Desenhos de Chocolate escrita por Mellanie


Capítulo 7
O Crepúsculo da Sexta-Feira




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O GAROTO de cabelos loiros parou, estático. Sentia seu corpo suar frio mais uma vez, e não parecia ter a coragem suficiente de olhar para Uraraka. Simplesmente congelou ali, na calçada, tentando compreender tudo o que ela havia falado de uma hora para outra. Ouviu os passos leves da menina se aproximando, mas ainda não sentia coragem o suficiente para encará-la.

Seu rosto parecia pegar fogo e ele estava tão vermelho quanto seus olhos. Com Ochako também não era muito diferente. Ela encarava as costas de Bakugou, se esforçando muito enquanto todo o sangue de seu corpo também estava no rosto.

— Cara redonda... – A voz sussurrada de Katsuki preencheu o silêncio, enquanto ele parecia usar toda a força do seu corpo para se virar e olhar para ela. Seus olhos estavam arregalados, e ele coçou sua cabeça como se ainda estivesse tentando entender o que tinha acontecido ali.

As pessoas na rua já haviam parado de observar, mas ele conseguiu ouvir alguns risos de quem estava passeando por ali até Uraraka berrar aquela declaração. Fitou os olhos castanhos, curioso, com um olhar de quem pergunta se aquilo era verdade, e a garota fez que sim com a cabeça em um gesto rápido. Então cobriu o rosto com as suas pequenas mãos.

Ele se aproximou dela, tocando nas mãos de Ochako delicadamente e ela conseguiu sentir como ele estava nervoso. Bakugou puxou as mãos dela, tirando-as da frente de seu rosto para fita-la melhor e então quando Uraraka estava se preparando mentalmente para aceitar seu primeiro beijo ali, afinal, nos livros de romance tudo indicava que era daquele jeito, aconteceu algo que ela não esperava. Bakugou questionou o que ele queria saber desde que ela se declarou para ele:

— Como você entendeu sobre a porra das flores, cara redonda?! – Aquela pergunta era a última coisa que Uraraka esperava, e ver o garoto vermelho questionando aquilo lhe fez começar a rir desesperadamente. Bakugou definitivamente era excêntrico.

Ele cerrou os punhos, bufando irritado enquanto a garota na sua frente dava risada. — Qual a graça?! Eu vou te explodir, Uraraka.

— Eu não esperava que você me questionasse justamente isso, Bakugou-kun. Essa é a graça. – Ela continuou gargalhando e ele cruzou os braços, arqueando a sobrancelha. — A Momo me contou.

— Você falou pra ela que eu te dei flores? – Ele falou em um tom normal, e isso surpreendeu Ochako que esperava que ele se irritasse por ela ter contado.

— Bom, uh.. eu queria saber o que elas significavam, então mandei uma foto. Momo sabe dessas coisas, e respondeu na mesma hora. Mas eu não disse que era seu presente, se isso preocupa você. – Respondeu, passando a mão no rosto. Estava muito quente para conversar no meio da rua.

Bakugou notou aquilo, então suspirou e apontou para o café. — Prefere conversar lá?

Ochako sorriu. — Se você não for surtar novamente porque o Deku me respondeu, sim. Mas vamos deixar pra fazer isso quando meu expediente acabar, Bakugou-kun. Você pode esperar lá se quiser.

Katsuki assentiu com a cabeça e seguiu a pequena garota que usava o avental do café. Entraram juntos e enquanto ela foi para o balcão de atendimento, ele se sentou na mesa onde estava antes. As flores e seu copo de suco, com o gelo já derretido, ainda estavam lá. Pegou seu celular quando sentiu que o mesmo vibrou.

Como foi com a gatinha? – Kaminari

Não sei. Não conversamos direito ainda, ela está trabalhando. POR QUE EU NÃO TE TIREI DO GRUPO AINDA? – Bakugou

Você acha que vai dar certo? Ela gostou das flores? – Kirishima

Não sei e sim. – Bakugou

Boa sorte, se der certo a ideia das flores vou usar com a Jirou. Hehehe. – Kaminari

Bakugou revirou os olhos e colocou seu celular no bolso novamente, e ficou observando o ambiente tranquilo enquanto Uraraka servia alguns pratos com fatias de bolos. Ela lhe olhou e ele retribuiu o olhar, então a garota sorriu docemente e Katsuki podia jurar que algo dentro de seu peito pareceu se esquentar.

Apoiou o rosto nas mãos e ficou olhando vídeos aleatórios no celular enquanto o expediente de Ochako não terminava, um pouco entediado. Mas gostava de ver a garota trabalhando. Ela era esforçada e isso lhe fazia a admirar ainda mais.

As horas foram passando e o combinado de conversar no café acabou sendo empurrado, já que a noite começava a aparecer no céu. Bakugou suspirou. Finalmente Uraraka apareceu na frente da sua mesa com sua mochila nas costas e sem o avental. Ela também resolveu prender seu cabelo e isso fez com que Katsuki começasse a rir.

— O que foi? – Ela perguntou, curiosa, enquanto trancava a porta do café e Bakugou lhe esperava no caminho que passava pela praia, rindo alto.

— Seu rosto parece um balão, Uraraka. – Ele comentou, debochado, e a garota fez uma expressão indignada. Fingiu que bateria nele com o buquê, mas jamais faria algo daquele tipo com seu presente. Era precioso demais.

O vento quente do verão passava pelos cabelos de ambos e eles sabiam que precisavam conversar sobre o que sentiam. Não era possível fugir daquilo mais. Uraraka apontou para um dos bancos que ficavam na praia e Bakugou a seguiu silenciosamente.

No momento em que ambos sentaram lado a lado, foi quando a realidade também os atingiu. Como eles conversavam sobre o que sentiam? Uraraka começou a se questionar se não ia passar mal enquanto seu rosto ia esquentando, e Bakugou chutava a areia tentando se distrair.

A garota respirou fundo enquanto as flores estavam no seu colo, e então escutou Bakugou começou a falar, corado assim como ela. — Eu não tenho ideia de como começar essa conversa... – Admitiu, e Ochako deu um sorriso gentil. Ela também não sabia.

— Então, cara redonda. – Ele segurou suas próprias mãos, e virou o rosto para ela com toda a coragem que tinha. Afinal, era só falar o que sentia e tirar suas dúvidas, não é? Como ele, que já havia sido capturado por vilões sentia tanto medo de uma situação boba como aquela? — Você... gosta de mim? – Fez a pergunta referente a primeira coisa que queria saber.

— Sim! É claro que eu gosto de você. – Ela riu, envergonhada.

— E... somos amigos? – Bakugou continuou, perdido na conversa e com muita vergonha.

— Certo! Amigos. – Uraraka desviou o olhar fitando a água.

Bakugou apertou mais suas mãos. — Só amigos?

— Sim. Quer dizer, não. Eu não sei, eu não pensei nisso. Por quê? – Uraraka se perdeu no contexto e cobriu seu rosto novamente.

— Eu só queria saber o que somos. – A voz de Bakugou saiu sussurrada, e ela notou uma leve tristeza pelo fato de ter confirmado que eram amigos. Aquilo não era o suficiente, certo?

Um silêncio aterrorizante atingiu os dois que observavam o mar, e Uraraka conseguia sentir que Bakugou tremia, nervoso. O coração dela batia com força no seu peito e algo estava preso na sua garganta. Ela sabia o que queria fazer, mas talvez fosse rápido demais. Mas... e se ela não usasse a oportunidade que tinha, quando a teria novamente?

Se Bakugou estava triste, então aquilo só poderia piorar a situação. A conversa foi um desastre. Suspirou.

— Ei, Bakugou-kun. – Chamou e ele a fitou com seus olhos vermelhos que pareciam brilhar mais quando eram iluminados pela lua. Sem perder tempo, passou suas delicadas mãos sobre os ombros dele, puxando-o rapidamente antes que ele entendesse o que queria fazer, e selou seus lábios em um beijo delicado.

O loiro arregalou os olhos e sentiu seu rosto queimar, mas não se separou dela. A boca macia de Uraraka tinha um toque gentil aos seus lábios e assim que apertou a cintura da mesma, ela soltou um leve gemido surpresa. Ochako pensou que Katsuki a explodiria e a coisa terminaria ali, mas ele retribuiu o beijo com um carinho inesperado. Se separaram quando o ar faltou para ela, e a garota encarava o chão com um sorriso bobo.

Bakugou respirava eufórico e ela lhe fitou por causa disso, envergonhadíssima.

— Ei, cara redonda. Você tem certeza de que amigos fazem essas coisas? – Ele questionou em um tom de brincadeira, e pela primeira vez, Uraraka lhe viu sorrir.

Seu coração parecia estar disposto a subir por sua garganta a qualquer momento, e ela começou a flutuar antes mesmo que percebesse. Bakugou a puxou pelo braço, e ela tentava esconder o rosto com as flores devido a vergonha.

— Não tenho certeza, Bakugou-kun. Podemos tentar de novo? – Ela sorriu, inocente, embora suas palavras não fossem tanto assim.

Depois de ouvir aquilo, Katsuki achava que iria morrer. Mas não por não ser algo bom, e sim porque parecia que sua agitação lhe faria enfartar a qualquer momento. Ele deixou seus pensamentos de lado e chegou a conclusão de que caso acontecesse depois que beijasse a garota adorável sentada ao seu lado, então tudo bem.


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