Indignada escrita por prongslet


Capítulo 3
Indignada, parte três.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer à linda da LilyLupin que recomendou a fic *chorei quando li a recomendação* sei que já agradeci por MP mas VOU AGRADECER NOVAMENTE ♥ Uma recomendação ♥ Nem acredito ahhhhhh ♥
Quero agradecer também à Izzy, Sofia, twin e à Lily pelos comentários ♥ Por fim, à linda da Black que me enviou uma mensagem a dizer o quanto gostava da fic! É para todas vocês, amores ♥
Agora, deixo-vos com o penúltimo capítulo de Indignada *cries*
Até ao próximo!
Beijos ♥



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[13 de Novembro de 1982, Terça-feira, Whitehall – Ministério da Magia]

Sirius inspirou pesadamente antes de se encostar na cadeira do seu gabinete de auror, encarando depois o tecto encantado repleto de pontos brilhantes. Os seus olhos azuis acizentados procuraram pela estrela mais brilhante daquele céu e não pode deixar de sorrir quando, segundos depois, admirava a estrela de Sirius. Permitiu-se relaxar durante alguns segundos naquela sua demanda, enquanto ouvia o nada do departamento.

Nunca o silêncio fora tão bom amigo como naquele momento.

Pela primeira vez naquela longa semana apenas era possível ouvir os passos abafados pelo corredor, os barulhos das máquinas de escrever ou o barulho do peculiar aparelho muggle que Lily tinha oferecido ao departamento para fazer café.

Felizmente não existiam gritos, resmungos ou até o barulho irritante da pena negra de Bellatrix a arranhar o pergaminho encantado, enquanto tomava nota de mais uma coisa que não estava digna de um departamento do ministério como aquele. 

Sirius inspirou irritado e os seus olhos escureceram levemente quando ele relembrou o porquê de todo aquele stress no departamento de aurores. Inspirou pesadamente e esqueceu completamente o céu encantado. Insatisfeito, regressou à sua posição inicial, incapaz de ignorar o hipógrifo gigante no meio da sala.  Como é que uma única mulher conseguia causar tanto problema? Claro que aquela mulher era uma Black e isso, por si só, já explicava muita coisa, mas pelo amor de Merlim: estavam a falar de uma das mais fiéis apoiantes do Voldemort. Aquela mulher devia estar a pagar pelos crimes que cometera e não ali, a supervisionar um dos mais importantes departamentos do Ministério da Magia.

O fim do mundo já esteve bem mais longe. 

Bateu com o punho na mesa indignado, antes de soltar um palavrão baixo. O ministro tinha endoidecido de vez, era um facto. Nem os gritos de Alastor ou os pedidos da elite o tinham demovido da sua patética decisão. Estava quase que provado que aquela malvada tinha incapacitado dois dos melhores aurores daquele departamento por puro prazer e era colocada ali? O que é que era suposto ele dizer da próxima vez que visitasse Frank e Alice? Devia contar que uma das responsáveis tinha sido eleita pelo ministro para um cargo daqueles como recompensa por todo o mal que fez? Aquilo era ridículo.

Colocou a mão na testa e suspirou pesadamente, enquanto tentava perceber como é que ia lidar com aquele inferno na terra. Só tinha passado uma semana e o departamento estava em polvorosa: um dos aurores tinha pedido licença, incapaz de conviver com aquela mulher, a nova estagiária de Remus passara o dia a chorar com medo de ser dispensada e todos os outros lutavam para não amaldiçoar aquela maldita de uma vez por todas. Nem mesmo Lily escapava à fúria de Bellatrix. Como é que eles iam sobreviver?

Aliás, como é que ele ia sobreviver sem saltar para o pescoço daquela desgraçada sempre que ela entrava no seu gabinete sem pedir licença, para reclamar de tudo o que ele fazia, fazendo com que ele se lembrasse do que já tinham sido ou do que ela, em tempos, poderia ter sido?

 Sabia perfeitamente que a prima tinha um prazer imenso em reclamar com o seu trabalho e com os seus amigos, porque sabia que isso o tirava do sério. Tinha de admitir, aquela mulher era a única que ainda conseguia tornar a sua vida num inferno mesmo depois de todos aqueles anos. 

— Sirius? — A voz de Remus ecoou pelo gabinete e Sirius suspirou pesadamente, antes de encarar a pesada porta de madeira. A cabeça de Remus espreitava pela greta aberta e ele levantou a mão, fazendo sinal para que o amigo entrasse.

Remus sorriu levemente, antes de abrir a porta do gabinete fechando-a depois com cuidado. As mãos cheias de cicatrizes apalparam os bolsos do pesado casaco castanho que ele usava, antes de retirar de lá a sua varinha. Murmurou um feitiço para a porta e Sirius sorriu levemente ao constatar que aquela conversa devia ser de extrema importância, ou não estaria a tomar precauções para que uma certa "inspetora infernini" (como Dorcas a tinha carinhosamente apelidado) escutasse a conversa dos dois.

O lobisomem sentou-se confortavelmente na cadeira do outro lado da secretária e atirou com uma pasta para cima da mesa.

— O que é isto? — Sirius perguntou, arqueando uma sobrancelha. Remus sorriu e fez sinal para que ele abrisse a pasta.

Sirius obedeceu e arqueou a sobrancelha quando viu o conteúdo do papel.

Em nome de Merlim, o que era aquilo?

— Chegou esta manhã ao ministério. A sua prima mais nova fez questão de entregar o pedido pessoalmente.

— A Cissy não precisa do dinheiro dos Black para nada, o bastardo do Malfoy tem mais do que suficiente para alimentar várias gerações albinas. — O Black constatou, antes de arquear novamente a sobrancelha.

— Foi o que pensei. — Remus respondeu, sorrindo. Debruçou-se sobre a mesa e começou a mexer nos pergaminhos, antes de retirar último de todos do monte. — Mas o que achei ainda mais interessante é que estivesse carimbado com o escritório de advogados de Avery, que supostamente é o representante legal da sua prima neste caso. Mas nós sabemos que o representante dos Malfoy é, na verdade, o Nott.

Sirius acenou com a cabeça ao recordar as mil e uma visitas que aquele malvado advogado tinha feito ao departamento, exigindo a libertação do seu cliente.

— Mas há mais. — Remus disse, antes de retirar outro pergaminho. — O seu irmão autorizou este pedido de acesso ao cofre. Eu pergunto-me: porquê tanto trabalho se os Malfoy já têm o acesso ao cofre deles?

— Porque não é para a Cissy. — Os olhos de Sirius brilharam intensamente e um sorriso cresceu no seu rosto. Remus acenou, levando as mãos ao ar quando Sirius começou a rir. — Já foi autorizado?

— Ainda não. — Remus explicou, antes de sorrir marotamente. — A legislação foi alterada e é necessária a autorização de um membro do departamento, sendo que é obrigatória a presença de um auror durante o processo. — Ele explicou antes de acrescentar ironicamente. —  Achei que não ia perder a oportunidade de se reunir com a sua adorada família.  

Sirius riu, reunindo os papéis na pasta. Rabiscou dois deles e com um aceno da varinha, o carimbo da sua secretária voou para os papéis, autenticando todos eles. Pegou no seu adorado casaco de couro e colocou-o, enquanto mordia a varinha com a boca. Com um aceno, os papéis voaram para a sua mão, assim como a chave da sua querida Lola.

— Sirius. — Remus pediu, antes de arquear uma sobrancelha. — Tente não fazer muitos estragos.

— Eu? — Perguntou fingindo uma falsa surpresa. Colocou a mão no peito e abriu a boca indignado, recebendo um rolar de olhos como resposta. — Vamos Monny, não confia em mim?

— Não, eu não confio, Sirius. E muito menos nas suas queridas primas.

Sirius gargalhou alto, antes de deixar o gabinete.

Se a prima queria guerra, era guerra que ia ter.

 

 

[13 de Novembro de 1982, Terça-feira, Lado Norte de Diagon Alley - Gringotts Wizard Bank ]

Sirius andou apressadamente pelas ruas de Diagon Alley com um sorriso no rosto. A camisa negra tinha os dois botões de cima desapertados, revelando o início de uma enorme tatuagem. O icónico casaco de couro estava repleto de correntes e parecia um pouco gasto, mas ele não se parecia importar com tal coisa.

Casaco de couro e roupas negras eram a sua imagem de marca e assim iam continuar a ser.

Desviou-se de um grupo de crianças que admiravam o mais recente modelo da vassoura Comet e não pode deixar de rir quando os pequenos e brilhantes olhos das crianças repousaram na sua figura, um dos heróis do mundo mágico.

Sirius riu, passou as mãos pelos cabelos das crianças - prometendo uma série de autógrafos da próxima vez que os encontrasse e despediu-se alegremente, virando na segunda curva à sua direita, a tempo de observar o prédio torto e imponente que era o banco dos feiticeiros. 

Os seus olhos azuis acinzentados repousaram depois nas duas figuras que o encaravam tediosamente na entrada do mesmo e não pode evitar sorrir falsamente, antes de segurar os pergaminhos com força. Subiu o lanço de escadas sem pressa alguma, fazendo a prima mais velha revirar os olhos e soltar meia dúzia de palavras azedas que ele não conseguiu compreender. 

Como era bom estar na presença da sua adorada família.

 — Tinham de enviar este incompetente? — Ouviu Bellatrix reclamar, fazendo-o sorrir falsamente. Abriu a pasta de pergaminhos e para se divertir mais um pouco, conjurou com a varinha um par de óculos negros, fazendo a prima mais velha reclamar ainda mais.

— Cissy. — Cumprimentou, fazendo a outra sorrir elegantemente. Os olhos azuis de Narcisa brilharam intensamente quando Sirius a cumprimentou e não pode deixar de perceber que o primo em nada tinha perdido a beleza que sempre fora característica dos Black. Mesmo com todas aquelas roupas trouxas e com os cabelos rebeldes, Sirius continuava a parecer a mesma criança que a insistia em trancar nos armários de Grimmauld Place. 

Sirius suspirou novamente, antes de rever novamente os papéis. — Não está um belo dia? — Ironizou, fazendo Bellatrix inspirar pesadamente.

— Podemos despachar isto de uma vez? — Bella perguntou impaciente, batendo com o salto negro no mármore claro.

— Senhora Black, — Sirius disse antes de ajeitar os óculos desajeitadamente. — Não queremos fugir às regras, pois não? Deixe o profissional falar primeiro e depois, segundo as minhas instruções, a sua irmã pode entrar comigo e retirar uma certa quantia.

— Como assim, a minha irmã? —  Ela perguntou irritada, fazendo os seus olhos faiscarem de raiva.

— Oh, a Senhora Black não se informou junto do seu colega… aliás, o seu advogado? —  Ele perguntou falsamente, antes de fechar a pasta com força. — O seu acesso à conta continua interdito e eu estou aqui para me certificar que continua dessa forma até que o seu processo esteja terminado. Não queremos correr o risco de a senhora retirar algo de lá e…

— Chega! — Narcisa disse, percebendo que a irmã estava com a mão na varinha. — Pelo amor de Morgana, vamos despachar isto antes que eu seja vista aqui. Vocês parecem dois adolescentes, credo! — A loira suspirou pesadamente, levando a mão à têmpora, massajando a zona em seguida. Sirius riu em resposta, deixando Bellatrix ainda mais irritada.

A mais nova limitou-se a agarrar o primo pelo casaco e, sem qualquer cerimónia, puxou-o para dentro do banco para evitar mais uma discussão desnecessária entre aqueles dois.

 

 

[13 de Novembro de 1982, Terça-feira, Whitehall – Ministério da Magia]

Sirius afundou-se novamente na cadeira e colocou as pernas em cima da sua secretária, enquanto analisava uma série de papéis sobre os casos que ainda faltava arquivar sobre a Grande Guerra Bruxa. A foto de Rabastan Lestrange brilhava numa das fichas e Sirius teve todo o prazer de conjurar o carimbo de condenado sobre a foto. Fechou aquele e voltou a abrir o de Rodolphus, sentindo um prazer ainda maior em repetir o ato, atirando-o para um monte de papeis.

A porta do gabinete foi aberta com uma força desnecessária e Sirius não precisou de retirar os olhos da nova pasta que segurava para perceber que era mais uma das visitas da sua adorada prima.

— O que é que pensa que está a fazer? — Ela perguntou indignada e Sirius sorriu em resposta, enquanto continuava a analisar o caso que tinha em mãos. Bellatrix suspirou pesadamente e a som da pena negra a escrever cada vez mais no pergaminho encantado era sinal que ignorar Bellatrix estava a surtir o efeito desejado.

Podia apostar que a face dela estava vermelha de raiva.

Sirius conjurou o carimbo novamente mas antes que este atingisse o pergaminho, Bellatrix arrancou-o das suas mãos, atirando-o para o chão do gabinete. Sirius sorriu falsamente quando a prima empurrou os pés dele de cima da secretária, enquanto resmungava com a falta de profissionalismo dele.

— Fiz uma pergunta Black, era suposto responder. Ou jogou fora toda a educação que a tia Wallburga lhe deu?

— Engraçado que considere aquilo educação. — Ele riu, antes de se ajeitar na cadeira. — Mas se quiser conversar sobre educação, podemos começar com bater à porta do meu gabinete sempre que entra.

Bellatrix bufou irritada antes de colocar o dedo indicador à frente da sua face. — Que engraçado, primo. Gostaria de saber se vai continuar a achar engraçado quando eu entregar o relatório desta selva ao ministro. Tenho a certeza que não vai rir dessa forma quando estiver a empacotar as suas coisas juntamente com os seus amigos imundos.

Sorriu falsamente ao atingir num ponto que sabia que era frágil e não se enganou quando a face de Sirius começou a ficar vermelha de raiva. 

Sirius perdeu o sorriso imediatamente e antes que Bellatrix pudesse reagir, levantou-se da cadeira que com o impulso caiu no chão. Segurou o pulso da prima e encostou-a à secretária, espalhando o monte de papéis no chão.

Aproximou o rosto do dela e a sua voz saiu como um rosnado.

— Não confunda os meus amigos com a corja com quem convive, Black. E nunca, em situação alguma, pense que o que vê aqui neste mês vai influenciar a vida e os meses que demos para salvar o mundo bruxo. O seu dinheiro sujo até pode comprar o inútil do ministro, mas não compra as pessoas que aqui trabalham. E prometo que eu mesmo me irei certificar que quando este espetáculo terminar, vai ser levada a julgamento pela incapacidade dos Longbotton. Talvez aí tenha vontade de rir quando estiver a apodrecer em Azkaban.

Os olhos acinzentados de Sirius escureceram rapidamente, faiscando de raiva. Ela abriu a boca várias vezes, mas nenhuma palavra parecia querer sair. Aquela imagem era-lhe demasiado familiar e os sentimentos que há muito estavam enterrados pareceriam querer voltar à superfície. 

Não, não, não.

Ela não era mais uma garota que estava pateticamente encantada por aqueles olhos azuis e não, ela não iria cometer aquele erro mais uma vez. Da última vez aquela situação quase que a desgraçara, não a ia repetir. 

Aquele traidor de sangue não merecia isso, não quando a tinha abandonado daquela forma. 

— Tire as patas de cima de mim! — Ela disse depois de se recompor, tentando soltar-se do aperto dele. Sirius riu falsamente, apertando ainda mais o pulso dela.

— Porquê, prima? Antigamente era só o que queria.

O sangue de Bellatrix pareceu ferver e antes que se apercebesse a sua mão já estava no ar. Sirius parou-a perto da sua cara, fazendo-a estremecer quando sentiu o aperto na sua outra mão, num reflexo extraordinário por parte dele. Bellatrix fuzilou-o com o olhar e sentiu a sua varinha arder presa ao cinto da saia.

— Estamos com saudades de uma mulher a sério, é? — Ela perguntou, fazendo uma cara de falsa pena. Sirius riu, antes de a soltar.

— Pelo contrário, prima. Eu estou mais do que satisfeito com as minhas companheiras. — Bellatrix riu alto enquanto encarava intensamente os olhos cinzentos do primo.

— Não se engane, priminho. Ambos sabemos que as suas amiguinhas são do mais reles que existe.

— Estamos com ciúmes, Bella? — Ele desdenhou, usando o apelido que lhe dera enquanto criança. Sirius fez uma cara de inocente, aproximando-se ainda mais. Bellatrix riu falsamente em resposta, tomando aquilo como uma provocação.

E oh, ela não gostava nada de ser provocada.   

Sentiu o hálito quente de Sirius sobre a sua pele e deixou que ele se aproximasse cada vez mais, unindo os lábios dos dois. Deixou-se envolver pelo corpo quente de Sirius e não pode deixar de constatar que nada tinha mudado depois de todos aqueles anos. Sirius segurou a face dela com as mãos calejadas, mas antes que conseguisse fazer mais alguma coisa ouviu um estranho click e, em menos de nada, estava sozinho dentro do seu pequeno cubículo.

Pela primeira vez naquela semana, ele odiou o silêncio que se instalou no gabinete número dezoito do departamento de aurores. 


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Notas finais do capítulo

Estes dois são demasiado intensos, não são? E a Bella não dá ponto sem nó ahahah O próximo capítulo é o último maaaaaaaaaaas se quiserem posso fazer um epílogo *é só dizer nos comentários*
Desculpem qualquer errinho mas não tive tempo de rever (prometo rever hoje à noite) ♥
Os comentários são mais do que bem-vindos e antes que me esqueça: obrigada por todo o apoio ♥

Beijos e até ao próximo (que é o último - tristeza) :(((

(1)* - "Ignorar o hipógrifo gigante no meio da sala": adaptação de "Elefante na sala de estar" é nome dado a situações, por muitas vezes constrangedoras, onde os envolvidos tendem a ignorar algum acontecimento em particular na esperança de em algum momento tal assunto deixe de ser um "fardo", ou seja, as pessoas ignoram o "elefante" para ver se ele vai embora. Basicamente se trata de ignorar um assunto até que todos esqueçam o mesmo.

(2)* - elite: Refere-se aqueles que estiveram na queda do Voldemort. São os heróis da guerra, apelidados de "elite dos aurores" porque são os aurores mais importantes que até tem direito a um gabinete e não a um cubículo aberto como os outros!

(3)* - "Lola": também conhecida como a amada mota do Sirius hahahah


É isso, até ♥