Guardiões e os Enigmas da Nova Era escrita por Minnie Colins


Capítulo 4
III: |Merida| Siga seu destino.


Notas iniciais do capítulo

Não pude postar no feriado de Natal pq fui para um lugar sem net, mas, de qualquer forma Feliz Natal!



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~ ~

A família Dunbroch acampava em um vale da floresta ali perto como costumavam fazer quando Merida era criança. Ela ainda se lembrava dos tempos em que brincava de esconder com sua mãe, enquanto seu pai saía com os cavaleiros para explorar novos territórios e chances de perigo. Agora com a presença de seus três irmãozinhos, pouca coisa havia mudado, dentre elas a primordial: sua relação com Elinor Dunbroch continuava a mesma senão mais próxima do que anos atrás. Merida amava isso. O incidente com a bruxa e o feitiço completava hoje dois meses de acontecido e era lembrado sempre pela família com o segundo nascer do sol de cada mês. Quando o amanhecer era secundário, Merida e a família iam até as sete pedras e agradeciam por tudo o que viveram e por ter dado certo. Pela relação deles estar mais forte do que nunca e pelas coisas que ainda estariam por vir.

Merida nunca vivera um momento de paz assim. Sua mãe a compreendia como ninguém, seu pai conversava com ela sobre futuras conquistas e seus irmãos, bem, eles continuavam a roubar sua sobremesa. Ela não trocaria o momento em que estava vivendo por nada no mundo. No próximo mês iria navegar com seu pai e os outros clãs pela Escócia, estavam determinados a encontrarem a frota de navios vikings. Ficara tão contente quando sua mãe não fizera nenhuma objeção dizendo que “uma princesa não deve se envolver com possíveis guerras” que só restou-lhe abraçá-la intensamente.

Mas nesse instante, Merida estava em paz consigo mesma, ali no acampamento e treinava de modo árduo, sua mira com o arco e flecha. Tinha pedido aos cavaleiros que fizessem os alvos o mais distante possível para que ela pudesse se desafiar. Eles capricharam no pedido. Um dos alvos encontrava-s na copa de um pinheiro que tinha seus galhos eriçados. Aquele se tornou o predileto da ruiva. Ela posicionou a flecha e estava disposta a pedir para seu pai recompensar quem tinha feito o alvo. Prestes a atirar, foi interrompida:

— Não acha perigoso? – sua mãe se aproximou, calma. – Digo, é um alvo difícil.

— Essa é a melhor parte. – Merida sorriu. Gostava de ser desafiada. Gostava de enfrentar qualquer coisa a sua frente. – Aposto um prato de doces com você de que eu acerto. – mirou sua arma e fechou um dos olhos para focalizar melhor.

— Eu não vou apostar coisa alguma. – Elinor respondeu rápido. – Eu sei o quanto minha filha é boa no arco e flecha.

— Sábias palavras, mamãe. – e dizendo isso, Elinor só pode escutar o barulho da flecha cortando o ar e em seguida um “plock” no topo de alguma árvore. Ela levou a mão acima dos olhos para se proteger do sol e olhou para cima.

Lá estava. O alvo morto pela flecha que afundara certeira em seu centro. Só restou-lhe sorrir conformada e nem um pouco surpresa. Desde os seis anos que Merida treinava Escócia a fora com aquilo agora, com 17 anos, estava mais preparada do que nunca. Não lhe restou outra fala.

— Pode ensinar sua mãe? – ouviu a própria voz dizer aquilo e ficou contente por fazê-lo.

Merida, que tinha um meio sorriso devido a vitória alcançada, encarou Elinor com o semblante um pouco assustado. Tinha ouvido direito? Sua mãe, a rainha mais comedida que algum clã já teve, estava querendo aprender como manusear uma arma?

— Mãe... – Merida começou sem entender e Elinor confirmou.

— Quero aprender como se atira com isso, não parece ser tão ruim. – deu de ombros e posicionou-se mais próxima da filha.

Estava mesmo acontecendo. Um dos momentos que sempre sonhou em realizar era compartilhar com sua mãe a alegria que sentia e também a sensação de libertação cada vez que disparava no arco.

— Meu Deus mãe, é claro! – Merida comemorou como nunca. – Sim, claro! Vem eu vou lhe mostrar! – ela guiou Elinor até um alvo mais fácil de ser atingido e em seguida coordenou a posição certa a qual ela deveria estar.

Elinor deixou que sua filha ditasse tudo o que precisava fazer e quando segurou o arco na mão sentiu um orgulho enorme de Merida. Por que demorou tanto tempo a reconhecer o talento dela com essa arma? Estava tão preocupada em prendar a filha para atividades tão comuns que não se permitiu admirar o que já estava bem a sua frente.

— Certo, agora, você precisa por sua mão aqui, não, não mais afastada um pouco. – instruiu Merida com cautela. – Isso, agora precisa segurar firme um pouco abaixo do ponto de equilíbrio do arco. A flecha deve ser posicionada ali. – continuou observando sua mãe fazer exatamente o que ela dizia.

A atmosfera parecia colaborar para que aquele momento acontecesse. Os ventos estavam serenos o que ajudava muito no deslocamento.

— Bem, agora posicione a flecha. – Merida tirou a escolhida da aljava e ajudou sua mãe.

— Parece que ela vai cair a qualquer momento! – exclamou Elinor um pouco nervosa, o que fez Merida rir.

— Precisa ter as mãos firmes mãe. – pediu se divertindo. – Não é hora de ser delicada. – sabia que aquilo era um pedido muito difícil para ela. – Ótimo agora respire fundo e tranque a respiração quando for atirar, ajuda para os braços não balançarem. – deu a dica.

Sua mãe tentou e fez exatamente o que lhe fora instruído, mas quando liberou a flecha ela foi tão longe que sumiu no horizonte recoberto pela imensidão de árvores. Elinor suspirou e olhou para Merida. Não restou outra atitude para ambas a não ser cair na gargalhada.

Riram tanto que as barrigas começaram a doer pelo esforço que faziam. Já era mais que previsto, mas foi ótimo ver sua mãe tentando atirar pela primeira vez.

— Óh, que desastre. – disse Elinor quando conseguiu recuperar um pouco o fôlego.

— Sem problemas, mãe. – respondeu Merida secando as lágrimas que ameaçavam escorrer pela lateral de seu rosto. – Até que se saiu muito bem.

— Ah, pare com isso! – Elinor abanou o ar com a mão. – Vou lá pegar e então tentaremos de novo. – fez menção de entrar na floresta quando Merida prontificou-se.

— Não, deixa que eu vou, mãe. – ofereceu-se de bom grado. – Fique aqui e vá escolhendo um próximo alvo, eu volto num estante. – pediu e dizendo isso saiu floresta adentro ainda com um sorriso nos lábios.

Os momentos que passava ao lado de Elinor eram os melhores no seu dia a dia. Agradecia todos os dias aos deuses por ter sua relação melhorada com ela. Distraiu-se pensando na careta engraçada dela quando a flecha voou para longe que acabou perdendo-se no caminho.

Olhou ao redor e conseguiu ver apenas pequenas brechas da luz do sol em meio a mata tão verde e densa. O silêncio florestal a rodeou e ela só pode escutar o farfalhar das folhas em completa sincronia com o resto do ecossistema. Olhou par o céu tentando achar uma margem de guia de para onde à flecha teria seguido. Foi então que escutou uma mistura de sussurros vindos de algum lugar. Virou-se e viu, depois de dois meses, uma luz mágica.

Merida estagnou no local. Sempre que as luzes mágicas apareciam, elas lhe guiavam para o seu destino. Não conseguiu controlar o impulso de segui-la e, tal como fizera tantas vezes antes, caminhou até o pequeno ponto bruxuleante azul no meio da floresta. Ao quase tocá-lo, ele apagou-se e então várias outras luzes apareceram para direcioná-la a um caminho a ser seguido.

Merida engoliu em seco e deu o próximo passo. Olhou para trás, onde sua mãe provavelmente estaria esperando por seu retorno. Os sussurros das luzes mágicas ficaram mais fortes parecendo chamá-la com urgência convidativa. Ela voltou a encará-las e respirou fundo.

— Preciso segui-las. – decidiu. Pé por pé foi trilhando passos conforme as luzes sumiam no espaço para aparecer mais a frente e abrir um novo caminho. À medida que avançava, a floresta ia ficando menos densa e mais rasa, o espaço entre as árvores ficava cada vez menor.

Quando a ultima luz desapareceu, Merida soube exatamente onde estava. Um local envolto por um círculo de pedras grandes e verticais, onde ela ia todo o segundo amanhecer de cada mês com a família.

— Por que as luzes mágicas me trariam aqui outra vez? – indagou-se pensativa. Contudo, não teve muito tempo para elaborar uma resposta coesa, pois no minuto seguinte algo deveras estranho aconteceu.

Do céu um ser exógeno voava em sua direção, calmo e certeiro. Merida automaticamente colocou a mão na cintura esperando encontrar a aljava costumeira que ali ficava, mas esquecera de que a havia deixado com sua mãe. Estava sem defesa alguma contra o que parecia ser um pássaro gigante que ia ao seu encontro. Ela deu vários passos para trás quando o ser intruso pousou ao chão.

Merida encarou-o. Parecia humano como ela, mas tinha asas muito coloridas e o corpo coberto com uma espécie de plumas florescentes. Era como um pássaro em seu contorno, mas tinha um rosto muito delicado, o mais delicado que Merida já pusera os olhos.

— Quem é você? – não perdeu tempo em perguntar.

O ser piscou várias vezes com grandes íris arroxeadas. Foi então que sorriu, exibindo belíssimos dentes brancos e alinhados. Era encantadora, Merida pensou.

— Merida Dunbroch, meu nome é Toothiana, mas sou conhecida como Fada do Dente. Você provavelmente não me conhece, pois essa crença é posterior a seu povo, mas graças ao Home m da Lua podemos nos comunicar. – então Merida percebeu que era mulher, mas não apenas pelo nome, como pela voz aveludada.

— Por que veio ao meu encontro? – quis saber a ruiva ainda desconfiada.

— Precisamos de sua ajuda. – a outra começou se aproximando um pouco mais. Merida queria recuar, mas não conseguiu, Fada não lhe passava medo algum. – Preciso que venha comigo para outra dimensão, para salvar as crianças de lá contra um terrível mal que assola nossa realidade.

— O que? – Merida fez um esforço para entender, porém não obteve sucesso. Aquilo não fazia sentido algum.

— Você tem um espírito forte, uma qualidade única que pode salvar-nos do perigo. Nosso mundo está sendo ameaçado por subdeuses.

— Subdeuses? – a partir dessa palavra que começou a entender. Conhecia a história muito bem, ouvia desde pequena, eram a personificação das falhas humanas, mas estavam sob controle enquanto os povos não se deixassem guiar pelas incerteza. Enquanto o Sol e a Lua estivessem lá para guardá-los. – Mas estão sob controle.

— Não mais. – Fada suspirou. – Em nossa realidade, os humanos estão cada vez mais afetados por pensamentos ruins e isso afeta as crianças. Eu sou uma guardiã escolhida pelo Homem da Lua para zelar pela paz entre elas, mas minha tarefa foi afetada com a ascensão dos subdeuses. O espírito Lunar acredita que você pode me ajudar. Por favor, Merida, preciso que venha comigo. – ela agora estava bem próxima da garota, que tentava absorver o máximo de informações que conseguia.

— Ir com você? Para o futuro? Deixar meu povo e minha família? – ela não conseguia acreditar. – Não posso, a Lua deve ter escolhido a pessoa errada! – virou-se e começou a retomar seu caminho de volta.

— Por favor, estou desesperada, você não sabe o quanto quero reparar essa situação indesejável. Quero mudar esse destino. – bastou isso ser dito para Merida travar seus pés. Aquela frase, aquela simples frase a atormentou dois meses atrás. Mudar o destino... Ela optou por mudá-lo de forma errada na época e depois teve a chance de consertar... Todos mereciam essa chance...

Merida voltou a fitar Fada que tinha os grandes olhos roxos um pouco marejados.

— Por favor. Você poderá voltar para casa quando tudo se resolver se assim o desejar, mas peço que não abandone essa causa. Fosse escolhida para esse novo destino. – completou a outra em súplica.

A ruiva refletiu mais um pouco. As luzes mágicas realmente não a trariam aqui em vão. Se não fosse realmente preciso e necessário. Ela já aprendera uma vez que não se podia brincar com o destino e não estava disposta a testar outra vez.

— Venha comigo até meu castelo. Preciso pegar meu arco e explicar tudo aos meus pais.

E agora sua decisão já estava feita. 


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