Exílio do Amor escrita por Funny Hathaway


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem chegou com mais um capítulo?? Isso mesmo. Euzinha.

Estou feliz que estou conseguindo manter o ritmo dos capítulos. Por isso, acho que vocês deveriam comentar o que estão achando da história até agora. A opinião de vocês é muito importante pra mim!

Enfim, aproveitem o capítulo nesse finalzinho da Páscoa!



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Elizabeth Clark sentiu um ligeiro frio na barriga enquanto descia as escadas no salão de baile. Conseguia ver que os convidados estavam chegando aos poucos, então o recinto ainda não estava cheio e as pessoas que haviam chegado estavam num canto distante, perdidas em conversas particulares. Todas menos uma pessoa em específico. Duque. Como Thomas havia comentado, ele e Ethan haviam confirmado presença ao baile e lá estavam os dois, impecáveis dos pés a cabeça. 

Enquanto a moça descia as escadas, ela se perguntava como um homem conseguia ser tão perfeito. Aquelas madeixas castanhas caindo sobre os ombros de Duque, o terno perfeitamente alinhado e o olhar focado completamente nela. Como se nada nem ninguém no mundo existisse além de Elizabeth. Isso não ajudava nem um pouco a encarar seu baile de noivado. Que tipo de peça travessa o universo estava pregando nela? 

Além disso, uma memória no fundo da mente dela continuava martelando na cabeça dela, a discussão que os dois tiveram no Royale. A mente dela tentava lembrá-la o tempo dos motivos dos dois estarem exatamente onde estão. Os desentendimentos, os desencontros durante esses dois anos, o fato de nunca estarem no lugar certo na hora certa. Sempre haver alguma coisa que entrava no caminho dos dois. 

Afinal, Elizabeth voltou a Inglaterra para cuidar da sua irmã grávida, mas e quando o bebê nascesse, ela ainda tinha um trabalho a fazer em Paris se quisesse. Poderia voltar com Gregory no momento que desejasse. Mas era isso que ela realmente desejava? Seu coração batendo mais forte parecia dizer outra coisa. O que ela realmente almejava daqui para frente? Não saberia dizer. Só sabia dizer que Duque estava lindo de morrer naquela noite e ela não conseguia parar de encará-lo.

Chegou a base da escada e como mágica ele se aproximou dela. Como se soubesse exatamente o que fazer. Ele olhou diretamente para ela e exclamou em um tom de voz tão doce que fez as pernas de Elizabeth derreterem:

— Você está linda, Beth. 

A dama suspirou profundamente. Somente de olhar para o cavalheiro, já estava se sentindo como o ar estava sendo sugado de seus pulmões, agora com esse comentário realmente ela não estava conseguindo pensar direito. A ligação entre seu cérebro e sua boca havia sido cortada e ela disse a primeira coisa mais boba que pensou. Só conseguia lembrar de June comentando ironicamente que:

— Eu definitivamente notaria caso você devorado por um cão de três cabeças. 

No momento em que disse aquela frase, Elizabeth se arrependeu imediatamente. Duque inclinou a cabeça ligeiramente para o lado e deu um sorriso que denotava um certo estranhamento, mas também um carinho pelo que ela havia expressado. Ele parecia pensar com um certo cuidado nas próximas palavras que diria. Talvez a convidasse para dançar, a qual a resposta seria não, porque era regra de etiqueta que a primeira dança fosse com o noivo e não com uma paixão da noiva do passado. Mesmo que não fosse uma regra de etiqueta, era ainda razoável dar preferência ao noivo naquela situação. 

No entanto, antes que essa cena se desenrolasse. Elizabeth viu pelo canto do olho, duas pessoas se aproximarem, uma de cada lado do Duque. Uma era Gregory, com um olhar inquisidor, analisando atentamente as expressões dela e do moreno, a dama não conseguia decifrar exatamente o que significava aquela expressão. Do outro lado, era uma pessoa que não via havia séculos, desde o momento em que saíra da Inglaterra às pressas e deixara um bilhete para despedir-se: sua amiga Natália. Ela parecia um borrão laranja, vindo em sua direção, completamente enfurecida, bradando em direção a Elizabeth: 

— Então, é isso que eu recebo depois de anos de amizade? A senhorita chega na Inglaterra noiva, organiza um baile de noivado e eu fico sabendo por uma carta e um convite? Eu estou mais do que indignada, eu estou completamente perplexa. 

Desde que chegara de sua viagem, Elizabeth ficou completamente imersa pensando em June, em seu noivado com Gregory e… pode-se dizer que Duque. Aquele turbilhão de emoções nas últimas semanas não a havia deixado pensar direito e entrar em contato com as pessoas queridas que tinha na Inglaterra, além da sua família. Sentiu-se extremamente culpada por não ter atualizado a amiga da pequena epopeia que havia se transformado sua vida nos últimos tempos. 

— Meu Deus, Natália! Mil perdões, eu deveria ter ido visitá-la há séculos. Eu acabei me enrolando um pouco pela condição de June, mas ainda assim, me perdoe!- Elizabeth olhava diretamente para sua amiga, mas sentia os olhares de Gregory e Duque ao mesmo tempo. Nunca havia se sentido mais encurralado na vida. O que se deve fazer quando dois cavalheiros de porte impressionante estão parados ao seu lado esperando a conversa terminar para falar alguma coisa? 

Natália também percebeu a movimentação dos dois, movendo os olhos de um lado para o outro. Suas feições foram de completamente enfurecidas para interessada em questão de segundos. Se havia uma coisa no mundo inteiro que conseguia acalmar a ruiva de um momento de raiva era fofoca. E aquele impasse instalado entre os dois cavalheiros e Elizabeth era puro drama, basicamente combustível para a chama que Natália já era. 

—Ah sim, entendo. Você estava muito ocupada com June esses dias. Claro, eu compreendo completamente. Completamente perdoada pelo esquecimento de sua amiga mais querida- uma mentira deslavada, Natália somente estava interessada em outro assunto naquele momento para focar em sua raiva. No dia seguinte do baile, Elizabeth tinha certeza que receberia um bilhete da amiga pedindo uma visita urgente para pedir desculpas decentemente. 

— Você deve ser o noivo de Elizabeth. Muito prazer, Natália. Uma amiga muito querida da noiva- Natália se dirigiu a Gregory, com um sorriso maroto no rosto. Elizabeth imediatamente ficou tensa. Nada de bom saía quando a amiga tinha aquela expressão no rosto. 

Enchanté, Natália. É um prazer conhecer uma amiga querida de Elizabeth. Acredito que ela já comentou de uma amiga ruiva na Inglaterra. Um raio passando pelo salão, como Elizabeth me descreveu. Devo concordar com a descrição. 

— Sim, minha amiga estava sendo modesta ao dizer raio, eu diria que estou mais para um vulcão. Mas são meros detalhes- a ruiva abanou a mão, como se fosse algo completamente corriqueiro descrever-se como um desastre natural de proporções catastróficas. Ela logo virou em direção a Duque e comentou com um olhar minucioso- E o senhor, se não me engano, é o sócio do Royale. Pensei que cavalheiros como você não faziam aparições em bailes como este. 

Duque remexeu-se desconfortável. Digamos que não estava acostumado com uma abordagem tão direta de qualquer pessoa em um baile. Elizabeth teve que se segurar para não abrir um sorriso divertido com a cena de sua pequena amiga encurralando um homem alto e de porte intimidante. Olhou para trás e viu Ethan se segurando para não fazer algum comentário mordaz. 

— Realmente, não é costume meu frequentar esse tipo de evento, mas por Elizabeth, posso ceder. - Duque olhou diretamente para Elizabeth e a dama sentiu um ligeiro frio da barriga e suas bochechas ficarem vermelhas com a fala do moreno. 

Parte do seu nervosismo também foi causado pelo fato de todos os olhos naquela conversa se voltarem para ela. Ficou completamente sem reação. Por sorte, seu irmão mais velho entrou em cena, exclamando com uma certa urgência: 

— Beth, acho que podemos começar as danças. Conforme as pessoas forem chegando, vão procurando um par e se ajeitando aos poucos- Thomas olhou diretamente para Elizabeth, ligeiramente confuso com a cena. Seus olhos voaram para Duque e ele pareceu um pouco menos confuso, mas ainda assim, seu irmão ainda era novo naquela história toda e parecia estar se acostumando com a ideia dela com Duque. 

— Claro - Elizabeth exclamou com um tom de voz mais alto do que o normal. Olhou para Gregory e viu uma expressão completamente indecifrável no rosto do seu noivo. O que estaria se passando pela mente dele? Duque foi completamente claro em sua interação e ela havia ficado quieta, sem encorajar a atitude, mas também sem fazer nenhum tipo àquela fala. Elizabeth precisava de uma cadeira naquele exato momento. Como sentiu falta dos seus dias de solteirona no fundo do salão, sem nenhum tipo de preocupação desse sentido. 

Gregory estendeu a mão e Elizabeth a pegou com urgência, querendo fugir daquela conversa. Fugir dos olhares de seus amigos e receber os olhares de completos estranhos, algumas que conviveu no mesmo baile por anos e ainda assim não sabia nem sequer o nome da pessoa. Justamente o que estava causando ansiedade a Elizabeth antes, agora era a sua salvação. Mas antes que pudesse ir em direção ao centro do salão, Natália agarrou o seu braço e disse em seu ouvido, numa tentativa fracassada de um sussurro: 

— Você me deve explicações urgentemente. Amanhã estarei na mansão Clark primeira coisa de manhã, não pense que escapou tão fácil assim de me contar exatamente o que está acontecendo. 

Elizabeth sorriu docemente para a amiga. Obviamente que Natália não deixaria simplesmente quieto e deixaria que a morena fosse até ela para contar a história. Seria qualquer pessoa menos ela. Acenou com a cabeça, concordando com o compromisso marcado forçadamente. Como sentiu saudades daquilo. 

Elizabeth caminhou tranquilamente, segurando o braço de Gregory. Sentia seu coração batendo acelerado. Ela estava tentando a todo custo empurrar todos os pensamentos que surgiam para o fundo da sua mente. Pensamentos relacionados a Duque, do porquê ele ter dito uma frase tão sutil mas ao mesmo tempo tão brutal em seu significado, a maneira como os olhos dele se iluminaram ao encarar Elizabeth diretamente. 

É, realmente não estava funcionando sua ideia de simplesmente não pensar no que estava acontecendo. Por isso que quando Gregory fez um comentário fútil, a dama agradeceu pela distração. 

— Parece que o salão vai ficar realmente lotado. As pessoas estão chegando aos poucos, mas em questão de 15 minutos, já temos uma quantidade considerável de pessoas- Gregory olhava em volta. Agora que Elizabeth estava próxima do amigo, conseguia sentir a energia dele e ver nos olhos dele que não havia nenhum tipo de mágoa na expressão dele, ele simplesmente parecia pensativo. Considerando diversos fatores. Como se estivesse analisando as contas de um livro contábil, e não sua suposta noiva recebendo um flerte descarado de outro cavalheiro. 

Ela deveria imaginar que seu amigo reagiria dessa maneira. Nenhum dos dois tinha nenhum tipo de sentimento romântico em relação ao outro. Não havia sentido se sentir magoado ou com raiva da situação em específico. Talvez Gregory fique irritado com Duque por outras questões, por exemplo a maneira que ele havia magoado Elizabeth ainda quando eles estavam em Paris.

— Sim, sua mãe fez um trabalho excelente em mobilizar toda a aristocracia inglesa para o noivado do filho dela. Eu nem sabia que existiam tantos marqueses e barões na Grã-Bretanha. Fico me perguntando se até ela conhece esse tanto de pessoas. Acredito ser humanamente impossível- Elizabeth comentou aquilo com um sorriso doce no rosto. Sabia que o amigo queria agradar os pais e deixou que a mãe tomasse conta da festa, sem muitas restrições. E ali estava o resultado. 

Gregory deu uma risada curta com aquela fala. Por um  breve segundo, eles pareciam ser eles mesmos. Os amigos que haviam se conhecido em Paris e saiam juntos para desbravar as noites no submundo francês, completamente diferente do londrino. Ela deu um giro no meio do salão e pode sentir seus olhos se iluminando, enquanto olhava para Gregory. 

— Eu não dei muitos limites para a minha mãe, devo admitir. Mas pelo menos, essa festa irá apaziguar os ânimos dos dois. Finalmente o filho deles firma compromisso com uma dama de respeito. Que emoção- Gregory olhou diretamente para Elizabeth, guardando uma certa tristeza contida e um sorriso de lado. Se havia uma coisa que ela não conseguia imaginar era tentar a todo custo esconder uma parte sua tão importante. Sempre foi o tipo de pessoa que se mostra desde o primeiro momento de uma conversa. Guardar um segredo a consumiria por completo. 

Continuou dançando pelo salão sem saber o que fazer. Seu peito doía com a angústia daquele momento. Seu coração estava imerso de sentimentos confusos, apontando para um milhão de direções e ao mesmo tempo nenhuma. Nunca o conselho “Siga o seu coração” parecia mais idiota. O que se faz quando não se sabe o que o coração deseja? 

Optou por simplesmente dançar naquela noite. Deixar seus pés a levarem. Seu corpo falar mais alto. E foi o que realmente fez, aceitou o convite de diversos cavalheiros. Dançou novamente com Gregory e a noite foi passando de maneira agradável. O mais agradável possível já que tentava a todo custo fugir dos olhares que Duque lançava para ela, tentando passar algum tipo de mensagem. Até o meio da noite, conseguiu escapar com certa facilidade até o momento que encontrou diretamente com o moreno, que logo disse com uma certa rapidez e urgência. 

— Elizabeth, preciso conversar com a senhorita em particular. Tenho algo que necessito contar, caso contrário não vou me perdoar. 


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Notas finais do capítulo

Eu estou muito ansiosa para o próximo capítulo.

Só tenho isso a dizer mesmo.

Beijos e obrigada pelo apoio



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