O amor e a coroa escrita por Tamariskqueen


Capítulo 6
Peter


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos!!
Já tem muito tempo que eu estava querendo fazer esse capítulo, mas por alguma razão, eu travei na metade e não consegui mais escrever nada. kkkk
Não sei se isso acontece com vocês, mas eu tenho esse dom de ficar sem ideias bem nas melhores partes...
Eu espero que gostem!!
Boa leitura ♥



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O céu estava cheio, as nuvens carregadas. Parecia um reflexo dos meus sentimentos naquele momento. Eu já sabia o que estava acontecendo comigo, mas não queria acreditar. Se eu admitisse, tudo se tornaria real. Eu não estava preparado para lidar com algo tão complicado no momento. Já tinha muitos problemas para resolver, mas de alguma forma o foco de meu pensamento naquela hora era ela. Só ela. Não conseguia compreender. Eu sempre fui muito bom em controlar meus sentimentos, direcionar minha mente para outras coisas, mas eu simplesmente não estava conseguindo. Fiquei boa parte do meu dia tentando driblar meus pensamentos e focar em algo realmente importante.
Como minha mãe havia saído, tive que comparecer a várias reuniões. Era uma pior do que a outra. Os nobres começavam a fumar e discutir sem chegar a um consenso. Minha cabeça já doía. Eu estava a ponto de fugir daquele castelo, mas me mantive firme; até porque logo essa seria a minha vida. Era meu dever cuidar para que tudo desse certo enquanto minha mãe estava fora. Era o momento certo para provar que eu me tornaria um grande rei quando chegasse a hora. Durante uma grande parte da reunião, meu olhar se dirigia para a janela. Eu via os raios, ouvia os trovões, observava as gotas de chuva que caiam rapida e brutalmente no chão, e pensava que talvez fosse melhor estar lá no meio da tempestade do que conversando com aqueles homens. 

Quando as reuniões finalmente terminaram, eu mal podia esperar para tomar um banho e me deitar por um tempo. Enquanto caminhava para o meu quarto, George ainda me falava sobre meus compromissos do próximo dia. Eu não prestava toda a atenção que deveria, pois a única coisa que eu queria naquele momento era não pensar em absolutamente nada referente ao reino e relaxar. Fingi para George que havia entendido tudo e entrei em meu quarto. Mas só depois de caminhar metade do caminho até minha cama, percebi que Archie estava lá, sentado em uma das poltronas e bebendo um copo de vinho. 
— Essas reuniões demoram muito. — disse enquanto tomava mais um gole da bebida — Não sei como você aguenta. 
— Mas é aí que você se engana. — falei enquanto me sentava em um sofá perto dele — Eu não aguento. Aqueles homens são insuportáveis. 
— Decidiram algo importante, ao menos? 
— Quem me dera. Eles só falaram e brigaram sem chegar a lugar algum. 
Enquanto enchia outro copo com vinho, Archie ainda declarou:
— Eu detesto tempestades. Elas assustam os animais, destroem as flores do jardim, deixam as estradas completamente enlameadas... — ele me entregou o copo — Sem contar que às vezes me parece que elas trazem o lado hostil das pessoas.. 
— Bom, acredito que ela intimida as pessoas, por isso desperta esse outro lado. 
Ficamos em silêncio por um tempo, até que Archie perguntou:
— Eles falaram algo sobre os Oxers? 
— Não. Nem tocaram no assunto. 
— Que estranho. Pensei que esse seria o assunto em pauta hoje. 
— Eu também pensei. Acho que estão escondendo algo... Ou talvez só possam falar sobre isso com a Rainha. O assunto é sério demais.

— Bom, você é o futuro rei... — falou, pensativo — Acho que não poderiam esconder nada de você.

— Logo descobrirei o que está acontecendo. É só uma questão de tempo.

Eu e Archie ficamos conversando por mais um tempo sobre os Oxers e também sobre meus intermináveis compromissos reais. Ele conseguia entender a pressão que estava sobre mim e o cansaço que eu sentia diariamente. Conversar com ele sempre me deixou mais tranquilo. 

Depois que ele saiu, fui tomar um banho. Fiquei um bom tempo dentro d'água. Isso foi o que diminuiu a minha tensão e o meu cansaço. Mas enquanto eu estava lá, meus pensamentos anteriores voltaram com grande força. Comecei a pensar em Anna e no que faria quando a encontrasse novamente. Isso era muito estranho. Eu nunca havia sentido toda essa ansiedade em ver alguém. Além disso, eu não olhava para ela da mesma forma que olhava para outras mulheres. Com as outras, meu pensamento era puramente sexual, mas com ela não. É claro que eu sentia um grande desejo por ela, mas existia algo a mais. Eu queria cuidar dela, protegê-la... Me perguntava sem parar quando esse sentimento me deixaria. Isso seria perigoso para nós dois. 
Fechei os olhos e absorvi uma grande quantidade de ar, liberando-o lentamente. Precisava descansar. 
Pus-me de pé, a água agora gelada escorria pelo meu corpo. 
... 
Já na cama consegui finalmente esvaziar a mente, os pensamentos complicados se dissolvendo no travesseiro. Fazia uns dez minutos que me entretia contando os minúsculos cristais do lustre no teto, uma tarefa interminável. Meus olhos já pesavam quando enfim me rendi ao sono, afundando ainda mais em meio aos lençóis e desejando poder ficar assim para sempre. 
... 
Minha paz fora interrompida quando ouvi batidas na porta. Abri os olhos lentamente, e com a visão ainda embaçada, sentei na cama e mandei que abrissem a porta. Me perguntava quem teria sido a pessoa que estava estragando o meu sono. Logo pensei que seria George ou outro nobre, já que eu era o responsável pelo castelo naquela noite. A porta foi aberta lentamente, e revelou, finalmente, quem me acordara. Era Anna... Ela me olhava como quem vira um fantasma. Não estava entendendo o motivo de seu espanto até que ela disse:
— Acho melhor você vestir algo antes de falar comigo. 
Só aí que eu notei. Eu estava quase nu. Ela ainda me olhava como quem estava segurando o riso. Naquela hora também comecei a rir de mim mesmo. Percebi que depois que tomei banho eu estava tão cansado que vesti apenas a roupa de baixo. 
— Eu também acho. – Falei enquanto ria e procurava uma calça. – Enquanto isso, porque não se senta?

Ela caminhou em direção à poltrona e se sentou de forma extremamente delicada, como se o móvel fosse feito de vidro, e cruzou suas pernas. Não parecia nada confortável daquela forma.

Logo eu terminei de me vestir e fui até ela.

— Agora sim. – falou, rindo

— Então... – falei enquanto me sentava em sua frente – Por que veio aqui a essa hora? Alguém pode te encontrar.

— É que você não apareceu o dia todo e eu precisava lhe contar algumas coisas. – Ela parecia nervosa. Deu um suspiro e continuou logo – Me encontrei com Helena hoje, a servente que foi abusada na ala oeste. Ela estava péssima. Nós conversamos um pouco, mas mesmo assim ela não chegou a me falar quem foi.

— Meu Deus. Nem consigo imaginar o que ela deve estar sentindo agora e... – Fui interrompido por mais batidas na porta. Fizemos silêncio por alguns segundos até que ouvi a voz de Lady Froyer me chamando. Não achei que ela voltaria naquela noite. Olhei para a porta, vi que não estava trancada e olhei para Anna. – Temos que sair daqui, ou ela vai acabar entrando e te vendo. – falei sussurrando o mais baixo que podia. Anna fez que sim com a cabeça e eu apontei para a janela. Ela já havia entendido.

Fomos andando rápido, porém, tentando ao máximo não fazer barulho. Ao chegarmos na janela, nos deparamos com a tempestade, mas era a única saída. Eu desci primeiro e logo senti as centenas de gotas se encontrando com a minha pele. Ajudei Anna a descer e começamos a correr. Eu não fazia a menor ideia de para onde estávamos indo, mas continuei correndo até estar longe o suficiente do quarto. Meus sapatos e minhas roupas já estavam completamente molhados. Logo, nós paramos para decidir por onde ir. Por um momento eu olhei para Anna, que também estava encharcada e começamos imediatamente a rir da situação.

 

— Olha onde nós fomos parar – falou ainda rindo – E tudo porque você dormiu com aquela maluca.

— Não coloque a culpa em mim não. Temos que ir pra algum lugar logo.

— Já sei. Podemos ficar na torre do sino enquanto a chuva diminui ou até todos irem dormir para que possamos entrar no castelo de novo.

Concordei com a cabeça, olhei para os lados e após avistar a torre, logo voltamos a correr. A lama estava bastante escorregadia. Eu tentava me apressar com bastante cuidado para não cair. Anna estava logo atrás de mim. Enquanto corria, seus cabelos molhados batiam em seu rosto e ela, imediatamente, os tirava irritada para que não atrapalhassem sua visão.

Finalmente chegamos até a torre. A porta já estava velha e a madeira quebradiça e esburacada. Fiz um pouco de força e consegui abri-la. Nós dois, já ofegantes, entramos e olhamos ao redor procurando algo para nos secar. Acabei me lembrando da ultima vez que estive lá. Era uma tarde de verão e eu, Archie e Anna queríamos, por alguma razão, brincar de guerreiros. Decidimos que lá seria a nossa fortaleza e ficamos lá durante a tarde inteira...

De alguma forma aquela fortaleza mágica se transformou em uma simples sala empoeirada e cheia de tralhas. Após procurar bastante, eu encontrei uma vela entre elas. Também peguei uns panos que não pareciam tão sujos assim para nos secarmos um pouco. Pelos buracos da porta ainda conseguíamos ver os raios e algumas gotas de chuva.

— Você está bem? – Perguntei a Anna após lhe entregar o pano – Se machucou?

— Não – Disse enquanto secava seu cabelo da forma mais provocante do universo – Só me cansei um pouco e aqui está bem frio, o que não ajuda muito.

— Vou dar um jeito nisso, então. – disse enquanto me sentava no chão ao lado dela.

— Ah é? Que jeito?

Me aproximei mais dela e a abracei.

— Calor humano – Falei rindo

Ela apoiou sua cabeça em meu ombro e perguntou:

— Por que veio comigo?

— Como assim?

— Você poderia ter ficado lá no seu quarto e se livrado ou até ter dormido com a Lady Froyer ao invés de estar aqui comigo.

— Eu não te deixaria vir sozinha pra cá.

— Por quê? – Perguntou, já olhando para mim.

— Porque você é importante pra mim.

Nesse momento eu já não conseguia me lembrar da chuva, ou dos relâmpagos, ou do frio que eu estava sentindo. Parecia que tudo o que eu tinha pensado durante o dia martelasse a minha cabeça. Ela era a mulher mais linda do mundo naquela hora. Até que chegou um momento em que eu não conseguia pensar em mais nada. Eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos do rosto dela. Seu cabelo molhado estava atrás das orelhas. Seus olhos, como de costume, encaravam os meus. Mas dessa vez era diferente. Eu estava olhando para sua boca. Era como se ela me chamasse. Estava ainda um pouco molhada e com um pequeno sorriso de lado. Eu não conseguia mais me segurar. Até que, num gesto rápido, eu a beijei. Nunca me senti tão bem como naquele momento. Eu gostaria que durasse para sempre...


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Notas finais do capítulo

Aiai...
Como eu amo um drama...
Obrigada por lerem!



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