The cute one escrita por TMfa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente acho que o Bakugou é o tipo protetor-agressor. Aquele que não suportar ver os amigos sofrendo por um motivo que não seja ele.
Jirou por outro lado, sempre neutra, tem um lado dramático (você não pode ter uma alma tão artística e musical sem ser dramático em algum momento).



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Se não fosse pela curta visita de Jirou a sua casa, Midoriya nunca teria reparado nos momentos em que ela e Bakugou simplesmente somem juntos. Pelo que Ikuzu pôde perceber ambos eram amigos bem próximos e se viam algumas vezes na semana.

Quando Kaminari ocupava Kirishima com algo estúpido demais para Bakugou participar, Jirou ia para o quarto do loiro explosivo jogar vídeo game. E duas ou três vezes desde que as aulas começaram Midoriya também viu Bakugou indo em direção ao dormitório feminino. Isso coincidiu com as vezes em que a garota punk estava entediada demais até mesmo para aceitar tomar chá com Yaoyorozu.

A garota da criação foi quem contou para Midoriya que, nesses momentos, Katsuki e Jirou passavam horas tocando juntos. Momo até tentou participar, contudo o estilo explosivo e intenso dos dois não a agradava tanto, então ela deixou-os a sós e resolveu aproveitar o silêncio da sala comum antes de Midoriya aparecer e perguntar se estava tudo bem.

O que Midoriya não sabia é que eles começaram essa pequena rotina depois do festival cultural. Nenhum dos dois é muito sociável, ainda que Jirou acompanhe as garotas, ela raramente se sente confortável da mesma forma que apenas ela e Momo. Para ela foi divertido poder tocar com Bakugou, o garoto era um prodígio em tudo o que fazia e ela sentia falta de poder tocar no nível profissional e ser acompanhada – ou no caso, acompanhar, já que Bakugou era melhor que muitos profissionais experientes.

Ainda assim, os dois não eram tão íntimos. Claro, eles conheciam os pais um do outro; e os gostos musicais, de jogos e de séries eram bem parecidos, a comida era um ponto de discórdia, já que Jirou gostava muito de doces e Bakugou jurava que a diabetes mataria a garota. De qualquer forma, foi uma surpresa para Bakugou entrar na sala comum e perceber que, mesmo que as luzes estivessem apagadas, ela não estava vazia.

— Eu entendo... Nós dois andamos bem ocupados – ele ouviu a voz de Jirou um pouco triste.

Bakugou andou lentamente, tentando não fazer barulho e percebeu a garota com as costas encostadas na parede, encolhida e enrolando um de seus fones enquanto falava ao telefone.

— Não, você tem razão. Sim, é melhor assim. Então... é isso? – ela disse com um suspiro – Não, não se preocupe, eu vou ficar bem. Eu... – a voz dela engasgou, Bakugou a viu sair da parede e baixar a cabeça com o punho cerrado – Eu vou sentir sua falta.

Não era preciso ver as lágrimas da garota para saber que ela estava chorando. Bakugou ofegou de surpresa, ele nunca tinha visto a garota chorar, ela a pessoa mais sarcástica e debochada que ele conhecia, chorar não era algo que ele esperava que ela fosse capaz.

— Ei, orelha, o que foi? – ele se viu perguntando, confuso.

Kyouka tomou um susto no começo, tentou enxugar as lágrimas e fingir que estava tudo bem, porém, novas surgiram no lugar das anteriores e Bakugou não soube muito bem o que fazer quando a garota enterrou o rosto em seu peito e soluçou baixinho.

— Porra, Que diabos aconteceu?! – ele indagou hiperventilando, ele realmente se assustou com essa reação.

Katsuki a abraçou desajeitadamente antes de Kyouka afastar-se dele, respirar fundo e assumir um olhar resignado. Ela enxugou novamente as lágrimas com as mangas do casaco que vestia e sorriu docemente.

— Eu estou bem, sério, não foi nada – ela sorriu dando um tapinha nos ombros de Bakugou em agradecimento.

— Bem, um caralho, você está chorando como uma garotinha – ele retrucou segurando-a pelo braço antes que Jirou pudesse ir embora.

— Parece que eu sou uma garota afinal, certo? – ela respondeu com um sorriso triste. Katsuki apenas estreitou os olhos e esperou uma explicação – Sério, eu estou bem. – acrescentou, pondo a mão sobre a dele para confirmar suas palavras.

— Quem fez isso com você?

— Sério, não foi nada. – Jirou desviou o olhar, ela estava fazendo um belo esforço para não chorar na frente dele de novo - Nada que chocolate e um pouco de Celine Dion não resolva. – ela brincou, com aquele sorriso sarcástico que todos estão acostumados.

— Algo que eu possa fazer? – ele se ofereceu

— Bakugou Katsuki oferecendo ajuda? – Ela debochou inclinando a cabeça com um sorriso travesso, porém os olhos... os olhos ainda estavam chorando.

— Eu estou falando sério, porra – Katsuki revirou os olhos.

— Não, obrigada. A menos que você tenha algum sorvete por aí, não tem nada que você possa fazer – respondeu ela virando-se de costas, fugindo antes de quebrar novamente – Eu podia matar por um agora. Bem, até amanhã. – acrescentou ela com a voz apertada.

Jirou deixou o garoto parado na sala de estar e subiu as escadas correndo para o quarto, nem mesmo esperando o elevador. Bakugou ficou parado com as testas franzidas por alguns segundos antes de seguir para a cozinha – seu destino inicial antes dessa cena confusa. Ele tentou comer, porém percebeu que perdeu a fome, nada parecia ter o gosto certo que ele estava procurando.

Ele olhou no relógio, ainda faltava meia hora para as 22h, se ele corresse, talvez ainda conseguisse uma loja de conveniência aberta e comprasse... Quem sabe? Talvez um sorvete?

Ele levantou-se e correu para o quarto, pegou todo o dinheiro que conseguiu pegar de dentro de seu “cofre” e correu para a sala 14F, onde ele sabia que estaria seu sensei. Afinal, era meio da semana, Aizawa estaria preparando a aula do dia seguinte.

Katsuki bateu na porta e tamborilou os dedos com impaciente até que a forma magricela de All Might abrisse a porta.

— Aconteceu alguma coisa, Jovem Bakugou?

— Eu preciso de uma autorização – Katsuki respondeu entrando na sala, mesmo sem uma convite apropriado.

— Autorização para quê? – Aizawa Shota murmurou levantando-se de sua cadeira.

— Eu preciso sair, não vai demorar, tem uma loja de conveniência aqui perto, volto em menos de 10 minutos – respondeu Bakugou autoritário.

— Por que você precisa ir agora a uma loja de conveniência? – Present Mic foi quem perguntou, sentado do outro lado da sala.

— Preciso comprar umas coisas.

— Tipo o quê? – Aizawa ergueu uma sobrancelha

— Vai me dar a autorização ou não?! – resmungou Bakugou impaciente. A loja iria fechar logo, ele precisava ir agora.

— Tipo. O. Quê? – repetiu Aizawa impondo-se sobre o garoto.

— Sorvete – Bakugou rosnou olhando para todos os lados exceto seu sensei. Present Mic riu ao longe.

— Você pode comprar amanhã, em uma hora mais apropriada, agora volte para o dormitório.

— Porra, não! Tem que ser hoje! – ele protestou quando seu sensei deu as costas.

— Olhe a língua, Jovem Bakugou! – repreendeu All Might. Aizawa apenas virou-se e encarou Katsuki com os olhos estreitos.

— Posso saber o porquê? – Katsuki soltou um “tch” e se remexeu desconfortável – Eu posso dar a autorização, Bakugou, mas eu preciso saber por que você precisa de sorvete no meio da noite?

— Não é para mim – ele resmungou enfiando as mãos no bolso – É para Orelha, ela não está bem.

— O que aconteceu?

— Algum idiota, ela não quis me contar o resto. – ele cuspiu irritado com seja lá quem for ao telefone, Katsuki sabia que era ele (ou ela) o culpado de tudo. – Sorvete vai resolver isso.

— Talvez seja melhor deixa-la sozinha – sugeriu Present Mic apoiando o braço no ombro de Aizawa e assumindo uma expressão pensativa.

— Ela estava chorando porra! É Jirou, ela nem sabe como se chora! – Katsuki argumentou perdendo a paciência. 

— Pare de gritar – ordenou Aizawa monotonamente.

Bakugou bufou e ficou batendo o pé enquanto esperava a decisão de Aizawa. O sensei suspirou antes de puxar uma folha de uma pilha de papéis e assiná-la.

— Você tem dinheiro? – Aizawa perguntou entregando a folha para Bakugou.

— Sim.

— Compre alguns chocolates também, - aconselhou Aizawa tirando algumas notas da carteira – E chame uma das outras garotas para ver alguns filmes ruins com ela.

— Eu tenho algumas sugestões! – exclamou Present Mic com um pulo – Alguns do Adam Sandler ou, quem sabe Alien vs Predador!

Bakugou ergueu uma sobrancelha, seus professores estavam mesmo sugerindo filmes para ver com Orelha?

— Oh, Sexta-Feira 13! – sugeriu Present Mic animadamente – a parte 6 é tão horrível que acaba sendo bom.

— Tch, claro, ponha a Earphone Girl para ver filmes de terror – debochou Katsuki enfiando as notas de Aizawa no bolso junto com a autorização – Por que não grita no ouvido dela também?

Com isso, o loiro deixou a sala e correu para a loja de conveniência. Ainda estava aberta e ele conseguiu tudo o que queria. No caminho de volta, ele pensou qual das garotas deveria chamar para acompanhar a garota punk.

Katsuki já estava na porta da High Aliance e ainda não havia decidido quem chamar. Sua primeira opção foi a Rabo de Cavalo, entretanto, a riquinha era uma velha e dormia antes das 20h (Bakugou não estava em posição de julgar). Além do mais, ele podia apostar que a última coisa que Jirou iria querer seria mais alguém sabendo do... seja lá o que tenha acontecido.

Quando percebeu, Bakugou estava batendo na porta de Kyouka, às 10h da noite com um pote de sorvete de chocolate, duas colheres e quatro barras de chocolate. Jirou demorou para abrir e os olhos vermelhos e inchados deixaram claro o porquê.

— Ah merda, você está uma porcaria – ele reclamou entrando no quarto – Espero que você tenha Netflix, eu não vou voltar no meu quarto para pegar meu notebook.

— Bakugou... não é uma boa hora para... – ela começou com um suspiro cansado.

— Eu trouxe a merda do sorvete, senta na cama – ele ordenou abrindo o notebook de Kyouka, ele sabia as senhas então foi fácil.

Jirou piscou em confusão enquanto Bakugou selecionava alguma coisa na sua conta da Netflix. Ela percebeu uma sacola ao lado dele e resolveu checar.

— Você trouxe sorvete – Ela constatou estupefata.

— Foi o que eu disse, todos esses parecem filmes bosta pra mim, qual o pior? – ele perguntou concentrado – Ah, que seja, esse aqui vai servir.

Ele aninhou-se na cama, sentando de pernas cruzadas e com o notebook em suas pernas. Ele ergueu uma sobrancelha para Kyouka, esperando que ela sentasse ao lado dele, o que ela fez, trazendo consigo as guloseimas em seu colo.

Jirou abriu o pote de sorvete com um sorriso cândido e encarou as duas colheres por um tempo antes de comer um pouco do sorvete. Ela entregou a outra colher para Bakugou, o garoto aceitou e continuou calado por alguns minutos, olhando uma ou duas vezes para Kyouka com o canto dos olhos.

— Acho que, desde que você trouxe sorvete, eu devo uma explicação – começou Jirou enrolando o indicador em seu fone.

— Veja o filme de merda, coma o sorvete, não precisa falar se não quiser.

— Eu estava brincando, sabia? Sobre o sorvete.

Bakugou apenas encolheu os ombros. Jirou continuou olhando o notebook, um cara dirigindo e cantando uma música em inglês no carro. Ele estava tão desafinado que ela não pode deixar de rir.

— Me desculpe por te preocupar – ela pediu sem olhar para ele - Me sinto tão estúpida.

Bakugou pausou o filme, deixou o computador de lado e a encarou por alguns segundo deixando-a vermelha.

— Quem era no telefone? – Bakugou disse, direto e com uma pitada de irritação.

— Meu... ex? – ela tentou – Bem, acho que é assim agora. – Kyouka suspirou. Bakugou estava surpreso, ele nem sabia que Kyouka namorava para inicio de conversa – Eu sou tão idiota, eu não acredito que chorei por algo tão insignificante.

— Esse idiota covarde terminou com você por telefone?! – Katsuki exclamou quase ofendido – Você quer que eu mate ele?!

— Não, por favor – pediu Kyouka apreensiva, a reação de Bakugou deixou uma impressão – É melhor assim, ele anda muito ocupado e eu literalmente vivo na escola. Honestamente, eu não o vejo desde as férias então...

— Tch. Coma – ordenou ele abrindo uma das barras de chocolate e praticamente enfiando na boca de Kyouka.

Ela comeu e riu do jeito tosco do amigo de se preocupar.

— Obrigada – ela diz com mais uma colher de sorvete – Eu pensei que queria ficar sozinha, mas isso com certeza é melhor.

— Quer saber? - Katsuki puxou o notebook de volta para as pernas – Esse fim de semana nós vamos fazer uma competição de vídeo game, melhor de três em todos os malditos jogos.

— Você não precisa fazer isso.

— O quê? Humilhar você em 14 jogos diferentes? – ele debochou dando play no filme – Eu sou o único que pode fazer você chorar, Orelha.


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Notas finais do capítulo

Mais para frente haverão explicações sobre o "idiota covarde"



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