Indignada escrita por prongslet


Capítulo 4
Indignada, parte quatro.


Notas iniciais do capítulo

Hey folks ♥,
Quem é vivo sempre aparece, né? Pois bem, não quero alongar muito nesta nota, mas queria pedir desculpa a todos pela demora em postar a fic. Sei que não é agradável esperar tantos meses por um capítulo mas tive um bloqueio criativo muito grande e era muito difícil conseguir escrever algo e ficar satisfeita com o resultado...

* quero apenas agradecer a todas as pessoas que não me deixaram desistir desta fic e em especial à Amara, à LilyLupin, à L A N E, à Sofia e à Black que me deixaram comentários lindos no capítulo anterior ♥
Espero que gostem!



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[20 de Novembro de 1982, Quinta-feira, Londres, Inglaterra - Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos]

As orbes azuis acinzentadas de Sirius percorreram o estreito corredor do piso quatro do hospital de St. Mungus, numa tentativa falhada de ignorar o que estava à sua frente. O seu coração batia descompassadamente e por longos segundos as paredes brancas repletas de quadros eram mil vezes mais interessantes do que a janela que estava bem perto da sua face.  Os quadros olharam-no com uma certa curiosidade, murmurando coisas entre si sobre os pacientes do quarto 212. Incapaz de os ignorar, Sirius voltou a dar atenção à enorme janela que separava o dito quarto do corredor onde estava. Os seus olhos azuis percorreram as paredes brancas do quarto, parando na enorme janela coberta por cortinas verde água, iluminadas pelos raios de sol que insistiam em penetrar pela janela.

O seu olhar foi depois para as duas figuras deitadas nas camas. Os cabelos cor de mel de Alice brilhavam intensamente, iluminados pela janela. A sua dona, porém, dormia pacífica no meio dos lençóis de linho, alheia ao dia que amanhecia do outro lado da janela. Por outro lado, o habitante da cama do lado parecia começar a despertar, o que causou uma estranha sensação de culpa em Sirius.

Sirius Black não era um cobarde, era certo, mas naquele momento sentia-se como um. Parte de si queria fugir daquele lugar o mais rápido que as suas pernas permitissem. Por outro lado, Sirius queria manter-se fiel à pessoa que julgava (até então) ser e queria, sem dúvida alguma, tirar aquele peso de cima dos seus ombros.

Inspirou pesadamente antes de se largar numa das muitas cadeiras que ocupavam aquele corredor, numa tentativa falhada de organizar as suas ideias e lidar com a culpa que se tinha apoderado dele durante a última semana.

No início pensou que aquilo fosse apenas um acontecimento isolado, mas a presença de Bellatrix no seu gabinete tornou-se demasiado recorrente e não tardou a que o episódio do beijo se repetisse: uma, outra e outra vez. Certo, ele não esperava nada daquilo – afinal, estava mais do que claro que Sirius e Bellatrix viviam em dois mundos opostos e o orgulho dos dois não ajudava em nada. Se não tinha dado certo da última vez, porque daria agora que eles estavam em lados distintos tão distintos da vida?

Suspirou novamente e não conteve o palavrão que escapou dos seus lábios finos. Os quadros atrás de si repreenderam-no, fazendo-o revirar os olhos várias vezes.

— Sirius? — Uma voz conhecida ecoou pelos seus ouvidos, fazendo-o levantar a cabeça rapidamente. Os seus olhos azuis-acinzentados percorreram o corredor e só pararam quando encontraram a figura altiva que o encarava carinhosamente. A mulher sorriu abertamente para ele e avançou a passos largos, antes de o envolver num abraço apertado.

— Dro. — A voz de Sirius saiu estranhamente rouca e foram precisos alguns segundos para a normalizar. Andromeda sorriu-lhe carinhosamente, antes de ajeitar o uniforme verde que usava naquele momento. Sirius observou a prima atentamente e não conteve o espanto ao examinar o distintivo de curandeira-chefe que brilhava na sua lapela. Não conteve o uau que saiu dos seus lábios finos, arrancando um sorriso ainda maior da prima mais velha.

— Eu poderia ter contado mais cedo. — Ela disse, antes de cruzar os braços ao nível do peito. — Mas nunca mais apareceste lá em casa e isto não é coisa que se conte por carta. — Reclamou, fazendo-o revirar os olhos com tal comentário.

— Mas o trabalho, Dro…

— Eu não quero saber do trabalho, Sirius Black! — Respondeu, em tom de falsa indignação, enquanto o guiava pelos corredores brancos do hospital. Sirius manteve-se em silêncio enquanto seguia a prima até ao seu gabinete, no fundo do corredor.

Andromeda fez sinal para que ele se sentasse numa das poltronas do enorme gabinete, sentando-se depois do outro lado da mesa de mogno. Ajeitou a capa do hospital antes de se sentar e arqueou levemente a sobrancelha direita, em tom de curiosidade.

— Está tudo bem, Sirius? — Perguntou preocupada. Sirius encarou-a pesadamente e por longos segundos ponderou se deveria contar ou não à prima sobre os acontecimentos que levaram à sua visita. Parte dele sabia que era impossível esconder alguma coisa de Andromeda. Desde que se recordava ser gente que Andromeda era a única pessoa em que ele podia confiar e que nunca o iria julgar. Ela estava sempre lá e sabia de tudo e quando não sabia acabava sempre por descobrir. Se havia algo que Sirius adorava na prima era a segurança que ela exaltava desde que eram pequenos. — É sobre os Longbotton? — Perguntou, antes de se ajeitar na cadeira. Sirius inspirou pesadamente em resposta e acabou por assentir.

Não era exatamente uma mentira.

— O quadro clínico continua o mesmo. — Ela disse tristemente, antes de conjurar um ficheiro com o auxílio da varinha. Os seus olhos negros percorreram o pergaminho atentamente, enquanto analisava os testemunhos do curandeiro responsável pelos dois. — Perda de memória. As causas ainda estão para ser apuradas, mas achamos que foi causada pelo uso indevido de feitiços. Estamos a fazer os possíveis, mas sem saber que tipo de feitiço causou a amnésia não podemos fazer mais.

— Existem danos? — Ele perguntou, antes de se ajeitar na cadeira.

— Os danos físicos já foram tratados. — Explicou, enquanto lia uma parte do ficheiro de Alice. — Os danos na memória é que permanecem inalterados. Na minha opinião foi um feitiço que correu de forma errada. — Explicou, antes de largar as folhas em cima na mesa. — E nós sabemos que ela nunca errou um feitiço em toda a sua vida.

Os olhos de Sirius escureceram em resposta e um sentimento de raiva apoderou-se dele em poucos segundos.    

— Andromeda. — Ele começou, mas ela levantou a mão.

— Não vamos ter esta discussão novamente, Sirius. — Disse, antes de respirar fundo. — Eu respeito a partilha de opiniões, se for feita de forma civilizada. E, a meu ver, o respeito pela opinião do outro, mesmo quando é diferente da nossa, é essencial. Além do mais eu conheço a minha irmã. Ela pode ter muitos defeitos, mas nunca ia errar um feitiço desta dimensão.

— Não foi ela a lançar o feitiço, mas é culpada na mesma. — Ele rosnou, encarando a prima de forma irritada. — E deve ser condenada por isso.

— Não temos a certeza se ela estava naquele lugar. — Andromeda ripostou, desesperada, antes de levar as mãos à cabeça.

— Era apoiante do Voldemort na mesma.

— É feio acusar os outros sem provas.

— Eu tenho muitas provas. — Disse, antes de inspirar pesadamente.

— Algo que foi dito quando vocês ainda tinham dezasseis anos não conta como prova.  — Ela resmungou, irritada. — E não devemos julgar ninguém com base em escolhas que consideramos erradas para nós, porque todos cometemos erros. A nossa família é a prova disso mesmo. O Regulus cometeu um erro gigante quando se tornou apoiante do lorde das trevas, mas se não fosse ele a descobrir o segredo do Voldemort sabe-se lá o que poderia ter acontecido ao mundo. As escolhas que fazemos importam, claramente mas não nos devemos guiar apenas por aquelas que consideramos menos boas. A Bellatrix cometeu erros, mas tu também os cometeste, Sirius. E tu, mais que eu, sabes muito bem o que é que aconteceu com a Bellatrix para ela hoje estar assim.

— A culpa é minha se ela se juntou ao Voldemort? — Perguntou com raiva, antes de bater com os punhos na mesa. — O que ela fez não tem desculpa.

— Não disse isso, Sirius. — Andromeda ripostou desesperada, antes de massajar a cabeça. — Eu sei que existem coisas que não têm perdão, mas o que estou a dizer é que… — Fez uma pausa, antes de inspirar pesadamente. — Eu acho que não foi ela, Sirius. Ela e a Alice eram amigas desde o berço, cresceram juntas… não a consigo imaginar daquela forma.

— As pessoas mudam em tempos de guerra, Andy. — Ele disse triste, antes de se compor na cadeira. Encarou a prima tristemente e não se surpreendeu quando pesadas gotas se formaram nos olhos de Andromeda. Ela limpou-as imediatamente, fazendo com que ele se sentisse ainda mais culpado por tudo o que disse. Sabia que a prima não tinha culpa de nada, mas mesmo assim não conseguia perceber como é que ela insistia em desculpar alguém que não lhe falava à tantos anos. — Andy…

— Eu estou bem, Sirius. — Ela disse, antes de se levantar da cadeira. — Tenho muito trabalho pela frente e o Ted está fora do país. Tenho de ir buscar a Dora depois do trabalho, não me posso atrasar.

— Andy, desculpa. — Acrescentou, antes de segurar a prima pelo braço direito. — Também não queria acreditar no início. Achei que era um equívoco e que ela não era capaz de fazer uma coisa como aquela… mas ela está diferente, Andy. Já não é a pessoa que conhecemos. — Inspirou pesadamente no fim daquelas palavras e sentiu uma pontada de culpa novamente. Soltou o braço de Andromeda momentos depois, enquanto ponderava se devia ou não contar os acontecimentos das últimas semanas à prima.

Momentos depois, afundou-se novamente na poltrona verde musgo e pela primeira vez em muito tempo, deixou escapar os pensamentos que o atormentavam durante a noite.

 

 

[20 de Novembro de 1982, Quinta-feira, Whitehall – Ministério da Magia, Gabinete 18]

Sirius ajeitou-se na poltrona do seu gabinete, enquanto observava atentamente o monte de papéis que estava à sua frente. A conversa que tinha tido com Andromeda foi mais esclarecedora do que ele alguma vez poderia imaginar e acabou por concordar que descobrir a verdade sobre o que aconteceu aos Longbotton era o essencial para que tudo ficasse bem. O pequeno Neville precisava dos pais e por muito egoísta que fosse, Sirius precisava de saber os acontecimentos que levaram aquele trágico acontecimento.

Ou melhor, precisava de saber se ela tinha sido a causa da amnésia de Alice e Frank.

Andromeda parecia demasiado convencida que Bellatrix não era a culpada e por breves segundos Sirius quis acreditar que aquilo era verdade e que ela não era capaz de cometer tal atrocidade. Mas provas pareciam apontar para o contrário e o julgamento de Barty Crunch Jr. não estava a auxiliar em nada à sua investigação. Suspirou pesadamente antes de se recostar na poltrona, incapaz de chegar a qualquer conclusão que não fosse a suposta culpa de Bellatrix.

Estava cada vez mais longe de descobrir a verdade.

Leves batidas na porta de madeira despertaram a sua atenção e só nesse momento é que Sirius se apercebeu que estava tão absorvido naquela demanda que nem tinha dado pelo tempo a passar. Suspirou pesadamente e arrumou os papéis a um canto da secretária, antes de mandar a pessoa entrar. A porta foi aberta momentos depois e a cabeça de James espreitou pela greta. — Pads. — Ele disse alegremente, antes de entrar no gabinete sem cerimónias. — Parece o gabinete do Remus com tanto papel. — Desdenhou, antes de se atirar para a cadeira do outro lado da secretária.

— É sobre a Alice e o Frank. — Sirius deixou escapar, antes de voltar a encarar o papel à sua frente. James inspirou pesadamente e remexeu-se desconfortavelmente na cadeira.

— Encontraram alguma coisa nova? — O animago perguntou sério, antes de ajeitar a armação dourada sobre o seu rosto. Sirius suspirou pesadamente, antes de largar um papel sobre a madeira.

— Não necessariamente. — Explicou. — Estive com a Andy hoje de manhã, no hospital. Ela têm uma teoria bastante sólida sobre o que poderá ter causado a amnésia da Alice e do Frank… Mas eu nunca vi nada assim. — Fez uma pausa, antes de se recostar na cadeira. — Ela acha que a irmã está inocente. 

James riu alto, como se aquela informação fosse a maior piada que alguma vez tinha ouvido, mas perante o semblante sério de Sirius parou de rir.

— Eu prometi-lhe que ia descobrir a verdade. E eu não posso falhar, Prongs... não à Andy. 

— Acreditas nela? — Perguntou seriamente, arrancando um suspiro pesado de Sirius.

— Não sei mais no que acreditar, mas quero resolver isto. Por todos. — Disse desesperado, sem saber o que fazer a seguir. Encarou as orbes cor de mel de James e esperou que o amigo lhe disse-se algo que confirmasse a culpa de Bellatrix naquele caso. Mas James não o fez, pelo contrário.

James Potter poderia ter muitos defeitos e podia odiar Bellatrix, mas sabia o quanto é que aquela mulher já significou para o melhor amigo. E a verdade é que ele queria apanhar o culpado pela incapacidade do Frank e da Alice, fosse ele quem fosse.

— Por onde começamos, então? — Perguntou, antes de pegar também ele num dos papeis em cima da secretária.

 

[2 de Dezembro de 1982, Quarta-feira, Ottery St. Catchpole – Devon, Inglaterra]

Sirius bateu várias vezes na porta branca da residência dos Tonks e não estranhou quando segundos depois várias vozes ecoaram do outro lado da porta, seguidas por diversos passos.

— Senha? — Uma voz acriançada perguntou do outro lado, fazendo-o rir.

— Huh… — Sirius emitiu um som estranho, enquanto se tentava recordar das mil e uma senhas que a sobrinha inventava sempre que alguém aparecia lá em casa. Normalmente achava aquele momento extremamente adorável, mas o frio que se fazia sentir naquele dia não era exatamente agradável para ele. — Bombons explosivos?

—  Não.

— Feijões de todos os sabores?

— Não.

— Diabinhos de pimenta?

— Eca, tio Sirius. Esses são horríveis, nunca os iria colocar como senha. 

— Por isso é que seria genial. — Sirius explicou ainda a rir. 

— Vou pensar nisso... — A voz disse pensativa, antes de fazer uma pausa. — Sem senha não posso deixar passar. — Dora respondeu, firme e segura, depois abrir uma greta da porta.

Os olhos da sobrinha brilhavam num tom castanho avelã e mesmo com pouco espaço Sirius pode distinguir que os adoráveis cabelos de Dora alternavam rapidamente de cor entre o azul, o verde e cor de rosa. Sorriu amavelmente ao ver a pequena criatura parada do outro lado da porta e baixou-se até ao nível dela. — Sendo assim posso ficar com os doces que trouxe para ti? — Perguntou sério, arrancando um grito de Nymphadora, que rapidamente abriu a porta da residência dos Tonks.

— Para a próxima começamos por aí. — Disse séria, antes de cruzar os braços ao nível do peito. Sirius riu alto em resposta e entrou na casa da prima, fechando a porta em seguida. Dora atirou-se às suas pernas em seguida e sorriu adoravelmente quando recebeu a quantidade excessiva de doces que o tio que ofereceu. 

Elevou-a no ar alguns minutos depois e para desgosto de Nymphadora encheu-a de beijos e de promessas de que a iria ajudar a jogar Quidditch quando o tempo melhorasse.

— Eu já disse que isso não vai acontecer. — Andromeda apareceu no corredor, carregando uma bandeja cheia de bolos. — A Nymphadora não tem idade para isso.

— Não me chames Nymphadora! — Ela resmungou, alternando os cabelos agora azuis, para um tom de vermelho escarlate. Sirius riu alto e sussurrou algo no ouvido da sobrinha, que saiu a correr do colo dele extremamente feliz.

— Sirius… — Andromeda disse num tom autoritário, antes de seguir com ele para a sala de estar.

— Prometo que não vou fazer nada. — Ele acrescentou, antes de se ajeitar no sofá da sala dela e comer um dos bolos que Andromeda lhe entregara, mergulhando segundos depois numa discussão séria com Dora sobre a melhor equipa de Quidditch de todos os tempos. 

Só quando o sol se pôs no horizonte é que Sirius ganhou noção do tempo que passara desde que chegara à casa da prima mais velha. Nymphadora já dormia no sofá, agarrada a um lobo de pelúcia que Sirius lhe tinha oferecido há alguns anos e a fogueira mágica já estava quase no fim.

Estava na hora de contar a verdadeira razão que o trouxera ali.

— Vamos ter de encerrar o caso. — Disse seriamente, antes de se recompor no sofá. — Não existem provas de nada e o Ministério quer encerrar todos os casos até ao fim do ano. Não consigo fazer mais, Dro. Eu tentei descobrir a verdade, mas acaba tudo num beco sem saída.

— A Bella vai ser condenada? — Perguntou baixo, enquanto encarava a filha que dormia ao seu lado.

— Não, mas o nome dela continuará manchado, estão todos convencidos que ela é a culpada. — Ele respondeu, com toda a sinceridade que tinha.

A verdade é que depois de todas aquelas semanas a rever o caso que Sirius não tinha a certeza de nada. Os relatos dos aurores responsáveis pelo caso retratavam quatro atacantes, mas apenas Barty Crouch e os irmãos Lestrange foram condenados pelo crime. Uma quarta integrante do membro, que ele sabia ser uma mulher de cabelos negros, escapou com uma maestria invejável, antes que os aurores a capturassem. E, infelizmente, todos os aurores do departamento estavam convencidos que essa mulher era Bellatrix. Ele não os podia culpar, a reputação da prima levava a isso mesmo e o humor detestável com que estava desde o fim dos seus encontros casuais no gabinete número 18 não ajudava a nada.  Suspirou pesadamente e colocou as mãos sobre a testa, numa tentativa falhada de se acalmar.

— Tenho dos melhores aurores a trabalhar neste caso, mas não estamos a conseguir nada. — Disse desesperado, antes de se ajeitar no sofá branco. — É a única forma de ajudar o Frank e a Alice, mas não conseguimos encontrar nenhuma prova concreta de quem era o quarto atacante. Não temos prova alguma que não foi ela, mas também não temos nada que nos diga que não foi. Ela esteve desaparecida durante um ano, ninguém sabe para onde é que ela esteve ou com quem. E isso é no mínimo suspeito, Dro. Ninguém desaparece dessa forma se não estivesse a esconder algo.

— Ou a fugir de alguém. — Andromeda ripostou, antes de se levantar do sofá que ocupava. — Não era segredo que a Bella não queria casar com o Lestrange. Ela podia ter fugido para adiar o casamentou ou para simplesmente não casar…

— A possível ligação dos dois também não ajuda no caso. — Ele desdenhou antes de cruzar os braços ao nível do peito. — E se for esse o caso, porque é que ela não contou isso quando foi interrogada?

— É a Bellatrix, Sirius. — Andromeda explicou, antes de revirar os olhos. — Ela prefere ir para Azkaban a colocar o orgulho de lado.

— Isso não desculpa nada, Dro.

— Também não a acusa, Sirius. — Devolveu, antes de ajeitar os cabelos negros. Sentou-se ao lado do primo no sofá e segurou as mãos dele. — Acreditas na inocência dela? Porque eu acredito, Sirius. A Bellatrix, apesar de todos os defeitos que têm é das pessoas mais meticulosas que eu conheço. Ela nunca iria errar um feitiço daquela forma. Ela sabe o que faz, Sirius. Não seria descuidada a esse ponto.

— Isso não é propriamente animador. — Ele resmungou, encarando a prima seriamente. — E eu não sei mais no que devo acreditar… A Bellatrix era apoiante daquele maníaco, ela mesma o disse! Aliás, ela gritou-o para todos ouvirem, quando andávamos em Hogwarts e ela descobriu que estavas grávida.

— Foram tempos difíceis, Six. — Ela disse triste, antes de encarar as próprias mãos. Respirou fundo várias vezes antes de começar a falar. — A Bella cometeu muitos erros, é verdade. E eu acho que o maior arrependimento dela foi não ter a coragem para enfrentar a nossa odiada família da forma que nós tivemos. Na cabeça dela, o Ted roubou-me, retirou-me da minha casa. Ela não conseguiu compreender que eu nunca a ia deixar de amar da mesma forma. Mas a verdade é que nós eramos muito chegadas, demasiado até. Na  cabeça dela ela perdeu-me para sempre naquele dia, Sirius. E tu partiste menos de um ano depois. Ela ficou sozinha. Sei que não desculpa nada do que ela disse ou fez depois, mas explica algumas coisas. Ela sentiu-se abandonada e frágil. E nós sabemos que a Bellatrix tem uma dificuldade enorme em lidar com sentimentos, especialmente quando ela foi prometida em casamento poucas semanas depois. A Cissy escreveu-me nessa altura, sabes? Foi a única vez que tive notícias das duas… ela disse que a Bella estava desesperada e que a culpa daquele casamento era nossa. Tu partiste e ela teve de herdar o meu prometido para não desrespeitar o bom nome dos Black. Foi a única vez que eu desejei não ter saído de casa, Sirius. A única. Nunca quis condenar a minha irmã daquela forma…

— Não condenaste a Bellatrix a nada, Dro. — Sirius disse, antes de secar as lágrimas que escorriam da face de Andromeda. — Nenhum de nós tem culpa da família de merda que nos calhou. Mas isso não torna tudo o que ela faz desculpável e muito menos as atitudes que teve desde que saíste de casa… Não podias adivinhar que a iam prometer aquela bosta de troll. Não temos culpa alguma do que lhe aconteceu e espero sinceramente que os nossos odiados parentes sejam castigados no inferno por todas as merdas que fizeram em vida.

Andromeda repousou a cabeça no ombro de Sirius e observou a filha que dormia descansada no sofá da frente. Permaneceram em silêncio por longos minutos, aproveitando a calmaria que ali se instalou.

— Acreditas mesmo na inocência dela? — O animagus perguntou com uma voz rouca, recebendo um aceno em resposta.

— Há algo que me diz que ela não é culpada, Sirius. — Respondeu convicta, antes de respirar pesadamente. — Não sei qual foi o feitiço que acertou nos Longbotton, mas tenho a certeza que era suficientemente forte para fazer estragos nos dois… a minha teoria é que quem quer que seja que o usou, não tinha conhecimento do verdadeiro poder dele. — Andromeda remexeu-se no sofá e andou até uma cómoda branca, colocada ao lado da lareira. Retirou de lá um pedaço de pergaminho velho e desdobrou-o cuidadosamente, sob o olhar atento de Sirius. — Quando os Longbotton foram internados, uma das minhas enfermeiras mais experientes tinha uma teoria… só tomei conhecimento a alguns dias atrás e decidi pesquisar algumas coisas primeiro, antes de te contar alguma coisa. Não penso que vá dar em grande coisa, mas já está quase tudo perdido podemos tentar. — Esticou o pergaminho para Sirius e sentou-se ao lado dele, para retomar as explicações. — Este é um caso que aconteceu aqui em Inglaterra a alguns anos atrás, ainda na época do Grindewald. Um feitiço de magia negra fez ricochete no seu alvo e regressou ao feiticeiro que o tinha produzido. Não se sabe exatamente o que causou o ricochete, mas o feitiço ganhou ainda mais força quando regressou à origem. Foi algo inexplicável, Sirius. O homem ficou um vegetal para o resto da vida.

— Ela acha que é o mesmo feitiço e que fez ricochete? — Sirius perguntou, pensativo.

— Tinha a teoria que sim. Ela considerava que por alguma razão o feitiço fez ricochete no Frank e acertou na Alice, o que iria explicar a amnésia acentuada que ela sofre. O que aconteceu com a Alice é algo diferente, mais profundo. A teoria da enfermeira era boa, mas não existe nada que a prove sem ser os relatos que a avó deixou no diário dela.

— Isso não nos ajuda em nada, Dro.

— Não exatamente. — Andromeda disse, antes de virar o pergaminho ao contrário. — Pedi ajuda a um amigo meu que vive na América do Norte e que trabalha num dos maiores hospitais bruxos de sempre. Quando lhe falei sobre esta teoria ele enviou-me este relato: um feiticeiro inexperiente tentou lançar um feitiço de magia negra, mas o feitiço descontrolou-se e fez ricochete, acertando noutro alvo. As vítimas morreram no local, mas a pessoa que produziu o feitiço sobreviveu. Por alguma razão, o feitiço retornou novamente ao seu dono já descontrolado e deixou-o inconsciente. Quando o encontraram ele tinha uma enorme cicatriz no braço. E o mais peculiar é que a marca foi feita no exato lugar onde o feitiço lhe acertou. Além do mais, quando eu comparei com os relatos do caso que aconteceu aqui, o doente tinha a mesma cicatriz no peito. Eu acho que ela está relacionada com o feitiço, Sirius. Quando é conjurado de forma errada ele regressa ao seu oponente e marca-o. 

—  Como é que é a cicatriz? — Ele perguntou pensativo e a prima apontou para o fim do pergaminho, onde estava desenhado a tinta negra um símbolo extremamente peculiar.

E, por isso, extremamente difícil de esquecer.

— E eu sei quem foi, Andy. — Disse baixo, apertando o pergaminho com uma força excessiva. Os seus olhos piscaram várias vezes, incapaz de acreditar no que os seus viam à sua frente. Depois de tanto tempo de volta daquele caso a resposta estava ali, à frente dos seus olhos, da forma mais aleatória possível. Arregalou-os segundos depois quando percebeu que apesar de tudo ela não era culpada. Nunca fora. E ele, ao contrário de Andromeda, considerou seriamente a implicação dela naquele caso.

Como fora estúpido.


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Notas finais do capítulo

Bem, tentei fazer este capítulo o mais detalhado possível, para que percebam certas coisas sobre a Bella e o Sirius. Porque até agora o que pesava na consciência do Sirius era o que ela tinha feito aos Longbotton... e agora que ele descobriu que ela é inocente não há nada que os separe... sem ser o orgulho gigante dos dois ahahha
Mas vamos ter muitas surpresas no próximo capítulo, para encerrarmos a fic em grande (ou pelo menos assim espero).
Se leram até aqui deixem um comentário por favor ♥ Iria significar muito para mim, até porque é a única coisa que eu consegui escrever em meses! Vamos motivar a autora a postar o último capítulo de uma vez por todas, que tal? hahah


* o capítulo ainda não foi revisado! Só consigo fazer isso daqui a alguns dias por isso se encontrarem algum erro avisem pff!



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