Amor e Vingança-Reneslec escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 18
Baile da primavera




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P.O.V. Charlotte.

Gideon está passando muito tempo correndo atrás da fracassada.

—O que você está fazendo? Vai arruinar a sua reputação.

—Tem alguma coisa estranha nela Charlotte e eu vou descobrir o que é. Me ajuda a invadir o quarto dela essa noite?

—Acha que eu já não invadi? Mas, por motivos que eu não sei explicar, nunca consegui tocar em nenhum dos livros velhos dela ou da mãe dela.

—Livros velhos?

—Isso. Elas tem montes deles, estantes cheias. Livros com capa de couro, mais velhos que o garçom da santa ceia.

P.O.V. Gideon.

Eu invadi o quarto dela, mas não havia nenhum livro velho em lugar nenhum. Haviam apenas velas espalhadas por tudo o que era canto, mas isso não prova nada. Até que eu vi um baú. Um baú português, de madeira com as iniciais E.P.

Tentei encontrar a chave, mas não tinha chave nenhuma. Pôsteres de bandas coladas na parede, livros de literatura e didáticos nas prateleiras. Os livros estavam organizados em ordem cronológica.

—Ilíada, Odisseia, Arte da Guerra, Hamlet, Dom Quixote, O Conde de Monte Cristo,  O Corcunda de Notre Dame,Madame Bovary, Os Miseráveis...

Havia literatura de todos os lugares do mundo, até de lugares que eu nem sabia que existia.

—Já acabou de revirar o meu quarto?

—O que você é?

—O que você acha que eu sou?

—Eu não sei.

—Sabe sim. Ou não estaria aqui.

—Você é uma bruxa.

—Em parte.

—E a outra parte?

—Infelizmente, eu não posso contar. Vai contra as regras, você vai ter que descobrir, como descobriu sobre a minha parte bruxa.

Ela fez de proposito. Sabia que eu estava atrás deles, que eu ouviria.

—Sim. Eu sabia.

—Espera, leu meus pensamentos?

—Sim. Eu li. Mas, me diga... mortal fraco e insignificante, qual é o ser sobrenatural que morde, tem uma fome insaciável, força sobre-humana e corre como o vento?

Força sobrenatural, super velocidade... ela passou mal na aula de biologia. Eu vi o rosto dela mudar de um jeito que não tem explicação lógica. Medo de sangue?

—Não é medo é?

—Não.

—É sede. Você é uma vampira.

—Toché meu caro. Bom, quase eu sou uma híbrida na verdade. Pai vampiro e mãe híbrida. Tecnicamente eu sou uma Princesa. Tenho sangue real dos dois lados da família.

—Uma Princesa Vampira?

—Híbrida. Meio vampira, meio bruxa. Realeza bruxa e realeza vampira.

—Quantos anos você tem?

—Dezessete.

—Á quanto tempo você tem dezessete anos?

—Dezessete. Meu pai tinha mais de mil, mas ele morreu quando eu era bebê.

—Morreu? Ele não era imortal?

—Podemos morrer. É difícil, praticamente impossível de matar, mas é possível.

—Vai me deixar ver o que tem no seu baú?

—Não.

—E os livros velhos que a Charlotte falou?

—Não são apenas livros. São grimórios.

—Grimórios?

—São livros mágicos de feitiços. Idiota.

—Você é... impossível.

—Imagino que sim.

—Você é mesmo uma Princesa?

—Sou. Pior que sou.

—Você vai ao baile?

—Vou. Disseram que vai ter um DJ. Se eu quisesse um baile cheio de frescura, eu iria para Volterra ficar com os vampiros centenários.

—Quer companhia?

—O que?

—Você quer ir ao baile comigo?

—Vai para o baile da primavera com a pobre, bolsista e fracassada?

—Imagino que você não seja pobre e não te acho uma fracassada.

—Os mundanos me veem como uma pobre fracassada. E quer saber, ir com você ao baile vai deixar a Charlotte puta da vida. Então, sim. Aceito.

—Porque você odeia a Charlotte?

—Um, ela é uma adolescente mundana, mimada que se dedicou a infernar a minha vida e dois, quando éramos crianças ela foi fuçar nos grimórios da minha mãe... ai ela pegou um em específico. O livro da Hollow.

—A bruxa super malvada?

—Sim. O livro não é apenas um livro, é a prisão dela. Minha mãe mandou Charlotte não abri-lo, porém ela abriu só pra contrariar e foi assim que a Hollow escapou. E se enfiou... no meu corpo! Eu tinha sete anos! E fui uma prisioneira dentro da minha própria mente, estava sozinha na escuridão e ela me torturou de jeitos que você nem imagina. Então, sim... eu odeio a Charlotte, porque enquanto eu tava possuída, a Hollow me obrigou a quebrar o pescoço da minha mãe!

Todas as velas do quarto se acenderam duma vez e as chamas foram nas alturas.

—Então sim, eu quero matar a Charlotte. Quero acabar com ela, fazê-la sofrer muito.

—Tudo bem.

—Toma.

—O que é isso?

—Proteção. É uma erva especial, impede que seja controlado.

—Controlado?

—Você tava lá quando a Hollow me possuiu, todo mundo tava, todo mundo viu. Depois que a minha mãe trancou a Hollow de volta na gaiola, ela apagou as memórias de todos vocês. Eu não precisava que você me convidasse para o baile, eu podia simplesmente te compelir a me convidar, te forçar a dançar comigo a noite toda. Mas, isso seria crueldade e eu sou muito fã do livre arbítrio.

—Me compelir?

—Sim. Coloca a pulseira encima do balcão. Prometo que não vou te forçar a ferir quem você ama ou a se ferir.

—Tudo bem.

Gwendolyn olhou bem no fundo dos meus olhos.

—Agora, me diga exatamente o que sente por mim. Seja direto e honesto.

E as palavras começaram a sair.

—Sempre admirei você, desde que éramos crianças. Você sempre foi misteriosa, habilidosa. Fazia coisas que pra mim eram milagres e apesar de eu ter sido um babaca com você meio que a vida toda, foi só porque você me deixava nervoso e eu não sabia o que fazer. Gwendolyn Cullen a garota mais bonita, a mais inteligente, mais forte. Eu só fico com a Charlotte pra tentar te deixar com ciúmes porque eu sou completamente, incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonado por você.

—Uau! Isso me pegou de surpresa.

—O que foi que aconteceu? 

—Compulsão.  Toma. Coloca isso.

—Pode forçar qualquer um a fazer tudo o que você quiser?

—Posso. Á menos que seja um ser sobrenatural, tirando vampiros ou parte vampiros.

—Isso é demais.

—Esse dom é uma maldição! Com uma palavra te levo á escravidão. É o suficiente para levar até a mais bondosa das almas a lugares sombrios.

Finalmente o dia do baile chegou. E quando cheguei na casa dela, sua mãe estava batendo uma fotografia.

—Você está linda querida. Seu pai ficaria tão orgulhoso.

—E acha que a vovó vai ficar feliz de me ver usando o vestido dela?

—Claro que vai. Tire o colar.

—Mas...

—Eu sei, mas pode haver algum vampiro lá na festa.

—Não. Eu não vou tirar.

—Gwendolyn...

—Eu não sou mais criança. Posso cuidar de mim mesma.

—Tudo bem. Só leve o celular. E ligue se acontecer alguma coisa.

—Prometo. Zero oitocentos mamãe.

P.O.V. Gwendolyn.

Eu me virei e ele estava lá.

—Você está... linda.

—Obrigado. Você também.

—Divirtam-se.

A cara da Charlotte quando eu cheguei com o Gideon foi impagável.

P.O.V. Charlotte.

O que essa piranha está fazendo com o Gideon? O Meu Gideon!

Eles começaram a dançar. Nem vem que eu vou deixar isso acontecer.

Fui até a mesa do DJ e apertei um dos botões fazendo a música mudar. Nada de música romântica pra você.

P.O.V. Gwen.

Lolita? Da Belinda? Gostei.

P.O.V. Gideon.

Ela é mesmo uma coisa. Charlotte trocou a música, mas ela se adaptou muito facilmente e isso me deu um ciúmes louco. Porque todos os alunos do sexo masculino e até algumas do sexo feminino ficaram babando. Todo mundo parou para olhar.

—Você realmente será minha perdição.

Então, eu a beijei e houve uma chuva de confetes.

—Vamos dar o fora daqui?

—Nem coroaram o Rei e a Rainha do baile ainda.

—E daí? A Charlotte vai ganhar mesmo. E apesar de só pensar nisso faz o meu sangue místico de híbrida ferver, eu vou aplaudir genuinamente quando você for coroado o Rei e tiver que subir no palco e abraçar aquela vadia ruiva.

Eu ri.

—Porque você gosta de mim?

—Que pergunta é essa?

—É uma pergunta válida. Porque você gosta de mim? Quer dizer, tem tantas outras garotas. Garotas humanas, mundanas, mortais, da sua classe social, que usam salto e vestidos cheios de frufru.

—Gosto de você porque você é autêntica, honesta e sempre acha um jeito de me surpreender.

—Ótimo.

Ele pegou um pouco de ponche e eu estava tão... feliz, tão distraída que eu não senti o cheiro. Quando eu bebi, já era tarde.

—Gwendolyn? Gwendolyn!

—Verbena.

Foi a última coisa que eu consegui dizer antes de apagar.

P.O.V. Gideon.

Eles invadiram o baile, estavam todos armados.

—Emily, pegue a criatura e mate-a.

—Com prazer.

Então haviam varias mulheres, todas de preto, de couro e igualmente armadas.

—Fique longe dela.

Gwendolyn começou a recuperar a consciência.

—O que houve? Onde eu estou?

—Você deve vir conosco, Princesa.

—O que? Quem diabos são vocês?

—Seus pais nos mandaram. Nós vigiamos você desde que era bebê.

P.O.V. Gwendolyn.

Minha visão ainda estava embaçada. Mas, eu sabia que eram barulhos de tiros.

—Aeon! Tire ela daqui!

—Espera ai, vocês não vão levar ela pra lugar nenhum.

—Saia do caminho.

—Não mesmo.

—Oh, ela lhe deu verbena. Temos que tirar ela daqui mundano. Agora!

Nem sei o que aconteceu direito, mas quando finalmente fiquei realmente consciente de novo estávamos na traseira de um carro que corria á alta velocidade.

—O que é isso?

—Caçadores. Mundanos fanáticos malucos. Eles te temem. Eles te querem morta.

—Eu?

—Sim.

—E quem é você?

—Aeon Flux.

—Como a do filme?

—Sim. Eu sou a verdadeira, a outra é falsificada.

—Selene. Você é uma assassina, uma mercadora da morte.

—Eu era. Mas, depois que a minha filha nasceu decidi usar minhas habilidades para outros propósitos.

—Vocês são vampiras?

—Sim. 

—Gideon!

—Merda! Eles estão voltando.

—Minha mãe. Temos que proteger a minha mãe.

—Sua mãe e seu pai estão seguros.

—Meu pai tá morto. A casa explodiu com ele dentro.

—E ainda assim você o salvou. 

—Eu? Mas, eu era bebê! Nem me lembro daquilo.

—Mas, você o salvou. Salvou seu pai, sua mãe, sua tia e o resto da Guarda. Estamos levando você para os seus pais agora mesmo. Estarão a salvo lá.

—Porque trazer o mundano?

—Ela lhe deu verbena. E ele estava disposto a protegê-la. Até mesmo de nós.

Tiros, balas, sangue e explosões. Era como estar num filme de ação.


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