Kepler-452 escrita por Doutor


Capítulo 13
Wibbly Wobbly... Como era a frase mesmo?




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Mary abriu os olhos e viu um céu que não via há quase duas semanas (ou dois dias, se considerar que ela esteve na Terra enquanto estava no processo mental) . Um céu azul, com nuvens brancas e... o Sol! Ela levantou,  animada. Estava na Terra. Mais especificamente, estava deitada em um gramado, perto da plantação de uma fazenda. Ao seu lado estava Vincent, que ainda dormia.

—Acorda! - gritou ela, dando uma chacoalhada no garoto. Ela não quis acordá-lo de maneira rude, mas a felicidade e emoção de estar na Terra deixou a garota a mil. 

—O que? - disse Vin, abrindo os olhos e olhando para Mary. 

—Estamos na Terra! - risse ela, feliz. Vincent levantou,  olhando ao redor e se dando conta de que a máquina do tempo funcionou. Ele sorriu.

—Se ela funcionou,  então faltam umas duas horas até vocês irem para meu quarto e você começar a mexer nas minhas coisas. - disse ele.

—Só duas horas? Como vamos impedir que eu mexa...

—Não impediremos nada! - disse Vincent. -Porque tudo que aconteceu, aconteceu e acontecerá!

—O que? 

—Olha, se a gente conseguir impedir que a minha raça coloniza a Terra, então significa que isso já havia sido feito no passado. Então,  enquanto estávamos em Lamantis, provavelmente a Terra já estava salva. - explicou Vin.

—Faz... sentido! - disse ela. Vin se levantou e a garota também. 

—Se você não viu uma versão de você do futuro, nesse passado, isso significa que não devemos ser vistos por nós mesmos.  - Vin olhou para o relógio em seu braço. -Isso significa que devemos esperar nós dois irmos embora para podermos salvar a Terra.

—Sério? Então vamos deixar os humanos verem os alienígenas? - disse ela.

—Acredite em mim, em alguns meses vocês deixarão de acreditar que isso aconteceu... Vocês sempre fazem isso. - esclareceu Vin.

—Obrigada pelo insulto.

—Não foi um insulto... Vocês fazem isso. Mas não temos tempo a perder... Se estamos na fazenda dos Wilson, então a universidade deve estar... Naquela direção!

Os dois correram até a estrada e esperaram que pediram carona para uma alma caridosa que passou por lá.  A senhora que deu carona para eles era amiga dos pais de Mary, o que significa que Mary escutou muita conversa chata até chegarem na universidade.

Saíram do carro e olharam ao redor, e então Vin olhou para o relógio faz-tudo em seu braço. 

—Ok! Você chamará as naves em trinta minutos... - disse Vin, olhando para o relógio. -Vamos nos esconder em algum lugar.  Não será bom encontrar alguma de nossas versões do passado.

Os dois foram até a biblioteca, que era o local aonde não foram quando estavam se arrumando para a festa, e esperaram. Karvy passou a maior parte do tempo pensando em como impediria que sua raça colonizasse a Terra, foi então que uma lembrança passou por sua cabeça. 

—Droga! - disse ele, se levantando.  A bibliotecária pediu silêncio, então o garoto se sentou novamente.

—O que foi, Karvy? - sussurrou ela.

—Tem uma coisa que eu tenho me perguntado desde... que saímos da Terra.

—O que? - sussurrou ela. 

—O transmissor hiperespacial! - sussurrou Vin. - Nunca guardei ele na mochila justamente para algum desavisado não apertar ele.

—Obrigado por mais um insulto.

—Mary,  agora não é hora. - disse ele.

—Tá... Mas você guardou daquela vez. Não é algo estranho. - disse ela.

—É sim... Porque eu não guardei... Ele estava lá quando vocês... - Vincent parou e pensou,  e então surgiu uma expressão de compreensão em seu rosto. 

—O que? - perguntou Mary.

—Fomos nós dois! - disse ele. A bibliotecária pediu silêncio novamente.

—Desculpe. - disse Mary,  para a senhora. 

—Nós dois guardamos o transmissor na minha mochila! - disse Vin, olhando para o relógio.  -Dez minutos! Vamos!

Ele pegou a mão de Mary e saíram da biblioteca aos sons de reclamações da bibliotecária.

Enquanto passavam por uns corredores, Mary perguntou:

—Se nós guardamos... Por que não deixamos de guardar?  Assim eu nunca chamarei os...

—Não!  - disse Vin. - Entenda, aquilo sempre aconteceu e tem que acontecer. Quando voltamos no tempo, nós mesmos criamos a causa da invasão da Terra! 

—Nossa... - disse Mary.

—E é por isso que não se viaja no tempo como esporte. - respondeu Vin. -Não é como de volta pro futuro, aonde você muda o passado e o futuro muda também. Quando alguém viaja para o passado, isso significa que ela sempre o fez. Então,  tudo que acontece a partir do ponto aonde ela voltou pro passado é a consequência dele ter feito isso.

—Tipo Harry Potter? - perguntou Mary. Vin pensou um pouco no exemplo da garota. 

—Sim... Tipo Harry Potter. - concluiu. - Agora vamos!

Os dois correram até o quarto de Vincent e, quando chegaram lá,  o garoto já tinha ido para o quarto de Mary e Jessica.

—Ótimo! Agora é só pegar o transmissor... - Vin levantou seu colchão e pegou uma caixa pequena. Dentro da caixa estava o transmissor, com alguns outros objetos alienígenas.  -... e colocar na mochila! - ele olhou para o chão e lá estava a mochila. Vin foi pegá-lá. 

—Espere! - disse Mary.

—O que?

—O transmissor não estava na mochila. Estava em cima do guarda-roupa. Eu lembro! - disse Mary. - Mas tinha mais coisas lá.  

Vin olhou para a parte cima do guarda-roupa e sorriu. Ele deu um beijo em Mary e pegou a caixa.

—Claro! Como eu pude ter me esquecido que eu não colocava nada lá em cima! - disse ele.  Em seguida,  começou a colocar os objetos em cima do guarda-roupa. Por último,  colocou o transmissor.

—Não!  Não estavam desse jeito.  - disse Mary. Vin olhou para a garota,  com uma expressão séria.

—Então arrume... Porque o jeito que estava era o jeito que a gente arrumou. Se não estava assim, isso significa que tem que estar como sempre esteve.

—O que? - perguntou Mary. 

—Só arrume. É necessário que seja você. - disse ele. Mary começou arrumar, sendo meticulosa em cada detalhe. Quando terminou, não tinha certeza se estava como ela viu no dia da festa,  mas não teve tempo de revisar,  pois os dois escutaram um barulho na porta. 

Vin entrou em desespero e apontou para a porta do banheiro. Os dois correram até lá e se fecharam. Quando entraram, tentaram se manter em silêncio. 

Aquela sensação foi como um déjà vu, pois ouviram toda a conversa. Quando Vin gritou "não", a Mary que estava dentro do banheiro quase entrou em uma crise de risos, fazendo Vincent ter que colocar a mão na boca da garota enquanto ela não conseguia controlar a própria risada.

Algum tempo depois, eles escutaram o barulho da porta se fechando e, por sacanagem do destino,  nesse momento a crise de risos de Mary parou. 

—Não sei porque essas crises só surgem em horas inapropriadas. - disse a a garota. Vin deu uma risadinha e os dois saíram do banheiro e se sentaram na cama.

—Bom, quase tudo está feito. Agora só precisamos saber como impedir meu povo.  

—Você ainda não pensou? - disse Mary.

—Eu não faço idéia. - respondeu. Os dois começaram a pensar juntos, sugerindo planos que chegavam ao absurdo. Ficaram nisso por alguns minutos,  até que o barulho de gritos os alertaram de que tudo já havia começado. Mary olhou pela janela do quarto e viu que as esferas já estavam chegando. 

—Vincent,  e agora? - disse Mary,  entrando em desespero. Vin não pensou direito,  apenas pegou seu transmissor de rádio em os dois saíram do quarto. 

—o que vai fazer? - perguntou Mary,  enquanto os dois corriam até o jardim da universidade. Lá,  os dois se esconderam atrás de um arbusto e viram suas versões do passado. Mary entrava em pânico enquanto Vin explicava para ela que ele explicava tá um alienígena, mas a garota não escutava. Vincent desistiu e apenas chamou sua nave, que chegou, e então segurou a mão de Mary e os dois entraram na mesma e foram embora.

Após tudo isso acontecer, os dois saíram do seu esconderijo e Vincent começou a ativar o transmissor de rádio. Ele alterou até frequência e falou, no microfone.

—Habitantes de Norzoon na escuta? - disse Vin. Alguns segundos depois,  a resposta veio.

—Um habitante do nosso planeta? O que faz na Terra? - disse a voz de algum oficial, que reconheceu o idioma norzooniano que Vincent estava falando.

—Eu só... - Vincent pensou no que ia falar. -...queria dizer que foi um engano.

—Engano? - perguntou o oficial. 

—Sim! 

—Não importa! Você nos chamou e esse planeta é ótimo! - disse o oficial. Mary,  que ainda usava o tradutor de idiomas, sentiu uma pontada de desespero.

—Espere! - disse Vincent. -Vocês têm que me escutar.

—O máximo que podemos fazer é te trazer para uma de nossas naves. Mas não podemos salvar os humanos. - respondeu o oficial, dando a conversa como finalizada. Mas, de repente,  surgiu uma idéia na cabeça de Vincent.

—Espere! O que a lei sobre o porte obrigatório de transmissores hiperespaciais diz? - perguntou Vin. O oficial respondeu.

—Todo habitante de Norzoon, que for para um planeta que não seja o seu, tem a obrigação de levar um transmissor hiperespacial. Caso o habitante de Norzoon considere o planeta adequado, deve avisar as Forças de Colonização. - disse o oficial, quase de maneira decorada.

—Mas aí é que tá! Não foi um habitante de Norzoon que chamou vocês. Foi uma humana! - disse Vin.

—Mas... - o oficial pensou. - Não acredito nisso.

—Então vou te mandar as informações de scanner do meu transmissor. - Vin pegou seu transmissor. Fazia duas semanas desde que Mary apertou o botão,  mas para a sua sorte, ninguém mais o apertou depois dela. Ele mandou os dados.

—Vamos analisar...  - e então o rádio ficou em silêncio. Vin olhou para Mary, com um olhar de medo. 

—Acha que vai dar certo? - perguntou a garota, mas antes que Vin pudesse responder,  o oficial mandou outra mensagem para o rádio. 

—Você tem razão. É uma digital que não existe em nosso planeta e que não segue o padrão de Norzoon. - disse o oficial. - E é do transmissor que nos chamou... Mas tem um porém.

—O que? - disse Vincent, com medo. 

—Aqui diz que a última chamada foi feita há duas semanas atrás. - disse o oficial. - Você mexeu com viagem no tempo? 

—Bom... - Vincent pensou, e então decidiu arriscar algo. -... Quem são vocês para cobrar de mim? Vocês trouxeram seus transmissores hiperespaciais? - disse Vin, já esperando ser preso. Mas o silêncio que se seguiu deu esperanças. 

—Não... - disse o oficial. -Mas isso não importa. Nós somos a Força de Colonização!

—E aonde a lei diz que vocês não são obrigados? -  a pergunta de Vincent trouxe outro momento de silêncio,  aonde o oficial, aparentemente, revisava a lei em sua mente.

—Não diz... - admitiu o oficial.

—É. E vocês estão em outro planeta e não cumpriram a lei! E se eu avisar as autoridades galáticas? - Vincent começou a sorrir, pois seu plano estava dando certo. 

—Bom... - o oficial não sabia o que dizer.

—Façamos o seguinte: como não foi um habitante de Notzoon que vos chamou, vão embora da Terra. E, quando voltarem que Norzoon, avisem ao monarca que, em duas semanas, duas pessoas usarão a maquina do tempo. 

—E...? - perguntou o oficial. 

—O monarca deve conceder a essas duas pessoas o perdão real. Caso contrário,  as autoridades galáticas serão avisadas de que as Forças de Colonização de Norzoon não seguem a legislação de seu próprio planeta. - após dizer isso, Vincent engoliu o seco, apreensivo. O oficial se manteve em silêncio por alguns segundos.

—Ok! - disse o oficial, quebrando o silêncio. Em seguida, a transmissão foi finalizada e as naves se retiraram. Todas elas deram um salto, quando já estavam distantes o suficiente da Terra.

Mary olhou para Vincent e sorriu. Ela deu um abraço nele.

—Como sabia que isso iria funcionar? - perguntou ela, ainda abraçando-o.

—Bom... Eu não sabia. Apenas tive que confiar na ética e no senso de dever e responsabilidade do meu povo. - disse ele. -Por um momento, eu pensei que a Terra seria destruída comigo aqui dentro.

—Seu besta! - disse ele lá,  abracando-o mais forte. Não demorou muito a música da festa de Halloween começou a tocar bem alto. 

—Você não quer ir pra lá?  - perguntou.

—Não tem necessidade. - disse ela. -Vamos pra algum restaurante comer algo.

—Com essas roupas de alienígena? - disse Vincent, apontando para quero roupas cinzas e metálicas que ambos usavam.

***

Após trocarem de roupa, os dois foram para uma pizzaria ali perto. Lá dentro, a televisão noticiava, em todos os canais, a invasão de esferas flutuantes que havia acontecido.

—Karvy... - disse Mary. 

—Oi. - respondeu Karvatorofopianassamos, que não se importava mais quando a garota o chamava por esse apelido.

—Como vai ser? Tipo,  você vai ficar aqui? - perguntou ela. Vincent, que já segurava um pedaço de pizza, olhou para a garota 

—Bom... Antes de viajarmos no tempo,  eu programei minha nave para dar um salto pra cá. Então ela estará aqui em duas semanas. - Mary fez uma expressão de triste após essas palavras.

—Mas... - começou ela.

—Algum problema? 

—E a gente? - perguntou ela.

—Bom... Viajaremos pela galáxia,  ue! - disse Vincent.

—Mas... E as responsabilidades que tenho na Terra? - Vincent perdeu as palavras. Ele imaginou que Mary,  após conhecer o universo, nem se importaria mais com as coisas da Terra.

—Você... vai ficar? - perguntou ele. 

—Acho que sim... - ela olhou para o chão. Vincent ficou realmente triste, mas não podia fazer nada. Esse era o problema em ter se apaixonado por uma garota cujo lugar de nascimento fica mais de mil anos-luz de distância de seu planeta natal.

—Eu entendo... - respondeu ele. -Bom, nossas versões do passado estão viajando pelo espaço agora. Podemos aproveitar a Terra durante essas duas semanas! - sugeriu. Mary deu um sorriso. Por mais que ainda estivessem triste com a separação que aconteceria em duas semanas, os dois decidiram aproveitar a pizza e conversar sobre qualquer besteira. 


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro, peço que me avisem nos comentários.



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