Laços Cruzados escrita por Cukiee


Capítulo 5
Capítulo 5 - Uchiha Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Perspetiva de Sasuke Uchiha.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772385/chapter/5

5

Sasuke Uchiha

20 de Março de 2018 | Quarta-Feira

~*~

O luto de Itachi mantivera-se mesmo após o seu funeral. Tinha me recusado a voltar àquele hospital, muito pela repugna que tinha da sua incompetência, tanta que, não quis sequer saber a explicação lógica e médica daquilo, não havia qualquer necessidade de a ouvir, afinal, isso não traria Itachi de volta.

— Ele falou com a responsável do hospital e, bem, garantiu que os seus profissionais fizeram tudo o que estava ao alcance, infelizmente não… – Ouvia a minha mãe ainda dolorosa pelo telefone, estava claro o sofrimento na sua voz, como se o visse claramente na minha frente.

— Hm… entendo – Na verdade, não entendia. Recusava-me a aceitar as coisas assim, recusava-me perante a sua morte, recusava-me que tinha tido um atendimento competente, caso contrário estaria ali, ainda presente! Mas o caso não era esse, estava sozinho, naquele apartamento, numa espera pela chegada de Itachi, sempre tardia, mas que desta vez seria uma espera interminável e que a cada minuto que passava ficava dolorosa.

 

21 de Março de 2018 | Quinta-Feira

~*~

Estava de volta à empresa, com a ficha informativa do piso administrativo – o piso 7 –, incerto sobre que falha iria encontrar ali e principalmente em quem.

Kurenai Yuhi

Asuma Sarutobi

Kakashi Hatake

Sabaku no Gaara

Sasuke Uchiha

Fugaku Uchiha

E… Itachi Uchiha

Descartando Gaara, que estava na administração em Suna; Kakashi, que também investigava o ataque à empresa; restava a Kurenai e Asuma.

— Bom dia Sasuke! Hoje terá reunião acerca do contrato com a empresa Hyuga, foi adiada para as 5 da tarde, posso dar sinal da sua confirmação, senhor? – E pensado nela, aí estava, Kurenai era a assistente de todo o piso 7, encarregue de preparar, organizar e informar acerca de todos os eventos, reuniões ou formalidades necessárias e, na verdade, estava bastante interligada com a própria empresa de um modo geral. A questão era: quão fácil seria na sua posição engendrar um ataque informático? Por uma mera assistente? Mas com fortes conexões… Talvez fosse necessário investiga-la um pouco mais detalhadamente.

— Sim, confirme – Suspirei, enquanto me lembrava da dor de cabeça que a reunião seria, como sempre era, malditos Hyugas – Mais uma coisa – Ela parou, antes mesmo de sair, voltando a sua atenção de novo para mim

— Diga?

— Estará presente até logo à reunião? – Perguntei parecendo desinteressado.

— Não senhor. Deixarei tudo pronto como tinha estabelecido com o senhor Fugaku, sairei por volta do meio tarde. M-Mas precisa de mim para algo? – Não precisava realmente, a intenção era outra…

— Uma questão que pode ficar para amanhã – Ou melhor, até amanhã arranjaria qualquer recado falso para justificar a minha súbita curiosidade acerca da sua presença.

— Certo, senhor! Com a sua licença! – Despediu-se e logo saiu, e eu fiquei pensativo sobre como iria proceder.

E, depois de passar a manhã a ver e rever sobre todas as possíveis informações de Kurenai o resultado era insatisfatório:

Solteira. Vivia sozinha num apartamento de média classe. Sem irmãos ou irmãs, com os dois pais ainda vivos, residentes de Konoha. Dedicada à empresa. Sem grandes hobbies extra a que se dedique, com exceção das plantas. Um gosto particular por plantas, dado que tem o seu apartamento entupido das mesmas.

Era impossível não me aborrecer naquilo, o que havia de suspeito numa vida tão desinteressante? E foi nesse momento, enquanto ia na direção da máquina do café que a vi, a sair com um ar desconfiada da zona da casa de banho… masculina?!

Fingi com naturalidade, como se não tivesse sequer notado a sua presença, ainda que ela se tenha atrapalhado quando observou a minha figura junto à máquina de café, mas da forma como seguiu o seu caminho deveria ter pensado que estava longe demais para a ter visto por ali.

 

~*~

— Kakashi! Não vamos poder almoçar, tenho um assunto rápido a tratar agora durante a hora de almoço – Adentrei no seu escritório sem qualquer aviso, ao que ele arqueou uma sobrancelha, incomodado com o meu comportamento.

— Certo – Disse duvidoso do meu comportamento repentino, embora tivesse feito o favor de não questionar nada no momento – Logo em minha casa, temos uns assuntos a conversar – Assenti e saí da empresa, indo direto ao estacionamento, esperando parado na esquina próxima à empresa.

Talvez tivesse a ser paranoico demais, mas se não apresentasse resultados muito em breve a Fugaku, era bem capaz de ameaçar deserdar-me e depois de tudo, não queria piorar os dramas que já existiam ultimamente na família. Então, segui naquele plano meio idiota, à espera que Kurenai saísse para almoçar.

Demoraram uns 15 minutos até que finalmente a pude ver sair do portão principal e apanhar um táxi, o que no meio daquele plano sem sentido, começava a dar-lhe algum crédito: Porque iria Kurenai apanhar um táxi, se tinha carro da empresa no estacionamento?! Aos poucos as coisas iam começando a não fazer sentido e a fazer-me acreditar cada vez mais que a minha paranoia tinha sido bem acertada até.

Segui atrás do seu táxi de forma discreta, enquanto a cada quilometro que percorria mais desconfiado ficava. Estávamos já fora de Konoha e no meio daquilo não encontrava uma única razão para ela vir de táxi para fora de Konoha e sabia que os seus pais moravam numa zona bem central, quem a faria ir até ali?

Quando o táxi parou segui um pouco mais à frente para que não fosse de alguma forma suspeito e quando parei mantive-me dentro do carro enquanto a observava ao longe, enquanto ela entrava num restaurante próximo.

Verifiquei as horas e estranhei, só no caminho tínhamos perdido 1 hora e bem o dia na empresa ainda não tinha acabado, nem para mim e muito menos para ela. Liguei para Kakashi, que rapidamente atendeu a minha chamada:

— Yo! Sasuke? – Cumprimentou bem-disposto.

— Estás na empresa? – Estava demasiado intrigado com aquilo que ignorei cumprimentos cordiais.

— Sim, nem todos tiram 3 horas de almoço – Respondeu provocando de forma divertida, ao que eu mais uma vez fiz o favor de ignorar e ele continuou – Não te esqueças que temos reu-

— Sei! A Kurenai não está na empresa? – Interrompi, ignorando novamente o que tentava dizer-me e pude ouvir o seu suspiro ao telefone.

— Não – Decidiu tornar-se útil e responder-me sem grandes conversas ou rodeios.

— Não deveria estar a regressar da hora de almoço para preparar a reunião? – Perguntei insistente.

— Penso que ela tenha despachado tudo de manhã, já não deve voltar à empresa hoje – Disse de forma calma e sem interesse.

— Certo – Assenti e desliguei rapidamente a chamada sem sequer o deixar despedir-se, ou mesmo eu, sequer me despedir.

Saí do carro com passos pesados, imaginando mil e um cenários, e quando entrei no restaurante da forma mais natural e calma possível, todos os possíveis cenários foram errados de acordo com aquele que encontrei:

Estava lá Kurenai.

Num animado almoço.

Sorrindo constantemente.

Com… Asuma Sarutobi.

Regressei rapidamente ao carro antes que pudesse ser visto por um deles e regressei de volta a Konoha. Na viagem, não sabia se o que sentia era indignação daquela situação ou se era irritação de todo o trabalho que tinha tido naquele plano sem respostas nenhumas, bom, que fossem de interesse pelo menos.

E o pior ainda estava por vir, sim, porque depois daquela total perda de tempo ainda teria uma difícil reunião com a pior espécie – os Hyugas.

 

~*~

— Não é como se me surpreendesse o resultado final! – Kakashi suspirava derrotado enquanto nos dirigíamos à saída da empresa.

— E aquele Neji ainda tem o descaramento de dizer que não estamos a corresponder às expetativas da empresa deles com a parceria?! Ridículo – Cuspi as palavras irritado. Já não estava de acordo com aquela pareceria em forma alguma. Misturar-nos com aquela escumalha era ridículo.

— Melhor mantê-los ao nosso alcance, ainda que num controlo vago, ainda que o acordo estabelecido não tenha sido o que propomos inicialmente – Fugaku também estava claramente irritado com aquela reunião, mesmo que visivelmente não fosse tão evidente.

Despedi-me deles, avisando Kakashi que só iria ter com ele depois de jantar e ele rapidamente assentiu concordado. Despedi-me também do meu pai, que me acenou de volta sem grandes formalidades, notava o seu cansaço e não podia deixar de o compreender, os dias passavam difíceis.

Quando cheguei a casa tomei um banho rápido e comi umas tostas, não tinha a mínima vontade para cozinhar, nem jeito honestamente.

Deitei-me no sofá descansando um pouco, quase adormeci, fazendo algum tempo para que ganhasse vontade por me levantar e ir ter com kakashi.

E mesmo de má vontade, obriguei-me a sair daquele apartamento.

 

~*~

Quando cheguei morada de Kakashi, nada muito luxuoso, tal como ele próprio, um lugar discreto, toquei na campainha e esperei que a sua porta abrisse, o que não tardou.

— Yo! Já chegou! – Constatou o óbvio e deu abertura para que entrasse.

— Hm – Entrei sem grandes palavras, o que o fez acompanhar-me à sua sala e prosseguir.

— Ainda mal-humorado com a reunião ou? – Arqueou uma sobrancelha, enquanto esperava alguma explicação da minha parte e antes ainda de falar, interrompeu-me – Café, chá, licor?

— Café – E ele rapidamente trouxe da cozinha dois cafés e sentou-se a meu lado – Hoje investiguei o piso administrativo e nem uma ponta solta – Fechei os olhos em busca de algum descanso, passando a mão no rosto.

— Isso tem algo a ver com a chamada na hora de almoço?

— É… Tem – Hesitava como abordar o assunto – Descobri algo, um tanto… peculiar – Ele rapidamente olhou intrigado, como indicação de que prosseguisse – A Kurenai e o Asuma, bom, têm um tipo de relacionamento mais evoluído – Naquele momento, pude ouvir um monte de risos maliciosos da parte de Kakashi, pela minha falta de jeito na descrição do sucedido e apenas o olhei indignado.

— É, Sasuke, Kurenai e Asuma têm um “relacionamento mais evoluído” – Repetiu, tentando imitar a minha voz de modo irónico e quando a minha expressão de confusão foi vista por ele continuou a sua explicação – Já vais tarde na descoberta, a relação é de longa data – Ele explicava ainda entre risos.

— Como assim? – Estava ainda mais indignado com a calmaria de Kakashi.

— Às vezes fico em dúvida se és realmente cego – Não pude deixar de reclamar imediatamente face ao seu comentário – Não faças essa cara, toda a gente do piso 7 sabe e já é de há um bom tempo – Ele explicava enquanto olhava para o teto na tentativa de recordar-se com precisão de algo.

— Só podes estar a brincar com a minha cara? – Depois de lhe contar a história toda meio chateado e em como tinha a “perseguido”, Kakashi não parava de rir e sacudir a cabeça negativamente. Decidi ocultar o pormenor da casa de banho, por algum tipo de respeito por Kurenai e até por mim mesmo, Kakashi seria uma melhor pessoa sem essa informação certamente; até porque a própria da situação atrevida me tinha deixado a mim próprio constrangido.

Acabámos por falar um bom tempo de coisas banais e já um pouco tarde, próximo da meia noite, estava de saída enquanto ele me acompanhava à porta.

— Bom, amanhã lá nos vemos! – Ele se despedia já junto à porta.

Quando ia despedir-me também, pude ver alguém chegar junto das escadas e instintivamente o meu olhar foi de encontro à origem do ruído e, quando aquele cabelo rosa (o único que vira!) balançou desalinhado a subir as escadas e o olhar da sua dona encontrou o meu o reconhecimento levou meros segundos de silêncio até que Kakashi interviesse:

— Yo! Sakura! Como estás? – Cumprimentou alegremente e eu mantive-me quieto, enquanto aquela imagem do hospital, do quarto de Itachi, reavivava-se na minha cabeça.

— B-Boa n-noite! – A hesitação na sua voz era clara e nem por um segundo tinha desviado o seu olhar do meu, receosa. E, novamente o silêncio se apoderou do local.

— Err… bem, sem grandes formalidades. Sasuke! Esta é a minha vizinha do mesmo piso, Sakura! – Chamou-me para a sua apresentação e quando não me viu reagir, ficou envergonhado com a situação, que parecia cada vez mais constrangedora.

— Sakura! – Chamou-a e ela desviou o seu olhar na sua direção – Este é o Sasuke, um colega de trabalho da empresa e, pode dizer-se, um amigo muito mal-humorado – Sorriu forçosamente, tentado mandar-me indiretas pela minha falta de cortesia. Mas ela parecia, também, sem qualquer reação em relação a mim, e Kakashi derrotado tentou estabelecer qualquer tipo de conversa desesperadamente

— Err… então Sakura, de regresso do hospital? Sempre dedicada, é uma boa médica, com certe-

— Não diria – Interrompi, fazendo-me ouvir pela primeira vez, com uma voz dura, olhando diretamente na direção dela. Nesse momento pude vê-la estremecer.

Ela nada disse, suspirou um tanto irritada e prosseguiu num passo apressado na direção do seu apartamento, murmurando algo, onde a única palavra que foi audível foi “indelicado”, não que aquilo tivesse tido qualquer impacto em mim, mas aquele infeliz encontro tinha tirado toda a minha paciência, boa disposição (Que não existia já!) e calma.

Naquele silêncio pude sentir o olhar reprovador de Kakashi sobre os meus ombros, mas não me importei. Segui o meu próprio caminho de saída, sem proferir uma única palavra mais.

 

~*~

Estava a caminho da empresa com a cabeça num nó! Não tinha dormido absolutamente nada. Não tinha conseguido. A razão irritava-me acima de tudo, mais do que o próprio sono que sentia.

O dia passou desastrosamente, fosse pela desatenção incontrolável! Pela dor de cabeça infernal, que acusava a falta de uma boa noite de sono. Estava inquieto demais, irritado demais e tudo aquilo só se resolveu quando estacionei o carro à porta de casa, ia a caminho da porta, já com as chaves mão.

— Não acredito – Sussurrei comigo.

Voltei apressado para o carro, fui até à morada de Kakashi novamente, porém desta vez não era a ele que estava a visitar. Parei bem na frente da porta da vizinha de Kakashi. Da médica responsável pelo destino que Itachi tomou. Da tal Sakura, como Kakashi a tinha apresentado para ele.

Demorou ainda um minuto para que me atrevesse a bater na porta. E, arrependi-me imediatamente na mesma hora! Pensei seriamente em ir embora, pareceu a melhor escolha naquele momento. Hesitei pelo medo de que ela abrisse a porta justamente no momento que estivesse a fugir dali, não queria passar por cobarde.

Talvez não esteja em casa.

E quando essa ideia pareceu iluminar aquele ato impensado, a porta abriu e lá estava ela do outro lado. O mesmo cabelo rosa inconfundível e que a tornava mais irritante ainda.

Não lhe disse nada. Ela não soltou qualquer palavra. Apenas olhou bem afundo em mim e a inicial surpresa no seu olhar, rapidamente passou para uma expressão de confusão, como se exigisse que lhe desse uma explicação, que, bem no fundo, estava no seu direito, afinal era eu que estava ali, na sua própria casa.

E, depois de fechar os olhos, suspirar e parar de pensar em tudo aquilo que a minha cabeça insistia em fazer o favor de me atormentar, reabri-os, foquei nos dela, e perguntei com a maior calma que consegui encontrar dentro de mim:

— Como conhecias o Itachi?

~*~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Fico à espera de saber as vossas opiniões. ^^

Trouxe um capítulo maior desta vez. Sasuke ficou desconfiado à toa com o romance secreto haha! E, depois do difícil encontro com Sakura, ficou a remoer tanto que precisa de explicações da médica. A conversa dos dois fica para o próximo capítulo, não percam!!!

PRÓXIMO CAPÍTULO: [10/02/2019] Capítulo 6 - Haruno Sakura



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços Cruzados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.