Crescendo - Shirbert escrita por Sabrina


Capítulo 15
Estudando


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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***

— Tem compromisso hoje? – perguntei enquanto colocávamos nossos chapéus. – Estava pensando em estudarmos juntos à tarde.

— Claro – Anne disse animada. – Eu adoro estudar.

— Apareça lá em casa pro chá da tarde, assim podemos tomar juntos.

Abri a porta pra ela, e deixamos a escola. Eu havia pensado nisso ontem, por ideia de Sebastian. “Por que você não mata dois coelhos com uma cajadada só e estuda com Anne? Assim você passa um tempo com ela e ainda estuda”. “É uma excelente ideia, Bash” eu respondi, empolgado. “Por que não pensei nisso antes?”. “Por que você” disse ele, “é um cabeça de bagre”.

Eu mesmo preparei o chá e montei a mesa de estudos. Quando a ouvi bater na porta, olhei mais uma vez para ver se estava tudo em ordem e fui atender. Anne usava seu vestido azul e trazia uma cesta coberta por um pano.

— Fiz um bolo – disse, me estendendo a cesta e entrando. – Onde está Mary?

— Por aí. Na verdade, não sei. Costumo estudar no meu quarto. Não sei o que ela costuma fazer nesse horário...

— Compras – disse a própria, passando pelo portal e entrando na cozinha. – Vou ao centro comprar temperos. Estão em falta.

Anne a olhou como se fosse louca. – Vai nos deixar sozinhos?

— Sim. Creio que já são bem grandinhos, não são?

— Mas... não pode fazer isso. Não é adequado.

— O que não é adequado é um ensopado sem gosto, e eu pretendo fazer um ensopado hoje. Não se preocupe Anne, Bash e Mike, o ajudante dele, estão aqui do lado, trabalhando na construção do celeiro.

Isso pareceu acalmá-la um pouco, mas Anne ainda lançou um último olhar desesperado a Mary quando esta saiu pela porta com um sonoro:

Comportem-se!

Depois que ela saiu, Anne olhou pra mim. – Você sabia disso?

— Não, juro! Como eu disse, não sei o que ela faz nesse horário porque fico no meu quarto, estudando. E isso quando estou aqui.

Ela arqueou uma sobrancelha ruiva e me olhou desconfiada.

— Nesse caso, suponho que você deveria ter avisado a ela com antecedência que eu viria e pedido que ficasse.

— Será que podemos só... sentar e comer? O chá já está pronto.

Anne continuou me olhando desconfiada, mas se sentou. Ansioso, eu coloquei a cesta sobre a mesa e tirei o pano que a cobria. Encontrei um saboroso e bem decorado bolo de camadas que fez meu estômago roncar só de olhar pra ele. Espero que Anne não tenha ouvido.

— Fiz tudo sozinha – contou ela. – Marilla queria me ajudar, mas não deixei. Tinha de ser eu a fazê-lo e somente eu. Preciso admitir que foi um desafio, pois eu nunca havia feito um bolo de quatro camadas antes, somente de três. Espero que esteja bom. Por favor, prove e dê o seu veredito. Seja sincero, eu aguento qualquer verdade.

Relutante, me afastei da cesta. Não tinha comido nada desde as duas da tarde, e agora eram cinco.

— Assim que eu servir o chá – falei, indo buscar a chaleira e passando o conteúdo dela para o bule da minha mãe. Servi Anne com o jogo de chá favorito dela, o mais chique. Anne deve ter reparado, porque arregalou os olhos azuis e disse:

— Você deve me considerar uma visita importante.

— Considero.

E comemos. O bolo, é claro, estava delicioso. Comi três pedaços e fiquei com vontade de atacar um quarto, mas não queria que ela me achasse guloso ou mal educado. De qualquer forma, sobrou bastante bolo, e ela me disse que era um presente, que eu devia guardar e depois lhe contar se Bash e Mary gostaram.

— Tenho certeza de que vão gostar – afirmei, levando o jogo de chá sujo para a pia. – Agora vamos estudar?

— Sim! – disse Anne empolgada. – Já escreveu a história que a Srta. Stacy pediu?

— Ainda não. Só faz um dia que ela pediu – franzi as sobrancelhas. – Você já fez, né?

Ela teve a delicadeza de corar. – Bem... já. Ontem a noite. Acontece que fiquei inspirada.

— Você está sempre inspirada – terminei de guardar o restante do bolo e me sentei na mesa. – Sobre o que é sua história?

— Bom, já que você perguntou... – ela abriu um sorriso pequeno. – É sobre uma jovem muito bonita chamada Carlota que se apaixona por outro jovem chamado Rodolfo, e ele também é muito bonito, mas se apaixona por outra garota, Viviane, que não é tão bela mas é muito bondosa e romântica. Os dois ficam noivos logo que se conhecem, e quando Carlota descobre o noivado, fica arrasada e muito muito furiosa. Ela espera a calada da noite, porque tudo fica mais romântico na calada da noite, e vai na ponta dos pés roubar a arma do pai, que ficava escondida numa caixa sobre o armário mais alto da cozinha. Carlota conseguiu alcançá-lo com a ajuda de uma cadeira. No dia seguinte, Viviane estava fazendo a prova do vestido de noiva quando Carlota entrou na loja e atirou nela, dando uma grande risada do mal. Ela riu tanto tanto que teve um ataque cardíaco e também morreu. Rodolfo, quando soube do infeliz destino de seu pobre amor, ficou arrasado e também morreu de tristeza. Fim.

Fiquei olhando pra Anne, tentando me manter sério e conter a vontade de rir.

— Uau – exclamei, porque ela me olhava como se esperasse um comentário. – Vou querer ler.

Ela sorriu, e eu quis ter me sentado uma cadeira mais perto.

— Se quiser – disse Anne. – Posso te ajudar a escrever a sua.

— Eu adoraria – sorri também. – Porque não começamos agora?


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