Camp Move - Interativa escrita por Luigi Castellões


Capítulo 2
Chapter 2. Battles


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa, FELIZ ANO NOVO!!!! ♥
Segundamente, estou muito contente com esse capítulo e com os comentários que recebi no último, vocês não imaginam o quanto isso ajuda na fic pra ir pra frente.
Atualizei o blog com aparências dos personagens de vocês, só abrir na página "membros" que vocês logo encontrarão: https://campmove.blogspot.com/
Escrevi ouvindo tantas músicas que nem lembro mais quais foram, eu realmente estou considerando criar uma playlist pra essa fic k k k k.
No mais, tenham uma boa leitura! ♥



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Carregando uma câmera em mãos enquanto se gravava, Barbara se sentia radiante. No meio de toda aquela confusão de "entra e sai" na cabana das Myrcella’s, a loira fazia um vídeo para seu canal de comunicação pessoal no youtube.

— Quanta gente nova entrando pro time! — Exclamava aos pulos. — É, meus queridos, pelo visto minha equipe de músicos tá se tornando cada vez mais forte com o passar dos anos.

Ela era definitivamente o centro das atenções. Sem um pingo vergonha, como excelente comunicadora que era, utilizava desse atributo para manter sempre uma pose de líder, intimidadora e inalcançável.

— Não acredito! — Exclamou de repente, assustando alguns ao seu redor, enquanto virava a câmera para o rosto de sua melhor amiga. — Você por aqui, senhorita Mindy Torres?!

— Eu venho todo ano, palhaça.

— Ei, eu também quero aparecer! — Ouviu pedidos de uma voz masculina que vinha de trás.

Rapidamente o fitou de forma romântica, mas lembrou-se que estava gravando um vídeo, então logo virou a câmera para o rapaz, voltando a tagarelar:

— É menines, esse cara super gato e que infelizmente faz parte do time rival ao meu é simplesmente Luke Fraser! — Dessa vez, voltou a câmera para si, deixando Mindy e Luke como segundo plano. — Mas é meu hein, podem tirando o olho!

Os três riram, então Barbara prosseguiu a falar mais e mais, até mesmo entrevistando algumas pessoas que passavam por ali. Em todos os momentos, deixava estampado um sorriso verdadeiramente feliz em seu rosto e aproveitava aquela sensação de pertencimento, a qual era muito especial.

Quando terminou, olhou as horas em seu telefone celular e notou que ainda lhe restavam meia hora para o horário do almoço. Respirou aliviada, pensando ter tinha trinta minutos para sentir-se verdadeiramente real.

Na maior parte do tempo, a Spiker mais nova parecia viver de aparências. Às vezes, por mais difícil que fosse, ela só queria sentir um pouquinho do que é ser ela mesma. Sentir as migalhas de humanidade que ainda restavam dentro de si.

Para isso, ela tinha Luke.

Abraçado ao lado de fora da cabana, ignorando tudo e todos que passavam por ali, o casal mantinha um olhar que cativava um ao outro simultaneamente.

— Senti sua falta. — Ele disse, depois dando um selinho.

— As coisas têm sido difíceis, Luke... você nem imagina. — Assumiu Barbara, enquanto baixava o olhar.

— O que foi?

A jovem sentiu sua cabeça ser levantada por uma das mãos de seu namorado, fazendo com que eles se fitassem diretamente. Por muitas vezes, ela sentia segurança ao estar na presença dele. Era como a única pessoa, a qual podia confiar e estar junto.

Era a âncora que a mantinha presa ao chão, o que a fazia aguentar todo aquele desespero de ser quem era, lidar com os problemas familiares e ainda ter em consciência os conceitos sujos que as pessoas tinham sobre si.

Respirou fundo para não chorar, segurando uma lágrima, então disse:

— Ele mentiu pra mim... meu próprio pai, ele mentiu pra mim! — E exclamou ao fim.

— Calma. — Luke a apertou num abraço, enquanto afagava sua cabeça e a deixava chorar tudo que tinha para chorar em seu ombro. — Você é mais forte do que imagina, Barb.

Por mais bizarro que fosse, esse lado mais sentimental da loira era raramente visto. Geralmente eram recheados por arrogâncias e atitudes imorais, as quais ela jamais saberia controlar, pois era como seu escudo para os pensamentos sombrios que lhe vinham à mente toda vez que tinha crises consigo mesma.

Luke, entretanto, era o único que conhecia ambos os seus estados de espírito. Ele entendia, – mesmo discordando de algumas atitudes – mas cuidava da garota como ninguém naquele acampamento.

— Eu te amo e te quero bem.

— Eu também te amo.

E assim se despediram.

Hora de voltar às aparências.

 

 

✿❀✿❀

 

Dulce recordava como se fosse ontem da vez em que seu pai lhe convidou para o acampamento pela primeira vez. Estava na casa de praia da família com ele e Barbara, não era pior que atualmente, mas a relação entre as meias-irmãs nunca foi das melhores.

Derrick comentava de cada detalhe sobre o local e isso lhe causava borboletas no estômago e um brilho nos olhos, o qual jamais conseguiriam tirar de si. Mesmo que Barbara tentasse a convencer de que aquele lugar não era para ela, Dulce pensava exatamente o contrário.

Era o lugar perfeito para ela.

O homem comentava dos ritmos musicais que cada time se voltava para a grande competição ao final do acampamento e todas as pequenas atividades, contando pontos, antes da tal competição.

Quando finalmente aceitou o convite, Derrick logo opinou sobre sua escolha do time. Queria que a morena fizesse parte das Myrcella’s, talvez para estar junto da meia-irmã ou por ser o time com melhor histórico de todo o acampamento.

Ela, todavia, achou válido dar uma chance ao The Rocks.

Tinham um péssimo histórico nas competições, de fato, mas contavam com um gosto bastante próximo do seu quando o assunto era música, pareciam ser acolhedores e isso rapidamente lhe chamou a atenção. Fora que não teria de aguentar as implicâncias de Barbara na maior parte do tempo.

Hoje, ela estava lá, fazendo seu cadastro na cabana do The Rocks como novata. Ao terminar de preencher a ficha, seguiu até o balcão, dando de cara com uma menina de pele bronzeada, algumas sardinhas no rosto e crachá de monitora.

— Nome artístico, por favor?

— Dulce Spiker.

— Spiker? — A morena se surpreendeu. — É por acaso o sobrenome ou você é parente da... Barbara Spiker?

— Somos meias-irmãs. — Dulce respondeu quase bufando, a outra jovem percebendo seu descontentamento e rindo suavemente.

— Está tudo bem, vou te cadastrar aqui. — Falou, teclando algumas coisas no notebook, parecendo bastante focada. — Se quiser que eu te mostre o acampamento depois, é só esperar um pouco que logo meu turno aqui acaba, pode ser? — Entregou um crachá para Dulce, recebendo um aceno com a cabeça como resposta. — A propósito, me chamo Shireen, é um prazer.

— O prazer é todo meu. Eu te espero por onde?

— Espera lá fora que eu te procuro, é melhor pra evitar muvuca aqui dentro.

Além da paz que transparecia nos olhares e voz da tal Shireen, Dulce também percebeu que o estilo da adolescente era um tanto quanto peculiar. Antes não havia parado para perceber, mas quando ligeiramente analisou sua possível nova amiga, notou roupas aparentemente largas demais para seu corpo e sandálias de couro, algo bem hippie em sua concepção.

Seguiu até o lado de fora, não sabendo ao certo para onde ir e assentando-se num banco bem perto da entrada da cabana. Em seu lado, um jovem de cabelos castanhos escutava alguma coisa nos fones de ouvido, enquanto assistia a um videoclipe pelo celular.

Ficou observando o que o rapaz estava assistindo por um bom tempo. Às vezes tinha esse péssimo hábito de observar demais e até se julgava por isso, mas não era como se pudesse controlar esse seu vício em observação.

— Quer dividir o fone? — Ouviu a voz do menino lhe tirando do transe.

Na mesma hora, ficou extremamente envergonhada. Encontrava-se tão absorta em seus pensamentos que nem mesmo viu o menino perceber seus olhares encarando a bendita tela do celular.

— Não precisa, desculpa. Eu é que não devia ser tão intrometida. — Tentava dizer com clareza, mas estava nervosa demais para isso.

— Tá tudo bem, não tem problema.

A garota respirou fundo, olhando para os lados e tentando não cavar um buraco ali mesmo para enfiar sua cabeça após tamanha vergonha que passara. Olhou para o menino e ele a fitava diretamente, esperando por alguma resposta.

— Me chamo Dulce. — Foi a única coisa que conseguiu dizer, enquanto erguia sua mão em cumprimento.

— Ethan, prazer.

God is a woman? — Perguntou, se referindo ao vídeo que passava em seu celular e recebendo um olhar positivo para sua pergunta.

— Gosta?

— Não muito, sendo sincera.

— Ah, eu entendo. Somos de times diferentes, logo era previsível que os gostos fossem também.

— Você não é do The Rocks? Achei que só tivessem meninas no Myrcella’s.

— Não! — Respondeu quase rindo dos achismos de Dulce. Ethan parecia se comunicar bem, o que facilitou para a menina se soltar. — Eu era uma menininha, mas isso não vem ao caso agora. Você é novata também?

— Sou.

— Ei, pelo visto vocês começaram o assunto sem mim! — Exclamou uma voz calma, que surgia de repente, os interrompendo. Era Shireen. — Prometi que ia mostrar o acampamento pra vocês depois do meu turno, vamos?

Animados, os três passaram por diversas partes do acampamento, Dulce e Ethan receberam um folheto com o cronograma das atividades do dia e Reen – como gostava de ser chamada – mostrou onde eles conseguiriam esses folhetos todos os dias.

A atividade que teriam naquele dia chamava a atenção de Dulce positivamente. Uma fogueira com todos os times para que se conhecessem melhor. Suspirou aliviada ao pensar que pelo menos agora tinha amigos e não estaria só nesse encontro, muito menos dependendo de Barbara para fazer amizades.

— Acho que já mostrei o suficiente pra vocês. — Disse Shireen, enquanto se apoiava no bar mais próximo da piscina. — Em breve teremos almoço. Nos vemos lá?

— Claro. — Responderam os dois quase instantaneamente.

— Então está ótimo. — Reen sorriu e despediu-se de seus novos amigos com beijos na bochecha. Era uma menina carinhosa, na concepção de Dulce, e achou isso fofo até.

— Até mais, Ethan!

— Até!

E o trio se espalhou.

 

✿❀✿❀

 

Na espaçosa cabana de música próxima ao laguinho, onde se instalavam instrumentos de diversos tipos e gêneros para que os adolescentes treinassem ou fizessem ensaios rotineiros, Ella se apossava numa cadeira qualquer e aproveitava o momento sozinha para treinar alguma música.

Tirou seu violão da maleta e uma paleta sua, começando a tocar e cantar "Cry Baby" do The Neighbourhood. Tinha uma voz suave e boa de escutar, fora seu talento inegável com cordas, e sabia disso. O único problema era sempre sentir um vazio interno muito grande ao pegar naquele violão.

Era o violão de Andy Carter, sua mãe.

Ella nunca teve a chance de conhece-la direito, visto que antes mesmo de completar dois anos a mulher veio a falecimento, após contrair leucemia. Foram anos de muita tristeza para os Carter, principalmente para John, que sempre ouvia a esposa tocar para ele e era como ouvir o canto dos anjos.

Quando a filha caçula mostrou ter o dom da música, assim como a mãe falecida, ele foi o primeiro a apoiar. Deu o violão e se emocionava toda vez que via a pequena tocar, mesmo que fizesse tudo errado.

Com o passar tempo, a jovem se aprimorou, pesquisando principalmente vídeos no youtube e aprendendo tudo de maneira independente. Não tinha uma família de excelentes condições financeiras, muito menos morava numa área de urbanização. Era de Winsconsin, no interior.

E mesmo que mantivesse o sonho de crescer na carreira musical, por vezes pensava em sua mãe e o quão queria ter a conhecido melhor. O pior dos dramas era não conseguir sentir a perda dela, visto que nem mesmo a conheceu. Isso corroía os pensamentos da loira e a fazia chorar sem ao menos perceber.

— Uau, você canta muito bem. — Ouviu uma voz feminina quando terminou a música, então guardou suas coisas de forma ligeira para não atrapalhar quem fosse de fato ensaiar para algo.

— Não foi nada demais, obrigada.

— Como assim? Eu realmente gostei e olha que nem conheço essa música. — A morena dizia animada, enquanto se aproximava. — Quem é você? Nunca te vi por aqui.

— Me chamo Eleanor, mas pode chamar de Ella mesmo. Sou novata e estou no The Rocks. — Se apresentou, enquanto cumprimentava a garota e percebia o quão bonita ela era. — Nossa, te achei linda, desculpa falar.

— São seus olhos, Ella. — Brincou. — Meu nome é Melinda, mas me chamam de Mindy. Veterana e... Myrcella’s!

Por alguns segundos, Ella finalmente travou os pensamentos sobre sua mãe e parou para observar aquela beleza inigualável. Mindy usava um batom escuro, blusa branca e calça jeans.

Um pouco julgadora, logo pensou:

Hétero.

Era estranho estar sentindo aquilo por alguém. Não era como se estivesse atraída sexualmente por Mindy, mas algo nela lhe apetecia os sentimentos, fora que parecia uma garota simpática e humilde, características que facilmente aproximavam as pessoas de Ella.

— Sobre a música, é "Cry Baby" do The Neighbourhood. Você curte alguma banda em específico?

— Hm... — A morena se esforçava em lembrar de alguma banda, gostava mais de cantores solos. — Little Mix e a falecida Fifth Harmony.

— Falecida por quê?

— Amor, sem Camila, sem Fifth Harmony. — Soltou Mindy, fazendo ambas rirem de leve. — E você? Quais são seus gostos?

— Sou bastante eclética, mas tenho uma preferência por rock e indie sim. Poderia ficar horas falando das minhas bandinhas, mas vou resumir pra você: Nirvana, Cage The Elephant e Twenty One Pilots.

Mindy fez uma cara não muito agradável com as escolhas da loira. Cerrava o cenho em dúvida do que seriam aquelas bandas com nome estranho, mas se recompôs para não parecer muito nojenta.

— Dessas aí eu só conheço Nirvana, mas realmente não é meu estilo.

— Tudo bem.

— Mindy, cadê você?! Sua piranha, me largou sozinha no almoço! — As duas ouviram gritinhos histéricos vindos do lado de fora da cabana.

— Parece que estão te procurando.

— É a Barbara, ela é um pouco exagerada, foi mal. — Tentou explicar.

— Caralho, Melinda! O Luke foi recepcionar gente nova, eu não posso ficar sozinha, que inferno! — Gritava Barbara, se aproximando cada vez mais da cabana.

— Um pouco? — Ella riu e Mindy tapou o próprio rosto com vergonha pela melhor amiga.

A figura loira e cheia dos acessórios entrou na cabana, estava vermelha de raiva e assemelhava-se a uma cereja de bolo, vermelha e pequenina.

— Para de namorar e vem cá que eu preciso de você na cabana das Myrcella’s! — Ordenou nervosa.

— Fica calminha, tá? — Soltou Mindy de forma praticamente irônica, fazendo Ella segurar uma risada. — Foi um prazer te conhecer, Ella, nos vemos por aí.

— Ok, Mindy. — Agora as duas se retiravam e, por questão de educação, Ella tentou cumprimentar a melhor amiga irritadiça da menina que acabara de conhecer. — Foi um prazer te conhecer também, Barbara! — E foi ignorada.

De todas as coisas que imaginava para seu primeiro dia no acampamento, a última era conhecer alguém que a aproximasse tanto de sua realidade no interior, mesmo os gostos completamente contraditórios. Apenas a fala mansa e levemente brincalhona de Mindy já fazia sentir o ar de sua casa.

Era bom demais para ser verdade, porém nessas horas Ella preferia se fechar e não expor seus sentimentos, até porque tinha uma grande dificuldade quanto paixonites e coisas do tipo.

Foco, Eleanor, foco.

E ela voltava a se cobrar mentalmente, pensando apenas que precisava treinar e aprender novos instrumentos, como a guitarra elétrica, a qual possuía demasiado interesse.

 

✿❀✿❀

 

Era fim de tarde e se concentrava ao centro do acampamento uma volumosa quantidade de adolescentes em volta da fogueira. Naquela noite de temperaturas baixas do Arizona, era aconchegante estar próximo a uma fonte de calor, por isso a ideia daquele encontro.

Num palco próximo ao local, Derrick fazia um discurso de boas vindas para todos e deixava as ordens nas mãos de Rosalinda Gomez, uma das funcionárias do Acampamento Move.

— Tenham uma ótima noite da fogueira! — Disse ao terminar o discurso.

Num dos cantos ao redor da fogueira, Ethan fazia vários amigos de uma vez só. Era um dominador de assuntos, por isso acabava por ter muitos amigos em todo lugar que ia. Havia se perdido de Shireen e Dulce, então se divertia com os papos de uma dançarina, também excelente comunicadora.

— Se mal chegou e já achou sua monitora um porre, espere só até chegarem as competições. Dizem que ela fica mil vezes pior. — Comentou a loira, rindo em seguida.

— Aff, ninguém merece. Eu super me identifiquei com o time a princípio, só não esperava ter uma garotinha mimada como chefia. — Foi sincero, e apenas essa sinceridade fez com que a menina soltasse uma risada alta. Tinha o riso frouxo.

— Sam, quanto tempo! — Exclamou uma voz, surgindo no meio do povo. — Ah, achei você, Ethan.

— Caramba Reen, por que não falou comigo antes? Ficou presa nos anos 70 de verdade? — Brincou a adolescente, fingindo estar tristinha, mas logo abrindo um sorriso franco ao rever a colega.

— Quem me dera, querida, quem me dera. — Zombou Shireen como apaixonada pelos anos 70 que era. — Vocês viram a Dulce?

— Quem é essa? — Perguntou Sam.

— Cara, você sabia que a Barbara tem uma meia-irmã? Como isso nunca foi dito por ela em nenhum vídeo do canal dela eu não sei.

Naquele momento, todos abriam suas bocas num "O", principalmente Ethan, que havia conhecido as duas e tido uma primeira impressão completamente diferente de cada uma delas. Enquanto considerava Dulce uma observadora fofa, considerava Barbara uma mimadinha insuportável.

— Reen, Ethan! — Exclamou outra voz que surgiu de repente. Era Dulce, sendo recebida por olhares inteiramente assustados e se perguntando o que será que havia feito de errado dessa vez. — Não queria ter que ficar repassando informação da estúpida da minha meia-irmã, mas ela ordenou que o time dela estivesse perto dela.

— Cristo, que mina chata! — Disse Ethan, se irritando com as atitudes da Spiker loira. — Pode deixar que eu vou sim, mas falta pouco pra ela aprontar comigo e eu ter que botar ela no devido lugar.

— Boa sorte. — Shireen falou, depositando um beijinho na bochecha do amigo e o vendo sumir entre as pessoas.

Ele seguiu até onde o time Myrcella’s se concentrava, tendo Barbara na linha de frente, como se fosse uma ditadora ou algo do tipo. Riu dos olhares autoritários da adolescente baixinha e magrela se achando gente e foi recebido com alguns olhares de estranheza pelo resto do time.

— Por que é que temos que ficar aqui mesmo? — Uma menina perguntou, salvando Ethan de abrir a boca e receber um fora.

— Será que não dá pra calar a boca, Mindy?! — Exclamou Barbara arrogantemente. — Unidos somos mais fortes, será que ninguém aqui entendeu a porcaria do lema do nosso time?

— Eu chamo isso de carência de atenção, querida. — Disse Ethan em meio ao grupo, fazendo todos os olhares se voltarem para ele e algumas pessoas rirem, incluindo a tal Mindy.

— Quem você pensa que é? — Barbara seguiu na direção do menino nervosa, até mesmo deixando a tão desejada linha de frente para trás.

— Eu é quem te pergunto, linda. — Ele soltou outra, dessa vez fazendo muitos ao seu redor suspirarem assustados por tamanha afronta. — Cheia de poses, se achando superior a alguém, a última coca-cola no deserto e destratando os membros do seu time, como você tanto insiste em chamar. O que te faz pensar que é melhor que eu, por exemplo?

— Acho que porque tenho 100 "k" de inscritos no meu canal do youtube, sou mais bonita que você, me visto melhor do que você e tenho mais talento que você. Quer mais ou tá de bom tamanho, novatinho? Poderia ficar horas falando. — Barbara esnobou, mas esnobou de forma tão esdrúxula que até mesmo ela se perguntou se por alguns segundos o que havia dito não foi um tanto irresponsável.

— Mais talento? — Debochou. — Quem mentiu pra você, princesa?

— Foi o pai dela! — Alguém do time se pronunciou, fazendo todos em volta rirem.

— Eu não preciso de aprovação, sou perfeita em tudo o que faço. — Ela disse firme.

— Vamos ver, então. Topa uma batalha de canto?

Nessa hora, até mesmo pessoas de outros times se aglomeravam para assistir ao que estava por vir. Começaram a torcer para que realmente tivesse uma batalha, gritando:

— Batalha! Batalha! Batalha!

E o fitando com um olhar assassino, Barbara respondeu:

— Ethan, você jamais me verá recusar uma batalha.

— Digo o mesmo para você, Barbara.

Ambos correram até o palco, onde o público já pulava e permanecia aos gritos para a tal batalha. Sendo um novato e uma monitora, todos apostariam de primeira na monitora, porém não faziam ideia do que estava por vir.

Sem muita cerimônia, eles decidiram qual música iriam cantar, então Barbara falou com o DJ para botar o ritmo no fundo, enquanto cantavam. Ao som de "Uptown Funk" do Bruno Mars eles começaram a duelar, fazendo um dueto da música e mostrando todas as suas habilidades vocais.

O acampamento vibrava, os adolescentes cantavam junto e, até mesmo os que não curtiam o som, pareciam se animar com todo aquele ritmo de batalha. O dueto encaixou perfeitamente na voz dos dois e, por mais que não admitissem, ficaram perfeitos juntos no palco.

Quando terminaram, receberam uma gigantesca salva de palmas. Aquele evento foi certamente o que mais marcou a noite de todos os jovens ali presentes.

— Ei, galera, agora vamos descobrir quem ganhou essa batalha! — Falou Mindy no microfone, era uma ótima animadora. — Quem preferiu Barbara Spiker faz barulho aí! — Muitas palmas e alguns gritos eram escutados e a loira já se sentia vitoriosa. — E quem preferiu Ethan Pertrarch faz barulho! — Nesse momento, o acampamento foi à loucura e o rapaz fitou sua companheira de palco com um olhar zombeteiro, enquanto ela revirava os olhos.

Passando próximo a ela para descer do palco, disse brincando e ao mesmo tempo sendo sincero:

— Se continuar se achando desse jeito, pode dar "adeus" à sua vaga de monitora do Myrcella’s, tá? Acho que já entendemos quem tem mais talento aqui. — E saiu sem hesitações.

Passou o resto da noite em comemorações, sendo cumprimentado por diversas pessoas e fazendo amigos por toda parte. Ethan se sentia feliz, amado e aclamado, algo muito difícil para pessoas como ele.

Quando conseguiu um mínimo de paz e solidão, caminhou até sua cabana, onde dormiria a partir de então. Estava cansado após uma noite de muito falatório e relações interpessoais, então sentia uma necessidade grande de sono.

De repente, ele ouviu um barulho estranho, que vinha de dentro da floresta. Eram como gritos revoltados, mas que pareciam rir ao mesmo tempo. Era tenebroso.

Começou a caminhar apressado, porém de nada adiantou. Foram poucos segundos para que sentisse alguém lhe puxar pela camisa e o derrubar no chão de terra com violência.

— Aberraçãozinha de merda!

 

✿❀✿❀

 

— Aberraçãozinha de merda! — Luke ouviu diretamente da janela de sua cabana, olhando para o lado de fora e tentando entender o que estava acontecendo.

— Que porra é essa? — Perguntou assustado para Barbara.

— Eita, melhor dar uma olhada lá fora.

Inteiramente aflito, mas ainda assim tomando coragem, Luke pegou um pedaço de madeira perto da cabana e seguiu em direção às vozes.

Notou um grupo grande de pessoas revoltadas, que pareciam xingar e violentar alguém. Na mesma hora, o rapaz lembrou-se de Leroy, seu irmão dois anos mais novo que havia descoberto sua homossexualidade e já sofreu atitudes parecidas como aquela, mas que ele apartou.

— É menino ou menina?! Boiola! Sapatão enrustida!

Jamais aceitaria alguém ser agredido daquele jeito somente por sua orientação sexual o que quer que fosse, logo, revoltado como estava, pulou como um animal selvagem para cima dos agressores e bateu neles com o pedaço de madeira.

Quando não intencionalmente deixou madeira cair, sentiu alguns socos no estômago, mas lutou sem medo. Alguns minutos se passaram e o grupo fugiu, deixando um Ethan ensanguentado pelo chão e um Luke extremamente furioso, que tentava ajudar.

— O que foi que te fizeram?

— Descobriram... Alguém passou minhas redes sociais e... descobriram que sou homem trans. — Ethan tentava se comunicar com rouquidão na voz, também cuspindo um pouco de sangue.

Dentro da cabana, Barbara aguardava por Luke apreensiva. O vendo de longe, não esperava que estivesse tão irritado, muito menos as atitudes seguintes do rapaz.

— Barbara, você encontrou sua dignidade aonde?! — Gritava Luke ao adentrar na cabana, carregando o menino ensanguentado. — No lixo, porra! Com que direito você fez isso com o menino?! Só porque ele te ganhou numa batalha de canto?!

— Mas eu não fiz...

— Cala a boca! Cala a boca! — Exclamou irritado, enquanto deixava Ethan repousar sobre sua cama e ia em direção à Barbara. — Que atitude ridícula e infantil que você teve! Mandar baterem só por ele ser trans?!

Ela o empurrou para trás com força e um pouco de medo das feições brutas que estava fazendo. Seus sentimentos estavam despedaçados, ela nunca seria capaz de uma atrocidade daquelas. Nunca foi preconceituosa e ver seu namorado imaginar isso dela era de partir o coração.

— Qual é o seu problema, Luke?! — Era a vez de ela exclamar. — Você namora comigo e pensa que eu seria capaz disso?! O que mais você pensa de mim, fora que sou uma pessoa preconceituosa e violenta?!

— Você não entende a gravidade da situação?!

— Vai se foder, Luke! — E aquelas foram as últimas palavras de Barbara Spiker, antes de sair aos prantos daquela cabana no acampamento.

Novamente, os demônios em sua cabeça voltavam a aparecer, tendo a intenção somente de deixa-la num estado de total depressão.

Era normal que pessoas passassem por difíceis batalhas em suas vidas, mas Barbara parecia não saber lidar com nenhuma delas.

Ela se autodestruiu com o tempo.

E hoje só lhe restava pó.


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Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado do capítulo, mas caso não tenha, comente do mesmo jeito, tá? SLKDLJDS pra me ajudar, taokei?
Antes de qualquer coisa, vou recomendar a fic de uma amiga chamada Jubs muito fofa, ela e a fic no caso, leiam que vocês não vão se arrepender, JURO DE DEDINHO!
https://fanfiction.com.br/historia/770342/Splash/
E um beijo especial pra quem leu até aqui! ♥