Calabasas' Almost Fairytale — Interativa escrita por Mxtheusx


Capítulo 11
10 — Dance Till We Pie


Notas iniciais do capítulo

Ah! Finalmente a apresentação da peça escrita por Pedro! E todo mundo feliz no jantar de Ação de Graças, certo? ERRADO! KKKKKKK Voltei gente, aproveitei que essa semana to cem por cento livre e terminei esse capítulo. Espero que gostem.



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As folhas caíam das árvores, havia um carpete de folhas amarelas, laranjas e marrons que enfeitavam o estacionamento da Calabasas Hills School. E sobre esse carpete haviam inúmeros carros de luxo, naquele final de tarde de outono os alunos iriam apresentar uma adaptação original de uma peça de teatro pelas quais todos estavam ansiosos para assistir. Pedro, co-diretor e o ator principal, revisava suas falas com a professora de teatro no camarim. Melinda, que iria interpretar a mãe da personagem principal, ensaiava todas as suas falas e se preparava para o playback que teria que fazer. Angelina se encontrava em perfeita calmaria, completamente tranquila, bebia um chá verde e finalizava sua maquiagem, preparando-se para roubar a cena. Alexis se encontrava em pânico total, já havia fumado quase um maço de cigarros e não se sentia calma, havia ensaiada inúmeras vezes, mas mesmo assim tinha medo de esquecer-se de alguma fala. 

O auditório estava lotado. Todos em silêncio. Era hora do primeiro ato e todos estavam completamente ansiosos para assistirem a obra-prima de Pedro e da professora de teatro, que todos achavam que era uma louca, mas na verdade só era um pouco excêntrica. As cortinas vermelhas se abriam e o coro da escola era iluminado pelos holofotes. Cantando com uma melodia suave o prólogo de “Romeu e Julieta”. 

A primeira cena se iniciava com a família Capuleto, chegando a uma festa de premiação, e enquanto os homens da família Montéquio cantavam In Da Club, eles lutavam usando tacos de baseball como se fossem espadas. Até que tudo é interrompido pelo chamado Príncipe do Pop, que acaba com a briga e ameaça destruir a carreira daqueles que voltassem a brigar. Romeu e Benvólio fazem um dueto de Lonely, música do Akon, após o primeiro confessar seu amor.

A terceira cena reuniu Angelina, Melinda e Alexis no palco. Onde as três conversavam sobre o casamento de Lady J com Páris, um premiado e renomado cantor, onde era combinado que Lady J só poderia se tornar uma cantora pop caso casassem com Páris. Assim que a Senhora Capuleto saía, entravam cinco dançarinos vestidos de criados, Alexis e Angel cantavam e dançavam Just Dance, da Lady Gaga, junto dos outros dançarinos. Quando a música acabava um dos criados anunciava o jantar e elas saíam.

Lady J e Romeu se conhecem em um baile de máscaras para anunciarem o primeiro single dela, Alexis e Pedro cantaram Love at First Sight, da Kylie Minogue. Depois do beijo e de descobrir a identidade de Lady J através de Miss Lovey, Pedro canta The Only Exception, de Paramore. 

Na segunda cena do segundo ato, Lady J surge ao alto, na varanda de seu quarto, enquanto Romeu cantava uma vez mais lenta de Sugar, do Maroon 5, magoado por descobrir que a garota por quem havia se apaixonado era de uma família inimiga. Quando Pedro finalizava, a personagem de Alexis começava a cantar Crazier, da Taylor Swift, com seu coração aberto para o seu amado.

Romeu mata Teobaldo, seu irmão bastardo, com um tiro no coração. Após isso o coral da escola entra no palco, todos os dançarinos entram em cena, e juntamente de Pedro começam a apresentar uma performance de Bohemian Rhapsody em torno da ameaça do Príncipe do Pop em acabar com a carreira de Romeu caso ele não saísse do país e fizesse com que sua carreira entrasse em “hiatus”.

Após ter seu casamento com Páris confirmado para alavancar sua carreira de cantora, Lady J recebe uma visita de Romeu, quando eles vão ter sua primeira vez, Alexis cantou perfeitamente Like A Virgin, mas Pedro não parecia muito confortável naquele momento. 

Em uma tentativa de escapar do casamento procura O Grande Empresário, que administrava a carreira artística de quase todo mundo, ele sugere que ela finja problemas com álcool para ir para a reabilitação. Lady J mistura analgésicos com bebida alcóolica (balinhas com água), procurando provocar uma overdose. Sua família pensa que ela está morta, então decide realizar o funeral em uma cripta luxuosa. Romeu volta para a cidade ao ouvir os boatos sobre a morte de sua amada. 

Ao entrar na cripta, Romeu se encontra com Páris, os dois discutem e Romeu o assassina com um tiro na cabeça. Acreditando fielmente na morte da sua amada, Romeu pega algumas seringas com heroína e se mata, através de uma overdose. Olhando para o corpo do amado Lady J canta It's Not Living (If It's Not With You) e em seguida se mata com um tiro no coração. As duas famílias e o Príncipe do Pop se encontram na cripta, chocados com as três mortes. O Grande Empresário conta toda a história por trás das mortes e as famílias se reconciliam em frente ao corpo dos mortos.

— Que peça macabra! — Comentou Scarlett com Eleanor assim que elas saíram do auditório da escola. 

— Vai por mim, essa peça foi bem melhor do que quando apresentaram O Milagre de Anne Sullivan por dois anos seguidos — Acrescentou Sebastian. 

— Eu vou ter que concordar com a Scarlett, aquela cena final foi perturbadora — Rico comentou enquanto terminava o seu suco de laranja. 

— Ainda bem que quem vai escrever a crítica sou eu — Eleanor disse enquanto jogava seu saco de pipocas no lixo — Vocês não entenderam nada mesmo?

— Foi interessante — Scarlett admitiu. — Mas poderia ter sido menos… sinistro. 

— E aí? O que vão fazer na Ação de Graças? — Sebastian perguntou. Ele tinha planos com a família, mas se algo de interessante aparecesse em sua agenda, ele seria obrigado a desmarcar. 

— Acho que vou em um jantar na casa dos Contursi com os meus pais — Rico respondeu, ele não queria parecer animado, mas da última vez que esteve naquela residência acabou beijando Jack e Alissa, até cochilou na mesma cama que eles, mas acabou indo embora antes de amanhecer. 

— É, eu vou ter que ir nesse jantar aí também — Scarlett disse revirando os olhos. Ela não queria ir, mas não queria ser ingrata com os tios que tanto mimavam ela, não iria ser tão ruim, ela só teria de usar sapatos desconfortáveis, e  também havia também a comida, toda aquela comida. 

— Também convidaram a minha família — Eleanor disse enquanto olhava as mensagens que havia recebido enquanto assistia a peça. 

— Então, tinham convidado minha família pra esse jantar — Sebastian comentou. — Meu pai é cirurgião plástico da família Contursi — O garoto comentou rindo, era engraçada a estranha a relação que ambas as famílias tinham. 

 

Alexis pegou a amiga pelo casaco e a arrastou ela para fora do bar, não conseguia acreditar que Alissa havia tomado um porre logo no dia de Ação de Graças. No celular da loira havia quinze chamadas não atendidas do Senhor Cavallari e três ligações perdidas da Elizabeth Marshall. Lexi havia tomado a iniciativa de aproximar Lizzie do grupinho de meninas, já que Angel não estava tão motivada e Ali raramente se importava com dar continuidade ao plano delas. Aquele dia por exemplo, era perfeito para elas manipularem Elizabeth e fazer ela se afastar de Jack de uma vez por todas, porém, Alissa havia ficado ocupada demais virando shots de tequila com desconhecidos. 

— Agora me diz, quem fica bêbada desse jeito no dia de Ação de Graças? — A loira arrastou a amiga até o meio da calçada, onde finalmente pôde respirar fundo e sentir ar puro preenchendo seus pulmões. Lá dentro do bar o cheiro era de vômito e fumaça de cigarros. 

— Qual é, eu só estava fazendo a alegria daqueles homens solitários — Alissa respondeu dando um giro e balançando a cabeça. Estava tão animada que podia jurar que estava escutando a música que havia pedido na jukebox. 

— Sua avó vai surtar se te vir assim — Lexi comentou revirando os olhos, vasculhou sua bolsa transversal da Versace em busca do seu celular. 

“Cadê você?”, ela digitou e enviou para Angelina, que havia ido buscar o carro há meia-hora atrás e ainda não havia voltado. 

— Ai, amiga, só entra na onda — Alissa agarrou o braço da melhor amiga e tentou arrastá-la de volta para dentro do bar. — Pelo amor de Deus, esquece esse celular e vamos tomar umas doses. Vamos ficar transtornadas! 

— Eu disse para a sua avó que íamos comprar um vinho! Temos que ir — Alexis mandou mensagem novamente perguntando onde Angelina estava. 

Em questão de alguns segundos a garota estacionou o seu carro ao lado das amigas, Angel saiu do carro para ajudar Lexi a colocar a amiga delas no banco de trás. Alissa definitivamente precisava de um banho, ela tinha um cheiro extremamente forte de álcool e cigarro. 

— Cadê a bolsa dela? — Angelina notou que a bolsa de Ali não estava mais com ela. 

— Puta merda! Ela deve ter esquecido lá dentro — Alexis lembrou que a morena havia deixado a mesma na pia do banheiro feminino. — Eu vou lá dentro buscar, enquanto isso convence ela a entrar no carro. 

A loira entrou de volta no estabelecimento. 

— Ali, entra no carro — Angel disse abrindo uma das portas traseiras. — Temos que ir.

— Como assim não vai me deixar dirigir? — A garota questionou cambaleando para os lados. 

— Deita aí, bêbada — Angel disse rindo colocando a amiga para deitar no banco de couro do veículo.

— Achei a bolsa dela! — Lexi exclamou saindo do estabelecimento e entrando direto no carro. 

 

— Quem é essa? — Questionou Donald Carter, pai de Thomas. 

O homem olhou Arabella dos pés a cabeça, ela sabia o que aquilo significava, geralmente era sempre olhada daquela maneira nos evento da alta sociedade. Ela não tinha culpa, sentia-se desconfortável com seu sapato de salto alto, então optou por usar tênis junto com o seu vestido. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo, ela sentia-se bonita, mas a avaliação visual do senhor Carter fez com que ela repensasse isso. 

— Essa é a Arabella de quem eu falei, pai — Tommy respondeu animado e sem pensar. 

O senhor Carter obviamente não sabia da confusão entre o filho e Alexis, então não dispensou o filho do jantar de Ação de Graças na casa dos Contursi. Tommy então decidiu convidar a garota com quem ele havia saído ultimamente para acompanhá-lo no evento. Arabella não tinha nenhum plano melhor, geralmente os feriados de fim de ano eram bastante solitários, ela e o pai não tinham o costume de jantar, assar um peru ou montar árvore de natal, geralmente feriados eram somente dias normais. 

— Andou falando de mim para o seu pai? — Arabella sussurrou um pouco corada. 

— Pois é — Thomas respondeu, soltando uma risadinha sem graça e sentindo as bochechas esquentarem. — Vamos beber alguma coisa? — Ele perguntou pegando na mão da garota e puxando ela para dentro da casa. 

 

— Lizzie? — Jack saiu de perto dos pais que conversavam com os donos da casa e foi andando rapidamente em direção a garota.

— Jack! — Elizabeth se virou para o rapaz e lhe deu um abraço breve. — Eu não sabia que você vinha — Ela disse surpresa.

— Eu que não sabia que você vinha! — Ele retrucou com um largo sorriso nos lábios.

O rapaz não havia achado Alissa desde a hora que ele havia chegado, de acordo com a senhora Contursi, ela e as amigas haviam saído para comprar vinho e ainda não haviam voltado. Encontrar Elizabeth foi uma grande sorte, caso contrário ele teria que ficar perto dos pais ouvindo como eles falarem de negócios ou sobre buffets.

— Pois é, a Alexis me convidou pra passar o Dia de Ação de Graças aqui — Ela se esforçou para sorrir. — Sabe, com toda essa história da prisão do meu pai, minha mãe não está muito no clima de feriados de fim de ano. 

— Então eu fico feliz que você tenha vindo — Ele voltou a sorrir. Jack sentia muita pena da amiga, porém estava feliz por ela estar procurando seguir em frente. — Eu deveria ter te chamado, me desculpa. 

— Relaxa, Jack — Ela respondeu acariciando os braços do rapaz. — O importante é que eu vim, e agora a gente vai aproveitar juntos.

— Sim, vamos — Os olhos de Jack procuraram por algum garçom que estivesse servindo os convidados com vinho. — Vamos beber alguma coisa?

— Claro, a gente deveria mesmo. 

Lizzie entrelaçou o seu braço ao braço de Jack e eles começaram a andar juntos pela gigantesca sala de estar da mansão Contursi. Até que uma garota com cabelos longos e loiros parou em frente a eles, com as mãos na cintura, vestindo um vestido verde tomara que caia da Vera Wang e calçando sandálias de salto alto douradas. 

— Desculpa atrapalhar seja lá o que vocês estejam indo fazer — Alexis começou — Mas sua namorada realmente está precisando de você lá em cima, Jack. 

— Tá tudo bem com ela? — Jack indagou, preocupado. — Aconteceu alguma coisa com a Ali?

— Ela só tomou um porre e precisa de um banho. Eu preciso ficar aqui em baixo ajudando a recepcionar os convidados e Angel foi em casa trocar de roupa — Alexis explicou. 

— Se você quiser ajuda, eu vou com você — Lizzie se ofereceu para ajudar o rapaz. 

— Não. Fica despreocupada, eu vou lá e você aproveita a festa — Ele respondeu se afastando das duas garotas e andando em passos rápidos em direção a escada que levava para o andar de cima. 

 

Eleanor entrou na residência Contursi acompanhada de seus pais e seu irmãozinho. Ela vestia um vestido de veludo marrom curto e com mangas longas, com um pequeno decote, que era para exibir o colar que ela havia ganhado da Swarovski. Usava uma meia calça preta e bota marrom de camurça com um pequeno salto. Andou por entre as pessoas, até um garçom que carregava uma bandeja com sucos, pegou o que acreditava ser um suco de laranja. Estava voltando para onde os pais estavam quando esbarrou com um conhecido. 

— Ei, Sebastian — Ela sorriu e o cumprimentou com um beijinho no rosto. — Onde é que você está indo? 

— Eu só tava andando por aí, meu pai está conversando com a senhora Contursi, provavelmente agendando a próxima plástica dela — O garoto brincou. — Eu queria ver se achava alguém conhecido. 

— Bom, você achou — Ela disse e Sebastian deu uma risadinha. Elly também soltou uma risadinha nervosa, isso porque ela sabia o que vinha logo em seguida. 

O silência constrangedor, quando duas pessoas não sabem o que dizer. Sebastian sentia-se um pouco nervoso, porque ele sentia uma certa atração pela garota, mas não sabia como expressar isso para ela sem parecer um idiota. Eleanor nunca havia parado para pensar na relação entre os dois, mas definitivamente Sebastian era atraente, mas ela nunca havia pensado em beijá-lo. 

— E aí, gente — Rico disse em um tom de voz baixo cumprimentando os colegas. 

— E aí, Rico — Sebastian disse o cumprimentando. 

— Oi, Rico — Elly cumprimentou o rapaz com um beijo no rosto. 

— Vocês viram a Scarlett por aí? — Rico perguntou, olhando para os lados. 

Vestindo uma jaqueta de couro marrom por cima de um vestido justo tomara que caia vinho, que combinava com suas botas caras, a garota ruiva foi se aproximando do grupo. 

— Demorei? — Ela perguntou ajeitando as madeixas ruivas bagunçadas por causa do vento. — Eu tive que vir no carro, junto com meus tios, não quis vir de moto.

— E aí? O que vocês geralmente fazem nesse tipo de evento? — Sebastian questionou, ele ainda era inexperiente quando se tratava de se enturmar com outros jovens da idade dele que tinham uma vida social agitada. 

— A gente bebe — Rico respondeu agarrando uma taça de vinho e dando um longo gole. 

— A gente ri e come bastante também — Scarlett continuou, depois pescou um petisco na bandeja do garçom e comeu. 

— A gente se diverte bastante — Eleanor cutucou Sebastian no ombro e indicou uma porta que levava para o lado externo da casa. — Olha só, vamos lá dançar.

— Podem ir, eu vou ficar por aqui — Disse Rico.

Eleanor não ligou, simplesmente continuou andando enquanto Scarlett e Sebastian acompanhavam ela. Havia sido montado um pequeno palco perto da piscina, uma banda cheia de pessoas na meia-idade tocava músicas animadas dos anos 60 e 70. 

Rico foi até o bar interno e pediu por uma dose de uísque com gelo. Sabia que não era uma boa ideia beber de barriga vazia, mas mesmo assim estava um pouco nervoso. Ele andava muito pensativo naqueles últimos dias. Alguns dias atrás quando Alissa passou pelo corredor acabou cumprimentando ele e Scarlett, Rico agiu um pouco estranho. Scarlett então perguntou para o garoto se ele gostaria de conversar e ainda perguntou se havia acontecido algo entre ele e Alissa. Saberia ela de alguma coisa? Talvez Scarlett só estivesse jogando verde para colher maduro. 

 

Jack desceu as escadas com Alissa segurando em seu braço, ela ainda estava um pouco alta demais. Ele havia vestido nela uma mini saia de couro vinho, uma regata azul com alguns bordados em marsala e botas pretas de couro com salto plataforma. Ele amarrou seu longos cabelos escuros em uma trança, já que apesar da tentativa um pouco falha dele de secar o cabelo dela também não havia conseguido ajeitar o cabelo. 

— Pode deixar, eu vou sozinha — Ali disse desagarrando do braço do loiro e descendo o restante das escadas sozinhas. 

Jack acelerou atrás dela, com medo de que ela caísse.

— Não, senhorita. Você não vai andar por aí sozinha — O rapaz disse segurando ela pelo pulso, a puxando, fazendo com que ela rodopiasse e então caísse em seus braços rindo. — Onde você quer ir?

— Alissa, querida! Por onde andou? — Uma senhora de cabelos brancos e vestida elegantemente de seda vermelha se aproximou segurando uma taça de vinho. — Nós estávamos de procurando, você saiu para buscar vinho porque o buffet estava atrasado — A mulher deu um curto gole em sua bebida — Bom, você que acabou se atrasando.

— Desculpa, vovó — Ali sustentava o largo nos lábios que Jack havia provocado nela. — Eu meio que me distraí.

— E a distração por acaso foi esse rapaz? — Um sorriso de canto surgiu nos lábios da mulher, Jack não sabia se aquilo era um sinal de aprovação ou de desaprovação. — E quem é ele?

— Esse é o Jack, Jack Snyde — Alissa apresentou o rapaz para a avó que o cumprimentou com um beijinho na bochecha. — Jack, essa é a minha avó, Lilian.

— Ele é seu… amigo? — Lilian fingiu sussurrar para a neta, mas ela queria mesmo que Jack ouvisse. 

— Acho que mais que amigo — A garota respondeu soltando uma risadinha. 

— Hum, então você é filho dos Snyde? — Agora a mulher parecia ter achado aquilo interessante. — Você deveria sentar na nossa mesa, Jack. 

— Okay, está quase na hora do jantar, vou procurar as meninas — Ali deu um beijo no rosto de Jack e em seguida na bochecha rosada da avó. Pegou uma taça de vinho e saiu. 

 

Rico esperou a hora certa de agir, tinha que ser cauteloso, estava uma mansão cheia de conhecidos, qualquer passo em falso e… bom, ele nem queria imaginar no desastre que poderia acontecer. Ele esvaziou sua taça de vinho e a deixou com um garçom que estava recolhendo recipientes usado e vazios. O rapaz se virou e ali estava ela, de alguma forma ou de outra caminhando em sua direção. De Palma odiava aquilo, ele ficava nervoso e o seu coração acelerava. 

— Alissa — Rico a chamou e a pegou pelo braço. — Precisamos conversar — Ele parecia calmo, mas tentava conter o surto. 

— Conversar sobre o que, Rico? — Ela empurrou uma mecha escura de cabelo para trás da orelha e sorriu, como se o que ele tivesse para dizer não fosse nada. — Estão quase servindo o jantar e eu te aconselho sentar o mais longe possível do primo da Alexis, ele está tão chapado que vai desmaiar em cima da torta a qualquer momento. 

— É sério — Ele Rico disse soltando a garota e engolindo em seco. — Acho que Scarlett sabe, acho que ela sabe sobre a gente.

— Isso é loucura, Rico — Ela não conseguia tirar o sorriso daqueles lábios. — Sabe o que sobre a gente? 

— Sobre… — Rico puxou a garota para mais perto dele e sussurrou em seu ouvido: — Sobre o nosso beijo. 

— Não teria como ela saber — Ela respondeu recuando e dando um tapinha no ombro do garoto. Alissa estava tentando controlar uma crise de pânico, aquele tipo de assunto se espalhava bastante rápido, imagina em um jantar onde todo mundo conhecia os envolvidos. — E mesmo que ela soubesse, vocês são amigos e ela jamais contaria algo que pudesse te prejudicar. 

— E como isso me prejudicaria? — Rico perguntou. — É você quem namora, foi você quem apareceu do nada e me beijou — Claro, ele não havia achado ruim — O máximo que pode acontecer é eu levar um soco na cara do Jack, mas a maior prejudicada ainda sim vai ser você. 

— Olha só, Rico, relaxa, vai dar tudo certo, entendeu? É só você não ficar se preocupando. Como eu te disse: Scarlett não sabe de nada — Alissa finalizou acariciando o braço do rapaz, tentando acalmá-lo.

— Scarlett não sabe do que? — Alexis apareceu atrás de Alissa, bastante curiosa com o assunto envolvendo a melhor amiga. 

— Bom, eu acabei de dizer: ela não sabe de nada — Ali respondeu com tranquilidade. — Agora vamos jantar que eu estou morta de fome. 

 

A mesa do salão de jantar da família Contursi estava lotada pela elite de Calabasas. Todos apreciavam diversos tipos de torta, tortas de maçã, cereja, abóbora e batata doce estavam nos pratos de todos os convidados, molhavam os pãezinhos em dezenas de molhos diferentes e se empanturravam de pão de milho. Na hora que os perus foram servidos eram poucos aqueles que haviam mantido o apetite, Angel era uma das raras exceções. A garota comia como se não houvesse amanhã. 

Angelina havia se empanturrado de torta de abóbora e de cereja, antes do jantar ter sido servido, havia comido diversos tipos de pães com incontáveis tipos de molho, havia comido quase que um peru inteiro sozinha e ainda havia conseguido arrumar espaço para mais torta. Ela estava tão ocupada se fartando de comida que mal conseguiu prestar atenção nos dramas que cercavam ela. 

Rico pegou um pãozinho fresco de um dos cestos da mesa, partiu em dois pedaços e enfiou um na boca. Passou a outra metade em um molho picante e comeu. Quando tinha terminado de engolir, Scarlett se virou para ele. 

— Tá tudo bem com você? — Ela deu um gole em sua água. — Parece preocupado. O que aconteceu entre você e a Alissa hoje? Vocês pareciam estar discutindo. 

—  Só estávamos conversando — Rico retrucou. — Nada demais.

— Eu não sei não, parecia alguma coisa bem séria. Vocês estavam brigando? — Scarlett cerrou os olhos para o amigo. Ela sabia que ele estava mentindo sobre alguma coisa, ela só não conseguia entender por quê… Ou será que ela conseguia?

— Eu já te falei, não foi nada demais — Rico continuava fingindo desinteresse, nem olhar para Scarlett ele conseguia, caso contrário ele sabia que ela iria conseguir identificar a mentira. 

— Você age estranho perto dela, ficam de segredinhos e brigando aí pelas festas… — Scarlett começou a olhar para o amigo bem de perto. 

— O que você tá querendo dizer com isso Scarlett? — Rico cerrou os punhos e bateu fracamente com eles sobre a mesa.

— Ai meu Deus! — Scarlett sussurrou. — Vocês estão se pegando às escondidas. Vocês estão traindo o Jack! — Scarlett sussurrou para o amigo.

Rico engoliu em seco, sem pensar muito bem levantou e saiu de perto da mesa em passos rápidos. 

 

— O que será que Scarlett disse ao Rico? — Sebastian sussurrou para Eleanor.

— Sinceramente, eu não me interesso — Estava ficando cada vez mais difícil para Eleanor voltar ao que era antes, quando ela só pensava no garoto De Palma como um amigo. Agora ela não conseguia achar um meio termo, ela só conseguia não pensar em Rico de forma nenhum ou pensar nos lábios dele nos seus.

Claro, ela havia superado o que havia acontecido no aniversário de Scarlett.

— Será que tem haver com ele discutindo com a Alissa? — Sebastian ficou um pouco chateado com a maneira como Eleanor havia falado, mas decidiu ignorar isso, ele tinha certeza que ela nem havia feito isso com a intenção de ser grossa e ele não gostava de se doer por causa de qualquer coisa.

— Parando para pensar... — Fazia até um pouco de sentido na cabeça de Eleanor. Ela se lembrou de como Rico ficou quando eles pegaram carona com Alissa, ele estava agindo estranho e sempre agia estranho quando estava perto dela. Alissa e Rico eram um pouco próximos no passado, mas desde o aniversário de Scarlett ele só agia de maneira suspeita quando estava perto dela. 

— Ai meu Deus! — Ela afastou sua cadeira de perto da borda da mesa, se preparando para levantar. — Sebastian eu tenho que ir. 

 

— Caraca, você deve estar morrendo de fome — Tommy brincou com Angel do outro lado da mesa. 

Arabella jantava silenciosamente ao lado do rapaz, fazendo o possível para desviar o olhar de Alexis. Mal ela sabia que não precisava de preocupar, Alexis já estava presa em um outro drama que não envolvia o novo casal. 

— A Alexis falou alguma coisa para você? — Arabella questionou o namorado quando pegou ele olhando na direção das garotas.

— Não, meu bem. Ela não disse nada para mim, mal olhou para mim — Ele respondeu comendo um pedaço da coxa do peru. 

— Tem certeza? Se ela falar qualquer coisa para você pode deixar que dessa vez eu que vou resolver! — A garota exclamou. 

— Não precisa se exaltar, bonitinha — Tommy sussurrou.

— Me desculpa, mas ela bateu em você, quem sabe o que ela pode fazer aqui na casa dela? — Arabella sussurrou de volta.

Thomas soltou uma risadinha.

— Quem bateu em você? — O pai sussurrou para Tommy. 

Droga, ele não conseguia acreditar que o pai havia conseguido ouvir a conversa entre ele e Arabella. 

— Não vai me dizer que foi essa favelada sentada do seu lado — Donald sussurou revirando os olhos. Não era possível que o filho o daria mais aquele desgosto. — Você não cansa de me decepcionar? Não bastava ter trago essa coisa ridícula para o jantar, ainda teve de apanhar dela?!

Arabella engoliu em seco ao ouvir as palavras do pai do garoto. Sem dizer nada, ela se levantou e saiu de perto da mesa. 

— Caralho, pai. Valeu — Thomas disse em um tom irônico antes de se levantar da mesa e ir atrás da garota. 

 

— Tá bom — Alexis disse largando os talheres em cima do prato onde antes havia um pedaço de torta de abóbora com bastante chantilly. — O que a Scarlett sabe sobre você que eu não sei? 

Alissa conseguia de ter uma bela visão de Elizabeth e Jack papeando juntos. Quem diabos havia organizado aqueles lugares? Se ela só o via como um amigo e só queria ele para ser seu rei do baile, por que ela se sentia daquela maneira? Com a sensação de que perdê-lo seria a coisa mais dolorosa que poderia lhe ocorrer?

— Ninguém sabe nada sobre mim — Ali respondeu dando um gole em seu vinho.

— Tá bom — Alexis ergueu uma sobrancelha para a amiga. — Tem certeza de que não vai me contar? — Havia algo de ameaçador no tom de voz usado pela loira.

— A torta está ótima — Alissa comentou forçando a si mesma a comer um pedaço do recheio da torta de cereja que havia sobrado em seu prato. 

— Eu te conto tudo, você sabe tudo sobre mim — Alexis sussurrou apertando a perna da amiga com suas unhas stiletto. 

— Eu e o Rico nos beijamos no aniversário da Scarlett, e ela sabe sobre isso — Ali sussurrou enquanto mexia no cabelo para que  as pessoas não prestassem atenção em seus lábios, mas sim na trança mal feita que Jack havia feito. 

— E o que nós vamos fazer sobre isso? — Lexi perguntou olhando para Scarlett que continuava sentada no mesmo lugar. 

— “Nós”? Nós vamos ficar quietas e esquecer que isso aconteceu, afinal, Jack em momento nenhum falou sobre exclusividade — Alissa respondeu com um meio-sorriso nos lábios. — Vamos torcer para que se em algum momento Scarlett soltar isso, ele se lembre de que em momento algum colocou um anel no meu dedo.

 

Quando as pessoas começaram a se levantar, Angel se levantou também. Ela disse para as amigas que ia ao banheiro e depois voltava, em passos rápido passou por Scarlett, Eleanor, Rico e Sebastian, cumprimentou-os e então passou reto por Elizabeth e Jack que estavam sentados no sofá. Subiu as escadas e foi até o banheiro do final do corredor, o mais afastado.

No espelho ela via uma garota bonita, bonita e arrependida. Não deveria ter comido tanto, talvez se a mãe estivesse aqui para regular ela… Mas não. Toda sua família estava em Nova York, ninguém havia querido passar o feriado na costa oeste. Sentia-se mal por ter comido demais, depois sentia-se mal por permitir sentir-se mal e arrependida pela comida ingerida. Ela não era aquela garota de antes! Ou será que ela era?

Angel se afastou da pia e se ajoelhou diante da privada. Seu dedo médio entrou na sua boca e foi o mais fundo pôde na garganta. Aquela não era a primeira vez, não era nem mesmo a centésima vez que seus olhos lacrimejavam e o seu estômago se sacudia. Era tudo tão nojento. Era tudo horrível. Mas ela se sentia melhor quando acabava. 




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até o próximo capítulo.



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