Desenhos de Chocolate escrita por Mellanie


Capítulo 6
Flores na Sexta-Feira




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SE ele soubesse que um garoto carregando flores pelas ruas de Musutafu causasse tanto alvoroço assim, teria feito a maldita da sua velha comprar o presente ela mesma. Que ideia retardada tinha sido aquela? Não sabia dizer até agora porque havia aceitado.

Enquanto segurava as flores com uma certa delicadeza que até mesmo ele não sabia que tinha, e sentia seus dedos se molharem com as gotas de água que a vendedora borrifou, algumas crianças passavam por ele lhe apontando.

— Olha! O menino que foi sequestrado na U.A comprando flores! Que nojo, ele deve ter uma namoradinha. – Um garotinho comentou e riu enquanto o outro amigo continuou com a conversa.

— Eww, meninas. – O menino passou andando de skate por Bakugou que gostaria de ter explodido o brinquedo, mas ele respirou fundo e continuou sua caminhada pelas ruas.

Estava aliviado que todos os seus colegas estavam fora da cidade e não lhe veriam naquela situação — definitivamente inesperada e que lhe causaria enorme vergonha. Quando enxergou a vitrine do café onde Uraraka trabalhava e que acabou se tornando o local onde Bakugou mais passava o tempo nas férias, sentiu um arrepio subir por todo o seu corpo.

Fitou a vitrine relativamente escura do local e enxergou Ochako lá dentro, com o celular em suas mãos enquanto esperava pacientemente por algum cliente atrás do balcão. Katsuki sentiu um leve desconforto no estômago ao pensar que ela poderia estar conversando com Deku, mas depois da pequena conversa que teve com ela, sentia-se mais relaxado em relação a isso.

Respirou fundo mais uma vez, e então entrou no ambiente que estava gelado graças ao climatizador. Ele agradeceu por aquilo mentalmente porque não estava afim de ver as flores que recém tinha comprado (e ainda não havia entregue) murcharem.

Se sentou na mesa onde sempre ficava, no canto do lugar, perto da vitrine, e então esperou que Uraraka que possuía as bochechas coradas ao lhe ver finalmente o atendesse. A garota viu as flores que ele colocou sobre a mesa e se questionou para quem seriam, já que Bakugou pareceu congelar ao fazer tal ato e se sentou em silêncio. Ele realmente havia travado. Como se entregava flores a uma menina?

— Boa tarde, Bakugou-kun! – Ela saudou, alegre e com um tom de voz melódico enquanto seus olhos castanhos permaneciam cravados nas flores que eram bonitas. Extremamente bonitas. O loiro lhe fitou com seus olhos avermelhados, mas continuava travado. Ela notou que o rosto dele ficou intensamente vermelho do nada, mas preferiu não comentar. — Você parece nervoso. Vou te trazer um suco de limão, é geladinho, acho que você vai gostar. – Comentou e virou as costas para a mesa enquanto Bakugou encarava intensamente as flores brancas e vermelhas.

Pegou o celular de seu bolso na tentativa desesperada de pedir ajuda.

Como eu entrego as flores pra ela?! – Bakugou

Credo cara, como assim? Fala que comprou pra ela e pronto. – Kirishima

Se eu soubesse que o Bakugou era tão mongol com mulheres nunca haveria lhe chamado de pervertido.. credo... estou decepcionado. – Kaminari

Ele revirou os olhos pela pouquíssima ajuda que tinha recebido e sentia suas mãos suarem frio. Aquilo era ruim, porque fazia com que seus dedos soltassem leves faíscas e se ele não se controlasse direito.. com o nervosismo que sentia, era muito provável que acabaria explodindo tudo.

Aquele sentimento definitivamente era uma merda.

Ochako voltou para a mesa lhe trazendo um copo do suco e sorria como sempre. Ela olhou para os lados depois de depositar a bebida ali, e quando se certificou que não havia clientes para atender, puxou a cadeira e se sentou na frente dele. Apoiou seu rosto em suas mãos, enquanto encarava os olhos vermelhos do garoto em sua frente, lhe analisando.

— Você está estranho, Bakugou-kun. – Ela comentou alegre. — O que vai querer que eu desenhe hoje? – Questionou enquanto ele tomava um longo gole do suco que era meio azedo, porém o açúcar estava na medida certa. Arqueou a sobrancelha quando viu as pequenas faíscas nas mãos dele e então puxou-as, preocupada. — Aconteceu alguma coisa?

Bakugou quase caiu para trás, vermelho como um tomate e constrangido, mas cuidou para não derrubar o pequeno buquê da mesa. — Não aconteceu nada, cara redonda! – Pegou as flores e jogou no colo da garota. — É pra você. – Depois daquilo, cobriu o rosto com as mãos por pura vergonha enquanto grunhia irritado. Ele não conseguiu ver, mas Uraraka ficou muito nervosa e começou a tremer quando apertou as flores. Seu rosto também estava vermelho, muito vermelho.

— O-obrigada! I-isso é.. inesperado, Bakugou-kun. – Ela murmurou enquanto o nervosismo parecia lhe fazer errar as palavras. Katsuki permanecia escondendo seu próprio rosto.

— Foi ideia da minha velha. Ela disse que eu deveria fazer isso. – Ele tentou mudar o assunto e tirar o enorme peso daquilo ser um ato romântico de suas costas, mas sabia que não seria possível.

Uraraka sorriu, enquanto seu rosto ainda estava rosa, e puxou as mãos dele novamente, fazendo um leve carinho. Quando ela abriu a boca para falar algo, notou que tinha que atender um jovem casal que esperava no balcão sorrindo com a cena de vê-la com um buquê de flores.

Ochako deixou seu celular em cima da mesa onde Bakugou estava, junto com as flores e foi atender o casal para voltar a conversar com o garoto. Naquele mesmo momento, Katsuki sentiu que poderia respirar normalmente de novo. Fitou o celular rosa dela em cima da mesa e se sentiu culpado por notar que ela estava recebendo mensagens e ele estava curioso demais, tentando as ler. Mas o celular estava bloqueado, então ele só enxergava a prévia da mensagem.

Foi aí que ele leu o que não gostaria, por culpa de sua maldita curiosidade.

Deku

Ochako-chan! Eu também gosto..

E a mensagem era cortada ali. Se ele fosse uma pessoa paciente e pensasse um pouco, poderia deduzir que o idiota do Midoriya gostava de muitas coisas. Mas naquele momento, tudo o que conseguiu fazer foi interpretar que a garota provavelmente tinha se declarado para Izuku.

Afinal, do que mais ela poderia gostar? Era óbvio. Ele trouxe flores de idiota. Ele sabia que aquela ideia de sua mãe era burrice. Sempre soube. Sentiu uma raiva inundar seu corpo e se levantou, deixando as moedas para pagar pelo suco, com desgosto.

Fitou as flores e se controlou para que não as destruísse. Ele era patético.

Saiu rapidamente pela porta, mas não tão rápido a ponto de Ochako não notar. A garota correu atrás dele pela rua, suas bochechas vermelhas e tentando respirar calmamente enquanto colocava a mão sobre seu peito, cansada.

— O-o que houve, Bakugou-kun? Eu não entendi..

Bakugou se virou para ela com raiva.

— Qual é a graça de me fazer de trouxa? Você se declarou para o retardado do Deku, não foi? – Ele cerrou os punhos e Uraraka arregalou os olhos, não entendendo o que estava acontecendo.

— Você entendeu errado, Bakug- - Ela começou a falar e quando notou ele já estava bem longe dela. Apenas lhe virou as costas mais uma vez. Sentiu lágrimas quentes rolarem de seus olhos. Não era aquilo! Ele tinha entendido errado e não queria lhe ouvir!

Respirou fundo, coletando todo o ar que conseguia, e então berrou no meio da rua, deixando qualquer um que estivesse passando por ali ouvir também.

— EU ACHO QUE GOSTO DE VOCÊ, SEU IDIOTA! – Berrou alto, e então, ainda tomada por uma coragem que não sabia que tinha, completou. — EU ENTENDI AS FLORES!


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