Desenhos de Chocolate escrita por Mellanie
URARAKA chegou em casa com um olhar cansado, porém feliz. Sua mãe lhe fitou e percebeu aquilo, mas resolveu não comentar nada enquanto assistia televisão e seu pai terminava de cozinhar o jantar. A menina saudou ambos com um sorriso que parecia colado em seu rosto e sentia seu coração bater forte. Seus pais notaram as flores, mas resolveram deixar para questionar depois e permitiram que ela apenas fosse até seu quarto. Ochako ainda conseguia sentir o toque quente das mãos de Bakugou nas suas, e ela jurava que estava sonhando acordada com aquele sentimento que até então era desconhecido para ambos.
Não sabia dizer se aquilo era o que chamam de amor, mas com toda a certeza do mundo ele era um sentimento bom e puro. A volta para casa foi diferente do que ela imaginou que seria, e ela em momento algum teria pensado na possibilidade de andar pelas ruas da cidade segurando a mão de Bakugou, que ao contrário de sua personalidade e peculiaridade, parecia emitir um calor aconchegante quando apertava seus dedos delicados com o maior cuidado do mundo.
Ela não parecia ter controle de seu próprio sorriso e por mais que tentasse se distrair ou focar a parede, ele permanecia pintado em seu rosto. A garota de cabelos curtos e castanhos andou até o banheiro e encheu um pequeno copo com água, colocando as flores que ganhou ali. Arrumou-as em cima da cômoda e passou seus dedos nas pétalas, sentindo a textura macia das plantas de coloração vermelha e branca.
Quem diria que aquilo significaria tanto assim? Ela tinha muita sorte de ter Momo como uma de suas melhores amigas. Ficou parada na porta de seu quarto com uma toalha vermelha em seus ombros e observou as flores por alguns segundos, com seu olhar colado nelas. Jogou a mochila e seu celular em cima da cama e andou em direção ao que mais precisava naquele momento: de um banho.
Quando saiu do banheiro, vestindo seu pijama de ovelhinhas, andou até a mesa da cozinha e se sentou junto a seus pais, que a fitaram com um sorriso cansado. Sua mãe lhe serviu um prato com macarrão e ela pensou em protestar, já que ela podia fazer aquilo sozinha e seus pais estavam cansados, mas a mulher apenas deu um risinho e falou, divertida:
— Minha filha já está virando mocinha, com namoradinhos. Deixe-me fazer ao menos isso antes que eu te perca pro rapaz. – Ela brincou e Uraraka sentiu suas bochechas esquentarem. Seu pai a fitou, mas não parecia bravo com aquilo.
— Nós queremos conhece-lo. Quando sentir que é hora, saiba que estamos de porta aberta, filha. Se ele te faz feliz então é o que importa. – Ele deu leves tapinhas na cabeça de Ochako e ela se sentiu acolhida. Não disse nada, apenas assentiu com a cabeça e comeu rapidamente o prato para que pudesse lavar as coisas e ir para sua cama.
Estava cansada, mas ao mesmo tempo se sentia tão eufórica toda vez que pensava em Katsuki que sabia que não dormiria tão fácil. Pelo menos, no fim de semana ela não tinha expediente. O que era bom, porque ela podia descansar, e ruim pois percebeu que passaria o dia sem a companhia divertida de Bakugou. Pegou seu celular que estava jogado no colchão e abriu o aplicativo de mensagens onde havia mais de cem, e ela se questionou se alguém havia morrido para tanto desespero.
COOOOOONTA COMO FOI O ENCONTRO – Mina
Quem te deu as flores, Uraraka-san? – Momo
Foi o Deku? Finalmente vão ficar juntos? – Tsuyu
Parece mais ideia dele mesmo, mas não. Foi o Bakugou. Pois é NEM EU ACREDITO!! – Ochako
O BAKUGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU???! DESDE QUANDO ELE GOSTA DE ALGUÉM QUE NÃO SEJA ELE MESMO? – Mina
Que rude. Claro que o jovem Bakugou-san gosta de alguém. E Uraraka é fofa demais pra não gostar. – Momo
Tsuyu ficou surpresa com isso, mas deseja felicidades. – Tsuyu
COMO ASSIM A URARAKA ESTÁ SE ENCONTRANDO COM BAKUGOU? – Iida
O QUE O IIDA TA FAZENDO NUM GRUPO DE MENINAS QUEM COLOCOU O NÚMERO DELE? – Mina
Tsuyu-chan colocou sem querer. – Tsuyu
EU EXIJO SATISFAÇÕES, ELE É PERIGOSO, URARAKA! Porém um adversário muito forte e habilidoso que tira notas boas na U.A, com a essência de um herói. – Iida
Isso é muito feio, Iida-san. Invadindo um grupo de garotas em um aplicativo. Seu pervertido. – Momo
ME COLOCARAM SEM QUERER, EU NÃO TENHO CULPA. – Iida
Porque ele só escreve em capslock? – Mina
Iida foi retirado do grupo por Tsuyu.
Obrigada, Tsuyu-chan! – Ochako
TÁ, ENTÃO, DESEMBUCHA. COMO FOI? ELE TE EXPLODIU? BEIJA BEM? AHHHH EU JÁ CONSIGO IMAGINAR OS FILHOS DELES. A PEQUENA GAROTINHA DE CABELOS LOIROS E OLHOS CASTANHOS FLUTUANDO E EXPLODINDO URSINHOS DE PELÚCIA. AAAAAAAAH *-* - Mina
Alguém pode tirar a Mina também? – Ochako
Sem graça. Hmpf. – Mina
Espero que tudo dê certo, Uraraka-san! – Momo
No momento em que ia continuar a conversa com as amigas e explicar como foi a noite, outra mensagem se abriu no canto do celular avisando que era de um número novo. Ela sentiu seu rosto queimar quando reconheceu a foto do contato. Era Bakugou. Salvou o número do rapaz e encarou a tela, ainda sem sentir coragem o suficiente para responder.
Não era nada demais, inclusive era uma mensagem simples sem transparecer nada, mas ela ainda se sentia envergonhada toda vez que pensava no toque dele em sua cintura e a puxando para perto, ou quando ele voltou segurando suas mãos pela rua, sob o céu estrelado. Respirou fundo e fitou a tela.
Boa noite, Uraraka. – Bakugou
Ela sentiu a respiração falhar, e enquanto seu coração batia forte, mandou uma mensagem de boa noite junto de uma figurinha de ursinho dormindo. Tosco, talvez. Mas ela achava fofinho. Bakugou visualizou a mensagem e mandou uma risada aleatória, e depois desejou que ela dormisse bem. Ochako segurou seu celular com força contra seu peito e encarava o teto, alegre.
Se explodir de alegria fosse algo possível, ela certamente o faria naquela noite.
Com Bakugou as coisas não eram diferentes. Ele agradeceu Kirishima de uma forma não tão educada, e disse que tudo deu certo. Sua mãe subiu na mesa de jantar fazendo uma dança vergonhosa comemorando sua ideia e dizendo que estava feliz por ter uma outra mulher na família, e Bakugou saiu da mesma morrendo de vergonha e batendo a porta. Tinha vontade de xingar a velha, mas ela realmente havia lhe ajudado.
Tentava manter seu rosto emburrado de sempre, mas era praticamente impossível até para ele, porque sentia uma leveza em seu peito toda vez que lembrava da sensação de tocar os lábios gentis de Ochako, exatamente como ele pensava que eram.
Abriu o aplicativo de mensagens e revirou os olhos.
EU PERDI MEU AMIGO PARA UMA MULHER, MINETA. EU NÃO CONSIGO ACEITAR QUE ELE É MAIS GARANHÃO QUE EU. – Kaminari
Você tem fotos dela? Fizeram algo? – Mineta
Bakugou removeu Mineta do grupo.
QUEM DEIXOU ESSE PORRA ENTRAR AQUI? EU VOU TE TIRAR TAMBÉM, KAMINARI. SEU MERDA. – Bakugou
E aí, cara. Felicidades. Quem é? Me apresenta. – Kirishima
Me apresenta também, talvez ela tenha amigas bonitas! – Sero
Segredo. Se contar vocês estragam, seus merdas. – Bakugou
Ui ui ui o esquentadinho tá querendo proteger a namorada!! QUE INVEJA EU TAMBÉM QUERIA QUE A JIROU ME NAMORASSE T-T – Kaminari
Ela namoraria se você não fosse retardado. – Bakugou
Olha, ele tá certo. Preciso concordar com ele. – Kirishima
Com licença, eu vou sair agora tomar algumas bebidas porque EU NÃO ACEITO QUE O BAKUGOU É MAIS CHARMOSO QUE EU, TÔ EM UMA CRISE EXISTENCIAL. – Kaminari
Se cuida aí, mano. – Kirishima
Morra. – Bakugou
Katsuki, embora irritado com a idiotice de seus amigos, continuava com aquele sorriso idiota em seu rosto. E aquilo também lhe irritava, porque ele queria controlar seus sentimentos e não podia! De qualquer forma, toda vez que se lembrava do rosto alegre e corado de Uraraka, aquilo lhe fazia sorrir ainda mais.
Talvez realmente estivesse apaixonado pela cara redonda.
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