Eu estou com você. E sempre estarei — Ele apertou o corpo magro de Jason contra o seu. — É onde eu quero estar.

— Mas eu queria que você me acompanhasse mais nos eventos. Eu quero gritar para o mundo que estamos juntos — Jason disse abraçando fortemente o namorado. 

— Mas nós vamos aos eventos juntos — Enricco retrucou beijando a testa de Jason.

— O aniversário da Scarlett e a festa de Halloween da Alissa não contam, Enricco — Jason disse se afastando do namorado. — Por que o mundo todo não pode saber que estamos juntos?

— Porque é complicado, Jason — Enri olhou para os seus próprios pés, um pouco envergonhado. — Eu ainda não sou assumido para minha família, esse é um grande passo, para o qual eu não sei se estou preparado. 

— Eu adoro você, Enricco. Mas eu não sei se você está preparado para mim — Jason disse se afastando ainda mais, indo na direção das garotas.

Alexis que já estava um pouco bêbada abraçou Jason e deu um beijo em sua bochecha.

— Deu uma pausa na DR e veio aproveitar com a gente? — Ela perguntou obrigando o rapaz a dançar.

— Eu acho que vou dormir, é a melhor coisa a se fazer — Jason informou tentando escapar das garras da loira. 

— Nem fodendo, Jason! Você veio para aproveitar com suas amigas e seu namorado, veio para resolver os seus problemas e ser feliz — Alissa disse depois de ouvir o que Jason havia acabado de falar. — Jack! Pega mais uma bebidinha da Lexi para o Jason, ele tá precisando. 

Logo Jack trouxe a bebida e entregou para Jason. Enricco sentiu uma ponta de raiva, afinal garoto Snyde havia contribuído para um de seus vacilos com Jason. Mesmo bêbado ele não queria estragar tudo, pois pelo menos enquanto virava a bebida, Jason parecia estar se divertindo. 

Scarlett e Sebastian pegaram mais duas cervejas e se levantaram para dançar, quando viram botas marrons para fora de uma das barracas.

— Eleanor apagou — Sebastian notou.

— A gente devia fazer um bigodinho nela — Sky disse ao risinhos.

— Eu sempre carrego lápis de olho na bolsa — Alexis revelou.

Se Scarlett não estivesse tão bêbada e chapada ela teria revirado os olhos, teria ignorado a garota e teria ido dançar com Sebs.

— Pega lá! — Ela gritou para a loira.

Havia dois lápis de olho preto, juntas elas desenharam um bigode em Elly, além de diversos outros desenho obscenos, como pênis de todos os tamanhos e peitos. Elas riam tanto que era uma surpresa Eleanor não acordar e acabar se estressando com as duas. 

— Ela parece uma boneca — Observou Scarlett.

— Vem, vamos voltar para lá — Alexis disse puxando Sky para fora da barraca e arrastando para junto dos outros. 

E quem diria, as duas garotas que há algumas semanas estavam em pé de guerra, agora bêbadas dançavam juntas ao redor da fogueira ao som de alguma música do Drake.

Jack já estava bolando um beck, este para selar sua paz com Rico. Jason havia decidido a seguir o conselho de Alexis e ficar tranquilo com Enri, pelo menos por aquela noite, Angelina bebia com Alissa enquanto ambas dançavam. Elizabeth tentava esquecer todos os problemas, olhando para o céu e dançando, ouvindo a música e as ondas do mar. Todos os dias poderiam ser assim. 

Entre os baseados e algumas carreiras de cocaína, a bebida consequentemente acabou.

— Sabe, a gente podia ir para a barraca descansar — Enricco sussurrou no ouvido do namorado. 

Jason sentiu sua pele se arrepiando. Ele terminou a cerveja em um gole e começou a beijar os lábios do namorado. 

— Você tem razão... — Ele disse agarrando a bunda de Enri — Mas eu ainda guardei algumas energias para gastar com você. 

Alissa foi colocar a garrafa de cerveja na areia, junto das outras, quando sentiu os braços do namorado ao redor de sua cintura. As mãos do rapaz percorreram as laterais de seu corpo e ao chegar na altura de seu busto, ele virou-a para si. 

— Que bom que estamos bem — Ela disse selando seus lábios aos lábios do rapaz.

— Eu não quero que nada atrapalhe a gente — Ele disse com o rosto bem perto do dela — Eu esperei tempo demais para ficarmos juntos. 

— É, eu também — Ela sussurrou. 

O beijo do casal começou na fogueira e só foi terminar na hora que eles tiveram que entrar na barraca para continuar a noite. Algumas peças de roupas foram deixadas no caminho.

Scarlett e Sebastian silenciosamente se levantaram e foram para a barraca deles também, deixando para trás Elizabeth, Angelina, Alexis e Rico. 

— É, eu acho que os casais foram dormir — Comentou Angel fumando o último baseado. 

— Você tem que ser muito ingênua se acredita que eles foram dormir — Alexis disse com um sorriso malicioso nos lábios. 

Angelina cambaleou e acabou caindo de joelhos na areia. Todos riram, inclusive ela, que teve um acesso interminável de tosses. No meio da gargalhada, Rico e Lexi acabaram se trombando. 

— Foi mal — Ele desculpou bebendo o último gole de sua cerveja quente. 

— Que isso, gato. Tromba de novo — Os olhos dela estavam quase se fechando de tão pequenos e ela estava claramente bêbada, podia-se notar na voz dela. — Não é porque a gente não tá de casalzinho que não podemos nos divertir. 

— Eu tô fora de mais problemas, Ale… — Rico começou a dizer.

— E eu estou solteira, meu bem. Livre, leve e solta — Ela disse dando uma risadinha. 

Alexis puxou Rico para si e lhe deu um beijo bem demorado e bem molhado. Ela estava bêbada e excitada, ele também estava, então não tinha problema nenhum.

— Vem, vamos para a barraca da Angel — Alexis disse olhando fixamente para Rico com aquele sorrisinho malicioso.

— E onde ela vai dormir? — Rico perguntou um pouco confuso.

— Com vocês — Angel deu uma risadinha. — Somos amigas. Dividimos as… coisas — Ela disse, mais uma vez cambaleando para os lados.

Elizabeth acabou ficando sozinha na praia. Ela estava se sentindo profundamente mal, talvez a maconha estivesse realçando sua tristeza. Sentou-se olhando para o mar, colocou a testa nos joelhos e começou a chorar. Era como se ela estivesse engasgada com um milhão de coisas para dizer, mas não conseguia dizer nada. Só se sentia profundamente sozinha. Odiava sua vida. Odiava a si mesma, ou melhor, odiava o que havia se tornado. Calabasas era para ser sua! Sentiu saudades do primeiro dia de aula dela, quando conquistou uma vaga nas Líderes de Torcida e ainda tinha o pai ao seu lado. Agora tudo estava desmoronando. Deitou-se na areia, perto da fogueira. Começou a olhar as estrelas e logo adormeceu.

 

No domingo pela manhã, aqueles que haviam decidido acampar começaram a recolher o lixo e a arrumar as coisas para irem embora, profundamente tristes com o inverno, com a neblina e com a menor chance de aproveitarem a praia pela manhã. Enquanto isso, a família Anwhistle havia decidido levar flores, para a filha dos Ferreira-Duarte, que havia se envolvido em um acidente de carro e estava em coma. 

— Oh, meus queridos, não precisava — A Senhora Ferreira-Duarte disse ao ver de longe a família Anwhistle se aproximando com um enorme buquê de flores. 

— Claro que precisava, minha querida — A Senhora Anwhistle deu um abraço na outra mulher. — Pedro insistiu em vir ver Melinda. 

— Como ela está? — Perguntou Pedro segurando com força o buquê de flores. 

— Vá ver você mesmo, garoto. Ela está se recuperando de uma cirurgia — O Senhor Ferreira-Duarte disse. 

Pedro entrou no quarto segurando o buquê de flores, deixou ele junto dos outros e se aproximou da cama onde estava a garota acidentada. Quando Jack finalmente havia avisado que haviam outras pessoas no carro já fazia mais de cinco horas desde que o acidente havia ocorrido. Melinda estava irreconhecível, coberta de sangue e cacos de vidro, certamente havia quebrado alguma coisa, Elizabeth estava congelando, estava quase tendo hipotermia e mal conseguia falar, e Noah já estava morto. Se ele tivesse chegado antes… Talvez os estragos não tivessem se tornado tão irreparáveis. “Você não pode fazer sempre as coisas serem perfeitas, Pedro”, Alexis havia dito para ele enquanto ele se culpava enquanto eles esperavam pelas ambulâncias. Pedro voltava a se culpar, enquanto isso as pálpebras de Melinda se mexiam, querendo abrir. Quando finalmente os olhos da garota se abriram, a única coisa que saiu de sua boca foi um suspiro horripilante. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de mais um capítulo ♥ Não se esqueçam de comentar & marcar o capítulo como lido.



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