Guardiões e os Enigmas da Nova Era escrita por Minnie Colins


Capítulo 3
II: |Hiccup| O chamado de Banguela.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu vi que tenho ao menos uma pessoa acompanhando, então seja bem vindo(a)! Obrigada por dar uma chance a fic e quando se sentir a vontade em deixar um review, please, eu iria amar em saber o que está achando.
Enfim, espero que goste do capítulo!



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~ ☾ ~

Era uma noite calma em Berk. Depois de um longo dia colhendo suprimentos para enfrentar a chegada do inverno rigoroso na Noruega, a maioria dos habitantes da aldeia se acomodava perto de uma imensa fogueira feita em uma parte daquelas montanhas. A lua brilhava como nunca antes o que só atraía ainda mais os aldeões de Berk. Tudo estava em paz desde os tempos da Caça aos Dragões e das Guerras Antigas. Uma levara a outra, é claro. Todos os vikings sabiam disso. No início as disputas por territórios entre eles os clãs escoceses assolavam todo o século, até que os vikings decidiram dominar dragões para poderem vencer nas guerras contra a Escócia e logo tal caçado se tornou a prioridade, assim encerrando as Guerras Antigas por um tempo duvidoso.

Hiccup sabia disso, mas cedo ou mais tarde essa pauta iria surgir à tona, e agora, como líder de Berk no lugar de seu pai, ele teria de tomar as devidas posturas corretas. Mas não estava preocupado com isso, tampouco pensava nessa questão nesse exato minuto deitado um pouco mais afastado dos outros no limiar de uma grande decida montanhosa. O garoto encarava o céu buscando desvendar os mistérios por trás dele. Sentia que alguma coisa o chamava, parecia que aquela imensa escuridão adornada com o majestoso brilho lunar olhava para ele também buscando comunicar-se. Sempre se perguntara se sua vida se resumiria apenas a ser líder de Berk e explorar com Banguela, seu dragão, os arredores. Já passara por muita coisa desde então, mas parecia que ainda tinha muito mais a viver. Isso, no entanto, era uma grande besteira para Astrid, sua namorada. Para ela, Hiccup tinha de se dedicar totalmente a aldeia, como um verdadeiro líder supremo. “É o que seu pai gostaria que você fizesse” ela sempre dizia. Eles eram tão diferentes. Astrid era uma líder que ele jamais seria, embora tentasse. Ela era uma grande visionária com relação a Berk, tinha muitos planos de conquistas. Hiccup não era assim, havia mesmo puxado o lado explorador de sua mãe. Queria descobrir novos desafios e realidades, queria lutar por algo maior. Não que desmerecesse Berk, pelo contrário, amava a aldeia na qual nascera e fora criado. Tanta coisa vivera ali, conhecera Banguela por ali, mas queria que todos se lembrassem dele por algo especial.

Ele levantou-se e postou-se a observar o mar ao longe que também estava calmo.

— Me ajude, pai. – pediu profundamente. Sentia muita falta de Stoick e ao pensar nele seus olhos marejaram. Não pode ficar muito a pensar nele, pois no minuto seguinte Astrid se fez presente.

— O que está fazendo? – perguntou sentando ao seu lado. – Parece distante. – Notou ao vê-lo contemplar o nada.

— Pensando. – resumiu sem encará-la. – A noite está linda, não é?

— Demais. Nunca vi o céu tão limpo assim, sem nenhuma nuvem. – Astrid também ergueu o olhar para o grande cenário enegrecido lá em cima onde um mar de estrelas piscavam para eles em completa sincronia. – Está tentando adivinhar a forma que as estrelas tomam? – zombou ela no que Hiccup riu brevemente.

— Hoje não. – revelou. Ele gostava de fazer isso realmente, coisa que ela achava uma completa tolice, mas por ora, suas tentativas de adivinhar algo se baseavam apenas na Lua. – Estou focado nela. – apontou para a esfera brilhante.

— O que tem a Lua? – quis saber Astrid não vendo nada demais no satélite natural.

— Fico pensando se ela fosse mais do que aparenta ser. Um espírito ou um dos deuses que anseiam em se comunicar com nós. Pode parecer loucura, mas sinto que sou chamado por alguém. – sentiu-se um pouco envergonhado ao dizer aquilo, para ele mesmo não fazia sentido algum ainda mais para Astrid, a mulher mais cética que ele já havia conhecido.

Contudo, depois das maravilhas que descobrira ao conhecer o mundo dos dragões, Hiccup não duvidada de mais nada. Estava disposto a viver novas experiências, seja qual e como elas forem. Arrependeu-se de ter compartilhado isso com Astrid no minuto seguinte.

— Pelo amor de Odin, Hiccup. O que deu em você? – riu sem humor. – Não espera mesmo que eu leve essa conversa a sério, não é?

Ele a encarou um pouco perturbado.

— Desculpe se isso soa muito tolo para os seus ouvidos realistas demais. – não queria ter sido irônico, mas o que mais o chateava era Astrid não fazer nenhum esforço para compreendê-lo, ou tentar pelo menos, coisa que ele vivia fazendo quando ela falava sobre seus grandes planos de liderança para ele.

— Não é isso, Hiccup. – suspirou. – Eu apenas acho que você preocupa-se demais com coisas que não permeiam nossa realidade. Devia pensar na aldeia, em fazer alianças com os povos vikings vizinhos, continuar o legado de seu pai. – foi quando tocou no assunto de Stoick que Hiccup levantou-se incomodado.

Não queria ter de suportar essa imagem que Astrid estava querendo criar. Como se ele não ligasse para as coisas que Stoick fizera. Como se seu espírito aventureiro e almejante de mudanças fosse sua única e primordial prioridade.

— Você fala como se eu não me importasse com nada disso. – disse começando a caminhar para perto dos outros.

— Mas é o que parece. – ela correu ao seu encontro. – Eu vejo como não parece interessado nesses assuntos e como fica incomodado. Tipo agora que eu apenas comentei sobre e você já está aí todo mordido. – parou a sua frente fazendo-o lhe encarar.

— Você sabe que eu aprecio tudo o que meu pai tem feito. E não há ninguém no mundo que me inspire e me dê tanto orgulho quanto ele. – passou a mão nos cabelos tentando arranjar um modo de expressar tudo o que sentia. – Mas não consigo me ver continuando de onde ele parou. Com os mesmos hábitos e ideias, nada novo a acrescentar... Experiências novas... Eu sinto que preciso viver isso ainda Astrid. Sinto que tenho um propósito novo a cumprir.

A menina o encara com o semblante incrédulo, aquilo parecia ser uma afronta a tudo aquilo que ela compreendia como propósito a cumprir. Não conseguia entender porque divergiam tanto nesse quesito. Isso a decepcionou um pouco.

— Eu não... – mas ela jamais pôde terminar sua fala. Mais acima, onde ficava a casa de Hiccup, Banguela saiu tentando levantar voo, mas sem sucesso por causa de sua asa na cauda que faltava.

Astrid e Hiccup se sobressaltaram assim como os demais aldeões.

Hiccup foi ao encontro do Fúria da Noite que olhava diversas vezes para o horizonte. Ele estava agitado e fazia sinal indicativo a Hiccup para que subisse em seu torso e voassem.

— Banguela, calma amigo, o que houve? – tentava em vão deixá-lo relaxado, mais isso só fazia com que aumentasse a intensidade dos movimentos do dragão.

— Ele quer que você suba nele. – Astrid interveio também tentando decifrar as atitudes do dragão.

— Sei, tudo bem amigo, vamos ir aonde você quer. – e dizendo isso, Hiccup impulsionou o corpo para cima do animal e colocou-se em posição de partida. – Vem junto, pode ser algo importante. – pediu no que Astrid assobiou para Tempestade, sua dragão, para acompanhar Hiccup no que quer que fosse aquilo.

Ambos levantaram voo deixando os aldeões preocupados e comentando sobre o que tinha acontecido.

Durante o caminho, Hiccup apenas dava suporte com seu pé artificial que comandava a asa na cauda de Banguela, pois esse sabia exatamente para onde ia. Eles entraram na floresta sem enxergar muita coisa, o brilho lunar sendo a única iluminação do local. A todo instante Hiccup tentava entender todo aquele alvoroço do Fúria da Noite e quando Banguela pousou no mesmo lugar que Hiccup levava comida a ele, anos atrás, quando ainda estavam se conhecendo  foi que entendeu menos ainda.

O pequeno vão da floresta, onde um lago repousava solene, continuava intacto. Hiccup e Astrid desceram dos dragões, Tempestade aparentemente tão abismada quanto os outros três. Apenas Banguela sabia o que estava fazendo.

Ele caminhou em direção ao lago que refletia completamente a luz da Lua Cheia. O dragão olhou para cima e rugiu em resposta a algo. Foi quando uma deformação no ar mais a frente chamou a atenção de Hiccup e os outros. Parecia que o espaço estava deformando-se e abrindo um buraco branco. De fato era um buraco e de lá uma figura desconhecida saiu.

Um homem de longa barba branca e corpo grande surgiu usando uma vestimenta esquisita. Ele impulsionou o corpo para frente e pousou a poucos metros do lago. Hiccup deu um passo para trás e Astrid pegou seu machado a postos na cintura como defesa.

— Pelas barbas brancas que viagem longa! - o homem exclamou em uma língua que Hiccup não entendeu. – Ah, aí está você. – disse assim que avistou-o. Não deu tempo de pensar em mais nada pois no minuto seguinte Astrid já correra em direção à ele para atacar.

O homem pegou uma espada que carregava na cintura também e defendeu-se dos golpes dela por puro reflexo.

— Não, Astrid! – Hiccup prontificou-se para intervir naquilo. Ele queria muito ouvir o que o homem tinha a dizer. Com força, segurou os braços da loira que ficou sem entender.

— Hiccup! O que está fazendo? Me largue!

— Pare de atacá-lo! – disse em voz alta e então a menina se acalmou. A respiração de ambos permaneceu sôfrega por alguns instantes incluindo a do homem estrangeiro. Quando ela decidiu guardar o machado, foi quando North se pronunciou.

— Desculpe a aparição repentina. – começou colocando a espada na cintura também. – Eu vim em uma missão importante. – disse tudo aquilo agora em uma língua que Hiccup sabia ser o norueguês.

— Quem é você? – perguntou curioso e um pouco atordoado.

— Ah, é uma longa história meu jovem, gostariam de sentar? – ofereceu no que Hiccup e Astrid obedeceram um pouco desconfiados.

Então North explicou, tentando ser o mais claro o possível, o motivo de sua vinda e tudo o que estava acontecendo. Ele notou que Hiccup ouvia seus ditos com muita atenção embora parecesse cheio de dúvidas. Já Astrid lutava contra si mesma tentando interromper as maluquices que estava escutando. Algo como Homem da Lua, guardiões, futuro e crianças, nada disso fazia o menor sentido!

— E então foi por isso que seu dragão foi atraído para cá, por ser um Fúria da Noite, tem uma forte ligação com o Homem da Lua, o guardião de todas as noites. – North concluiu um pouco cansado depois de falar tanto. – Precisamos de você menino Hiccup.

— Isso é doentio! Hiccup, por Odin, não pode ir com ele! – Astrid proferiu indignada. – Você tem Berk, tem sua mãe e a mim, o que será de todos nós? O que será de você se for para o futuro sem saber se um dia irá voltar? – todas essas perguntas atormentavam a mente de Hiccup também, mas ele sentia que devia ir, por mais bizarro que fosse tudo aquilo.

Além do mais Banguela parecia disposto a viajar com o homem chamado North e Hiccup tinha de acompanhá-lo.

— Sinto em dizer Hiccup, que se caso não vieres comigo, o mal afetará o futuro e quem sabe coisas horríveis podem acontecer na realidade de vocês também. O equilíbrio está desfeito e precisamos concertá-lo. – avisou North.

Hiccup postou-se a pensar. Não tinha nada a perder. Precisava ver o que lhe aguardava, mesmo que isso decepcionasse Astrid. Do contrário, sabia que sua mãe iria entender.

— Astrid, essas coisas não aconteceram em vão. Banguela e eu estamos envolvidos nisso de algum jeito. Eu tenho de ir. – decidiu convicto, deixando-a horrorizada.

— Se tudo der certo você voltará para sua dimensão. – North lhe assegurou. – Não temos muito tempo.

Hiccup levantou-se e foi até Banguela que já o aguardava ansiosamente. Astrid o acompanhou com o olhar, um pouco atordoada. Estava lutando com todas as suas forças para entender os motivos de seu namorado. Ele montou no dragão e a encarou.

— Você vai, mas não pense que vou esperar por você. Você decidiu nos abandonar. – disse com amargura e seus olhos ficaram marejados.

Aquilo doeu em Hiccup. Aquilo o fez sentir-se egoísta por estar partindo nesse instante. Mas decidiu que se ficasse, jamais seria o líder, o filho e o namorado que devia ser. Sempre estaria incompleto e isso eles também não mereciam. Odiou-se naquele momento, mas tinha de cumprir seu destino com Banguela que também desejava partir em nome do Homem da Lua.

— Me desculpe, Astrid. – lamentou. – Avise minha mãe, por favor, é a última coisa que lhe peço.

Ela confirmou com a cabeça antes de dizer:

— Adeus. – e sem olhar para trás, correu até Tempestade e foi embora voando.

Hiccup esperava ter escolhido o certo e que de algum modo sua mãe e os outros entendessem sua partida. Ele esperava voltar, queria voltar, mas como um homem completo e não como uma metade inacabada que sempre aparentou ser. E, estava disposto a enfrentar seu novo destino para tal.


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Notas finais do capítulo

Eu quis expor aqui um pouquinho da relação Hicstrid que os filmes demonstraram. Sempre achei Astrid e Hiccup muito diferentes com relação ao modo de encarar o mundo, não sei se isso é bom ou ruim para o relacionamento, mas como aqui eu vou focar em Mericcup, foi preciso dar esse rumo a história e vocês irão saber o porquê.

Bem é isso, sorry por qualquer erro e até breve!



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