Exílio do Amor escrita por Funny Hathaway


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Oláááá. Cheguei com um novo capítulo e feliz demais que estou conseguindo manter uma frequência boa de postagens! Em meio a tanta coisas ruins, estou tentando focar nas coisas positivas e essa é uma dessas!

Espero que vocês gostem! Escrevi esse capítulo escutando a trilha sonora de O Rei Show, a vibe de "Rewrite the stars" me inspira tanto pra escrever essas cenas carregadas de drama haha.

Aproveitem a leitura!



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Elizabeth Clark sentiu como se sua alma tivesse saído do seu corpo e ela não era aquela pessoa caminhando sorrateiramente em direção à biblioteca da mansão Clark para encontrar Duque. O que ela estava pensando quando disse para ele que a encontrasse lá em 15 minutos? Que tipo de ideia louca havia passado pela sua cabeça? Primeiramente ela havia negado o pedido dele. Dito que era sua festa de noivado e não poderia se ausentar nem por um segundo. Porém, quando ele insistiu, Elizabeth olhou em volta, não viu Gregory à vista e acabou cedendo. 

Duque não sabia exatamente o que esperar quando se encaminhou para o andar de cima da mansão Clark. Sua mente estava tão fixa em simplesmente conseguir ficar a sós com Elizabeth, que não havia pensado quais seriam as palavras que contariam aquela notícia. Não tinha certeza alguma de que ela já sabia sobre Gregory. Precisava ser delicado. Começou a andar nervosamente de um lado para o outro. Sentia a energia passando pelo seu corpo inteiro, começando no seu dedo do pé e chegando até sua cabeça. 

O que ele tinha a dizer de tão importante para ela que não poderia esperar sua festa de noivado terminar? A cabeça dela começava a tomar rumos perigosos, imaginando cenas em que Duque dizia o quanto a amava e que ela não deveria casar-se com Gregory, já que ele a poderia fazer feliz. Elizabeth tinha que admitir para si mesma que adoraria ver aquela cena, nutria aquela pequena esperança no fundo do seu coração, porém conhecendo o histórico dos dois, nunca era tão simples assim. 

Droga! Não conseguia pensar em nada que fosse remotamente bom para dizer a Elizabeth. Parecia que sua mente havia simplesmente congelado. Parecia que qualquer coisa que dissesse seria idiota. Apoiou as duas mãos numa das estantes da biblioteca, deixou sua cabeça pender e soltou um suspiro profundo. Olhou para os milhares de volumes que estavam meticulosamente organizados nas estantes. Tantas palavras reunidas em um lugar só e ainda quando se tratava dela, parecia que nunca conseguia organizar seus pensamentos. 

Era possível ouvir somente a música tocando no salão bem baixinho e som dos seus sapatos caminhando sobre o chão de madeira. A cada passo, uma batida do seu coração pulsando forte. Ela já conseguia ver a porta da biblioteca e sabia que Duque já a estava esperando no recinto. Um pensamento ainda passava pela sua cabeça. O que ela estava fazendo? Sentiu como se sua vida estivesse completamente fora de controle, como se não tivesse poder de comandar a si mesma quando o assunto era Duque. A prova era aquele momento.

Ele correu os dedos pelos fios soltos de seu cabelo. O que ele estava fazendo na festa de noivado de Elizabeth, tentando estragar o noivado da moça? Sabia que havia dito para si mesmo que iria reconquistá-la, mas e se ela estivesse feliz com Gregory? E se ele pudesse realmente amá-la? No entanto, agora era tarde demais para voltar atrás. Teria que dizer alguma coisa. Havia feito uma cena e insistido para ter um momento particular com Elizabeth. Como gostaria de estar no Royale! Aquele seria o momento para servir um copo generoso de conhaque. 

Ela parou em frente à porta, encarou-a por um segundo. Como queria que naquele momento pudesse ver exatamente como aquela conversa iria se desenrolar. O que seria dito e ainda mais importante, o que não seria dito. Sentiu-se vulnerável. Ergueu a mão levemente trêmula e abriu a porta da biblioteca.

O moreno endireitou a postura quando viu a porta abrindo e Elizabeth entrando na biblioteca. Ela parecia curiosa e ao mesmo tempo assustada. Duque não poderia culpá-la por sentir-se assim. Quase nunca se sai boa coisas de uma frase como “Preciso falar com a senhorita urgentemente”. Ela olhou em volta e quando focou nele, o cavalheiro perdeu ligeiramente o ar. Não sabia que seria tão difícil tê-la tão perto, sem poder tocá-la. 

Um segundo constrangedor se seguiu antes que Elizabeth quebrasse o silêncio perguntando:

— Você queria falar comigo?

Duque se desencostou na estante e caminhou até ficar mais próximo dela. Disse delicadamente: 

— Sim, mas acho melhor que esteja sentada para receber essa notícia. 

Elizabeth franziu o cenho e encaminhou-se para a cadeira mais próxima. Em sua cabeça, agora a possibilidade de que Duque estivesse prestes a se declarar diminuiu mais ainda. Sentiu uma leve pontada no coração e suas emoções pararem na boca do estômago. As feições dele estavam sérias e ele parecia refletir com muito cuidado as suas próximas palavras. 

Duque suspirou pesadamente quando sentou-se de frente para a dama. Ainda não sabia exatamente como dar aquela notícia. Se é que existia uma maneira certa de dizer que o seu noivo preferia a companhia de homens. Mas o curativo teria que ser arrancado de alguma forma. Afirmou com tranquilidade:

— Notei que a senhorita desde o momento no qual chegou a Inglaterra anda ocupada com os preparativos do casamento. Mas eu preciso contar algo sobre Gregory que talvez mude sua percepção sobre a cerimônia - Duque fez uma pequena pausa antes de dizer o que estava aguardando - Bem, não sei exatamente como dizer isso para a senhorita, mas em termos de relacionamentos amorosos, eu temo que Gregory prefira aos homens. 

Elizabeth arregalou os olhos com o anúncio de Duque. Ele sabia. Ele sabia sobre o segredo de Gregory e achava que ela estava entrando cegamente naquela união, sem nenhum tipo de aviso. Como ele ficou sabendo daquilo? Na cabeça dela, a família de Gregory havia guardado aquele segredo às sete chaves.

Duque analisou com cuidado a expressão de Elizabeth enquanto ela recebia aquela notícia chocante. A moça se mexeu desconfortável na cadeira, olhou para os lados e suas bochechas ficaram ligeiramente coradas. Ela parecia tentar encontrar à todo custo uma resposta para dar. Qualquer pessoa diria que a dama não tinha a menor ideia daquela história. No entanto, ele conhecia muito bem a moça e sabia que havia alguma coisa de estranha naquela reação. Só não sabia exatamente o que era. 

— O senhor está afirmando uma mentira descarada. Obviamente a fonte que lhe contou essa fofoca tinha algum tipo de segunda intenção maldosa de difamar a reputação de Gregory. Perdoe-me, Duque, mas não vou duvidar de meu noivo por um simples boato que você escutou em seu cassino de algum lorde bêbado. 

Elizabeth levantou-se e começou a caminhar pela biblioteca, abanando as mãos e tentando parecer despreocupada. Simplesmente rejeitando aquela informação que Duque havia jogado para cima dela. Não queria dar nenhuma confirmação de que sabia da informação para ele. E ainda mais, sentia-se decepcionada com o que ele havia dito. Havia entrado na biblioteca com a esperança de uma possível declaração e acabara escutando uma fofoca que ela já sabia que era verdade. 

Não gostava nenhum um pouco da sensação de sentir-se vulnerável e de ter se permitido criar expectativas. Sentiu-se tão idiota naquele momento e somente queria sair daquele recinto. Parecia que sempre com Duque, a mesma situação se repetia continuamente. Ela criando algum tipo de esperança idiota, que acabava quebrada. 

Duque levantou-se junto com Elizabeth e franziu o cenho com a reação intempestiva dela. Sem sequer pensar, ela estava tentando negando o que ele havia dito. O instinto do moreno estava alerta naquele momento. Geralmente quando uma pessoa reage daquela maneira quando alguém conta uma notícia chocante existem duas opções: ou ela já tinha essa desconfiança no fundo da mente e quer deixá-la de lado, ou ela já sabia da informação e está tentando abafar a fofoca. Ele não conseguia determinar qual era a realidade naquele momento. 

— Quem me contou isso foi Ethan. Tenho certeza de que ele não viria me dizer uma notícia tão séria, caso não estivesse seguro de que o que ele havia escutado era verdade. 

— Pois pior ainda. Você escutou de Ethan que escutou de outra pessoa. Com certeza houve algum mal entendido nessa situação. Eu sei que você confia em Ethan, mas erros podem ser cometidos. Não existe razão para alarme. 

— Acho que ainda assim existem muitas coincidências para uma história só. Gregory ter passado tanto tempo fora do país, quando ele é o herdeiro de um dos maiores ducados da Grã-Bretanha. Nessa situação, é comum que o filho fique próximo ao pai, a fim de aprender como administrar a propriedade e outros assuntos. Algo de muito sério aconteceu para manter Gregory separado da família tanto tempo, você não acha?

Elizabeth estava tentando ser educada e simplesmente deixar de lado o que Duque estava tentando dizer para ela. Aquela conversa estava sendo uma tortura. Seus sentimentos já estavam suficientemente confusos, como estavam. Tinha somente um interesse naquela conversa e que agora havia sumido. Obviamente Duque não tinha intenção alguma de fazer alguma declaração para ela, estava simplesmente sendo afável e ela não estava em condições de lidar com ele naquele momento. 

— Provavelmente ele simplesmente gostaria de desfrutar um pouco de sua vida antes que herdasse o ducado e tivesse tantas responsabilidades. É muito precipitado usar somente essa informação para julgar se um boato é verdadeiro ou falso- Elizabeth exclamou levemente irritada, cruzando os braços em uma postura defensiva. 

Ela estava dizendo algo, mas seu corpo dizendo algo completamente diferente. Duque sabia muito bem ler os sinais que ela estava dando. A dama não parecia acreditar nas próprias palavras que estava dizendo, estava muito claro aquilo. Por isso, ele decidiu arriscar e afirmar uma certeza da qual não tinha certeza alguma que era verdade. 

— Você já sabia sobre Gregory- Duque soltou a frase enfático e simplesmente esperou para ver qual seria a reação de Elizabeth. 

Ela arregalou os olhos e endireitou a postura. Seus olhos desviaram do rosto de Duque quando ela disse: 

— Claro que não. O senhor está dizendo despautérios agora. Primeiro diz que meu noivo não gosta de companhia feminina e ainda afirma que eu sei dessa informação. Por favor, Duque. E além do mais, mesmo se essa fosse a realidade, o senhor não tem lugar para opinar sobre o assunto. 

A cada segundo que passava, Elizabeth ficava mais irritada com aquela conversa. E a realidade era a sempre a mesma: quando se estressava, sempre dizia aquilo que não devia. Era o que sempre tornava uma pequena rusga que ela tinha com qualquer pessoa em uma discussão de proporções homéricas. 

Duque não conseguia acreditar no que estava escutando de Elizabeth. Ali estava. Praticamente a confissão de que ela sabia exatamente do que ele estava falando. Ela sabia o tempo todo o segredo de Gregory e ainda assim aceitou firmar um compromisso com ele. O moreno sentiu-se confuso e ao mesmo tempo irritado. 

— Elizabeth, eu não estou acreditando no que estou escutando. Como você foi capaz de aceitar uma união nesses termos? Eu não compreendo. Logo você passou tantos anos frequentando bailes e se recusando casar com qualquer lorde pomposo. E agora eu descubro isso. Que sentido faz isso tudo?

Ela cruzou os braços, ofendida pela postura julgadora de Duque. Como se ele tivesse algum tipo de salva conduta para determinar o que fazia sentido ou não ela fazer. Que tipo de pergunta era aquela. 

— Ah por favor, Duque, não me venha com nenhum tipo de moral julgadora. As coisas mudaram muito nesses dois anos que nós estivemos separados. Eu mudei e você também. O que não faz sentido é você me julgar por uma pessoa do passado que já deixou de existir faz tempo. 

A situação simplesmente piorava quanto mais Elizabeth tentava rebater o que Duque dizia. Parecia que ela simplesmente colocava mais combustível naquela fogueira que havia sido acendida. Quando entrou naquela biblioteca há vinte minutos, sentia uma certa tensão pesando nos ombros, e agora também conseguia sentir uma energia passando pelo corpo. Mas as emoçõe eram completamente diferentes. Sentia-se completamente enfurecido. 

— Devo lhe dizer, Elizabeth, o papel de mártir certamente não lhe cabe. Fazer um ato de altruísmo é uma coisa, agora sacrificar sua própria felicidade por outra pessoa é abdicar de si mesmo e isso é inaceitável. 

— Ah pelo amor de Deus! O que você sabe da minha felicidade, Duque? Caso realmente se importasse com a minha felicidade, teria me pedido em casamento naquela sacada há dois anos quando eu lhe disse que estava indo para a França. 

Duque arregalou os olhos com a última frase de Elizabeth. As palavras dela entraram diretamente em seu peito, como pequenas facas afiadas. A maneira como ela falava parecia deveras simples, mas ele se lembrava até hoje todas as emoções conflitantes que passaram pela sua cabeça quando recebeu aquela notícia. Mas ainda assim, o que ela queria dizer com aquilo? Que ainda sentia alguma coisa por ele? Ou que o havia superado por completo? Não sabia dizer.

Ela cerrou os punhos com força no momento em que viu a expressão dele. Sempre assim, ela dizendo algo que não deveria. Se pudesse arrancar sua língua fora para não dizer mais nenhuma palavra sequer, o faria. Abriu a boca e respirou pesadamente, esperou calada que Duque dissesse alguma coisa. Alguns segundos se passaram.Os dois se encararam em completo silêncio. Quando o moreno estava prestes a falar alguma coisa, a porta se abriu e Ethan entrou levemente ofegante. Elizabeth olhou para baixo e mexeu os pés, desconfortável. 

— Agora não, Ethan! Pelos sete círculos do inferno, nós estamos simplesmente conversando. Não há nenhuma reputação em perigo neste momento, pode ficar tranquilo- Duque afirmou, irritado pela interrupção. Só queria terminar a conversa com Elizabeth. Não poderia deixar aquela última frase no ar. 

Ethan franziu o cenho com a rispidez do amigo. Se havia algo que o loiro detestava era ser dispensado. Cruzou os braços e arqueou a sobrancelha. Perguntou com uma postura arrogante:

— E se eu tivesse uma notícia importante para dar? Você me trataria com tanto desdém, meu caro Duque? Como se eu fosse um ninguém, ora onde já se viu. 

O moreno revirou os olhos. Aquele definitivamente não era o momento para graças. Duque estava prestes a responder com algum comentário sarcástico, quando Elizabeth deu um passo à frente, colocou a mão no braço de Duque a fim de pará-lo e perguntou séria: 

— O que você precisa dizer, Ethan? 

— Justamente, eu estava tentando dizer que sua irmã acabou de entrar em trabalho de parto. O baile foi interrompido, os convidados estão indo para casa. Seu irmão e pai estão com ela nesse momento, mas June está pedindo por você. Acho melhor…

Antes que Ethan pudesse terminar sua frase, Elizabeth já havia saído correndo do recinto em direção ao quarto de June. Duque e Ethan se entreolharam sem saber o que fazer. De todas as situações inusitadas de que haviam acontecido no Royale, a única que não havia acontecido era uma festa ser interrompida por um parto.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei. Eu sempre termino o capítulo com um gancho pro próximo, mas é que eu não consigo me aguentar. Quando eu vejo, já fiz. Preciso deixar um gostinho pro próximo haha.

Enfim, até o próximo capítulo. Obrigada pelo apoio a essa autora atrapalhada ;)

Beijinhos!



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