Guardiões e os Enigmas da Nova Era escrita por Minnie Colins


Capítulo 6
V: |Jack| A origem de tudo.


Notas iniciais do capítulo

Não sei se alguém vai estar aqui na véspera de ano novo, anyway, BOM ANO PRA VCS! Que 2019 traga livros mto bons e muita inspiração!



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Jack nunca gostara de viajar pelos globos de neve do North, preferia que o vento o levasse através da realidade. Porém, uma vez que era necessário sair do século XXI para o XVI e depois retornar, requeria-se um pouco da ajuda dos portais mágicos. Depois que seu corpo balançou diversas vezes a ponto de deixá-lo enjoado (a viagem fora bem longa) e com a garota loira ao seu lado que aparentava não estar nem um pouco saudável, ele sentiu uma nova corrente de ar e foi arremessado para frente até colidir com o chão da Oficina no Polo Norte.

Sentiu a cabeça girar e apoiou-se nos cotovelos para algum suporte. Usou seu cajado para conseguir se levantar. Mais a frente pôde ver o corpo de Rapunzel ser arremessado, mas, ao contrário dele, ela não colidiu com o chão duro. Sandman tinha feito uma grande almofada de areia dourada que amenizou sua queda. Contudo, boa parte do cabelo dela ainda estava dentro do portal que só segundos depois é que foi retirado. Jack se perguntou por que ela tinha imensas madeixas e se tinham alguma utilidade.

O guardião dos sonhos a ajudou a ficar de pé.

— Valeu Sand pela ajuda também, aliás a almofada de areia me ajudou muito. – Jack ironizou no que Coelhão apenas riu ali perto enquanto afiava seu bumerangue. Sandman o encarou com um sorriso e fez questão de levantar o polegar.

Jack revirou os olhos e foi até Rapunzel.

— Você tá bem? – quis saber. Ela não o respondeu, do contrário, mirou a oficina inteira de North com um semblante maravilhado e um pouco assustado. É, com certeza, ela não ouviu a parte em que Jack revelou que a levaria para uma oficina mágica do futuro.  Estava atônita, tudo ali era surreal. Para onde é que olhasse, duendes trabalhavam com brinquedos que ela não fazia ideia de que existia. Yetis, que Rapunzel só soubera da existência em contos de seus livros, agora perambulavam ao redor, com seus milhares de pelos extenuados pelo corpo. Os móveis, as roupas, até o imenso globo terrestre no centro (que representava os continentes de uma forma bem diferente da mostrada no último livro de geografia que lera) era estranho a seus olhos.

Rapunzel encarou Jack e ele a fitava com o semblante preocupado. Alguma coisa nela o intrigava, talvez fosse o fato de seus cabelos serem dourados como o sol, ou de seus olhos parecerem tão quentes e verdes e ansiosos para explorar o mundo ao redor, sem falar no forte sentimento de confiança que passara a nutrir por ela no momento em que a vira. Ela abriu a boca para dizer algo, mas jamais o fez.

— Onde estão os outros? – indagou Coelhão vendo que a menina estava um pouco encabulada.

— Ainda não voltaram? – Jack retirou sua atenção da garota e voltou-se para o Coelhão.  – Eu achei que...

No minuto seguinte sua fala fora interrompida por grandes buracos no espaço-tempo que trouxeram com si uma ventania. De lá, saiu o improvável: North passou acompanhado de um garoto com roupas estilo viking e nada mais nada menos que montado em um dragão! Jack sobressaltou-se com o voo ruidoso do animal. Do outro portal surgira Fada com uma garota ruiva que parecia desconfiada. Os portais em seguida se fecharam acabando com o vento forte que soprava.

O dragão pousou no canto da sala nem um pouco assustado, ao contrário de todos ali presentes que miravam, boquiabertos, sua grandiosidade. De cima de sua carcaça, o garoto desceu um pouco atônito. Jack o encarou, ele era de sua altura, parecia ter a mesma idade e dava a impressão de ser pacifista e simples.

— Aproxime-se Hiccup! – pediu North, empolgado. Todos não disseram uma palavra enquanto ele dava passos na direção chamada. Conforme se distanciava, o dragão fez um barulho esquisito que deixou Jack alarmado.

— Tudo bem, Banguela. – ele respondeu para acalmá-lo.

— Você fala com um dragão? – Jack ouviu a própria voz não contida. Tinha que aprender a controlar a língua, mas simplesmente não conseguiu se segurar.

— Falo. Somos amigos. – Hiccup se assustou ao se ver falando um inglês fluente. – O que...?

— O Homem da Lua deve ter cuidado da comunicação. – prontificou-se North sabendo que agora poderiam se entender sem misturar os idiomas. – Quando passaram pelo portal a fluência foi alterada.

Quando Hiccup aproximou-se, Jack percebeu que todos ali formavam um pequeno círculo. Fada, Sandman, North e Coelhão ficaram perto do Globo enquanto Jack, Merida, Rapunzel e Hiccup estavam perto do escritório principal. Um silêncio constrangedor se apoderou do local, só o que ouviam era os duendes andando para lá e cá com suas tocas de sininhos nas pontas.

Era estranho pensar em tudo isso. Jack estava prestes a se juntar com três figuras que jamais vira na vida, de outra dimensão, só para enfrentar um mal ainda pior. Estava nítido como os quatro estavam constrangidos, incertos, desconfiados e deslocados, os três novatos principalmente.

Ouviu-se um pigarro e depois a voz de North:

— Bem, imagino que todos saibam o porquê estão aqui reunidos.

— Desculpe. – Rapunzel proferiu um pouco tímida. – Alguém pode me explicar o que está havendo?

Jack a encarou com as sobrancelhas unidas. Será que ela não entendera nada do que ele disse? A garota parecia ser a única que não fazia ideia de onde estava. Talvez ela não tivesse entendido o idioma no qual usara para falar? Jack recusou essa possibilidade, afinal se entenderam muito bem.

— Jack você não explicou para ela? – quis saber Coelhão, impaciente.

— Expliquei! – defendeu-se o outro.

Sandman bateu com a mão na testa.

— Quem são eles? – a garota ruiva perto de Fada perguntou para essa. Estava nítido de que algumas apresentações precisavam ser feitas. – E que lugar é esse? Eu achei que íamos enfrentar os subdeuses agora mesmo.

— Subdeuses? – Rapunzel ficou alerta. – Você quer dizer as Crenças Inférteis?

— O que? – dessa vez foi o menino viking quem se prontificou.

Jack teve vontade de repetir o ato de Sandman. Como eles poderiam lutar contra o novo mal se eles mesmos não estavam se entendendo. Aquilo era apenas o limiar de algo que apresentava grandes probabilidades de dar errado.

— Certo então. – North se fez ouvido com seu sotaque russo forte. – Precisamos esclarecer algumas coisinhas. Venham comigo. – pediu em um tom mais sério.

Era adequado levar os três jovens para um lugar onde pudesse explicar com mais calma.  Além do mais já estava anoitecendo e Fada e Sandman precisavam partir para realizar seus ofícios de guardiões. North se encaminhou para o elevador que os levaria para o escritório. O garoto viking foi o primeiro a acompanhá-lo e seu dragão fez um muxoxo.

— Tá tudo bem, amigo. – garantiu-lhe antes de prosseguir. Jack teve de novo de piscar diversas vezes para ver se acreditava naquele cenário. A ideia de ter um dragão preto no meio da sala era, no mínimo, esquisita.

Rapunzel foi a próxima a se mexer, apenas Merida ficou para trás.

— Aonde você vai nos levar? – indagou, desconfiada.

— Provavelmente para o escritório. – Jack respondeu visto que North não escutara. – Ele consegue explicar melhor tudo lá.

— O que é escritório? – ela o encarou com as sobrancelhas unidas. – Eu vim de outra dimensão se você não percebeu, se quiser que nos entendamos terá de ser mais sucinto. – cruzou os braços, impaciente.

Ele viu que a ruiva possuía muita atitude. A julgar pelo seu destino, Jack pressupôs que pertencesse a Escócia Antiga.

— Claro, foi mal. – sorriu amarelo. – O escritório é tipo uma sala para tratar de assuntos importantes.

— Você vai junto? – quis saber, descruzando os braços. – Fada disse que teremos de lutar junto com você.

Pelo visto Toothiana era muito melhor em explicações do que ele.

— Meus jovens. – chamou North que estava todo esse tempo os esperando. Jack e Merida o encararam e decidiram segui-lo. Jack teria de se acostumar com a presença deles se quisesse que tudo desse certo.

 Contudo, ele sentia que não era o único a estar com o pé atrás. Durante o caminho, Hiccup coçava a nuca em um frenesi incontrolável, e de vez em quando, muito discretamente, lançava olhares à Merida. Mas não eram olhares apaixonados ou amigáveis tampouco, era como se ele a analisasse em busca de respostas. Rapunzel mantinha as mãos dadas em frente ao corpo e seus polegares também não paravam de se mexer. Ela umedecia os lábios com frequência e parecia na duvida se queria estar ali ou não. E, por fim, Merida olhava para todos os lados em alerta para que se alguma ameaça surgisse. Foi a quem ficou mais distante de todos.

Quando chegaram à sala de North, o próprio dirigiu-se para trás da grande mesa que ali havia. Os quatro ficaram cada um em um canto do recinto e encararam o papai Noel apenas esperando que ele começasse algum discurso com respostas coerentes aos seus milhares de perguntas.

— Muito bem. – começou um pouco nervoso. – Acredito que, na Era de vocês, ouviam ou até mesmo conheciam lendas e histórias virtuosas. – para sua felicidade fora retribuído com sinais e murmúrios em concordância. – Pois bem, os Guardiões existem desde os tempos mais primórdios, para ser sincero, o Homem da Lua fora o primeiro de todos. – até aquele ponto não havia chamado a atenção de Jack, mas agora, ele deixou seus ouvidos agudos. Mesmo já sendo guardião há um ano, North nunca contara para ele a história das origens. – Guardiões são criaturas, místicas ou não, capazes de garantir o equilíbrio e mantê-lo na vida das crianças na Terra. E, quando menciono equilíbrio, quero dizer manter e garantir a esperança, felicidade, diversão – olhou para Jack que retribuiu com um meio sorriso. – e tantos outros atributos vitais para um bom desenvolvimento. A tarefa começou com o Homem da Lua, pois a noite era quando as crianças ficavam mais vulneráveis. Essa vulnerabilidade foi ganhando força ao longo dos anos, tornando-se crenças poderosas...

— Crenças Inférteis. – Rapunzel o interrompeu brevemente. North concordou com um sorriso.

— Alguns de vocês conhecem por esse nome, foi-se adquirindo muitos nomes para se referir a eles desde que começou a chegar ao conhecimento de muitos durante o século XVI, já que na época de vocês dois – apontou para Merida e Hiccup. – O Homem da Lua conseguia manter o equilíbrio sozinho.

— Eu conheço pelo nome de subdeus. – Merida se fez ouvida. – Meu povo acredita no mito que foram criações dos Deuses, personificações das falhas humanas, para punir os homens, mas há muito estavam sob controle. Desde que não nos deixemos guiar pelas incertezas, desde que o Sol e a Lua sejam preponderantes.

— Você está certa. – continuou North. – De fato são personificações das falhas humanas, entidades sombrias que ganham força cada vez que a humanidade perde seu valor. Infelizmente deixaram de ser um mito e estar sob controle nos últimos tempos. Desde a derrota de Breu.

— Quem é esse? – Hiccup perguntou, interessado.

— Outro ser maligno, trazia medo as crianças em forma de pesadelos, veio a surgir na idade das Trevas. Um pouco depois de suas Eras. – voltou a apontar para Merida e Hiccup.

— Vivenciei um pouco desses tempos sombrios. – disse Rapunzel abraçando-se ao se lembrar de um livro recente que lera na biblioteca do reino quando fora até lá com Eugene. Lembrar-se dele fez seus olhos ficarem um pouco marejados, mas ela logo afastou esse pensamento. – Mas foi breve, na minha época o povo estava otimista e envolto pelos ideais iluministas, queriam adquirir a luz do conhecimento e razão.

— Exato. – empolgou-se North ao notar que estava conseguindo encaixar as peças para eles. – Foi a época que o Homem da Lua pediu ajuda a Dama Solar. Ela é encarregada de dar a vida de volta, curar possíveis falhas e desgraças. Ela forneceu uma pequena gota de luz a terra para elucidar as questões sombrias e foi quando Breu tornou-se muito vulnerável também. Ele passou anos e anos tentando se preparar para ressurgir ainda mais poderoso, muito com a ajuda dos subdeuses, enquanto o Homem da Lua passou a recrutar novos guardiões, mais ou menos há 300 anos.

E Jack lembrou-se de si próprio, na época em que salvara a sua irmã só para depois ser escolhido pelo Homem da Lua para fazer parte de tudo o que estaria por vir.

— O Homem da Lua contou com a ajuda de animais também – continuou o papai Noel ainda mais empolgado. – Em outros tempos, criaturas que estariam muito ligadas à noite e que trariam consigo o poder de mudanças, novos hábitos e ampliar os pensamentos. Como o seu dragão. – voltou-se para Hiccup. – Banguela tem uma forte ligação com ele por ser um...

— Fúria da Noite. – o garoto completou por ele, parando para analisar os fatos. – Então você acha que foi por isso que o Homem da Lua nos escolheu? Por que temos alguma ligação com a Lua?

— Acredito que sim. Ou com o Sol. – e nesse instante Jack viu Rapunzel dar um passo para trás e não soube o porquê.

— E pelos cernes, não é? – adivinhou Jack quando se lembrou da sua missão de levar diversão a todas as crianças.

— Exato. Ele acredita que cada um de vocês apresenta uma missão, cerne, especial que pode derrotar os subdeuses de uma vez por todas.

— E se fizermos isso – disse Merida depois de compreender. – Então nos tornaremos Guardiões como vocês? Não iremos poder voltar para casa?

North ia respondê-la, mas algo o impediu de fazê-lo. Agitações vieram lá debaixo o que levou todos ali dentro a verificarem o que estava acontecendo. North foi quem saiu a frente, com Jack em seu encalço.

Ao aparecerem na sacada do corredor, se depararam com Sandman e Fada em polvorosa. Coelhão não estava entre eles.

— North! Precisamos ir, rápido, estamos com problemas! – Fada veio até eles um pouco assustada.

— O que aconteceu Fada? – indagou Jack segurando firme o seu cajado.

— O Coelhão, sentiu que havia algo de errado na sua Toca e foi para lá. – contou voando de um lado para o outro e quase se embolando com as palavras. – Mandou uma mensagem pedindo ajuda. São eles North! Os subdeuses vieram!


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Notas finais do capítulo

No próximo cap será a hora de conhecer os temíveis vilões da história hehe, are u ready?
Bem é isso,
até mais!



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