When You're Ready escrita por PANINI NO NO


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde...!! Tudo bem com vocês? Pq comigo ta ótimo!!
Primeiro vamos guardando as quatro pedrinas na mão e entender um pouco o meu lado de estudante de medicina no final de semestre estudando feito loca, que teve de atravessar o país pra ficar dez dias cuidando da avó e que teve uma lesão por esforço repetitivo, o famoso e popular "LER" nesse meio tempo? Pois é, teve tudo isso e mais um, já que um dos motivos pra esse capítulo não ter saído antes, e eu diria que foi o motivo mais importante, é que pra quem não sabe, esse capítulo foi sequestrado e mantido em cativeiro por um longo tempo, sendo que o resgate era uma one postada esses dias chamada " Infinitely Vast" escrita por EnigmaticPerfection. Ou como chamamos "O meu sonho de princesa que a Bruna demorou pra me dar!!"
Ok, tudo explicado, agora eu queria um momento da sua atenção e dizer que esse capítulo é dedicado as 5 pessoas mais doidas e maravilhosas que eu conheço: Dayane, Gabi, Júlia, Maely e a minha Tagarela favorita, Mayara que é o amor da minha vida, ciumenta que só falta querer me matar as vezes!!
Agora vamos pro capítulo aqui que todos queremos ler??
Nos vemos lá em baixo!!
BJCs nas bochechas redondamente fofas.
Lele Cardoso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772758/chapter/6

2003

Dezessete anos  

 

— Eu amo muito você – Falo sentindo as lágrimas caírem livremente por meu rosto. 

— Eu também amo você, muito mais do que imagina – Diz me abraçando forte, enquanto sinto minha camisa molhar por suas lágrimas fazendo o aperto em meu peito aumentar. 

 

Quatro meses antes. 

 

Meu corpo estava dolorido depois da aula de educação física, porque não basta você ser do time de futebol da escola, tem que ter uma namorada que adora trilhas e um professor que não te da um descanso só porquê você teve um jogo importante à duas semanas. 

Acho que eu não conseguia sentir alguns dos meus dedos dos pés nesse momento, mas tudo seria compensado daqui a dois minutos, quando a minha linda namorada passaria pelo corredor apressada para a aula de sociologia e eu a faria chegar um pouco mais atrasada por eu estar matando a saudade que eu estava dela. 

Meu namoro com Felicity estava mais do que perfeito, minha família a adorava, seus pais gostavam de mim – mesmo que o tio Noah quase tenha arrancado o meu pescoço quando soube que eu estava namorando sua filha — Nós íamos bem na escola e em grupos escolares. O time havia ganhado o campeonato interescolar de futebol, olheiros de várias faculdades vieram pra me ver, assim como Tommy, Felicity havia ganhado mais um prêmio escolar por ser gênio e todos os professores haviam lhe dado cartas de recomendação. 

E se Felicity estava feliz, eu estava mais ainda! E pra provar que nós estávamos tão bem com tudo ao nosso redor, seus pais haviam me chamado para ir a sua casa no início da semana quando ela não estava. Por um momento eu achei que seria mais uma daquelas conversas de por mais que tenha crescido nessa casa, você está terminantemente proibido de subir para o segundo andar, mas o tio Noah e a tia Donna me deram uma boa notícia que coincidentemente veio quatro dias antes do aniversário de Felicity. 

A vida estava mais do que perfeita. 

E melhorou mais ainda quando um vulto loiro passou a minha frente completamente distraída em seus cadernos que eu fiz questão de puxar pra mim e a prender com meu corpo contra o armário enquanto a beijava como se minha vida dependesse disso. 

— Oliver – Fala abafado contra minha boca tentando me afastar, mas não a deixo sabendo de sua resistência com demonstrar nosso relacionamento em público no meio do corredor da escola. 

— Estava com saudades – Falo me afastando um pouco roçando meu nariz no seu, para em seguida lhe roubar um beijo rápido. 

— Eu te vi a menos de uma hora, exagerado. Não foi a tanto tempo assim – Diz sorrindo segurando firme os livros em seus braços. 

— Foi o suficiente pra eu sentir sua falta – Digo abraçando sua cintura a trazendo mais pra perto. Mas antes que eu possa a beijar novamente, um apito alto soa em nossos ouvidos fazendo Felicity pular de susto e eu querer quebrar o pescoço de quem nos interrompeu. 

— Sem pregação nos corredores, Oliver. Sabe disso – Tommy fala com aquele seu sorrisinho petulante se jogando no armário ao nosso lado – Leve a Liz pra um quarto, pelo menos. 

— Não enche a paciência Thomas – Digo lhe lançando minha melhor carranca e ele ri alto. 

— Você não vive sem mim, admita de uma vez – Diz dando de ombros. 

— Eu não tenho tempo pra isso. Depois vocês discutem sobre o que quiserem na minha frente, mas agora eu estou realmente atrasada pra aula – Felicity fala me empurrando levemente pra longe de si, antes de me dar um beijo rápido e voltar a correr pelos corredores indo pra sua sala. 

— Um cara apaixonado – Tommy debocha ao meu lado me fazendo querer arrancar aquele sorrisinho de seu rosto a qualquer custo. 

— Você já interrompeu os meus dois minutos diários de diversão com a minha namorada antes da hora do almoço, vai me dizer o que você quer ou eu vou ter que adivinhar? – Pergunto irritado por sua intromissão o fazendo rir mais ainda. 

— Eu não quero nada! E você tá muito na defensiva – Lanço minha melhor carranca pra ele que sorri mais ainda – Quanto mau humor. Sabe o que é bom pra fazer isso passar? 

— Cale a merda da boca, Tommy – Digo irritado já sabendo onde aquela conversa iria dar. 

— Saber que eu estou certo e não admitir não é algo que você consiga – Diz jogando um braço em meu ombro enquanto começa a me arrastar pra minha aula de cálculo II. 

— Já conversamos sobre esse assunto, Tommy. E a resposta pra ela é não é da sua conta. 

— Então continue com esse estresse e tensão por não ter um orgasmo. 

— Idiota. 

— Sempre que precisar – Fala rindo me empurrando pra dentro da sala. 

Não que ele precisasse saber ou que ele estivesse completamente certo, mas eu realmente estava estressado e tenso. E certamente isso era culpa de ter sonhos cada vez menos românticos com uma certa garota que por um acaso era a minha namorada. 

Eu me sentia um idiota por tê-los e mais ainda por querer realizar cada um deles, mas meu corpo era um traidor. Todas as vezes que eu tinha o corpo de Felicity grudado ao meu, quando minhas mãos a apertavam contra mim e minha boca estava na sua, eu simplesmente me sentia em chamas. Principalmente quando sua boca passeava por meu pescoço e suas unhas se prendiam a minha nuca. 

Balanço a cabeça tentando tirar esses pensamentos da minha mente quando uma certa parte do meu corpo desperta só ao pensar em estar com minha linda e inocente namorada que eu quero desesperadamente ama-la com todo o meu ser. 

Eu estava muito ferrado! 

 

~♡~ 

 

— Seu aniversário está chegando – Digo apertando a mão de Felicity ainda olhando pra rua – O que nós vamos fazer pra comemorar essa data? 

— Nem pensei nisso. Ainda estou muito ansiosa com a falta de resposta do MIT – Fala batendo o pé repetidamente no carpete do carro – Eles ainda não mandaram uma resposta e isso está me deixando aos nervos. 

— Você vai passar, não se preocupe – Trago uma de suas mãos aos meus lábios dando um beijo casto ali – Mas nós temos que planejar algo. Você sabe muito bem que eu não vou deixar essa data passar em branco. 

— Vai lançar o novo filme do Harry Potter, pode me levar se quiser. Pra ser sincera, eu estou precisando relaxar e ver todo mundo também — Suspira pesado se afundando no banco do carro enquanto eu manobro o carro pra estacionar na frente da sua casa. 

— Você vai passar, Sorriso. Eles não estão nem loucos de rejeitar a minha namorada que é um gênio – Falo tirando o cinto me virando pra ela. 

— Espero que sim – Sorri se virando pra mim – Notícias de Harvard?  

— Sabe que você seria a primeira pessoa pra quem eu contaria – Aperto seus dedos nos meus pra me acalmar. 

— E o que você disse pra mim, também serve pra você. Eles não estão nem loucos de rejeitar Oliver Queen! – Fala exasperada – Quer dizer, olha pra esse rostinho lindo? Quem é a pessoa normal que consegue resistir a ele? Eu sei que eu não consegui – Diz segurando a risada. 

— Que bom que não conseguiu, porque eu nunca resisti ao seu – Digo a puxando pra mim até nossos narizes se chocarem. 

— Bom saber... – Diz em um sussurro e me da um beijo rápido, mas tão rápido que se ela não estivesse tão próxima, eu diria que foi coisa da minha mente – Odeio esperar. Por nós dois. 

— Eu também não gosto disso, mas é o melhor que podemos fazer. Ou então eu já teria ido no MIT e trago até você a sua carta de aceitação. 

— E eu ido até Harvard pra eles entenderem que Oliver Queen é o melhor centroavante que eles poderiam ter – Roça seu nariz levemente no meu – Eu tenho que entrar. Minha mãe está mais estranha que o normal e meu pai está passando o dia inteiro em casa. Não é impossível que algum segurança já tenha avisado pra ele que eu estou aqui. 

— E é óbvio que eu não quero o meu sogro esmurrando a janela do carro porquê eu não liberei a filha dele já que ela ainda não me deu o meu beijo de despedida. 

— Tudo bem, eu entendi o recado — Sorri e seus lábios voltam a cobrir os meus, mas dessa vez mais demoradamente – Posso ir ou meu pai pode vir me buscar? – Fala fazendo graça e eu reviro os olhos. 

— Vai logo antes que eu de ré e só te traga as 19H! – Digo a beijando novamente antes de abrir a porta pra ela. 

— Um dia eu ainda vou querer entender esse seu medo repentino do meu pai. 

— Te ligo mais tarde. 

— É melhor mesmo! 

 

~♡~ 

 

TRÊS DIAS DEPOIS  

 

— Quando eu disse pra você que eu queria vir ao cinema e relaxar com todo mundo pra comemorar o meu aniversário, eu não estava falando sério. E muito menos pedindo pra você alugar uma sala só pra gente! 

— Bom, da ultima vez que viemos ao cinema você ficou reclamando que tinha um bebê chorão na nossa seção que ficou reclamando o filme todo, e eu acho que seu pai não aprovaria nós dois sozinhos em uma sala de cinema. Mesmo que seja pra assistir Harry Potter — Falo dando de ombros e ela me olha confusa. 

— Não é como se nós dois não tivéssemos ido ao cinema sozinhos desde quando nós começamos a namorar. 

— Mas seria a primeira vez que iríamos ficar em uma seção que só teria nós dois assistindo o filme — Digo com uma piscadela vendo suas bochechas corarem. 

Assim que Felicity disse que queria vir ao cinema como presente de aniversário, eu não hesitei em ir na mesma hora falar com a minha mãe e pedir pra que ela alugasse a sala de cinema inteira pra gente ver o filme. Seria uma boa ideia ter todos ao nosso redor em um dia tão especial como esse. 

— Os pombinhos vão ficar sussurrando aí o dia todo ou nós vamos entrar pra assistirmos o filme? — Tommy fala jogando um pouco da sua pipoca em nossa direção. 

— Estou começando a concordar com você — Digo pra Felicity com falsa irritação e ela revira os olhos rindo. 

— Vocês não vivem um sem o outro, essa é a verdade — Diz dando um beijo na minha bochecha – Vem, vamos logo ver esse filme antes que a Thea coma todo o chocolate dela. 

— E ela quem não vai se aquietar durante todo o filme.  

— E a culpa é de quem, mesmo? — Fala levantando uma sobrancelha e da uma gargalhada enquanto me puxa em direção aos outros que, assim como nós dois, estavam esperando a Caitlin chegar. 

— Me explique de novo, Thomas, porque você não trouxe a sua namorada pro cinema. 

— Ela está fazendo um trabalho com aquele garoto do intercâmbio. Ela disse que a Liz chamou ele pra vir, então ele vem com ela — Ele fala enciumado e eu olho pra Felicity tentando entender uma parte da frase do Tommy. 

— Você chamou o Ronnie pra vir a nossa seção de cinema do seu aniversário? — Pergunto irritado e ela me olha divertida. 

— Claro, porque ter você um poço de ciúmes no dia do meu aniversário é tudo o quê uma garota quer de presente. 

— Sorriso..! 

— O quê? 

— Você não tem jeito — Digo enlaçando sua cintura a trazendo mais pra perto de mim. 

— Olha quem fala sr. Supre protetor e ciumento — Antes mesmo que eu possa responder a essa afronta, Caitlin aparece sozinha subindo as escadas — Finalmente! 

— Desculpe a demora, Liz. Estava um pouco complicado terminar o trabalho hoje, mas acho que agora vai — Diz abraçando-a — Quando finalmente terminamos, achei que não dava nem mais tempo de vir. 

— Que bom que o Ronnie te trouxe — Tommy fala irritado e Cait o olha confusa. 

— Mas o Ronnie..-- Enfim, nós já vamos entrar ou estamos esperando mais alguém? 

— Não, já podemos entrar — Felicity fala e tanto Tommy quanto eu a olhamos confusos. 

— Achei que o Ronnie também viesse? — Tommy fala e as duas começam a rir. 

— Vocês garotos, realmente não entendem nada desse mundo — Felicity fala se recuperando do riso enquanto me arrasta pra perto dos seus pais – Vamos logo entrar antes que a cabeça de vocês de um nó tentando entender o que eu disse. 

— Se você fizesse sentido, talvez não ficasse difícil de entender.  

Eu sei que não deveria, afinal os conheço desde quando eu tinha seis anos, mas era praticamente impossível não ficar nervoso toda vez em que eu estava ao lado de Felicity na frente dos seus pais. Eu me sentia um pouco intimidado pela presença dos dois, principalmente pela do tio Noah, mesmo que ele já tenha me dito a alguns dias que aprovava meu relacionamento com sua filha. Mas era impossível não ficar nervoso

— E então? Qual é o filme de hoje e do quê que ele fala? — Tia Donna pergunta animada pra Felicity que ri levemente. 

— Eu já lhe falei, mãe. Harry Potter é uma série de sete romances de fantasia escrita pela autora britânica Rowling. Ela é muito, muito boa mesmo e os filmes narram as aventuras do Harry, que descobre quando é criança que é um bruxo ao ser convidado para estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts — Felicity explica animada ganhando uma careta confusa dos adultos ao nosso redor. 

— Ok, agora no nosso idioma — Tia Donna fala e eu não pude segurar minha rizada. 

— Um garoto vai salvar o mundo depois de ser convidado pra entrar em uma escola de bruxos — Caitlin explica de uma maneira bem mais simples fazendo-os entender. 

— Viu filha, bem mais claro. 

— Vamos entrar logo, estou ansiosa pra ver o filme. 

— É claro que está – Respondo ganhando uma cotovelada em minhas costelas como resposta junto com uma careta brava. 

— Eu e a Cait vamos nos sentar no fundo da sala – Tommy fala abraçando os ombros de Cait. 

— Nada disso, todas as crianças a nossa frente – Tia Rebeca fala ganhando um grunhido, ou gemido? De Tommy. 

— Achei que a única criança aqui fosse eu? – Thea fala fazendo bico me fazendo prender o riso pela cara de indignação de Tommy. 

— Mas mãe— 

— Mãe o quê? 

— Nada – Fala bufando – Droga, Ollie. 

— Me tire dessa, eu só vim aqui pra comemorar o aniversário da minha namorada – Falo ainda segurando a risada ganhando uma enorme carranca de Tommy. 

— Vamos entrar – Felicity fala abraçando seu balde de pipoca me arrastando pra dentro da sala escura de cinema. 

Caminhamos até a metade da sala escolhendo as cadeiras bem no meio da seção enquanto os créditos já começavam a rolar na tela. Com mais cuidado que deveria, tiro a minha mochila e a coloco ao meu lado tendo a certeza que ela não sairia da minha vista e que ao mesmo tempo ficariam longe o suficiente da curiosidade da minha linda namorada. 

— Ainda não entendi porque você veio com essa mochila pro cinema – Felicity fala curiosa pegando uma de minhas mãos a colocando em seu ombro fazendo meu corpo inteiro gelar – Você está bem? – Pergunta preocupada enquanto eu respiro o mais calmo possível retirando minha mão de seu ombro vendo pelo canto do olho o olhar de seu pai cravado em mim atrás de nós. 

— Estou sim – Falo com um sorriso amarelo e ela ri alto. 

— Está com medo do meu pai, Oliver? – Pergunta divertida segurando minha mão. 

— Eu não diria medo, está mais pra respeito – Falo encolhendo os ombros e ela maneia a cabeça rindo. 

— Bom, você pode muito bem respeitar o meu pai e fazer a vontade da sua namorada que está fazendo aniversário hoje e tentando relaxar sem deixar qualquer lado irritado. 

— Sorriso... 

— Relaxa Oliver, ele adora você – Fala dando de ombros puxando novamente minhas mãos para abraça-la e deita sua cabeça em meu ombro. 

— Se eu morrer antes de entregar o seu presente, a culpa é sua – Digo a aconchegando melhor a mim e escuto sua rizada baixa. 

— Então é melhor você ficar vivo – Diz colocando o balde de pipoca nas minhas pernas. 

— Vou fazer o meu melhor pra isso acontecer, Sorriso – Digo dando um beijo rápido em sua testa vendo o filme começar. 

— E bom saber. 

 

~♡~ 

 

Minhas costelas doíam. 

Não uma dor como a de quando torci o tornozelo. 

Mas doíam. 

E assim que a dor passou, ela voltou mais forte. 

Como pontadas. 

Rítmicas. 

Uma voz de longe me chamando e aquela dor na minha costela novamente. 

Sério? Agora que meu cochilo estava bom. 

Aconchego minha cabeça no travesseiro macio que tinha em meus braços que cheiravam a lavanda. O que era um pouco estranho e ao mesmo tempo confortante, já que esse era o perfume dos cabelos de Felicity. 

Felicity.  

Oh merda! 

Dou um pulo na cadeira me acordando de uma vez ao perceber que tinha caído no sono no meio do filme. Não me julguem, eu amo assistir filmes com a minha namorada, mas Harry Potter não é uma das coisas que me prendem. Ou que me deixam acordado. 

— Resolveu acordar? – Felicity pergunta divertida cutucando minhas costelas com seu cotovelo. 

— Quanto tempo eu dormi? – Pergunto bocejando passando minha mão livre em meu rosto pra acordar de uma vez. 

— O suficiente pra perder a melhor parte do filme, mas não o bastante pra eu fazer a Thea te acordar – Diz dando de ombros – Sua sorte é que os créditos começaram nesse instante – Fala apontando para a tela no mesmo instante em que as luzes do cinema se acendem. Me afasto de Felicity para me espreguiçar e consigo ver que não era o único na sala que dormia durante o filme. 

Tommy estava jogado em sua cadeira quase roncando, o tio Malcon dormia comportadamente em sua cadeira enquanto tia Donna e minha mãe engatavam uma longa conversa aos sussurros. Acho que só Felicity, Cait, Thea tio Noah e a tia Rebeca que estavam prestando atenção no filme. 

Mas no fundo eu tinha a impressão que o motivo do tio Noah estar acordado durante o filme não era bem o enredo... 

— Eu adorei o filme. Mamãe, eu quero ver de novo – Thea fala animada pulando no lugar. 

— Thea, eu tive uma ideia melhor — Caitlin fala com um enorme sorriso malicioso – Que tal você acorda o Tommy que está roncando aqui do meu lado? 

— Eu acho uma ideia muito boa – Thea fala em um sussurro e começa a andar nas pontas dos pés rodeando a fileira até a nossa e parar ao lado da cadeira de Tommy. 

— No três – Ela sussurra e todo mundo continua em silêncio pra ver ela aprontando mais uma com Tommy. 

— Tome cuidado – Mamãe sussurra e logo prende a rizada quando escuta Tommy roncar alto. 

— Certo. Um, dois... CADÊ O MEU BRINDE DO MEU COMBO? – Thea grita fazendo Tommy pular na cadeira assustado. 

— O quê? Quem morreu? – Tommy pergunta assustado se ajeitando na cadeira enquanto todos estávamos gargalhando dele. 

— Você disse que ia me dar o brinde. EU. QUERO. O. MEU. BRINDE. AGORA. – Thea fala entredentes nos fazendo rir mais ainda. 

— Quê? Que brinde? Do que você está falando?  

— Ok, Thea. Ele já acordou – Mamãe fala ainda rindo um pouco. 

— Que tal começarmos a dar os presentes? – Tio Malcon fala animado demais pra quem tinha acabado de acordar.  

— Posso ser a primeira? – Thea pergunta animada se apoiando nos joelhos de Tommy enquanto olha pra nossa mãe com aqueles grandes olhos pidões. 

— Claro, mas como nós ensaiamos – Mamãe fala e Thea corre pro meu colo se apoiando em mim para pegar o presente com nossa mãe. 

— Aqui o seu presente – Thea fala entregando a pequena caixa rosa pra Felicity – Feliz aniversário, Liz. 

— Obrigada Thea – Felicity fala pegando o presente enquanto Thea se ajeitava no meu colo – Obrigada Tia Moira. 

— Não foi nada, queria. 

— Tenho que te agradecer também? – Pergunta pra mim levantando uma sobrancelha em desafio e eu maneio a cabeça em negativo. 

— Só delas – Digo com uma piscadela e ela sorri enquanto abre seu presente. 

— Oh meu Deus! É lindo tia Moira – Felicity fala emocionada retirando o pequeno porta joia preto da caixa de presente. 

— Ele toca e ela dança quando você abre – Thea fala animada apontando para a pequena bailarina da peça – Mas a mamãe esqueceu de colocar pilhas – Diz fazendo bico e Felicity ri. 

— Muito obrigada, é muito bonito – Felicity agradece dando um beijo na bochecha de Thea. 

— Acho que essa é a minha deixa de te dar o nosso presente que  combina bastante com esse – Tia Rebeca fala dando uma pequena caixa de veludo para Felicity. 

— Obrigada. 

— Deixa que eu seguro pra você – Thea fala pegando o porta joia das mãos de Felicity pra ela poder ter como abrir o da tia Rebeca – Daí você vai abrindo e vai me dando pra poder abrir outro. 

— Claro minha pequena assistente – Fala rindo e abre a pequena caixa de veludo que guardava uma pequena pulseira prata de corações com pequenas pedrinhas que variavam entre o azul e o verde. 

— É linda – Thea fala boquiaberta e Felicity assente concordando. 

— É de muito bom gosto, Rebeca – Tia Donna fala olhando admirada para a peça. 

— Obrigada.  

— Eu quem agradeço, é linda?- Felicity fala quase babando na pulseira. 

— Estou até com vergonha de dar o meu agora! – Tommy fala quebrando o silêncio nos fazendo rir. 

— Não seja bobo, Thomas. Sabe que eu vou gostar até se você comprar uma bala de menta com cereja – Felicity fala rindo entregando a pulseira pra Thea que guarda no porta joia. 

— Se eu soubesse disso, não teria gastado toda a minha mesada – Tommy fala debochado ganhando um belo tapa estalado no braço de Caitlin – Ai! É brincadeira, sabe que eu gastaria até 1/5 da minha herança com você, Liz – Diz com uma piscadela e não consigo não revirar os olhos por sua declaração – Só por quê eu sei que eu vou ser o melhor presente, eu vou dar dois. 

— A modéstia passou longe, Thomas – Falo sarcástico e ele da de ombros. 

— Eu sou a modéstia em pessoa, Ollie – Fala pegando o embrulho de sua mochila e entrega à Felicity. 

— Achei que estivesse com vergonha de dar o seu presente? – Felicity pergunta ainda segurando o embrulho e ele suspira se acomodando na cadeira. 

— Agora eu tô curiosa – Caitlin fala enquanto Felicity abre o presente que era nada mais, nada menos do que uma foto nossa de quando fomos na nossa última viagem de férias no Canadá em frente a árvore que continham nossas iniciais. Foi um dia épico. 

— Foi um dia épico! – Felicity fala rindo e nós três a acompanhamos. 

— Oh se foi! Mas por favor, nada de repetir – Tommy fala sorrindo – Por isso que eu tenho outros planos pra próxima vez – Diz entregando um envelope pra Felicity que olha com estranheza. 

— Quando disse que eram dois, não estava brincando – Fala admirada e ele sorri convencido vendo-a paralisar ao ver o que tinha no envelope. 

— Isso é sério? – Fala boquiaberta parecendo incrédula. 

— Muito. E a propósito, eu tive que pagar oitenta pratas pra um cara cheio de espinhas e ficar devendo alguns favores pros Emos da escola. 

— O que é? – Thea pergunta curiosa e Felicity tira quatro pedaços de papel de dentro do envelope. 

— Quatro ingressos pro show do Aerosmith que está esgotado a seis meses – Felicity fala em um sussurro ainda em choque com o presente. 

— Eu disse que o meu iria ser o melhor – Tommy fala debochado e Felicity o puxa pra um abraço apertado. 

— Obrigada Tommy. 

— Feliz aniversário, Liz – Tommy fala beijando sua bochecha antes de se afastar me lançando sua melhor cara de “Eu te disse”. 

— Agora é o meu? – Caitlin fala se levantando e se aproximando de Felicity – Ainda sou sua melhor amiga, certo? 

— Sempre. 

— Ok. Então não me mate por ter conseguido isso e não ter te falado ou então acabaria com a surpresa – Fala respirando fundo – Feche os olhos e estenda as mãos. 

— O que? 

— Felicity! 

— Tá bem.. Fechei... 

— Feliz aniversário – Caitlin fala colocando com cuidado um livro em suas mãos – Pode abrir. 

— Você com certeza é a melhor amiga do mundo – Fala após alguns segundos agarrando Cait em um abraço de urso – Como conseguiu isso? Eu estou anos atrás dele! Olha pai, a primeira versão do Mágico de Oz. 

— Como conseguiu ele, Caitlin? Eu e a Felicity estamos atrás de um vendedor a bastante tempo. 

— E se eu disser quer encontrei ele em um sebo? 

— Isso é sério? 

— Muito! 

— Oh Deus... Melhor amiga de todas! 

— Ei!! – Reclamo – Esse posto é meu! 

— A não ser que você seja minha amiga, com um A, seu posto está seguro – Fala dando de ombros e eu escuto a risada dos outros. 

— Faça melhor, Oliver – Cait diz dando de ombros voltando a se sentar no seu lugar e eu coloco Thea na minha cadeira enquanto me levanto. 

— Primeiro, pare de passar tanto tempo com o seu namorado. Você está se tornando uma Tommy 2 – Falo exasperado e ela da uma gargalhada – Segundo, não que isso aqui seja uma competição, mas eu garanto que eu vou. 

— Duvido. 

— Deixa de ser Tommy, Cait. 

— O Ollie finalmente vai dizer o que tem no envelope que ele esconde na mochila dele? – Thea fala atrás de mim e eu sinto meu sangue gelar. 

— Que envelope? – Felicity pergunta levantando uma sobrancelha e eu olho pros seus pais que parecem estar na mesma situação que eu. 

— Esse é por último. Primeiro quero dar o meu presente. 

— Ok, e o que seria? 

— É, o quê que vai desbancar quatro ingresso pro show do Aerosmith? – Tommy pergunta debochado e eu reviro os olhos rindo. 

— Desculpe se não foi tão caro quanto a pulseira ou tão empolgante quanto o Aerosmith, mas... Quando eu o vi, soube na hora que ele tinha sido feito pra você, então... – Pego a pequena caixinha preta em meu bolso colocando à sua frente e a abrindo. 

— Oliver... – Fala emocionada me abraçando fortemente contra si. 

— Feliz aniversário, Sorriso – Digo a apertando de volta querendo nunca mais sair daquele abraço. 

— O que ele te deu, filha? – Tia Donna pergunta animada e Felicity se afasta do abraço limpando pequenas lágrimas que escaparam de seus belos olhos. 

— Um cordão de prata com um pingente de uma garota em um balanço – Ela fala ainda emocionada escuto um coro das mulheres ao redor emocionadas. 

— Oh Oliver, isso é tão lindo – Mamãe fala emocionada. 

— E tão romântico... – Cait fala em um suspiro enquanto Felicity tira o cordão da caixa. 

— Coloca pra mim? – Felicity pergunta virando-se de costas pra mim levantando seus cabelos. 

— Cla-claro – Gaguejo pegando o cordão de aço gelado o colocando com certo cuidado em seu pescoço, prendendo-o na sua nuca. 

— É perfeito – Diz se virando pra mim segurando o pingente entre os dedos. 

— Obrigado – Digo beijando sua testa longamente. 

— Eu quem agradeço. É perfeito! 

— Porque a garota no balanço, Ollie? – Thea pergunta e eu me viro pra ela e volto a me sentar com ela no meu colo. 

— Por que quando eu tinha a sua idade eu conheci uma menina muito linda que gostava de se balançar bem alto. E essa menina se tornou a minha melhor amiga. Não só a minha melhor amiga, mas a minha melhor amiga mais legal do mundo. 

— É oficial, o presente do Oliver é o melhor – Caitlin fala em um suspiro e eu ri alto. 

— Quatro anos com vocês dois competindo e vocês ainda não aprenderam que o melhor jogador é aquele que não mostra que está competindo? – Tio Malcon fala atrás de mim parecendo orgulho – Parabéns filho. Se eu tivesse uma filha, gostaria de um cara como você pra ela. 

— Obrigado – Digo sem graça por toda aquela atenção em mim. 

— Ok, agora eu acho que é a minha vez – Tio Noah fala se aproximando – Já vi que não vou poder entrar em uma competição que o seu namorado já ganhou, mas antes de tudo querida, eu queria lhe dizer que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu e a sua mãe a amamos mais do que tudo nessa vida. 

— Eu também amo vocês! 

— Nós sabemos, querida. E por mais que não pareça, o meu presente está ligado ao da sua mãe – Fala um pouco nervoso – Feliz aniversário, filha. 

— Obrigada pai – Fala dando um abraço desajeitado nele tendo a cadeira entre os dois. 

— Sei que vai gostar, já que você não parava de falar dele por semanas! – Fala divertido tirando um pequeno eletrônico brilhante de seu bolso e entregando a ela. 

— Esse é o Sonyc Ericsson P900? – Felicity pergunta exasperada pro pequeno eletrônico em suas mãos e o pai assente. 

— Você não parava de falar dele, e... Sua mãe e eu achamos que estava hora de você trocar por um novo. 

— Eu.. Nossa pai, uau! 

— Espera que tem mais... – Diz com uma piscadela e se afasta dando espaço pra tia Donna que já estava com os olhos marejados. 

— Mãe... – Felicity fala sorrindo pra ela. 

— Eu prometi que não iria chorar, mas é difícil – Fala, e mesmo com a voz embargada sentíamos o humor nela – Você é melhor e mais pura parte de nós dois, Felicity. O nosso pequeno raio de sol que merece brilhar pra todo o mundo ver – Diz entregando algo na mão de Felicity que a olha confusa – E você vai brilhar. 

— Mãe..? – Felicity pergunta confusa levantando a pequena chave em mãos. 

— Tudo bem, filha. Eu já explico, mas antes, o Oliver tem que te entregar algo – Tia Donna fala e Felicity vira seus olhos no mesmo instante pra mim visivelmente confusa e emocionada. 

— Oliver... 

— Parece que é a minha vez de novo. 

 

UMA SEMANA ANTES 

 

Sabe quando você é chamado na sala do diretor da escola sem ao menos saber o porquê e ficam passando milhões de pensamentos na sua cabeça pra achar uma motivação que fosse pra você estar ali sendo que você não fez nada de errado? 

Pois era exatamente assim como eu estava me sentindo nesse momento. 

Tia Donna havia me ligado cerca de uma hora pedindo pra eu vir a sua casa. Não havia nada de estranho nisso a não ser que Felicity ainda deveria estar na escola nesse horário junto com o grupo acadêmico. Então só haviam duas opções na minha cabeça: Felicity teve algum problema na escola e me chamou aqui pois está entre a vida e a morte, não me chame de pessimista. Felicity Smoak só sairia daquela escola desmaiada antes do horário, ou então o tio Noah queria conversar comigo pra arrancar meus olhos por alguma coisa que ele acha que eu fiz. 

Seja qual for, eu estava em pânico pra descobrir. E ficar quase cinco minutos esperando um deles aparecerem na sala só piorou minhas ideias. 

— Oliver, que bom vê-lo por aqui – Tia Donna fala chegando na sua sala. 

— Também é bom lhe vê-la, tia Donna.  

— Cada vez que você me chama assim, eu me sinto mais velha do que eu sou – Maneia a cabeça rindo – Conselho básico, a sua sogra deve ser agradada. E foi por isso que eu te chamei aqui. Mas antes eu preciso saber, você contou a Felicity que eu lhe chamei pra vir aqui. 

— Não, eu achei que ela quem tinha me chamado. Ela está nervosa com a falta de resposta do MIT. 

— É verdade, e é sobre isso que eu te chamei aqui. Venha, Noah está nos esperando no escritório. 

— Tio Noah? Eu fiz algo de errado?  

— Não, Oliver. Relaxe, só queremos conversar com você sobre o aniversário da Felicity que está chegando.  

— Mas a Sra. Disse que era sobre o MIT? O quê que isso tem haver com o aniversário da Felicity? 

— Muita coisa – Tio Noah fala assim que passamos pela porta de seu escritório – Olá Oliver, como vão as coisas no time? Vencendo muito, eu espero. 

— Estamos à um jogo de conseguir a vaga pras quartas de final. 

— É disso que eu estou falando! – Fala orgulhoso e aponta para a cadeira a sua frente – Antes de tudo, preciso que você prometa-me que nada do que for dito nessa sala vai sair daqui. Nem mesmo pra Felicity, entendido? 

— Vocês não acham que me pedirem pra esconder uma coisa da Felicity, minha namorada, sua filha é errado? 

— É por uma boa causa. 

— Me desculpe, mas eu não vejo nada de bom em ter que mentir pra ela. Não é certo. 

— Gosto do seu jeito de pensar, Oliver. Por isso que aprovo seu relacionamento com a minha filha. Mas nós queremos fazer uma surpresa pra nossa filha, e acho que contar com a ajuda do namorado dela seria muito bom. E como você sabe, o que faz uma surpresa ser surpresa é ser surpresa. 

— Você não vai ficar guardando um segredo dela pra toda a vida ou que isso irá prejudicar o relacionamento de vocês, só precisamos que você nos ajude com a festa de aniversário dela. Que organize as coisas que ela quer, pois esse vai ser o melhor aniversário da vida dela e acho que ter você envolvido vai deixá-la muito contente. 

— Certo. Mas se vai ser uma festa, eu não entendo exatamente o porquê que eu teria que esconder isso dela? 

— Porquê você quem vai dar o presente dela, e do jeito que ela anda curiosa e já desconfia que estamos escondendo algo dela, é melhor que você esconda ele na sua casa – Fala retirando um envelope pardo da gaveta e estendo-o pra mim. 

— Isso... Isso é o que eu penso que é? – Gaguejo pegando o envelope com receio vendo seu sorriso aumenta. 

— Olhe por você mesmo – Tio Noah fala e eu olho pro símbolo no envelope sentindo uma enorme felicidade me invadir ao mesmo tempo em que a culpa toma conta de todos os meus poros. 

— Eu não acho juto esconder isso dela. Deveríamos contar de uma vez, ela precisa saber disso. 

— E ela vai, Oliver. Mas queremos que seja especial, que todos que ela ama estejam por perto. O aniversário dela é daqui à uma semana e os assistentes do Noah já estão preparando o que precisam pra ela não perder o prazo. Pense nisso como algo que ela vai lembrar e te agradece pelo resto da vida. 

— O que me diz, Oliver? Vai nos ajudar a dar de presente pra nossa garota o melhor dia da vida dela? 

— Só pra deixar claro que vão ser só uma semana e depois ela vais saber, certo? 

— Com certeza vai. 

— Ok, então eu ajudo. 

— Então nos conte, o que você tem em mente? 

 

TEMPO ATUAL  

 

— Oliver... 

— Eu sempre te disse que você iria revolucionar o mundo, que tinha tudo o que precisava pra fazer isso só com esse seu sorriso. Ou com esse seu coração que é do tamanho do mundo e que acolhe todos. Mas felizmente já está na hora do mundo saber o pequeno gênio que eu conheci a dez anos, a pequena garota por quem eu me apaixonei e me apaixono todos os dias. Chegou a hora. Chegou a hora de Felicity Smoak, a garota mais incrível que eu conheço, mais inteligente do que seus dois melhores amigos idiotas juntos, da menina mais doce dominar o mundo. 

— Oliver... 

— Desculpe ter guardado segredo, mas era pra ser uma surpresa. E como seu pai me disse – Me afasto só o suficiente pra pegar o envelope pardo na minha mochila e vejo seu rosto paralisar – Não existe surpresa sem surpresa. 

— Isso... Isso é... É o que eu.. 

— Abra. 

— Eu... Eu não...- 

— Abra Sorriso – Falo calmamente entregando o envelope pra ela vendo seus dedos tremerem ao segurarem o papel marrom. 

— Ok... – Ela respira fundo visivelmente nervosa e começa a abrir o envelope com cuidado, mas para no meio do caminho me olhando apreensiva – Mas e se eu não... E se algo. 

— Se fosse uma carta de rejeição teria só uma folha e você sabe disso – A voz do tio Malcon soa pela sala de cinema incrivelmente silenciosa. 

— Abra – Digo tocando sua bochecha direita – Só confirme o que todos nós já sabemos sobre você. 

— Se quiser eu abro – A voz de Thea soa ao nosso lado e todos riem. 

— Isso é algo que ela tem que abrir, Thea. 

— Abre logo, Liz. 

— Abra Sorriso. Estamos aqui com você. 

— Ok... Eu vou.. – Fala terminando de abrir o envelope e pegando a primeira folha tremendo. 

— E então? – A voz de Tommy soa preocupada e ansiosa atrás de nós. 

— Eu... 

— Você..? 

— Eu passei no MIT. 

 

~♡~ 

 

Depois de toda a gritaria com direito a abraços demorados de comemoração, nós finalmente saímos da sala de cinema pra comemorarmos no restaurante favorito de Felicity. 

Obviamente ela pediu todos os detalhes de quando os pais dela receberam o envelope de aceitação do MIT e como fizeram pra esconder dela. Não que ela não tenha deixado passar batido que eu havia escondido isso dela, mas ela havia entendido que os pais dela pediram por isso, e que no fim de tudo, ela gostou de ter todos ao seu lado quando ela recebia a melhor notícia que mudaria toda sua vida. 

Mas ainda haviam alguns pontos a serem esclarecidos, como quando ela faria sua visita na faculdade e onde ela iria morar. A segunda parte foi fácil, já que a tia Donna havia dado de presente pra Felicity a chave do seu pequeno apartamento perto da faculdade já mobiliado e pronto pra uso. 

Tio Noah disse que a visita seria quando Felicity quisesse na próxima semana e que seus advogados e assistentes já estavam cuidando da papelada pra confirmar sua resposta. 

Mas o mais importante de tudo, pelo menos pra mim, é que ela estava feliz. Radiante, pra dizer a verdade. E tudo estava indo como planejávamos, tudo correndo perfeitamente. Ok, menos a parte em que ela ganhou um apartamento, esse não estava em nossos planos, mas com certeza foi bem vindo! Agora era só esperar a resposta que eu rezava pra ser positiva de Harvard e tudo ficaria perfeito.  

Moraríamos perto um do outro, nossas faculdades seriam quase ao lado, almoçaríamos todos os dias juntos e eu a levaria pra casa sempre. Seria a vida ideal. Afinal, estudar a cinco minutos de carro da sua namorada só não é melhor do que estudar com ela. 

Deus, eu já estava amando nosso futuro! 

Futuro. 

Sim, eu queria isso, e queria isso com a minha namorada, com a minha Felicity. A minha Sorriso. 

Queria dar o mundo a ela se ela pedisse. Queria ter o que ela pedisse. Queria ser o que ela pedisse. Queria ser capaz de ser aquele que todos os dias a faz sorrir, que a faz ter um motivo assim como ela é o meu. Queria ser pra ela o que ela é pra mim. 

Pois ela era tudo. 

Ela merecia ter tudo, e eu viraria o mundo de ponta cabeça, mas eu a faria ter tudo. Porque ela era o meu tudo. 

— Você está bem? – Felicity pergunta apertando minha mão na sua. 

Logo depois do almoço terminar, nossos pais tiveram que voltar as suas respectivas empresas. Tia Donna saiu com a tia Rebeca e Thea para passearem em algum shopping e fazerem compras. Tommy e Caitlin foram pra mais um de seus encontros malucos e eu fiquei de levar Felicity em casa. 

Ela ainda estava um pouco atordoada pela notícia, mas animada em ler todos os papéis que eles enviaram pra ela. Euforia era a palavra que a definia nesse instante. 

— Só pensando como vai ser nossa vida nos próximos meses. Sabe como é, nós dois na mesma cidade, estudando a cinco minutos um do outro... – Digo a puxando mais pra perto a prendendo a mim – Eu te levando pro seu apartamento, nós dois tomando chocolate quente no inverno. 

— São ótimos planos – Fala sorrindo enquanto enlaça meu pescoço com seus braços. 

— Sou ótimo com planos – Digo com uma piscadela dedilhando sua cintura. 

— Sabe o que seria bom agora? 

— O quê? – Pergunto moendo seu corpo contra o meu mas antes que eu possa beija-la, ela me empurra a uma distância segura. 

— Você levar esses presentes lá pro meu quarto, enquanto eu preparo um suco de laranja pra comermos com o pedaço de bolo de chocolate que sobrou da mesa de estudos de ontem. 

— Eu até poderia fazer isso, mas eu tenho que ir pra casa. Sua mãe vai levar Thea pra lá e eu prometi a minha mãe que a faria dormir cedo hoje – Falo e ela faz bico – Mas te ajudo com os presentes. Vá fazer o suco que eu já desço. 

— Não demora – Diz me dando um beijo rápido e corre pra cozinha. 

Sem muita delonga, pego seus presentes que estavam milimetricamente arrumados em cima do sofá de sua sala e os levo escada a cima para o quarto dela tomando cuidado pra nada cair. Deus sabe o que a minha mãe faria comigo seu eu deixasse o porta joia cair no chão. Coloco os presentes em cima da sua cama demorando um segundo a mais no quarto me deleitando da foto que estava na cabeceira da sua cama. 

A foto que a minha mãe tirou antes de irmos ao baile de primavera neste ano. Felicity estava mais do que deslumbrante naquele dia usando seu vestido longo em verde escuro. Foi uma das melhores noites que tivemos desde que começamos a namorar. 

Eu também tinha uma dessas no meu quarto, mas era do nosso primeiro encontro que também foi o nosso primeiro baile juntos. Foi uma noite perfeita. Assim como todos os dias que vieram depois. 

A vida com ela era perfeita. 

Volto a descer as escadas indo para a cozinha. Eu só podia ficar mais alguns minutos antes que Thea chegasse em casa ou que o pai dela chegasse em casa. Ele não era mais tão fã assim de me deixar tomando conta da filha dele sozinho. 

Era até compreensível. 

Entro na cozinha e vejo Felicity encostada na geladeira com a garrafa de suco em uma mão enquanto olhava pro pingente na outra. 

— Gostou mesmo dele? – Pergunto me aproximando devagar vendo seu sorriso crescer. 

— Depois da carta do MIT e do meu novo apartamento a duas quadras da faculdade, foi o melhor de todos – Fala colocando o suco em cima do balcão de mármore e se vira pra mim – Onde você achou isso? 

— Em uma loja no shopping, aquela que a Thea é doida pra entrar – Falo a puxando pra mim pela cintura e ela assente. 

— Ele é perfeito... – Fala em um suspiro me fazendo sorrir como um idiota. 

— Por mais que você tenha dito isso várias vezes, eu não me canso de ouvir – Digo com meu ego inflado e ela desvia o olhar do pingente apenas para eu vê-la revirando os olhos – É realmente bom saber que você gostou dele. 

— Eu nunca vou tira-lo – Diz encantada – Você se lembra? 

— De quê exatamente? 

— De como nos conhecemos – Fala soltando o pingente me encarando. 

— Lembro. De cada detalhe – Digo sorrindo e dou um beijo na ponta e seu nariz – Principalmente de quando eu joguei o Cooper na lama. 

— Isso foi alguns dias depois. 

— Foi. Mas nós dois brincando na cama elástica depois de temos chamado o Cooper de “cabeção” e “pés de pato” foi o auge daquele dia. 

— Além de ser a primeira confusão que você me meteu. Sua mãe quase que nos descobriu. 

— Mas não descobriu. E ela já te amava naquela época, ou devo lembrar do jeito que ela te defendeu quando eu joguei o Cooper na lama? 

— Você jogando o Cooper na lama foi épico! – Fala gargalhando e eu a acompanho. 

— Desde lá eu já sabia, eu já sentia em cada célula minha que tinha que estar com você a todo instante. 

— E você está. Sempre esteve. 

— E sempre vou estar – Falo grudando nossas testas – Você é a melhor parte da minha vida, Sorriso. 

— E você é a da minha – Diz se pondo nas pontas dos pés e me dando um beijo rápido – Mas não pense que eu esqueci que você me viu sofrendo pela resposta do MIT quando já sabia que eu havia passado – Fala fazendo bico e enlaça meu pescoço com seus braços. 

— Se você quiser, eu posso te jurar de joelhos que quando seu pai me entregou o envelope eu quis contar pra você imediatamente. Mas eles queriam que fosse especial, que você tivesse todas as pessoas que te amam ao seu lado nesse momento. 

— Sua sorte que a sua desculpa é muito boa – Diz em um suspiro – Mas do que eu poderia reclamar, meu namorado sabe ser romântico. Tão romântico que faz muita menininha ficar de olho nele – Fala com falsa irritação me fazendo sorrir como o maior idiota na terra. 

— Mas eu soube que seu namorado é louco por você. 

— É ele é sim. Mas o que eu posso fazer se eu amo aquele idiota completo. 

— Que bom, porque ele também te ama muito – Digo fechando a já pequena distância entre nós tomando seus lábios nos meus calmamente, sentindo a maciez deles energizar todo meu corpo – Eu te amo tanto. 

— Eu também te amo muito, Oliver – Fala roçando seu nariz no meu carinhosamente. 

Faziam dois meses desde a primeira vez que ela disse que me amava. Acho que eu nunca me senti tão feliz em toda a minha vida. Saber que ela correspondia do mesmo sentimento que eu tinha por ela, que ela me amava do mesmo jeito que eu a amava. Eu não me cansava de escutar ela falando aquilo, dela falando que me ama

— Eu já falei que eu adoro cereja? – Sussurro contra sua boca e escuto sua rizada alta antes dela fechar novamente a distância entre nós e me beijar intensamente. 

— E eu que você é um idiota completo? – Fala mordendo meu lábio inferior me fazendo segurar um gemido. 

— Seu idiota completo. 

— É bom saber disso – Diz beijando meu queixo. 

— Bom saber que eu sou um idiota ou que eu sou o seu idiota? – Digo suspirando sentindo seus beijos descendo por meu pescoço arrepiando meu corpo inteiro. 

— Acho que os dois – Fala dando um beijo molhado na base do meu pescoço e por puro reflexo, meus braços se fecham ao redor do seu corpo a prendendo fortemente contra mim. 

— Sorriso – Digo em um gemido quando seus dentes raspam a minha pele. 

— Eu... – Fala divertida visivelmente me provocando ao arrastar seu nariz por meu pescoço. 

— Droga... Sorriso! – Falo entredentes apertando meus dedos na sua cintura tentando me conter. 

— O que foi, Oliver? – Sussurra em meu ouvido e morde meu lóbulo. 

— Não... Ah, que se dane – Sem mais controle algum, a empurro até seu corpo estar preso entre o meu e o balcão de mármore a beijando como se minha vida dependesse disso, moendo seu corpo contra o meu. 

Com mais pressa que o normal, minha língua invade sua boca, tomando cada canto dela, provando o gosto doce de seus lábios enquanto minhas mãos se deliciavam das suas curvas, indo do seu quadril, cintura e costas. 

Sinto suas unhas fincarem na minha nuca e isso faz uma certa parte da minha anatomia acordar, principalmente depois de seu pequeno gemido quando a apertei contra mim. Lutando contra tudo dentro de mim, me afasto gradualmente de sua boca, que forma um lindo bico insatisfeito ao perceber minha intenção. 

— Você vai acabar com todo o meu juízo – Digo sentindo minha respiração sair em lufadas fortes, enquanto tento controlar os efeitos que nosso pequeno momento causou em mim. Efeitos que eu nem sabia que estavam acontecendo até me afastar. 

— E isso é ruim? – Pergunta voltando a beijar meu pescoço até minha bochecha. 

— É quando você falou que queria dar um passo de cada vez. 

— Está tentando convencer a mim ou a você? – Pergunta risonha tentando me beijar novamente, mas a impeço. 

— Você disse que queria que fosse especial. 

— Vai ser com você, Oliver. Não tem como ser mais especial do que com você – Fala parecendo quase magoada. 

— Mas começar em uma cozinha, não é nem de perto como eu sonho que tem que ser – Pontuou acariciando seus cabelos e ela me olha com curiosa. 

— Você sonha com esse momento? – Pergunta parecendo curiosa, mas ao mesmo tempo em que a expectativa passava em seu rosto, visivelmente a vergonha estava lá por suas bochechas vermelhas. 

— Eu sonho com qualquer coisa que envolva você, Sorriso. Principalmente quando é sobre ter você em meus braços. 

— E como seria? – Pergunta curiosa, e por seu olhar, eu já sabia que não havia nada que eu pudesse fazer pra esconder aquilo dela. 

— Não em uma cozinha – Falo fazendo graça e ela bate em meu ombro com raiva – Ok, srta. Não me enrole – Digo ainda rindo – Não seria em uma cozinha, e definitivamente não seria nessa casa! 

— Você e esse seu medo do meu pai – Diz rindo maneando a cabeça – Ele acabou de dar a maior prova de confiança em você com a minha surpresa de aniversário e você ainda tem medo dele? 

— É o seu pai, Sorriso. Por mais que ele tenha dito que aprovava nosso relacionamento, eu ainda tenho medo quando ele fica me encarando toda vez que eu estou do seu lado. 

— Como se eu não percebesse que você fica tremendo toda vez que eu te abraço quando meu pai está por perto – Fala divertida – Mas não pense que eu não estou percebendo que você está fugindo do assunto, Oliver Queen! – Diz com aquele seu bico irritado que só me faz ter uma vontade imensa de beija-la. 

— Eu não sei se consigo me lembrar do que nós estávamos falando quando você fica fazendo bico extremamente fofo que eu só penso em beijar – Digo hipnotizado pela vista e ela revira os olhos. 

— Eu estou falando sério, Oliver! 

— Eu também – Falo e ela me encara séria – Certo, eu conto – Digo rendido e ela sorri amplamente – Mas não hoje. Eu realmente tenho que voltar pra casa agora – Falo e ela grunhi irritada. 

— As vezes eu só tenho vontade de te esganar quando você faz isso – Fala enquanto me afasto. 

— E é por essa razão que hoje eu vou deixar essas suas pequenas mãos bem longe do meu pescoço. 

— Você não estava reclamando quando elas estavam nele ainda pouco – Fala levantando uma sobrancelha em desafio. 

— E eu também sou esperto demais pra não cair nessa armadilha – Digo com uma piscadela voltando a me aproximar dela só o suficiente pra lhe dar um beijo rápido e me afastar novamente. 

— Tome cuidado e me ligue quando chegar. 

— Claro. Vou ser o primeiro a ligar pro seu celular novo. 

— Você realmente é um idiota completo – Fala rindo. 

— É o meu dom. 

 

~♡~ 

 

UM MÊS DEPOIS  

 

Suspiro pesado mais uma vez tentando relaxar. Porque as pessoas tem que ter aulas de biologia mesmo? Acho que é pra ferrar com o seu cérebro de uma vez. Pra quê diabos eu vou usar da botânica pra minha vida? Pra nada, já que nem pra me dizer qual é o melhor tipo de flores pra se dar para a minha linda namorada, essa aula serve! 

Claro que não. Mas me fazer escutar sobre gimnosperma e angiosperma essa aula está mais do que boa! 

Suspiro mais uma vez enquanto olho pra Felicity que estava sentada à algumas fileiras a minha frente. Ela deveria está amando essa aula, e deveria ser a única já que o resto da sala parecia estar dormindo, enquanto ela estava mais do que compenetrada na aula. 

Era incrível que, mesmo depois dela já saber que havia entrado no MIT, ela continuava a ser a aluna N° 1 da sala. Sempre focada nas aulas e com a matéria em dia. Deus, ela tinha até tempo pra dar aula de reforço pra alguns alunos, dentre eles o próprio namorado que estava com várias atividades acumuladas por conta do final do campeonato e não tinha tempo nem pra ficar um pouco com ela. 

E mesmo que eu ficasse, não seria muito apropriado nós ficarmos juntos sozinhos. Digamos que a situação entre nós dois já estava ficando insustentável. Minhas mãos queimavam toda vez em que eu a tocava, meu corpo estava ficando fora do controle respondendo a cada olhar seu. Eu já havia perdido as contas de quantas aulas dela eu tive que sair no meio pra ir tomar um banho congelante!  

Mas ela também não estava ajudando, parecia querer me ver pegando fogo e a queimar. Eu via o jeito que o seu corpo respondia aos beijos que trocávamos, ou como sua pele se arrepiava cada vez que eu a tocava, como ela sentia aquela eletricidade passar entre nós dois toda vez que trocávamos um olhar mais intenso. 

Meu corpo entrava em combustão só de ter seu corpo no meu em um abraço! 

Como eu disse, a situação já estava ficando insustentável. 

Suspiro pesado pela enésima vez tentando me acalmar e conseguir entender alguma coisa que a professora dizia, mas estava quase impossível. 

Eu já falei que odeio botânica? 

— E isso é tudo por hoje. Semana que vem eu vou querer um relatório sobre os equinodermas. Próximo assunto vai ser zoologia – A Professora fala e eu suspiro em alívio por essa aula finalmente ter acabado começando a arrumar minhas coisas – Sr. Queen, pode ficar uma pouco mais? Preciso falar com você um segundo. 

— Claro. 

— Você também, Srta. Smoak — Ela fala e eu congelo no lugar. Desde que começamos a namorar, o nosso relacionamento nunca foi algo que atrapalhasse nossa vida escolar, e eu estava literalmente tremendo pela possibilidade dessa ser a primeira vez. 

— Fizemos algo de errado? – Pergunto para a Sra. Elsa me aproximando de Felicity que permanecia sentada em sua cadeira. 

— Não, não foi nada de errado. Muito pelo contrário – Fala dando a volta na mesa parando a nossa gente – Esse é o último teste do Oliver. Pelo o que eu conversei com o seu treinador, sem no mínimo um C+ nele, você não poderia jogar a final do campeonato que será daqui a três semanas. 

— E ele foi bem? 

— Mais do que isso – Fala surpresa entregando o teste pra Felicity – O suficiente pra pensarmos que ele poderia ter colado de você. Mas como ele fez o teste sozinho e com uma professora sentada na frente dele, tivemos que aceitar essa nota. 

— Quanto eu tirei? – Pergunto nervoso pra Felicity que olhava em choque pro papel. 

— Você tirou A+! – Felicity fala tão impressionada quanto a professora. 

— EU FIZ O QUÊ? 

— Aqui. Veja você mesmo – Felicity me entrega o teste e eu vejo o grande A+ em vermelho néon no alto da prova – Parabéns Oliver. 

— Isso— Isso está mesmo certo? – Gaguejo e escuto elas riem. 

— Corrigimos cinco vezes. Como foi uma coisa inédita pra você, a comissão de professores foi acionada e fomos ver o que poderia ter acontecido pra isso acontecer. Não precisamos ir muito longe, descobrimos que você está tendo aulas com a Felicity. E como sabemos que ela não pega leve com ninguém aceitamos que essa nota é realmente mérito seu. De vocês dois, na verdade. 

— Pra quem odeia os cordados, você sabe bem mais deles do que diz – Felicity fala orgulhosa e beija minha bochecha – Parabéns. 

— Mais uma coisa, soube do relacionamento de vocês. O que é algo estranho já que vocês estão namorando a quase um ano e nós só soubemos agora. 

— Não estamos guardando segredo sobre isso, apenas não damos um show pelos corredores como a Susan Williams – Felicity fala dando de ombros. 

— Não estou julgando o relacionamento de vocês, muito pelo contrário, eu estou parabenizando vocês pela boa influência que isso está gerando. Afinal, não é sempre que alguém tira a mesma nota que a aluna nota A de toda a escola. Mais uma vez, parabéns. Aos dois. 

— Obrigada Sra. Elsa. 

— Obrigado. 

— De nada, agora podem ir. Sei que vocês ainda tem outras aulas pra ir. 

— Até semana que vem – Felicity fala e começa a me arrastar pra fora da sala enquanto eu ainda olhava pra aquele folha de papel na minha mão embasbacado por ter conseguido aquela nota – Terra chamando Oliver. 

— O quê? – Pergunto perdido e ela começa a rir. 

— Ainda em choque com a notícia? – Pergunta abraçando minha cintura roubando toda a minha atenção. 

— Isso sim é algo inédito! – Falo e ela ri mais um pouco. 

— Estou orgulhosa, meu namorado é um garoto nota A! 

— É bom saber. E o quê que ele vai ganhar por ter conseguido essa nota? – Digo enlaçando sua cintura trazendo-a mais pra perto de mim. 

— Que tal um cafune? 

— Foi um A+, acho que um cafune seria por um B+. 

— Hun.. Que tal um selinho? É uma boa recompensado. 

— Foi um A+, Sorriso! Acho que eu mereço ganhar bem mais que isso. 

— Ele sabe negociar – Diz se pondo nas pontas dos pés – O que você quer em recompensa? 

— Que tal um beijo? 

— Um beijo? Acho que é um boa recompensa – Fala com um sorriso malicioso enquanto fecha a distância entre nós – Muito boa – Diz mordendo meu lábio inferior antes da sua boca cobrir a minha em um beijo quente. Sua língua invade minha boca sem encontrar nenhuma resistência reivindicando-a pra si. Aperto seu corpo pequeno contra o meu ganhando um suspiro em deleite como resposta e suas unhas apertam meu quadril me puxando mais pra si. 

— Arranja um quarto, Ollie! – Escuto ao longe a voz de Tommy e me afasto lentamente de Felicity, mas ainda mantendo seu corpo grudado ao meu. 

— Vai achar a sua namorada e não me enche, Thomas – Digo enquanto dou um beijo de esquimó em Felicity. 

— Se você pelo menos fingisse ser um bom amigo e olhasse pra mim, veria que ela está ao meu lado. 

— Não seja um chato, Tommy – Felicity fala beijando meu nariz e ele bufa. 

— Até você, Liz? 

— Pare de encher a paciência deles, Tommy – Cait fala divertida. 

— O que a Sra. Elsa queria com vocês? Estavam em um amasso na dispensa e ela pegou vocês na hora H?— Tommy pergunta debochado e Felicity da uma gargalhada e deita sua cabeça em meu peito. 

— Ela só queira parabenizar o meu lindo namorado nota A – Felicity fala e não consigo evitar meu sorriso presunçoso por seu comentário. 

— Nota A por quê? Fez algum trabalho extra pra professora que ela amou? – Pergunta malicioso me fazendo revirar os olhos. 

— Seu namorado não tem jeito, Caitlin – Digo entregando o teste pra ela que tem a mesma reação que eu e Felicity tivemos à pouco. 

— VOCÊ TIROU A+ NA PROVA DA SRA. ELSA? 

— Como é que é? – Tommy quase grita tirando o papel das mãos de Caitlin – VOCÊ TIROU UM A+? NA CARRASCA DA ELSA? 

— É o que está dizendo aí – Digo deitando minha bochecha no cabelo de Felicity. 

— De quem você colou? 

— De você que não foi, seu B- – Alfineto e se ele pudesse me matar com olhar, eu já teria morrido. 

— Parabéns, Oliver. 

— Obrigado, Cait. 

— Meu namorado é um garoto A+ como eu – Felicity fala suspirando. 

— Pra você ver o que eu não faço por você – Falo a apertando contra mim. 

— Bom saber – Se afasta e me da um beijo rápido e volta a deitar a cabeça em meu peito. 

— Porque você não pode ser romântico assim, Thomas? – Caitlin reclama nos fazendo rir. 

— Vou fazer o gol da vitória e dedicar ele pra você, quer mais romântico do que isso? — Tommy sugere a abraçando e ela revira os olhos. 

— Sempre uma resposta pra tudo. 

— Já que o Ollie falou em resposta, alguma resposta de Harvard? – Pergunta – O treinador ouviu que vão ter olheiros no dia do jogo. Tô pilhado. 

— Nem uma resposta, mas tô tranquilo – Maior mentira que eu disse em voz alta, mas eles não precisavam saber disso. 

— Bom pra você, por que eu estou quase enfartando aqui. 

— Deixe de ser exagerado, Thomas. E vamos que nós dois temos aula de história daqui a pouco – Felicity fala se afastando mas a puxo de volta. 

— Seu namorado nota A não ganha nem um beijo de despedida? 

— Já passou do romantismo pra diabetes – Tommy fala com falso nojo – Deixe de ser grudento e nos deixe ir pra aula, Ollie. 

— Nos vemos mais tarde – Felicity fala e me beija rapidamente – Vamos logo, Tommy. Antes que você faça o Oliver perder a cabeça. 

— O que eu posso fazer se ele é um bobão? 

— Ei! 

— Deixa de ser bobão e vai pra aula, aluno nota A. 

— Idiota. 

— Olha quem fala. 

 

~♡~ 

 

TRÊS DIAS DEPOIS  

 

— E elas tiveram a mesma reação? 

— Não. Minha mãe só ligou pra escola pra confirmar pensando que eu tinha tirado um F e alterado o boletim, mas foi bem melhor do que a Raisa que passou esses últimos dias me perguntando se era mesmo verdade. 

— Melhor do que a Thea, que fez pirraça quando sua mãe colocou o seu teste na porta da geladeira – Felicity fala dando de ombros e nós rimos. 

— Mico do século. 

— Nada mais que o normal. 

Logo depois que eu disse pra minha mãe sobre a minha nota em biologia e que ela constatou que era verdade, minha vida virou uma bagunça de mimos. Acho que eu nunca comi tanto bolo de chocolate no café da manhã como nesses três últimos dias. Minha mãe e Raisa estavam me dando tanta atenção que eu já estava ficando sufocado! Nada contra, eu amo a minha mãe e tenho a Raisa como se fosse minha segunda mãe mas... Uma hora a gente fica sufocado de tanta gente em cima. 

Então aproveitando que eu poderia pedir qualquer coisa, planejei um piquenique no jardim da mansão Queen. Só eu e Felicity, uma toalha branca e vermelha e vários docinhos feitos por Raisa. Era simples e reconfortante. A única coisa que estava atrapalhando era o céu cinza, mas isso sequer tinha importância. O clima estava ótimo, e ter Felicity usando nada mais que um short jeans e uma camisa azul céu de botões era a melhor parte desse dia. 

— Pensando eu que? – Felicity pergunta apertando meus dedos nos seus. 

— Em tudo e em nada. 

— Poético, mas não direto – Ri baixo – O que foi? 

— Só pensando o quanto é bom ficar assim com você – Digo puxando seu corpo mais pra cima do meu. Depois de comermos quase tudo o que a Raisa fez pra gente, nós nos deitamos no gramado e Felicity se aconchegou o máximo que pôde em mim. Era primavera, e por mais que estivesse nublado, não estava frio, nem mesmo calor. O que era um pretexto pra ter as pernas dela enroladas nas minhas e metade do seu corpo em cima do meu. 

— Também gosto de ficar abraçada em você – Fala beijando meu queixo e volta a deitar em meu peito, enquanto sua mão fica desenhando padrões invisíveis em meu peito e as minhas estão na sua cintura e mão – Vai me dizer o motivo desse piquenique de emergência? 

— Já falei que não foi nada demais. Só estavam me sufocando e eu precisava respirar um pouco – Explico. 

— E eu estou aqui porque... 

— Porquê eu gosto de ter você aqui – Digo dando de ombros e ela se levanta se apoiando no braço esquerdo e me da um beijo rápido. 

— Só por isso? – Pergunta com uma sobrancelha levantada e eu reviro os olhos. 

— Bom, você também disse que quando eu precisasse de você, você sempre estaria aqui. E ah, eu precisava de uma desculpa também – Digo com uma piscadela e ela da um tapa no meu ombro. 

— Quer dizer que eu sou uma desculpa?  

— Você sabe muito bem que o que eu disse era brincadeira – Falo colocando uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. 

— Até a parte que precisava de mim? – Pergunta com aquele tom que eu sei que se não der a resposta certa, eu vou entrar em uma encrenca das grandes. 

— Como você consegue ser a pessoa mais doce e mais teimosa que existe? – Pergunto curioso puxando seus braços fazendo-a cair completamente em cima do meu corpo – Eu não precisava de você, Sorriso. Eu sempre vou precisar de você. 

— Boa resposta – Fala fechando a distância entre nossas bocas em um beijo molhado, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar – Sempre tendo uma resposta na ponta da língua – Diz roçando seus lábios nos meus. 

— A única coisa que eu quero na minha língua nesse momento é a sua – Falo puxando seu lábio inferior entre meus dentes. Minhas mãos, que por algum motivo que não me lembro estão em sua costa e pescoço, a puxam mais pra perto de mim, sentindo cada pedaço de pele exposto do meu corpo grudado a sua, transpassando calor. 

— Então o quê você está esperando? 

— Agora? Mais nada... – Fecho novamente a distância entre nós e minha boca se choca com a sua, dando início a um beijo lento, mas ao mesmo tempo tão quente que por mais que eu malmente tenha o começado, já estava considerando a hipótese de mergulhar no lago a nossa frente pra acalmar meu corpo. 

Suas mãos apertam minha camisa me prendendo o mais perto possível dela enquanto sua língua desliza deliciosamente sobre a minha me levando as alturas em segundos. Mas eu queria mais. Com o maior cuidado que consigo ter nesse momento, nos viro em um movimento rápido a deixando por baixo, ganhando um sorriso satisfeito em resposta. 

Assim que meu corpo se aproxima novamente do seu, suas mãos cercam minhas costas me puxando pra si e suas pernas se fecham atrás das minhas me fazendo gemer em sua boca pelo contato mais do que agradável que era meu corpo preso ao seu. Me afasto novamente, só para me ajeitar em cima de seu corpo e não ter que esmaga-la com meu peso. 

— Você é tão linda... – Digo grudando minha testa na sua tentando conter um gemido quando suas mãos astutas se adentravam por minhas costas e suas unhas fincavam-se na linha da minha coluna. 

— Oliver... – Fala em um suspiro apertando suas pernas no meu quadril me puxando mais ainda pra si. 

— Eu... Oh, Deus- – Perco a voz apertando a tolha quadriculada que estávamos deitados quando sinto seu quadril se mover contra o meu gerando aquela fricção alucinante – Linda... – Falo extasiado enquanto sua boca viaja pelo meu pescoço arrancando arrepios até da minha alma. 

— Eu amo o seu perfume – Felicity fala mordendo lóbulo. 

— E eu amo mais ainda o seu – Digo com o resto de voz que ainda tenho e tiro suas mãos de minhas costas as prendendo acima de nossas cabeças – Principalmente aqui no seu pescoço – Falo enterrando meu nariz naquele local que era um portal para o meu paraíso particular – Adoro ver sua pele se arrepiar quando minha boca está por aqui – Finalizo com um beijo molhado ali a fazendo gemer alto e seus quadris se moverem com mais rapidez. 

— Não me torture. Eu preciso de você – Fala manhosa e eu tenho que respirar fundo pra não perder o controle aqui. 

— Baby, você quem está me torturando se movendo assim – Falo o mais controlado que consigo – Eu só penso em perder o controle e te beijar até não ter mais oxigênio em meus pulmões. 

— Faça isso – Fala em um só fôlego. 

— Felicity... 

— Por favor. Eu só preciso de você.  

— Você disse que queria esperar a- 

— A hora já chegou, Oliver. Na verdade, já passou da hora! – Fala um pouco irritada – Eu amo você, Oliver. Eu amo e eu quero dar esse passo com você

— Tem certeza disso? 

— Mas é cla- 

— Ollie! Liz! 

— Droga – Me afasto rapidamente do corpo de Felicity assim que escuto os gritos ao longe de Thea. 

— Cadê vocês dois? 

— Estamos aqui perto do lago – Felicity grita para Thea enquanto se senta e com a maior sutileza que consigo ter, pego o travesseiro e coloco no meu colo pra esconder o que seria uma vista nada agradável pra minha irmãzinha de sete anos. 

— Estamos apresentáveis? – Pergunto nervoso e Felicity ri alto. 

— Está mesmo me perguntando isso? – Fala divertida e antes que eu possa retrucar, Thea chega correndo e se joga nas minhas costas. 

— Mamãe falou que vocês estão fazendo um piquenique. Eu queria vir nesse piquenique – Thea diz fazendo bico. 

— Então no próximo, nós vamos te trazer junto. Agora venha aqui e me diga porque você está toda arrumada? – Felicity pergunta e Thea sai das minhas costas e corre para se sentar a frente de Felicity, mas não antes de mostrar seu vestido vermelho para então começar a comer seus cookies de chocolate. 

— Vocês não me trouxeram pro piquenique, então a mamãe e o Walter vão me levar pro zoológico fora da cidade. A Raisa também vai pra gente preparar um piquenique muito maior do que esse de vocês – Fala dando de ombros como se não fosse nada demais. 

— Se você vai pra lá, porquê está roubando os nossos cookies? – Pergunto levantando uma sobrancelha e ela ri sapeca. 

— Porque a Raisa não sabe fazer cookies gostosos como o da tia Donna – Fala simplesmente me fazendo rir alto. 

— Vocês vão pegar estrada nessa chuva? Não acha um pouco perigoso? – Felicity pergunta preocupada. 

— Mamãe falou que não tem problema. O sr. Diggle quem vai nos levar – Thea fala pegando mais alguns cookies – A mamãe falou que é pra vocês dois entrarem porque vai começar a chover. 

— Nós já vamos entrar. Mas primeiro eu preciso arrumar as coisas aqui. 

— Bom, a chuva já vai começar e eu quero chegar lá no zoo antes ficar cheio – Thea fala levantando em um pulo – E Ollie, não é porque você vai ficar sozinho que você tem que comer o meu pedaço de bolo, entendido? – Diz colocando as mãos na cintura na sua pose mais autoritária possível me fazendo prender o riso. 

— Sim senhora – Digo batendo continência e ela sorri maliciosa. 

— Muito bem! Agora eu tenho que ir, quero correr até as minhas pernas cansarem – Fala com uma piscadela e sai em disparada em direção à mansão. 

— Comendo o pedaço de bolo da irmã? Que feio, Ollie — Fala sarcástica. 

— Onze anos e não fica menos estranho você me chamando assim – Falo exasperado começando a recolher e guardar as coisas dentro da cesta de piquenique – O que eu fiz de errado dessa vez? – Pergunto me levantando pra pegar a toalha quadriculadas do chão para dobra-la. 

— Nada mais que o normal. 

— Que seria? – Guardo a toalha na cesta e vejo pelo canto do olho Felicity se levantar e tirar a grama do corpo. 

— Eu odeio quando você me chama pelo meu nome, e você sabe disso — Fala um pouco irritada e eu suspiro pesado me aproximando dela. 

— E você sabe que eu só lhe chamo assim quando temos um problema, não é? – Pergunto e ela assente bufando. 

— Eu sei, é só... Comum

— Ei... – Pego sua mão na minha que estava livre – Você é qualquer coisa, menos comum. Você é a minha Sorriso, minha namorada, minha melhor amiga mais legal do mundo todo, minha tutora, meu pequeno gênio... Eu posso passar o resto do dia lhe elogiando aqui, e nunca que passaria pela minha cabeça lhe atribuir a palavra comum – Digo me aproximando ainda mais dela – A não ser que fosse no negativo, porque você Sorriso, não é nada comum – Falo orgulhoso e ela suspira grudando nossas testas. 

— E você é o melhor namorado que exige! 

— Isso sim faz bem pro ego – Falo dando de ombros e ela ri brevemente antes de fechar a distância restante entre nós e me beijar rapidamente. 

— Dizer que você beija incrivelmente bem é algo pro seu ego. Ser o melhor namorado que existe é só parte do pacote – Fala descontraída enlaçando meu pescoço com seus braços. 

— Quer dizer que eu beijo incrivelmente bem? 

— Não sei – Fala mordendo o lábio inferior chamando minha atenção imediatamente para o local – Preciso tirar a prova pra saber. 

— Então vamos ver isso agora – Digo moendo seu corpo contra o meu já tomando seus lábios nos meus pra logo minha língua explorar cada canto da sua boca. Já as mãos e Felicity adentram em meu cabelo, puxando-os entre seus dedos acendendo meu corpo novamente. 

Mas antes que eu possa fazer alguma coisa, o barulho do trovão que cortava o céu invade nossos ouvidos nos fazendo pular um do outro ainda ofegantes. 

— É melhor... É melhor entrarmos, já está chovendo um pouco – Digo limpando a garganta já sentindo alguns pingos de chuva caírem em minhas costas. 

— Si-sim. É. Entrar. Vamos – Fala parecendo voltar a nossa realidade e se abaixa rapidamente pra pegar seu tênis na grama. 

— Quer a toalha pra se proteger? 

— Não. Eu gosto de chuva – Fala dando de ombros enlaçando seus dados nos meus. 

— Tem certeza? 

— Vamos logo, Oliver – Fala rindo já me arrastando em direção a mansão. 

~♡~ 

 

Depois de quase cinco minutos correndo na chuva que havia ficado torrencial, nós dois finalmente conseguimos chegar a mansão. Estávamos encharcados, roupas grudadas na pele, cabelo escorrendo, mas parecíamos dois palhaços de tão grande que eram os nossos sorrisos. Deixei a cesta de piquenique na sala e nós dois fomos pro meu quarto pra trocarmos de roupa. 

Felicity sempre deixava algumas peças de roupa aqui sempre que tomava banho de piscina, então não seria nada estranho ela chegar na casa dela com outra roupa. Pelo menos eu esperava por isso. 

Assim que chegamos no meu quarto eu entreguei uma toalha pra ela e fui ao banheiro pegar uma pra mim tentando ao máximo não prestar atenção na sua blusa que estava totalmente grudada ao seu corpo, fazendo o meu virar uma fornalha pra toca-la. 

— Merda! – Xingo assim que termino de tirar a minha camisa e perceber que esqueci de pegar roupas secas. 

Com um suspiro pesado, volto pro quarto e estagno na porta ao ver Felicity de costas pra mim enquanto se secava. Eu me sentia um verdadeiro pervertido enquanto a olhava. Eu não era mais uma criança, sabia o que ver o corpo de uma mulher fazia com um homem, e sabia onde isso terminava. Mas vê-la ali na minha frente toda molhada... 

Deus, eu preciso manter a calma aqui! 

— Vai ficar me encarando por mais quanto tempo? – Felicity pergunta ainda de costas pra mim – Posso ir trocar de roupa ou você destruiu o banheiro como qualquer garoto da sua idade faz? – Provoca se virando de frente e aquilo rouba todo o meu ar quando vejo que três botões da sua blusa estão abertos – Oliver? Está tudo bem? 

— Eu? An... Eu só vim... An... Eu... Deus... Eu vim... 

— Oliver! – Fala alto e morde o lábio inferior reprimindo sua rizada. Droga, Felicity! – Eu já posso ir trocar de roupa? 

— Tro-Troc-Trocar.. É, isso. Trocar. Eu vou blusa sair. 

— Faça sentindo, Oliver – Diz rindo abertamente dando um passo perigoso em minha direção. 

— Eu vou... Eu vou trocar de blusa e sair pra você ficar mais a vontade – Digo rápido e ela da mais um passo. 

— Mas você está sem camisa. Como vai trocar algo que não está com você? – Dessa vez ela da mais três passos. 

— É claro. Eu-Eu deixei ela no banheiro pra eu-eu... Droga! — Felicity ri brevemente dando mais um passo entrando no meu espaço pessoal. 

— Você? 

— Você? Ah, sim – Fecho os olhos tentando me concentrar melhor. Aquele pedaço de pele exposta estava me deixando sem chão a um ponto que nem eu mesmo sabia ser capaz de ficar – Você tem que trocar de roupa pra não pegar um resfriado. Eu vou pegar uma blusa pra mim e sair do quarto pra você ficar mais a vontade – Falo mais calmo ainda de olhos fechados até sentir suas mãos em meus ombros. Droga, Felicity! 

— Mas eu estou a vontade com você aqui – Diz com calma – E eu também gosto quando você fica sem camisa – Fala e como se quisesse provar o seu ponto, suas mãos começam a descer por minhas costas. 

— Felicity... – Deveria ser uma repreenda, mas acabou sendo um sussurro. Ou um gemido. 

— Esse é o meu nome – Diz divertida se afastando um passo – O que foi? 

— Só... – Respiro fundo tentando ter foco novamente – Troque de roupa. Você vai acabar ficando doente, por favor – Peço em um suspiro e ela sorri amplamente voltando a se aproximar. 

— Claro. Mas antes... Antes eu quero um beijo – Fala enlaçando minha cintura fazendo meu torso quente entrar em choque térmico ao encostar em sua camisa molhada. 

— Um beijo? Desde quando você pede pra me beijar, Felicity? – Falo um pouco mais relaxado a abraçando de volta. 

— Desde que você fica tenso só por ver minha camisa aberta, sendo que você já me viu só de biquíni inúmeras vezes – Fala risonha e eu tento ao máximo bloquear a imagem dela usando tão pouco na minha mente. Não que a imagem não me agradasse, mas essa imagem com ela em meus braços em um quarto trancado sem minha mãe ou Thea em casa era sinal de perigo em néon. 

— É diferente e você sabe – Bufo sentindo gotas d’agua caírem da sua blusa direto nos meus pés. 

— Eu não vejo diferença alguma entre o meu biquíni e o meu sutiã. São iguais, só muda que um eu posso usar quando estiver molhada. Mas eu não estou usando ele agora quando eu também estou molhada. Mas eu estou molhada de água de chuva e não da água da piscina... Você entendeu o meu ponto! – Vejo aquela ruga familiar se formar no meio da sua testa me arrancando uma rizada fraca. 

— Entendi sim, mas ainda sim, é diferente. Seu biquíni não... – Respiro mais uma vez ao sentir suas mãos começarem a vagar por minhas costas – Seu biquíni não foi feito pra chuva, nem você. Agora vá trocar de roupa ou você vai molhar todo o meu carpete – Insisto, embora não a afaste de mim. 

— Eu já disse. Um beijo – Fala se pondo nas pontas dos pés. 

— Só um? 

— Só. 

— Certo – Falo divertido e lhe dou um beijo rápido apenas pra ver sua carrasca se formar. 

— Eu disse um beijo, não um fingimento de um – Fala irritada me fazendo revirar os olhos. 

— Só um e você vai se trocar, ok? – Digo puxando-a pra mim e ela já se põem nas pontas dos pés pra compensar nossa diferença de altura – Certo então. 

Era o que deveria ter sido, apenas um beijo. Mas assim que a minha boca encostou na sua, que sua língua dançou sobre a minha, eu sabia que tudo havia ido pelos ares. Em um momento eu estava a beijando e no outro, ela estava deitada na minha cama com meu corpo encima do seu. 

O momento todo correu tão naturalmente, que foi impossível parar. E nós não queríamos parar. 

Ter suas mãos em meu corpo, as minhas no dela, encontrando cada ponto sensível, cada expressão de felicidade e amor que poderíamos dar um ao outro foi a melhor parte. 

Ver em seus olhos que ela me amava assim como eu a amo, que ela queria aquilo, que me desejava tanto quanto foi o ápice. Cada centímetro do seu corpo colado ao meu, assim como o meu no dela mostrando em cada gesto o quão nós nos amávamos. 

Fluido, calmo, aconchegante, terno, amoroso, quente e certo foi como tudo pareceu. 

Quando tudo terminou, eu não poderia me sentir mais vivo e mais feliz em toda a minha vida. Felicidade plena corria em minhas veias enquanto eu a olhava. 

Seu rosto ainda estava corado pelo o quê tínhamos acabado de fazer, mas eu via em seus olhos a mesma felicidade que eu sentia em meu peito. 

— Você está bem? – Pergunto colocando uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. 

— Muito mais do que bem – Fala com um sorriso preguiçoso se aproximando mais de mim – Você está? 

— Acho que a sensação de estar no paraíso é essa – Digo com uma piscadela e ela ri se aproximando do meu peito e descansando sua cabeça ali. Mas quando suas pernas foram se enlaçar as minhas, um gemido fraco de desconforto escapou de seus lábios, eu fiquei em alerta – Tem certeza que está bem? 

— Tenho sim – Fala puxando meu braço para enlaçar sua cintura. Mas aquela careta de desconforto continuava em seu rosto. 

— Eu-eu te machuquei? – Pergunto em um fio de voz temendo sua resposta. 

— Eu estou bem, Oliver! 

— Você parece estar com dor, Sorriso! Se eu te machuquei, pode me dizer. Eu juro que não foi por querer – Digo o mais sincero e preocupado possível já me levantando, mas ela me impede de ir muito longe. 

— Eu estou bem, Oliver – Fala sorrindo e procuro em seu rosto qualquer indício de que seja mentira e agradeço aos céus por não encontrar. 

— De verdade? 

— Sim. Não se preocupe, pois você não foi nada mais do que carinhoso comigo, e eu não poderia encontrar no mundo qualquer outra pessoa com quem eu queria dividir esse momento da minha vida – Diz com um sorriso enorme no rosto e eu suspiro aliviado. 

— Eu também não, Sorriso – Falo me aproximando novamente, dessa vez tendo seu corpo debaixo do meu – Foi muito bom... 

— Foi sim – Diz acariciando minha nuca – Um pouco desconfortável no início, dizem que é normal. Mas... Muito, muito bom. 

— Eu amo você. Muito

— Eu também. Amo mais do que eu posso imaginar que seja possível amar alguém – Desço minha boca levemente a sua somente para sentir o quão doce sua boca é. 

— Você é linda, sabia? – Digo descendo minha boca por seu pescoço, escutando seus suspiros satisfeitos. 

— E você é um bajulador. 

— Não é bajular quando se é a verdade. Assim como dizer que você é a garota mais linda, inteligente, doce e esperta que eu conheço. 

— Ok. Já aceito mais elogios assim – Fala rindo. 

— Sorriso... 

— Sim? 

— Me prometa que não importa o que aconteça no futuro, você nunca irá esquecer o quanto eu te amo. 

— Só se você me prometer que não vai esquecer também o quanto que eu te amo. 

— Eu prometo – Digo olhando em seus olhos e ela suspira grudando nossas testas. 

— Então eu também prometo. 

 

~♡~ 

DUAS SEMANAS DEPOIS  

 

— Eu não quero saber de ninguém fazendo corpo mole quando entrarmos lá. Tem olheiros, amigos e familiares. E principalmente, um título que vai entrar no histórico de vocês. Então nada de canela de cristal, quero todos dando o melhor de si e pensem muito bem em suas decisões naquele campo, elas serão as responsáveis pelo futuro de vocês. Entendido? 

— Sim Treinador. 

— Ótimo. Capitão, é com você. 

— Certo... Esse é o nosso último jogo, o ultimo dia dessa formação desse time. Lutamos muito pra chegar até aqui, perdemos coisas pelo caminho, momentos importantes, tudo pra esse momento. Pra isso. Então vocês ouviram o treinador, nada de corpo mole. Bateram em vocês, continuem na luta, se caírem, levantem. Não quero ver ninguém no chão por um chutezinho na canela, ninguém aqui é de cristal. Lá fora está a nossa chance, e ela é única. Da feita que colocarem os pés no campo, não quero ninguém desistindo. Entendido? 

— Sim capitão. 

— Lembrem-se, somos um time. Um cai, todo mundo vai junto. Então tratem de ficar de pé e trazerem esse título pra casa. E ESSA TAÇA VAI SER NOSSA! 

— ARCHER! 

Vou em direção ao meu armário pra dar os últimos ajustes no meu uniforme pra conferir se não tem nada fora do lugar.  

— Belo discurso, capitão. 

— Obrigado treinador. 

— Sua família está toda aí, até o seu sogro! – Fala com um olhar orgulhoso – E o olheiro de Harvard também. 

— Tem certeza? 

— Falei com ele à pouco. Ele veio aqui só pra te ver, pelo que eu entendi, você está fazendo sucesso com as faculdades. 

— E-e-eu, eu espero que sim – Digo nervoso. 

— Não precisa gaguejar, Oliver. Você é um bom jogador, o melhor do nosso time. Vai conseguir entrar por mérito – Fala dando dois tapinhas no meu ombro – Agora vá comanda o time. Eles precisam de um líder e você é um nato. 

— Certo. 

— E não esqueça de marcar um gol. Conheço uma garota na arquibancada que odiaria estar segurando aquele cartaz enorme sem ao menos ganhar algo em recompensa – Fala sorrindo e se afasta indo em direção ao time que já estava nos últimos preparativos pra sair do vestiário. 

— Tudo certo, capitão? – Tommy pergunta se aproximando. 

— Sim, só o treinador querendo dar um incentivo à mais. 

— Se for pra vencermos, eu estou aceitando quase tudo – Fala com uma piscadela começando a se aquecer – O que ele disse? 

— Que meu sogro está na arquibancada, minha namorada segurando um cartaz de incentivo e que tem um olheiro esperando por mim. E claro, que minha família toda está na torcida. Nada mais incentivador do que uma pequena pressão psicológica antes do jogo que pode me dar uma vaga em Harvard – Digo dando de ombros já me aquecendo como se nada do que eu disse antes me afetasse. O que era o oposto do que acontecia. 

— Olheiro? Harvard? 

— Ele disse que sim. Nessas horas que eu te odeio por ter me convencido a entrar no time da escola. 

— E claro, mas não esqueça de dizer o quanto me ama quando vê a Felicity com um cartaz do tamanho dela no meio da torcida gritando o seu nome. 

— Eu não te amo por ver ela – Digo exasperado – Deus, é estranho até pensar nisso. 

— Dez pratas que o cartaz da Cait vai ser maior que o da Felicity. 

— Cinquenta que o dela vai ser melhor elaborado que o da Caitlin. 

— TODOS PRO CAMPO — O treinador grita do lado de fora do vestiário. 

— Apostado. 

 

~♡~ 

 

— Me deve cinquenta pratas – Falo assim que me aproximo de Tommy quando entramos no vestiário. Archers de Starling City haviam ganhado de 3x0 dos Morcegos de Gotham. Um gol de Tommy e dois meus. A torcida já havia ido embora, os auxiliares desmontavam o pódio onde recebemos as medalhas e a taça. 

Nossas famílias e amigos estavam nos esperando em um Big Belly Burger perto daqui, e nem preciso dizer que eles estavam eufóricos pela vitória. Talvez até mais do que nós estávamos! 

— Quarenta. O da Cait é duplo – Diz dando de ombros e vai tomar seu banho. 

— Ele era maior na largura, não na altura – Rebato indo em direção ao meu armário escutando seu grunhido em resposta. 

— Aceite que foi empate e pare de querer ficar com o resto da minha mesada. 

Antes que eu possa responder algo, o treinador entra no vestiário acompanhado de um homem bem humorado. 

— Como está o meu time campeão? 

— Cansados – Sebastian fala saindo do banho. 

— Diga por você, eu estou a mil – Digo dando de ombros. 

— É claro que mesmo depois do jogo você ainda vai querer mostrar serviço. 

— Ok, atenção agora – O treinador fala – Queria apresentar aqui alguém muito importantes, que assistiu o nosso jogo e gostou bastante. Frank Pike, olheiro de Harvard. 

— Olá garotos, foi um belo jogo campeões do interestadual. Muitos talentos aqui nesse time – Fala e olha para uma prancheta que o treinador segurava – Gostaria de falar uns cinco minutos com alguns jogadores, se possível. Sebastian Blood, Cooper Sheldon, Thomas Merlyn, Alex Davis e Oliver Queen. 

— Tem que ser agora ou.. – Cooper pergunta enquanto se aproxima mancando. Ele tinha sofrido um carrinho no meio do primeiro tempo e teve de substituído pelo Alex, que não ficou nada triste em ter que jogar. 

— Agora não. Tomem um banho, relaxem e me encontrem na arquibancada em vinte minutos. Mais uma vez, vocês fizeram um ótimo jogo. Mereceram esse título – Fala parecendo orgulhoso e sai do vestiário acompanhado do treinador. 

— E lá vou eu, ter que ficar mais tempo por aqui do que eu deveria. Era só o que me faltava – Sebastian reclama indo em direção aos chuveiros. 

— Ele nunca vai parar com esse mimimi? 

— Provavelmente não – Tommy fala debochado e pega suas coisas no armário pra ir tomar banho – Mande uma mensagem pra Liz enquanto eu entro na fila do banho e avise que vamos nos atrasar. E vê se não demora pra ir tirar essa fedentina que você está. Odiaria ter que dividir a minha comemoração com alguém que não toma banho. 

— Idiota. 

— Fedorento. 

Em uma coisa ele estava certo, nós iríamos nos atrasar e eu deveria avisar os outros disso. Volto a minha atenção pro meu armário e perco alguns segundos admirando uma foto de Felicity que eu guardava ali. Ela estava sentada debaixo de uma árvore na sua casa enquanto observava o pôr do sol. A luz alaranjada cobrindo sua pele a deixavam incrivelmente mais linda do que ela já era. 

Pego meu celular e já começo a digitar uma mensagem pra Felicity. 

 

OQ: “E se eu te contasse que tem um olheiro de Harvard querendo falar comigo e com o Tommy e por isso vamos nos atrasar um pouco, você acreditaria?” 

FS: “OLHEIRO DE HARVARD? OLIVER JONAS QUEEN, EU ESPERO QUE VOCÊ ESTEJA ME DIZENDO A VERDADE OU ENTÃO EU VOU ARRANCAR O SEU PESCOÇO POR ME DAR UMA NOTÍCIA COMO ESSA E ELA NÃO SER VERDADEIRA!!” 

“Sua mãe está quase tendo um ataque cardíaco aqui.” 

“Tio Malcon quer arrancar a cabeça do Tommy porque ele não atende o telefone dele. Acho que só um de vocês vai ficar vivo pra saber o que o olheiro quer” 

 

OQ: “Tommy está no banho e eu estou esperando pra tomar o meu. Diga pra minha mãe manter a calma ou então ela não vai estar viva pra saber o que ele queria!” 

“E é só isso que você tem pra me dizer?” 

 

FS: “Sim.” 

 

OQ: “Sério? Nem um ‘meu namorado é o melhor’ ou um ‘Parabéns por ser eleito o melhor jogador do jogo?’ Depois da atuação que eu fiz, não mereço nem um elogio da minha namorada?” 

 

FS: “Prefiro fazer isso pessoalmente. Sabe como é, nós dois, sozinhos...” 

 

OQ: “Estou começando a gostar dessa opção” 

“Te vejo em uma hora” 

 

FS: “Não se apresse e mande noticias!!” 

“Eu te amo” 

 

OQ: “Também te amo. Muito.” 

 

— Terra pra Ollie? Cara, volta pro mundo. 

— Quê? – Pergunto confuso desviando a atenção do celular pra Tommy e sento uma pontada imediata na nuca. 

— Quê? Cara, eu já tava quase jogando o balde de gelo do pé do Sheldon na sua cabeça do tanto que eu tô te chamando e você não me ouvia. 

— Seu pai tá te ligando, atenda ou é outro mês de castigo. Vou tomar meu banho. 

— Isso mesmo, foge que depois eu vou te zoar na frente da Felicity e da Thea que é bem melhor. 

— Não se você ficar de castigo – Dou de ombros já pegando minhas coisas pro banho enquanto ele fica resmungando irritado. 

 

~♡~ 

— Nem todos estão aqui. Cadê o Blood? – Frank Pike pergunta olhando da prancheta em suas mãos pra gente. 

— Ele teve alguns... Problemas — Tommy fala segurando a rizada e eu faço o mesmo. Porque não é todo dia que se tem um Sebastian Orgulhoso Blood recebendo um trote do time tendo que correr pelo campus atrás de suas roupas e tentar recupera-las de cima de uma árvore. 

— Eu não vou esperar por ele, então vamos ao ponto. Vocês quatro jogaram muito bem hoje, até você Sheldon. Mesmo saindo no meio do primeiro tempo teve uma bela atuação, foi pra cima, lutou com o time. Todos vocês. 

— Obrigado, sr. Pike. 

— Não por isso, Alex. Mas eu queria saber, quem de vocês já recebeu propostas de universidades? 

— Eu, o Thomas e o Blood – Alex fala visivelmente nervoso. Ele já havia recebido propostas? 

— Sheldon? Queen? 

— Eu já estou fechado com a universidade da Califórnia. 

— E eu estou estudando e esperando algumas propostas – Falo cruzando os braços pra esconder o quão minhas mãos estavam tremendo. 

— E quais estão nas escolhas de vocês, porque eu digo que a Harvard estaria mais do que interessada em vocês. 

— Harvard sempre foi a minha primeira opção, assim como a de Oliver. Seria como um sonho de infância realizado pra nós dois entramos lá – Tommy fala empolgado e o sr. Pike o analisa por alguns instantes. 

— Isso é uma ótima notícia. Já mandaram suas inscrições? 

— Sim, mas ainda não recebemos nem uma resposta. 

— E eu estou esperando por ela pra tomar alguma decisão – Tommy fala. 

— Eu também. Mas assim como com o Oliver e o Tommy,  Harvard sempre foi a minha primeira opção. 

— E você, sr. Sheldon? Está realmente fechado ou temos ainda alguma chance? 

— Obrigado pela oferta, sr. Pike. Mas eu já tomei minha decisão. 

— Tudo bem – Suspira vencido – Eu vou levar o que eu achei do jogo de hoje pra bancada e ver como está a situação de vocês. Espero ter os três no nosso time. Harvard ganharia muito com vocês. 

— Obrigado, sr. Pike. 

— Eu quem agradeço a atenção de vocês. Agora vão se divertir, sei que estão doidos pra comemorar a vitória de vocês. Eu mantenho contato. 

— Big Belly? 

— Claro. Não quero ter um furacão loiro, vulgo sua namorada arrancando meu pescoço. 

— Ainda bem que você sabe. 

— Como se ela não fosse fazer o mesmo com você. 

 

~♡~ 

 

TRÊS SEMANAS DEPOIS 

 

Eu realmente achava que já tinha sofrido a maior dor da minha vida e que nada nesse mundo se compararia a dor de quando eu perdi o meu pai. Eu realmente achava isso. Eu realmente achava que nada de pior poderia me afetar novamente, que tudo de ruim que poderia acontecer na minha vida já havia acontecido. Mas claramente eu estava errado. 

Não que a dor de agora tenha sido na mesma intensidade de quando eu perdei meu pai, mas estava bem perto disso. 

Há uma semana eu estava no conforto do meu quarto quando Felicity me ligou me chamando pra irmos passear com Thea já que ela iria viajar no dia seguinte pra fazer um curso de dois dias no MIT. Não me lembro direito do que era, mas lembro da empolgação que ela ficou por ser umas das dez escolhidas de um grupo seleto. 

No dia seguinte quando eu havia a deixado no aeroporto e ela já havia embarcado, eu recebi uma ligação muito animada de Thea dizendo que o correios haviam entregado a sua mais nova casa de bonecas e ela poderia agora ter eu, Felicity, Tommy e Cait com ela debaixo da mesma barraca. Isso seria bom, se ela não tivesse falado que havia também chegado dois envelopes pra mim. 

Não preciso dizer que fui imediatamente pra casa ver do que se tratava, e infelizmente eu estava certo. Um envelope de Stanford e outro de Harvard. Um com uma aceitação e o outro com uma rejeição. 

Meu mundo simplesmente desabou naquele instante. Saber que agora eu entraria em uma faculdade perto de casa, mas do outro lado do país que eu queria estar me quebrou no meio. 

E até agora eu não sei como reagir, como contar

Eu só tinha uma coisa pra fazer, um único objetivo, a merda de uma única chance e eu estraguei. Segundo eles, eu era um líder nato, mas não apropriado pra instituição. 

Já Stanford por outro lado, disse que eu era o tipo de jogador que eles queriam e que eu deveria mandar minha resposta a eles em duas semanas. 

Harvard não concordava com Stanford. E nem eu. 

Eu realmente não sei onde foi o meu erro, e não sei se quero parar pra descobrir. 

Dois dias depois dessa bomba estourar nos meus braços, Felicity voltou do MIT com um dos maiores sorrisos que eu já havia visto em seu rosto. Eu não queria estragar aquele momento pra ela, mas vê-la planejando as cores da parede do seu apartamento pensando em quando eu fosse passar as noites junto com ela foi o que me dilacerou de vez. 

E é claro que como sendo a minha melhor amiga, ela percebeu que havia algo de errado comigo. Mas eu não queria estragar aquele momento dela, ela estava tão feliz e eu não teria a coragem, força ou até mesmo a vontade de tirar aquele sorriso de seu rosto. 

Eu não queria. 

Então assim como ela, eu empurrei aquilo pra debaixo do tapete o quanto pude. Desviando de assuntos que poderiam trazer o problema a tona. 

Mas a situação já estava ficando insuportável! 

Eu odiava esse sentimento que estava instalado no meu peito todas as vezes que eu mentia pra ela e pra minha família. Sim, minha família. Eles também perceberam que algo estava errado, mas assim como Felicity, não ficaram insistindo. 

Até o dia de hoje. 

Hoje o dia havia amanhecido cinza, assim como o meu humor. Eu não queria ver ninguém, e antes que eu pudesse descontar minha frustração em alguém, eu vim ao parquinho nos fundo da mansão pra pensar um pouco. 

Eu vinha muito aqui quando era menor com Tommy e Felicity. O balanço ainda estava aqui, o mesmo que precisasse de um pouco de óleo pra parar de fazer barulho, mas estava ali. Thea não costumava vir aqui já que dizia que esse era o “Lugar do Ollie” e ela precisava do “Lugar da Speedy”, então ele ficou meio que abandonado por todo esse tempo. 

Era um bom refúgio. 

Um bom lugar pra pensar nas coisas, pensar em como eu diria a minha mãe que eu não iria pra mesma faculdade que o meu pai, dizer que eu não conseguiria realizar um dos últimos sonhos dele pra mim, dizer pra Felicity e Tommy que todos os planos que nós fizemos desde quando nos conhecemos, coisas que passamos juntos até aqui, coisas que lutamos pra ter simplesmente não deram certo porque eu não fiz a minha parte. Dizer pra Felicity que eu não poderia opinar na cor da parede do seu quarto porque eu não iria vê-lo me machucava. 

Deus, talvez nem mais juntos nós ficássemos quando a droga de um país estivesse entre nós. 

— Esse balanço não está muito sujo pra você estar sentado nele? – Escuto a voz de Felicity atrás de mim e logo suas mãos surgem em meus ombros – Não vou perguntar se você está bem já que passou a semana toda mentindo sobre isso pra mim – Sussurra irritada beijando minha cabeça. 

— Eu não menti. 

— Mas também não me dizia o que estava acontecendo. E isso pode ser até pior – Bufa enquanto seus braços me puxam pro seu peito me apertando ali – Oliver, sua mãe tem me ligado quase todos os dias pra saber o que pode ter acontecido pra você ficar assim de um dia pro outro. Ela até pensou que nós tivéssemos brigado ou até mesmo terminado. Droga, Oliver! Não tem um motivo que eu possa pensar pra você estar assim, que não passe por minha cabeça que seja minha culpa. 

— Não é sua culpa. 

— Então o que é? Eu estou preocupada com você, sua família está preocupada, os professores estão preocupados. Até o Tommy está preocupado. Me diga o que aconteceu, por favor... 

— Sorriso- 

— Não, Oliver. Nós somos um casal. Nos confiamos um no outro, nós somos o melhor um pro outro. E antes de tudo, eu sou sua melhor amiga! Eu sei quando você está chateado com algo, e como sua amiga é meu dever saber o que está de errado. Assim como sua namorada, eu devo pensar em uma maneira de te ajudar a superar isso. Me deixa te ajudar, Oliver. 

— Isso não tem como ser superado. Ou ajudado. 

— Você não sabe disso! 

— Acredite em mim, eu sei. 

— Oliver- 

— Não, Felicity. Não da pra consertar isso. Não isso – E aquele peso em meu peito volta a me esmagar enquanto sinto Felicity se afastar de mim. 

— Então vai ser assim? Vai me esconder isso até não poder mais? Até quando? – Pergunta parando a minha frente. Eu perderia dizer que sue rosto estava literalmente vermelho de raiva por eu estar me esquivando novamente de uma conversa com ela, mas eu não tinha coragem o suficiente pra olhar em seu rosto. 

— Sorriso, eu... – Paro de falar assim que percebo que não tenho mais nada a dizer. Eu não queria esconder nada dela, mas eu não tinha coragem o suficiente pra colocar as palavras pra fora. 

— Foi algo que eu fiz? 

— O quê? 

— Algo comigo? Algo sobre quando a gente... Você sabe. Foi sobre isso? – Pergunta com cautela e eu nego no mesmo instante pegando suas mãos nas minhas trazendo seu corpo pra perto do meu. 

— Acredite em mim quando eu digo que cada pequeno segundo que estivemos juntos foram os melhores da minha vida. Não tem nada em qualquer hipótese haver com você o que está acontecendo comigo. É só que... É... É complicado. 

— Então porque essa sua cara de decepcionado, que é igual a cara que você fez pra mim por um maldito longo mês quando eu disse que ainda não estava pronta pra namorar com você? 

Seus dedos voltam aos meus ombros massageando-os e tirando a tensão que estava ali por essas semanas. Eu amava estar com ela, não havia nada nesse mundo que eu não achasse melhor. Mas não havia um jeito bonito de contar a verdade. 

— Eu passei em Stanford. 

— Oliver! Isso é muito bom. Isso quer dizer que uma das maiores e melhores faculdades do país escutou o seu nome e te quer junto deles. Eu não vejo nada de ruim nisso! 

— Eu vejo quando no mesmo dia em que eu recebi a carta de aceitação em Stanford, eu recebi a de rejeição de Harvard e estava te colocando em um avião pra mais de 5 mil quilômetros pra longe de mim! 

— Oh! 

— É, oh. 

— Desculpe. Eu não sabia. 

— Tudo bem. Só... Só fique aqui comigo um pouco – Digo abraçando sua cintura apoiando minha testa em seu peito – Só preciso de você agora. 

Não sei quanto tempo se passou, se foram segundos ou horas. Mas em momento algum suas mãos deixaram de acariciar minha nuca me deixando cada vez mais calmo e ao mesmo tempo confuso. 

Eu queria que ela fosse feliz, queria que ela fosse pro MIT, mas como ela mesmo disse, eram uma das maiores faculdades do país que estava interessada em mim. O time de Stanford era muito melhor e tinha uma história muito mais prodigiosa que a Harvard, que ainda era novo considerada a Stanford. E eu poderia pedir transferência quando pudesse. 

Eu só não queria perde-la. 

— Você está melhor? 

— Um pouco. Ainda não sei como fazer isso, Sorriso. Como eu vou contar pra minha mãe que nem o último desejo do meu pai eu vou conseguir realizar? – Falo sentindo minha garganta fechar e ela me abraça mais forte. 

— Seu pai queria que você fosse feliz, Oliver. Queria que você seguisse seus sonhos e tivesse um futuro brilhante. Você não vai desonra-lo por não conseguir entrar em Harvard. Você só vai seguir outro meio pra conseguir alcançar seu objetivo. Mas nunca desonra-lo. 

— Tommy também vai ficar decepcionado. Nós planejávamos isso desde quando entramos na creche. Que iriamos pra mesma faculdade. E depois você apareceu e nós descobrimos que a sua faculdade seria perto da nossa, e... Eu me sinto um lixo por decepcionar vocês dois. 

— Ei! Olha pra mim – Se afasta um pouco e seus dedos puxam meu cabelo até eu estar olhando em seus olhos – Você não é uma decepção, você não é um lixo. Você é o meu namorado mais romântico e atencioso, o melhor amigo do Tommy que entrou no time de futebol da escola só pra fazer a vontade do amigo, você é o filho que fica cuidando da irmã até tarde porque sua mãe precisa ficar mais algumas horas no escritório, é o irmão que fica com a cara cheia de maquiagem de boneca na cara só pra fazer a vontade da irmã. Você Oliver Queen, é o filho que jurou no enterro do pai que cuidaria da sua mãe e da sua irmã até o último segundo e é isso que você está fazendo! Você nunca, jamais vai ser uma decepção, entendeu? Nunca mais fale isso pois é uma completa mentira, está me escutando? 

— Mas- 

— Sem mas! – Me interrompe – Você não passou em Harvard, mas passou em Stanford que é tão boa quanto. Que pelo o quê eu ouvi falar, tem um time melhor.  Então eles que estão perdendo em não te aceitar, e não você. 

— E nós dois? 

— O quê que tem? 

— Sorriso, vai ter um país entre nós dois. Eu sei que eu vou te esperar pelo resto da minha vida se for necessário, mas eu não quero que isso acabe. Eu quero ficar com você, mas não sei se vamos conseguir. Meu maior medo... É que a distância nos afaste. Que você me esqueça. 

— Eu nunca vou te esquecer! Eu amo você, Oliver. Muito. De verdade. Com todo o meu ser. E não vou deixar que a distância acabe com o nosso amor. Jamais. 

— Sorriso- 

— Confia em mim nisso, Oliver? Sim ou não? 

— Confio com todo o meu ser. E não só pra isso, como pra tudo que existe – Falo e um sorriso enorme surge em seu rosto. 

— Ótimo. Nós vamos fazer isso dar certo — Fala dando de ombros e me da um beijo rápido – Agora vamos contar pra sua mãe. Ela merece festejar que o menino de ouro dela entrou na faculdade. 

 

~♡~ 

 

DUAS SEMANAS DEPOIS. 

 

De todos os filmes de comédia romântica que Felicity Smoak me fez assistir com ela por todos esses anos, eu nunca imaginei que faria parte de uma cena dessas na minha vida. E de fato, andar de mãos dadas em um aeroporto e não poder embarcar com ela não foi bem o que eu estava imaginando quando eu decidi que eu queria dar um passo maior em nossas vidas e mudar nossa relação de “Apenas melhores amigos” pra “Ela é o amor da minha vida”. 

Thea parecia alheia a tudo ao nosso redor enquanto corria pelo aeroporto sem se preocupar muito com a situação. Minha mãe e os pais de Felicity estavam muito bem engajados em uma longa conversa sobre os tempos da faculdade. Caitlin conversava animada com Felicity e Tommy. Esse último parecia estranhamente quieto, sendo que ele é basicamente... Bem, ele. 

— Tudo certo? – Felicity pergunta apertando levemente minhas mãos com as suas. 

— Sim. Só pensando em um jeito de te sequestrar sem os seus pais notarem e fugir com você pras Bahamas. 

— Se eu não te sequestrar primeiro depois desse plano magnífico – Aperta mais meu braço contra si. 

— Vocês são tão água com açúcar que me dão enjoo – Tommy fala fazendo careta. 

— Não é enjoativo, é romântico – Felicity o corrige e beija meu ombro – E pare de tentar desromantizar o meu namorado que é um romântico incorrigível – Lança um olhar de falsa repreensão a Tommy que ri alto. 

— Tudo bem, eu me rendo. O Ollie é o romântico e eu sou o racional. 

— Ser romântico não quer dizer que não pode ser racional, Tommy. Só quer dizer que eu faço tudo ao meu alcance pra fazer que ela sempre esteja sorrindo – Falo e ele torce a cara. 

— Viu? Um romântico incorrigível – Felicity fala se pondo nas pontas dos pés e deixa um leve beijo em minhas bochechas. 

— Own Oliver, isso é tão fofo! Porque você não é assim, Thomas? 

— Eu te dei um buque de orquídeas azuis, que por um acaso são as suas favoritas semana passada! 

— É verdade! – Cait bate na testa por seu esquecimento e nós rimos. 

— Ollie, Ollie! -Thea vem correndo em nossa direção e se joga nas pernas de Felicity – Liz, manda o Ollie comprar um pote bem grande de sorvete de creme pra mim? 

— E porque você não pede isso pra mim? – Pergunto e ela abre um sorriso enorme no estilo Tommy Merlyn. 

— É que você sempre quer que eu tome sorvete de chiclete e eu não gosto muito desse sabor. E você faz tudo o que a Liz pede – Fala dando de ombros  e Tommy da uma gargalhada alta chamando a atenção de todos que passavam ao nosso redor. 

— Thea... 

— Não brigue com ela, Ollie! Você sabe que ela está certa — Tommy fala se agachando na altura de Thea – Vem comigo e a Cait que a gente compra dois potes de sorvete pra você enfiar um deles na garganta do Ollie pra ver se ele aprende a gostar do melhor sabor de sorvete. 

— EBA!!  

— Não demorem. 

— Onde eles vão? – Mamãe pergunta confusa ao ver os dois correndo pelo aeroporto em direção à sorveteria e Cait atrás rindo. 

— Vão tentar convencer o Oliver mais uma vez de uma coisa que eu estou tentando fazer a no mínimo a onze anos – Felicity fala rindo. 

— Como alguém ficou ocupada demais passando muito tempo se arrumando – Tio Noah aponta não tão discreto pra tia Donna – Acho melhor nós irmos despachando as malas de uma vez. Pode ficar aqui se quiser que eu e sua mãe cuidamos disso. 

— Ok. Eu espero aqui. 

— Quando eles disseram que iriam passar essa primeira semana com você, eu achava que era brincadeira do Noah. 

— Acho que eles não querem me largar tão fácil assim. 

— Já eu tenho certeza – Falo rindo e mamãe me acompanha. 

— Então crianças. Crianças não, Deus! Os dois já estão na faculdade, são tudo menos crianças agora. Estou velha. 

— Acho que a sua mãe tem passado muito tempo comigo – Felicity aponta rindo quando nota que mamãe começou a divagar. 

— Concordo. 

— Não critiquem. Eu vi os dois crescerem e se tornarem dois adultos responsáveis que sabem o que querem da vida. Eu estou orgulhosa de vocês dois. 

— Obrigada. 

— Por nada, querida. Mas agora voltando para o que eu queria falar com vocês dois, como é que vai ser daqui pra frente? O Oliver já me pediu autorização pra usar o jatinho da QC todos os meses, e não foi nem preciso parar pra pensar pra saber que o motivo disso não era vir me visitar. 

— Nós vamos tentar vencer a distância. Nós somos mais fortes que isso. 

— Somos. E eu também pedi pro meu pai pra eu usar o jato da ST, pra não ficar muito pesado nas contas de vocês e quando eu puder ir assistir alguns jogos do Oliver. 

— E em agosto que é geralmente quando o time vai jogar contra o time de Harvard, da pra eu passar um tempo a mais com ela. Isso é claro, já que Stanford fica mais perto de casa. Então a sra. E a Thea ainda terão que me aturar mais um pouco. 

— Parece que já tem tudo planejado. 

— Eu não diria planejado. Nós dois só pensamos que nadamos demais pra morrermos na praia agora – Falo puxando Felicity mais pra perto. 

— Espero que dê certo. Odiaria ter que ver os dois separados por isso. 

— Nós também. 

— Ótimo. Problema esclarecido, agora eu vou ali ver no que a Thea transformou aquela sorveteria. Deus sabe que eu não tenho mais como arcar os prejuízos dessa garota sem ter que comprar outra franquia de sorvetes. 

— Boa sorte – Grita Felicity – Qual a chance dela chegar lá já assinando um cheque que vale mas que um carro? 

— Muitas – Falo rindo e a puxo pra minha frente – Por favor, tome suas vitaminas e não se encha em cafeína toda hora. Sua mente, assim como seu corpo merece descanso, entendido? 

— Hun, essa é a hora das recomendações. Entendi sim, mais alguma coisa? 

— Várias. Me ligue todos os dias antes de dormir, me mande mensagens quando acordar e quando estiver trocando de aulas. Em todas as minhas viagens pelo time eu lhe enviarei postais, me mande cartas com fotos novas. No final de tudo eu quero ter várias fotos suas espalhadas pelo meu dormitório. 

— Eu também vou querer. Muitas. Sem camisa também. 

— Descanse nos finais de semana. Por favor, não fique enfiada no seu quarto estudando. Você pode sair e se divertir sempre que quiser. Tommy vai estar por perto e provavelmente vai convencer os pais dele a deixarem ele se mudar pro seu apartamento. Não pegue muito no pé dele e não deixe que ele faça o mesmo com você. Por favor, tranque a porta do seu quarto quando estiver falando comigo e ele estiver lá. Não quero ter que pegar um avião pra atravessar o país só pra matá-lo. 

— Vocês se amam. Não matariam um ao outro. 

— Ele continua sendo um idiota. Não deixe ninguém passar por cima do que você é. Lembre-se, você é o meu pequeno gênio que vai mudar o mundo com sua inteligência e perspicácia. 

— Agora pare. Assim eu vou começar a chorar e não tem motivos pra isso! 

— Mas agora que eu ia dizer pra quando o Tommy surgir magicamente do seu lado é porque tem alguém olhando pra minha linda namorada e que eu não quero nem um garoto ao seu lado. 

— Ciúmes a essa altura, Oliver? 

— Eu tenho ciúmes até da colher do sorvete de chocomenta que você vai usar quando estiver com TPM e saudades de mim assim como eu estarei me cansando ao máximo pra não pensar muito na enorme saudade que eu vou estar de você. 

— Antes que você me faça chorar é a minha vez! Estude, eu sei que você pode ser o melhor da turma quando quer. Pense que cada A que você tirar, vai ser um dia a mais comigo. Não se foque somente no futebol, os cursos também são importantes. Descanse, não quero que quando você venha ficar uns dias comigo ou quando eu vá passar uns dias com você eu te veja mais magro ou um zumbi de tão cansado. Eu quero o meu namorado inteiro, fui clara? 

— Cristalina. 

— Ótimo. Me ligue quando estiver com problemas, quando não estiver também. Ouvi dizer que computadores agora irão ter câmeras, aprenda a usa-las pra fazermos vídeos um pro outro. Mande mensagens quando não puder ligar, me conte como está a faculdade, os amigos e como você quis matar seu colega de dormitório porque ele é um bagunceiro. E me mande ingressos pros seus jogos. Sempre que der, eu vou dar um jeito de escapar pra ir te ver. 

— Vou esperar muito por isso. 

— Espero mesmo que sim! Saia pra se divertir, mas nem tanto. Sei que assim como na escola, irá ter várias garotas querendo você. 

— Eu já tenho tudo o que eu preciso. Você é tudo o que eu preciso. 

— Vamos estabelecer horários pra você me ligar durante a semana. Mas isso não quer dizer que não possa te ligar a qualquer hora e você também. Não se irrite com qualquer coisa que o Tommy falar, você o conhece melhor do que ninguém. Sabe que ele gosta de provocar.  

— Isso é meio difícil. 

— Eu sei que você consegue. Seja sempre essa pessoa maravilhosa que você sempre foi. A pessoa mais apaixonada, dedicada e sincera que eu conheço. 

— Agora quem vai chorar sou eu. 

— Só mais uma coisa, não fique com ciúmes da minha colher. Saiba que eu queria estar beijando você ao invés de estar tomando sorvete. 

— Nesse ponto eu vou ter que me esforçar. 

— Então se esforce. Não quero você jogando todas as minhas colheres fora toda vez que for me visitar — Nós rimos – E vou sentir sua falta a cada segundo do dia. 

— Eu também – A puxo para um abraço apertado enterrando meu nariz em seu pescoço – Em cada pequena coisa. Vai ficar muito sem graça aqui sem você. 

— Lá também – Me puxa mais pra perto — Vamos fazer isso dar certo. Não sei se conseguiria suportar te perder. 

— Nós vamos passar por isso. E quando toda essa distância acabar, eu ainda vou estar te amando. Até mais do que eu já te amo. 

— Droga, Oliver! Falei pra você não me fazer chorar. 

— Eu também não queria, mas acho que já estou. Desde a sua viajem pela Europa quando você tinha doze nós nunca mais ficamos tanto tempo afastados por uma distância tão grande. O que me lembra – Me afasto minimamente apenas pra ver seu rosto já vermelho com lágrimas não derramadas — Nada de mudança no visual. Você é perfeita assim, não precisa mudar em nada. 

— Nem se eu quiser pintar meu cabelo de roxo escuro? – Provoca com um sorriso arteiro ao mesmo tempo em que uma lágrima solitária cai em seu rosto. 

— Você não precisa mudar por fora pra verem o quão importante você será. Eu sei disso. Eu confio em você, sei que você vai ser tudo o que merece. E eu posso não estar lá do seu lado fisicamente, mas eu sempre vou estar com você. 

— Eu sei. E também vou sempre estar com você — Suas mãos abraçam meu rosto limpando algumas lágrimas que já caiam ali — Nós dois vamos estar sempre juntos não importa o quê! 

— Eu amo muito você – Falo sentindo as lágrimas caírem livremente por meu rosto. 

— Eu também amo você, muito mais do que imagina – Diz me abraçando forte, enquanto sinto minha camisa molhar por suas lágrimas fazendo o aperto em meu peito aumentar – Espera por mim. 

— Pra sempre se for preciso. 

— Filha... Está na hora — Ouço longe a voz de tia Donna e aperto Felicity um pouco mais em meu abraço antes de solta-la. 

— Certo. Vamos lá. 

Depois de Felicity se despedir de um por um, abraçando cada um e dando ordens pra Tommy não demorar e se comporta, ela voltou pra mim me dando um último abraço, um último beijo. 

Eu queria dizer que não senti o gosto amargo do adeus em seus lábios, queria dizer que não senti naquele abraço que o meu mundo inteiro estava escapando de mim. Queria dizer que quando a vi passando por aqueles grandes portões que nós conseguimos cumprir todas as promessas que fizemos um ao outro. 

Mas é óbvio que o destino não quis que fosse desse jeito. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tem um olho na minha lágrima nesse instante. AI QUE DÓZINHO!! Meu corashawn não aguenta!!
Espero que tenham gostado do capítulo e que não morram do corashawn enquanto o próximo capítulo não sai.
Lembrando que eu já estou de férias, DEUS É MAIS!! Então não deve demorar TANTO assim pro próximo sair.
BJCs. E até mais...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When You're Ready" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.