O inverno havia deixado as árvores nuas, a grama era seca e as pessoas saíam super agasalhadas quando iam para a rua. Mas o que importava era que o Natal em Calabasas era mágico. O ar úmido, as mansões luxuosas completamente decoradas para os feriados de fim de ano, lenha queimando nas salas de estar, bolos assando, uma espécie de reino encantado. As árvores de Natal eram uma maior do que a outra, embora a maioria de seus donos vá estar bebendo champanhe demais para perceber na noite natalícia. Nos shopping centers todas as vitrines das lojas de departamentos estavam decoradas para as festas e todas as meninas que saíam para fazer compras usavam casacos de cashmere Marc Jacobs. A noite todos saíam para curtir. Nada de estudar para as provas de meio de ano, nada de tentativas de entrar para a faculdade, nada de ajudar os pais a comprarem presentes para o resto da família. 

Mas o Natal estava distante, o que todos queriam saber mesmo era sobre o Baile de Inverno que ocorreria no início do inverno para arrecadar fundos para os sem-teto. Pedro, Alexis e Melinda estavam no comitê de organização aquele ano, todos eles tinham muitas ideias, discussão foi o que não faltou na hora de decidir o tema do baile. Alexis queria que o tema fosse “Castelo de Gelo”, os garçons iriam vestir armaduras, tudo deveria ter o ar de realeza e também de gelo, deveria ter uma pista de patinação, os convidados deveriam se vestir como a antiga nobreza e chamariam uma orquestra para tocar no evento músicas clássicas, também haveria uma banda que iria tocar música medieval. Melinda queria que o tema do baile fosse “O Último Natal”, os garçons se vestiriam de duendes, as garçonetes se vestiriam de renas, tudo seria inspirado no Natal, desde as refeições, até as bebidas, somente bebidas vermelhas e verdes seriam servidas para combinar com a decoração, os convidados também só poderiam vestir verde ou vermelho. Pedro achava que a ideia das meninas eram sem graça, ele tinha uma bem melhor: “Winter Wonderland”, tudo seria bem iluminado, tudo remeteria a luz e inverno, mas nada de Natal! Somente o parque de diversões mais famoso daquela estação. O traje seria formal, haveria uma orquestra e uma banda cover do Sonic Youth, além de outras atrações, haveria brinquedos de parque de diversão e até uma barraquinha com prêmios. Pedro havia feito uma apresentação de slides e até uma maquete para mostrar sua ideia para o comitê do baile. 

— Eu não acredito que o seu tema pro baile não deu certo, Lexi, que pena — Alissa disse consolando a amiga. 

— Isso realmente é muito chato — Acrescentou Angelina. 

As garotas estavam sentadas em uma mesa na área externa hora do almoço, a mesa que antes só se sentava Ali e Lexi agora abrigava Angel, Lizzie e Katheryn, uma caloura puxa saco que as meninas haviam decidido usar como bode expiatório. Naquele dia todas as meninas usavam jeans de cós baixo rasgado, sandálias rasteiras Dolce & Gabbana e bolsas tote da Calvin Klein, todas as tendências inspiradas na revolução de Alissa, que havia decidido que usaria roupas de verão no inverno somente com um casaco fino por cima para proteger das brisas geladas.

— O que vão fazer no Natal? — Perguntou Katheryn, quando ela olhava para aquelas garotas os olhos dela até brilhavam. Ela só queria ser tão descolada quanto elas, menos como Elizabeth.

— Eu e Jack vamos viajar para Cabo com minha avó — Alissa respondeu dando uma colherada em seu iogurte diet. 

—  Eu vou ficar aqui com minha família, minha mãe vai lotar a casa de novo para a festa de véspera de Natal — Respondeu Alexis.

— Provavelmente vou para Nova York ver minha família de lá, essas coisas — Angel disse, ansiosa para voltar para sua cidade natal.

Lizzie ficou calada ouvindo o que as amigas iriam fazer no feriado, nem sequer respondeu. Em qualquer outro ano ela teria feito algo tão fabuloso quanto elas, mas naquele ano ela iria aproveitar para visitar o pai na cadeia. Fazer outra coisa nem era uma opção, a grana andava curta desde que haviam congelado os bens da família Marshall, a mãe de Elizabeth estava cada vez mais afundada em dívidas por tentar manter o estilo de vida que ela e a filha costumavam ter. 

— Mas agora vamos falar do que realmente importa: o Baile de Inverno! — Alexis disse animada. 

Todas as meninas da mesa sorriram. Alexis havia reservado um vestido desde o início do ano, ela tinha que estar completamente fabulosa. Angel havia separado um vestido midi azul-claro com pregas Alice+Olivia, ele era perfeito, modelagem sem mangas, decote em V profundo, cintura marcada e saia rodada, ela completaria tudo com um salto Loubotin na mesma cor do vestido. Alissa ainda não sabia o que iria vestir, mas estava ansiosa para se divertir com Jack e com as amigas. 

— Eu acho que eu não vou — Lizzie comentou cabisbaixa. 

Em meio a tantos problemas, ela não tinha cabeça para baile nenhum. 

— Certo… — Lexi não insistiu simplesmente balançou a cabeça e então se virou para as outras meninas. — Então, agora que eu estou… Hum, livre, bem que poderíamos ir juntas. 

— Pode ser — Angel confirmou animada.

— Não vai rolar da gente ir juntas — Ali respondeu retocando o gloss. — Jack já vai passar na minha casa para irmos juntos, mas chegando lá ficamos juntas — A morena se levantou e despediu de cada uma das meninas com um beijinho no rosto. — Agora eu tenho que ir, meninas. Beijos.

Enricco estava saindo do vestiário quando foi abordado pelo namorado, Jason trazia consigo uma rosa branca. Jason entregou a flor e eles se abraçaram, um abraço longo e confortável. Sentiam-se tão gratos por estarem nos braços um do outro. 

— Ei, eu sei que não estamos passando tanto tempo juntos desde que fomos acampar na Ação de Graças — Começou Jason enquanto afrouxava o abraço — Mas eu queria muito que você fosse comigo no Baile de Inverno, todo ano minha tia doa bastante para as causas desse baile, é um baile importante para mim, seria importante sua presença.

Enricco voltou a puxar o corpo de Jason contra o seu, eles ficaram naquele abraço apertado por mais alguns segundos, até que Enri afrouxou para que pudesse beijar a bochecha do namorado. Eles se afastaram e começaram a andar pelos corredores. 

— Se é importante para você é claro que vou nesse tal de Baile de Inverno, pode contar comigo — Enri selou seus lábios ao do namorado rapidamente no corredor vazio. 

— Okay, vai ser incrível! — Jason disse animado. — A limusine vai passar na sua casa às dez horas, pode ser?

— Limusine? Que limusine? — Perguntou Enricco um pouco nervoso, dez horas da noite seus pais estariam se arrumando para dormir.

Apesar de sentir raiva de si mesmo todos os dias, se culpando e chamando a si mesmo de covarde diante do espelho, Enricco ainda não estava pronto para falar para os pais que era gay. Tinha medo da reação deles, tinha medo de como sua vida se transformaria, e se um dia Jason o deixasse? Isso mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Jason seria um grande médico pesquisador, mas ele provavelmente ficaria naquela cidade tomando conta dos negócios da família. 

— Eu não posso te encontrar lá? Acho que seria melhor — Enri perguntou acariciando a mão do namorado. 

— Queria que você fosse bebendo com a gente — Jason beijou Enricco no pescoço. — Uma festa na limo — Ele sussurrou bem perto da orelha do namorado. 

— Festa na limo? — Enri perguntou rindo. Aquilo não fazia parte de seu mundo.

— Sim, junta todo mundo e vai para a festa bebendo horrores na limusine — Jason explicou. 

— Vou pensar sobre isso. Eu prometo — Enricco disse dando um beijo de esquimó em Jason.

Alexis entrou na limusine vestindo um vestido longo azul-claro, com recorte translúcido no busto, mangas curtas, com bordado floral na área do colo e cintura marcada, da Marchesa Notte, nos pés ela calçava sandálias de salto alto prata. Seus cabelos longos e loiros estava amarrados em um rabo de cavalo frouxo, sua maquiagem era toda em azul-claro e prata, combinando com o que ela vestia aquela noite, nos lábios carregava um gloss brilhante. De braços dados com ela vinha seu charmoso primo, Owen. Assim que ela entrara no veículo, Angelina abriu espaço para que ela sentasse ao seu lado. 

Agora a festa ia começar!

Angelina abriu o champanhe e quase sujou seu vestido azul-claro com a bebida. Ela serviu as taças de Pedro, Jason, Alexis, Owen, Elizabeth e Melinda, que estava acompanhada do atual capitão do time de futebol da escola. Os rapazes estavam perfeitos para aquela noite, Pedro tinha um visual suit and tie clássico e elegante, Jason vestia um terno slim feito sob medida para ele, com uma gravata prata, calçava mocassins brancos com saltos baixos Alexander McQueen. Melinda estava vestindo um vestido curto dourado, com mangas bufantes longas e translúcidas da Dolce & Gabbana, o vestido tinha uma padronagem xadrez, o decote era arredondado e o tecido tinha um efeito metálico. Nos pés ela carregava um par de scarpins dourados de bico fino da Jimmy Choo. Sua maquiagem era dourada com preto, o batom que ela usava nos lábios era preto também, seu cabelo havia sido preso em uma trança alta. Elizabeth havia pegado um vestido de festa emprestado da mãe, um vestido Tyra com paêtes Rixo, tinha um decote em V, que era perfeito para ela mostrar o colar de pérolas que havia ganhado da bisavó, o vestido tinha mangas longas, era bordado com paetês, possuía fenda lateral e padronagem listrada, Lizzie usava uma maquiagem bem básica, apenas com um delineador branco e gloss labial, naquela noite havia prendido seu cabelo em dois coques. 

— Acende um aí, Owen — Alexis pediu entregando o isqueiro que estava em seus peitos para o primo. 

— Ai! Eu não acredito que vou chegar lá fedendo maconha — Melinda comentou revirando os olhos. 

— Relaxa, amor — Noah disse acariciando o rosto e beijando os lábios de Melinda.

Até chegarem na festa, Jason, Lizzie, Owen, Alexis e Angel haviam fumado cerca de quatro baseados. Alexis ainda queria mais, mas o restante estava tão chapado… Owen não queria fumar mais e se sentir um retardado, Lizzie não estava tão chapada assim pois havia dado só uns pequenos tragos para não ser chata, Angel estava nas alturas e Jason sentia uma leve bad por não ter o namorado ao seu lado naquele momento. 

O carro parou e a porta da limusine foi aberta. E então, chuva de flashes. Os paparazzi estavam em toda parte. 

Alexis saiu do carro em uma crise de risos junto do primo, ajeitou sua gravata borboleta e então entrou no evento. Melinda segurou na mão do namorado e o puxou o mais rápido possível para dentro, Pedro, Jason e Lizzie foram logo atrás, já Angel ficou posando, uma tentativa falha de fingir uma sobriedade que lhe fora arrancada meia hora atrás. 

A festa havia sido organizada em um dos parques mais bonitos e maiores da cidade. Estava tudo absolutamente perfeito. Tudo era tão bem iluminado, havia barraquinhas cheias de luz espalhadas por todo o evento, de todos os tipos, de jogos, comidas, brindes. Havia uma roda gigante toda iluminada, bem no meio do parque, havia sido instalado até mesmo uma pequena montanha-russa e uma pista de patinação no gelo. Tudo cheio de luz e projeções que remetiam ao inverno. Na área das mesas você conseguia ver homens em trajes holográficos de Papai Noel servindo a elite de Calabasas. 

Elizabeth, Angelina, Pedro, Jason e Alexis haviam formado uma roda em frente a área de mesas, eles bebiam champanhe na área reservada e todos escutavam uma história que Angel contava sobre um desfile que ela fez drogada, quando uma modelo inimiga tentou sabotá-la dopando ela.

Alissa Cavallari chegou no evento usando um vestido com aplicação de cristais Giuseppe Di Morabito, todo detalhado em cristais, o vestido tinha um decote profundo, drapeado, a bainha era assimétrica, as alças que também eram de cristais eram cruzadas nas costas. Ela calçava sandálias de salto alto Jimmy Choo  prateado de couro com um efeito metálico. Usava seus cabelos longos soltos, com os fios lisos e repartido no meio. Usava uma maquiagem básica, com um pouco de glitter nos olhos e gloss labial da Chanel nos lábios. Acompanhando ela nas fotos tiradas pelos paparazzi estava Jack Snyde, vestindo Gucci da cabeça aos pés: uma camisa com bordados na gola, uma calça stretch de gabardine com Gucci Stripe, com um cinto de couro dupla face com a fivela clássica da marca, nos pés levava um sapato de couro com amarração.

Ali pegou uma taça de champanhe e caminhou até o grupo de jovens. Jack foi diretamente cumprimentar Lizzie, Alissa cumprimentou primeiramente Angel com um forte abraço. Um beijinho na bochecha aqui, um aperto de mão ali e logo já haviam cumprimentado todos. A banda tocava Teen Age Riot. 

— Você viu a roupa que a Melinda veio? — Alexis alfinetou a garota que só estava há poucos quilômetros delas assim que Alissa se aproximou delas. — Ela tá parecendo um bombom com aquele vestido. 

As garotas riram.

— E o modelito da nossa amiga Elizabeth? — Angel sussurrou olhando de canto para a garota, havia um sorriso debochado em seus lábios. — Parece que o circo está na cidade.

As garotas riram mais uma vez. 

— Vocês são tão maldosas — Alissa comentou entre as gargalhadas.

— Qual é, Ali?! Você pensou a mesma coisa — Alexis respondeu batendo seus quadris no da amiga. 

— Fico feliz que você tenha vindo — Jack disse batendo sua taça contra a taça de Lizzie. — Pensei que não fosse vir.

— Pois é, as meninas não aceitam “não” como resposta — Lizzie comentou dando uma risadinha. 

— E como foi sua primeira festa na limo? — Jack perguntou bebericando o champanhe.

— Você acha mesmo que essa foi minha primeira festa em uma limusine? — Elizabeth ergueu uma sobrancelha e sorriu maliciosamente. — Mas essa foi até que boa.

— Pois é, a Alissa queria ter vindo com vocês, mas eu tive um plano para planejar uma noite romântica para nós dois — Jack se aproximou de Lizzie. — Eu cozinhei pra ela — Ele sussurrou — E ela adorou. 

— Sério? — Elizabeth perguntou, um pouco surpresa, ela tinha apoiado o amigo, mas não sabia se ele cozinhava realmente bem. — Que bom, Jack. Queria eu ter um namorado para cozinhar para mim — Ela disse sendo um pouco dramática.

A verdade era que com tudo que vinha acontecendo em sua vida de uma vez só, Elizabeth não tinha muito tempo para perder com os rapazes de Calabasas. Ela tinha um pai atrás das grades e uma mãe que só parava de chorar quando estava dopada de remédios para dormir. Um romance dramático era a última coisa que ela precisava… Mas quem não se sente carente, procurando um pouco de apoio, às vezes?! Ela também era humana. 

— Vou pedir ela em namoro… Oficialmente — Jack pegou o celular e abriu uma foto em sua galeria. Era uma pulseira branca e minimalista, o metal banhado a ródio havia reluzido com a luz do flash e preenchida por completo com cristais Swarovski. — Quando formos para Cabo. 

Aquilo parecia um conto de fadas para Lizzie, mas assim como todo conto de fadas estava bem distante da sua realidade. Ela não conseguia se colocar no lugar de Jack, completamente apaixonado e vivendo um sonho adolescente, ou no lugar de Alissa, uma garota sortuda e fabulosa. Há algum tempo atrás ela seria a garota sortuda e fabulosa, que acabaria nos braços do garoto perdidamente apaixonado por ela ao ponto de arriscar tudo. Como sua vida havia mudado tanto de um ano para o outro? 

— Uau, eu amei essa pulseira! Eu fico feliz por vocês — Lizzie disse colocando toda sua inveja de lado. — Vocês formam um casal e tanto. 

— É — Jack disse com um sorriso bobo nos lábios. — Eu vou pegar mais champanhe, você quer?

— Não… Quer saber? Trás um uísque pra mim — Ela disse dando um tapinha nas costas do amigo e observando ele se afastar.

Scarlett havia se enchido com sorvete e com comidas servidas nas barraquinhas, não conseguia nem pensar na entrada que iriam servir para os convidados VIP. Então se levantou da mesa na qual estava sentada com os tios e decidiu ir procurar os amigos. Ela estava vestindo um vestido midi com estampa floral em tons de vermelho, verde e branco, da Dolce & Gabbana. O vestido tinha um decote arredondado, que não revelava muita coisa, e mangas longas. Por baixo do vestido ela havia vestido uma meia calça preta, que combinava perfeitamente com o coturno Marsèll vermelho e envernizado que ela usava naquela noite. Ela havia prendido os cabelos ruivos em um rabo de cavalo, e apesar da tia ter contratado um maquiador, a maquiagem dela era bem simples. Havia usado uma sombra nude, lápis destacando os olhos, um rímel básico e um batom vermelho sangue nos lábios. Ela caminhava por entre as pessoas, era muita gente rica e poderosa em um lugar só. Ela sorriu.

Como havia parado ali? Há alguns anos atrás ela morava na periferia de São Francisco, em um bairro extremamente pobre. O pequeno jardim de sua casa era frequentemente invadido por drogados que tentavam bater nela e nas ruas ela era sempre ameaçada de morte. Não havia sido sorte ela estar ali, viva. Talvez a parte do dinheiro tenha sido, mas se Scarlett estava viva era graças a si mesma. 

Scarlett já havia avistado Eleanor quando sentiu unhas pontudas agarrarem seu braço. 

— Mas o que é isso? — Scarlett perguntou se virando e se deparando com Alexis, que a soltou imediatamente. 

— Você tem que ficar calada — Alexis sussurrou, seu tom de voz era ameaçador, o que era completamente assustador pois seu rosto parecia doce e angelical. — Você vai deixar a Alissa em paz! 

— Mas eu não fiz nada! — Scarlett disse empurrando o ombro da loira e a afastando. — Ou melhor, não fiz nada ainda.

— Você é patética — Alexis se aproximou novamente — Ninguém vai acreditar nessa sua historinha idiota. Todo mundo sabe que você só está com inveja. 

— Historinha idiota? — Scarlett disse empurrando-a mais uma vez, agora mais leve. — Inveja? Você que tem inveja do Thomas, porque ele está namorando com a Arabella e você tá aí perdendo tempo defendendo uma amiga que nem te conta as coisas.

— Nem adianta, você não é boa o bastante para abalar minha amizade com a Alissa — Alexis respondeu gargalhando. — Eu posso até ter perdido a Arabella, mas pelo menos eu consegui levar ela pra cama, coisa que nem você e nem a Eleanor podem falar né. — Alexis ajeitou o rabo de cavalo — Mas não é culpa de ninguém de vocês duas serem duas barangas horrorosas. 

A loira deu as costas para a ruiva, que nem perdeu tempo ali.

Scarlett era confiante o bastante para saber que Alexis era o tipo de garota que falava as coisas simplesmente para magoar as pessoas, aquilo não era realmente o que ela pensava. 

— E aí, Elly — Scarlett disse descontraída, como se não tivesse acontecido nada.

— Onde de você estava? — Eleanor perguntou cumprimentando a amiga com um abraço.

Eleanor estava vestindo uma blusa prata de alça assimétrica 'Motion' Coperni, a blusa tinha um decote assimétrico, bainha assimétrica e efeito metálico, usava uma calça skinny cintura alta de couro dourada, Sprwmn. Calçava um espadrille dourado metálico Michael Michael Kors, com bico arredondado e solado flat. Seus cabelos estavam cacheados e iam até a altura de seu ombro. Em seus olhos havia uma sombra com glitter dourado e em seus lábios apenas um gloss labial. Suas unhas estavam com um esmalte prata holográfico.

— Eu estava com os meus tios… E tendo uma conversa um pouco desagradável com a Alexis — Scarlett disse revirando os olhos. Ela não conseguia acreditar no que havia acontecido há apenas alguns segundos atrás. — Ela chamou a gente de “barangas horrorosas”, dá pra acreditar?!

— Ela pensa que é quem pra falar assim da gente? — Eleanor perguntou um pouco irritada. Mas Alexis não era o tipo de pessoa com quem se valia a pena brigar.

Aquela dupla não era exatamente do tipo que fazia tempestade em copo de água, então não eram como se elas fossem descer ao nível de alguém como a garota Contursi. 

— Você viu os garotos por aí? — Scarlett perguntou olhando para os lados, procurando por Sebastian e Rico.

— Ali o Sebastian! — Exclamou Eleanor erguendo a mão e chamando o garoto. 

Assim que Sebs viu as duas meninas ele se aproximou. Ele estava definitivamente bastante charmoso, vestindo uma camisa completamente branca, uma calça preta justa e um tênis de cano baixo da Adidas super court branco. Ele estava excepcionalmente cheiroso, um cheiro tão bom que era como se o nariz de Elly estivesse tendo um orgasmo. 

— Caralho, você tá bem cheiroso em Sebs — Comentou Scarlett, dando uma risadinha.

— Obrigado, e você está linda, Sky — O garoto respondeu.

Scarlett corou, ninguém nunca havia chamado-a de Sky, e era um apelido tão genial. Tão bonito. 

— Alguém viu o Rico? — Eleanor perguntou, atrapalhando o clima que parecia surgir entre os dois. — Eu ainda não vi ele. 

— Não tão linda quanto você — A ruiva respondeu dando uma risada descontraída e ignorando inconscientemente a amiga.

Sebastian sentiu as bochechas corarem e sorriu, um pouco tímido. Sky era tão bonita e confiante, ele tinha sorte por uma garota como ela ter flertado com ele, mesmo que só por brincadeira. 

— Eu não vi o Rico não, mas ele deve estar por aí, eu vi a família dele — Sebastian respondeu Elly, procurando mudar de assunto. 

Rico caminhava sozinho por trás do palco, havia comido demais e precisava de respirar um pouco de ar puro. A cabeça dele estava a mil desde o Dia de Ação de Graças, ele havia fodido com o segredo e sentia que se o relacionamento de Alissa terminasse seria por culpa dele. Não era como se ela fosse sua melhor amiga ou a pessoa de quem ele mais gostava do mundo, mas ele definitivamente sentia algo por ela e pelos velhos tempos se importava com ela, mesmo que ele soubesse que ela havia se afastado dele desde que ela e Jack começaram a sair, Rico não queria magoá-la. E ele sabia que se o pior acontecesse, Jack nunca perdoaria ela. 

— Rico? — Rico ouviu uma doce voz chamando-o.

— Alissa? — Assim que ele se virou seu coração começou a disparar, era mesmo ela. Estava mais bonita do que nunca, ela sempre se superava. 

— Eu preciso conversar com você — Ela parecia um pouco chateada, ou assustada, tudo o que era perceptível através de sua expressão era que algo a incomodava. 

— Eu acho melhor se não conversarmos, não temos nada para conversar — Ele continuou andando, como se ela não estivesse ali. 

— Sei que não fizemos nada demais, mas… — Ela começou.

— Sim, não fizemos nada demais — Rico interrompeu a garota. — Então por que você não conta para o Jack? — Por que ela precisava de ficar falando daquelas coisas com ele? Isso era mais um problema dela do que dele. Ele iria fazer a parte dele, por que ela não podia simplesmente fazer a dela? — Se foi tão simples assim você deveria contar.

— O problema é que não é simples, Rico! — Exclamou Alissa.

— Claro que é, afinal, somos só amigos, aliás, nem amigos somos mais — Ele acabou falando, não era como se ele estivesse cobrando satisfações dela, mas apenas vazou.

— Você me fez duvidar do meu sentimento pelo Jack, aliás eu ainda tenho dúvidas sobre isso... — Ela disse pegando Rico pelo braço e o parando. 

— Eu não preciso de saber de tudo sobre sua vida, Alissa — O italiano respondeu desviando o olhar. 

— Eu só preciso saber se por algum momento, mesmo que por um segundo, você sentiu alguma coisa por mim? — Alissa perguntou tentando olhar nos olhos de Rico. 

— Não — Ele era orgulhoso demais para dizer algo além daquilo. 

— Então isso vai facilitar as coisas — A garota disse soltando o rapaz. — Você está certo — Ali concluiu mordendo o lábio inferior — Eu vou contar para o Jack. Queria que você soubesse disso. 

— Adeus — Ele disse continuando seu trajeto e deixando a garota sem nem olhar para ela. 

Alissa dançava com Angel enquanto bebiam champanhe, Katheryn e Lizzie estavam sentadas perto delas, Katheryn completamente entediada e Lizzie completamente bêbada. Alexis chegou perto delas já dançando, em suas mãos ela trazia uma garrafa de cerveja. Elas dançaram juntas como se não houvesse nada de errado, mas assim que a música terminou a loira se lembrou do que havia acontecido com Scarlett. Ela precisava de avisar a amiga. “Eu não fiz nada ainda”, a ruiva havia dito. Era questão de tempo até que ela contasse para o Jack. 

— Eu conversei com a Scarlett — Lexi acabou revelando, já temia a reação da amiga, mas Alissa limitou-se a sorrir.

— Não vai acontecer nada — Alissa respondeu descontraída. 

— O que está acontecendo? — Angelina questionou, ela estava completamente por fora do assunto, não entendia nada do que as amigas falavam. 

— Precisamos fazer alguma coisa Alissa! Precisamos mandar um recado e mostrar pra elas quem é que manda — Alexis disse olhando no fundo dos olhos da melhor amiga e segurando o seu braço. — Acredita em mim, essa vai ser a melhor decisão.

— Sabe, isso já passou dos limites — Alissa disse tirando a mão da loira do seu braço — Talvez eu devesse contar pro Jack, foi só um beijo entre dois bêbados. 

— Contar o que para o Jack? — Elizabeth perguntou cambaleando de um lado para o outro. Ela havia bebido no mínimo uns quatro copos de uísque. — Não conte nada de ruim, nada que vai estragar seu relacionamento com ele. Ele vai te pedir em namoro oficialmente. 

Alissa ficou olhando fixamente para Elizabeth, como ela sabia daquilo? Ela precisava encontrar Jack imediatamente, e diferente de alguns segundos atrás não era para contar a verdade. Não era como se ela tivesse desistido de fazer a coisa certa, mas não parecia a hora de certa de dizer aquilo.

Alexis se distraiu do assunto avistando Jason se aproximando. 

— E aí, Jay. Cadê o Enri? — Ela perguntou animada, procurando o namorado do amigo entre as pessoas que passavam de um lado para o outro.

— Ele não vem, nenhuma explicação nem nada, ele simplesmente não vem — Jason respondeu tentando espantar as lágrimas. 

— Como assim ele não vem? — Angel perguntou. — Bem que eu achei suspeito desde o início quando ele recusou a festa na limo.

— Acho que deve ter dado algum rolo com os pais dele… Ou sei lá, uma emergência de última hora.

— Para de arrumar desculpas, Jason! Ele disse que viria, ele sabia que era importante a presença dele para você e mesmo assim ele não veio — Alexis disse um pouco nervosa. Ela sempre achou Enricco um pouco babaca. 

Ali se afastou silenciosamente das amigas, andou por alguns metros e logo sentiu braços envolvendo sua cintura. Sentiu uma respiração quente na sua nuca, lábios macios e molhados beijando o seu pescoço. Um cheiro familiar de perfume masculino, bebida alcoólica e de maconha invadiu as suas narinas. 

— Finalmente eu te achei — Jack disse virando Alissa para ele.

Ele rapidamente aproximou seus lábios aos dela e começou um beijo desajeitado. Alissa normalmente acharia aquilo fofo e engraçado, mas naquele momento ela só conseguia se sentir desconfortável. 

— Ei, amor — Ela disse interrompendo um beijo. — Por que não vamos para casa? Queria conversar com você — Ela selou rapidamente seus lábios aos do rapaz.

— Podemos conversar em um lugar mais isolado — Ele respondeu, um pouco chapado demais. — A não ser que você queira fazer outra coisa — Ele sugeriu com um sorriso malicioso.

Imediatamente Alissa pegou nas mãos do garoto, roubou uma garrafa de champanhe de um garçom e começou a puxar ele até uma área mais isolada do parque. A orquestra tocava ao fundo da fuga do casal.

Eles passaram pelo o que parecia ser uma unidade de atendimento abandonada do parque, até chegarem um jardim com uma fonte ainda ativa. A grama não estava muito grande e apesar do inverno, algumas flores e plantas haviam resistido a estação. O casal sentou-se no jardim, Jack acendeu dois cigarros de uma vez e Alissa estourou o champanhe. Acabou indo um pouco de bebida na camisa de Jack, então ele tirou. Ali estava nervosa, então pegou um dos cigarros e começou a fumá-lo compulsivamente. Não era como se ela não tivesse visto o garoto pelado ou dormido com ele sem camisa, mas ela havia apenas visto e dormido. E só isso. Jack beijou o pescoço de Alissa, mas ela fugiu indo molhar os pés na fonte. Ele estava encantando. Ela estava a frente de uma Vênus de Milo. Não era difícil ver quem era a verdadeira deusa. Perto de Alissa, Vênus era apenas um monte de mármore encaroçado. Não demorou muito tempo para que Jack retirasse suas roupas e arrancasse o vestido de Alissa. 

Ele a deitou na grama e foi a primeira vez dela. Desajeitado, dolorido, excitante e divertido, no final estava tão bêbada que se esqueceu de onde estava, vestiu a camisa de Jack e cochilou. 

Alexis estava incontrolável, se perguntando onde Alissa havia se metido. Ela conseguia ver Scarlett de onde ela estava. A ruiva rindo e se divertindo com Rico. Era insuportável para a loira a ideia de que estavam rindo às custas de sua melhor amiga… A que ponto eles haviam chegado? Ela e Alissa haviam acolhido Rico quando ninguém mais queria ser amiga dele, mesmo assim depois de tudo eles ficavam dando risadinha nas costas dela. Era muita cara de pau.

— Katheryn, vem cá — Assim que Lexi chamou a garota veio que nem um cachorrinho. — Sabe, é importante que nós amigas protejamos umas às outras quando idiotas escrotas como a Scarlett Topaz tentam nos atingir. 

— O que aquela idiota fez com você? — Katheryn parecia preocupada.

— Não é o que ela fez comigo, é o que ela vai fazer com a Ali — Alexis estava incrivelmente dramática. — Ela está armando com o Rico para sabotar o relacionamento do Alissa. Não podemos permitir que isso aconteça. Temos que mandar um recado.

— O que você quer que eu faça? Qual é o plano? — A garota perguntou. 

Alexis sacou uma tesoura que o primo utilizava para bolar o baseado, era uma tesoura pequena e que cheirava a maconha. 

— Acho que Scarlett precisava de um corte novo. O que acha? — A loira perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

A jovem Katheryn sem hesitar agarrou a tesoura. Em passos rápidos e cuidadosos se aproximou de Rico e Scarlett. O alvo era fácil, ela estava com um rabo de cavalo e só ia notar quando fosse tarde demais. Kath nem pensou. Com duas tesouradas os fios ruivos foram cortados e caíram no chão.

— Katheryn que porra você tá fazendo? — Era Sebastian, irmão da garota. 

Scarlett se virou, olhando o seu cabelo caído no chão, ela estava espantada. Simplesmente não sabia o que estava acontecendo. Katheryn não teve outra reação a não ser correr. Ela era rápida demais para que alguém pudesse alcançá-la, então ninguém tentou. Na verdade, todos estavam chocados demais para fazerem alguma coisa. 

— Olha, me desculpa, Sky — Sebastian começou consolando a amiga. — Se serve de consolo você fica bonita de qualquer jeito. 

— É só cabelo… — Scarlett sussurrou olhando para as suas madeixas na grama.

— Eu tenho certeza que é influência daquelas meninas que minha irmã está andando, aquela Alexis e aquela Alissa.

— Foram elas? — Scarlett ficou possuída com a raiva.

Sky simplesmente não conseguia acreditar que as meninas de Calabasas eram tão baixas! Mandar alguém fazer o trabalho sujo? O que elas queriam? Mandar um recado? Pois então Scarlett mandaria o dela.

Alissa havia deixado a bolsa perto das amigas, então Jack foi lá pegar para levá-la para casa depois de acordá-la. Ele andava sem camisa pelo local, mas a grande metade dos convidados VIP já haviam ido embora, agora grande maioria que havia permanecido eram jovens bêbados. Foi quando Jack se esbarrou com um outro rapaz, um conhecido. Rico. Ele estava acompanhado por mais outras três pessoas, Sebastian, do Clube de Culinária, e das amigas Eleanor e Scarlett. A ruiva tinha uma expressão séria no rosto, como se estivesse analisando Jack.

— Foi mal, Rico — Jack se desculpou. 

— Que isso, eu que tenho que me desculpar — Rico acabou soltando. — Que bom que você não está com raiva de mim. 

— Por que eu teria raiva de você, cara? — Jack perguntou sorrindo.

Todos estavam sérios. Era como se todos soubessem de alguma coisa que ele não sabia. Esse era realmente o caso. 

— A Alissa não conversou com você? — Rico parecia surpreso e um pouco nervoso.

— Conversou sobre o que comigo? — Jack também estava um pouco nervoso, irritado. 

Aquilo parecia um sinal para a furiosa Scarlett. Era a deixa dela.

— Ah, sua namoradinha não te contou? Que ela andou dando uns beijos no Rico na minha festa de aniversário? — Scarlett explodiu. 

— Cala a boca, Scar… — Rico não teve chance de terminar sua frase. Um belo de um soco o atingiu no rosto.

— Vai se foder, irmão! — Jack cuspiu em Rico e saiu andando furiosamente. 

— Jack! O que você está bem? — Elizabeth correu até o rapaz. 

— Irmão, tá tudo bem? — Noah se aproximou de Jack também, segurando Melinda em seu braço. 

— Só vamos dar o fora daqui, entendeu?! — Jack disse com toda raiva do mundo. — Vem, Lizzie! — Ele exclamou puxando a garota pelo braço.

— Problemas no paraíso, loirinho? — Melinda provocou, mas Jack não respondeu nada.

Os quatro simplesmente saíram da festa e começaram a caminhar pelo estacionamento que estava deserto. Jack mexeu nos bolsos da calça e encontrou as chaves de um carro. 

— Esse é o carro da Alissa? — Lizzie perguntou ao entrar no carro, mas Jack não respondeu nada. 

— Tem como você deixar a gente na casa da Melinda? — Noah perguntou para o amigo.

— Não, hoje vamos todos nos divertir — Jack forçou-se a sorrir.

O jovem Snyde simplesmente ligou o carro e começou a dirigir. Ou melhor, começou a correr. Em direção a Los Angeles, ele precisava esquecer aquela merda de noite. Ele simplesmente não sabia se acreditava em Scarlett e Rico, ou se confiava em Ali. Afinal, ela deveria sentir algo muito forte por ele. Jack havia sido o primeiro dela, então ela o amava, certo? Eram pensamentos conturbados para uma noite conturbada. Para Jack não existia meio termo: ou ele pensava em todas as merdas que estavam acontecendo ou ele não pensava em nada e pegava no sono, como ele estava bêbado pegar no sono estava se tornando cada vez mais fácil. 

— Jack! Acorda! — Lizzie gritou.

Mas era tarde demais. 

O carro acabou saindo da pista e caindo em uma colina. Metal amassado e vidros quebrados. O carro havia virado. Jack ainda estava consciente, mas estava coberto pelo seu próprio sangue. Elizabeth estava inconsciente do seu lado. Noah estava desacordado no banco de trás. Já Melinda havia voado para fora do carro, estava desacordada na pista. Jack abriu a porta e saiu. 

— Me tira daqui — Lizzie começou a choramingar. 

Jack andou até o outro lado do carro, abriu a porta e tirou Lizzie, que também estava coberta pelo próprio sangue. Ele a segurou em seu colo e a colocou no chão, a alguns metros de distância do carro. Perto de onde Melinda estava. O celular do garoto estava sem bateria, ele só foi notar isso quando o achou com a tela toda rachada dentro do bolso.

— Cadê seu celular, Lizzie? — Ele perguntou para a garota que mantinha os olhos fechados. — Lizzie? Cadê seu celular?

A garota tinha a respiração pesada, seus olhos se mexiam, mas ela não conseguia abri-los. 

— Eu deixei na festa — Ela falou em um tom de voz baixo. — Eu esqueci dentro da minha bolsa. 

De longe Jack escutou um celular tocando e viu uma tela se acender. Perfeito! Ele correu até o aparelho e o desbloqueou. O primeiro contato da lista era ela: Alissa. Jack não pensou. A única coisa que passou por sua cabeça enquanto o telefone chamava era que ele sentia que sempre podia contar com ela.

— Ali? Caralho, aconteceu uma tragédia eu preciso de ajuda — Jack falou desesperadamente ao telefone.

— Alo? — Uma voz masculina falou através do telefone, era uma voz familiar. Jack temia que Rico atendesse, mas aquela voz não tinha nenhum sotaque. Era Pedro. — Jack? A Alissa esqueceu o celular dela aqui na festa. 

— Ela tá aí, cara? — Jack estava tentando segurar os desespero, mas era inevitável ele se sentir daquela maneira. Ele nunca esteve tão assustado. — Eu preciso muito dela. 

— Onde você está? — Pedro perguntou. — Eu vou aí te ajudar.

— Cara, tá tudo escuro… Eu não sei — Jack começou a andar pela estrada vazia. Era tudo tão sinistro. O vento estava forte e ele sentia muito frio.

— Vai andando, você vai achar alguma coisa, vai dar certo. Não sai da linha — Pedro orientou. 

Jack se manteve na ligação, caminhou por vários minutos, por alguns quilômetros. Ele sentia o peito pesado, também sentia que ia congelar. Seus pés doíam. Ele tinha completa certeza de que iria morrer ali mesmo… Até que achou um posto de gasolina abandonado. 

— Achei um posto de gasolina abandonado… É bem velho — Jack disse tremendo de frio.

— Fique aí, eu estou chegando, acho que sei onde é que é — Pedro informou. 

Jack estava bêbado e caindo de sono, deitou em cima de alguns sacos de material de construção e acabou adormecendo. Quando acordou estava em uma cama king size, em um quarto luxuoso. A iluminação no quarto era escassa e só havia algumas velas iluminando o quarto. Uma loira entrou no quarto, vestindo um roupão de seda branca e carregando uma bandeja com comida e alguns remédios. 

— Alexis? — Jack disse em um tom de voz bem baixo, ele se sentia fraco como nunca. — O que eu to fazendo aqui?

— Você estava desacordado, eu ajudei o Pedro a te trazer aqui para casa. Descanse. Amanhã é outro dia — A garota disse colocando a bandeja na mesinha de cabeceira. 

— Eu não estava sozinho… O carro da Alissa… — As palavras não estavam se encaixando na cabeça do garoto. — Precisamos voltar lá.

— Como assim, Jack?! Você estava no carro da Alissa? Com outras pessoas? — A garota arregalou os olhos, assustada. — Caralho, eu preciso de ligar para uma ambulância. 

— A Lizzie estava bem machucada… A Melinda… O Noah — Os olhos de Jack se encheram de lágrimas quando ele parou para pensar que havia deixado o corpo de seu melhor amigo lá, havia deixado Elizabeth para trás também e era impossível saber se Melinda estava viva ou não. — Eles precisam de ajuda… Por favor. 

— Toma o Valium que está na bandeja. Durma e descanse. O Pedro está lá na sala aguardando, a gente lida com isso. Agora você precisa descansar — Alexis apagou a luz das velas e deixou o quarto todo escuro.

Jack fez o que ela mandou, tomou o comprimido e bebeu água para ajudar a descer. Fechou os olhos e em questão de alguns minutos ele já estava profundamente adormecido.