Estrela Branca - Antologia do Amor escrita por PatrickTulher


Capítulo 5
Parte V - Raízes




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Minha noite de sono deixou a desejar. A insônia me bateu; e já não posso contar os motivos, são tantos... Me vi entre muitos pensamentos, saturado destes sonhos sóbrios, amontoado como as vagas do mar entre as tempestades fortes. Ainda penso que tal atrito me aflorou o lado poeta.
  Agora já me vejo melhor. Creio que eu tenha me exaltado descomedidamente quando me vi esquecer do regalo. Entre minhas preocupações acerca disso, vagavam as memórias sobre aqueles momentos, tão belos e felizes.
     Bem vos apresento, por fim, uma reflexão sensata desta madrugada.
Temos nós sempre amores, e encantos, pelo qual suspiramos e devemos muito. Os comparo à flores, plântulas, raízes, que surgem por obra da naturalidade vital, e se desenvolvem ao passar dos tempos.
     É claro, que eu não me declaro certo de tudo. A vida, tão estranha e complexa, pode muito me surpreender ainda. Mas ao menos, sei bem quando uma dessas flores nos cresce dentro, e demonstra por fora. Tudo se torna fruto de contemplação e motivo de risos, nos sentimos quentes e sob banhos de carinhos. Uma pétala em busca de sol.
     Como de costume, nesse universo tão airoso e detentor dos equilíbrios, posicionamo-nos em conluio com a ideia de que todas as moedas hão de ter dois lados. O amor, o mesmo que nos afaga, alegra, enternece, pode também nos trazer efeito contrário. A tristeza, solidão, e a plena melancolia também são sintomas dos seres enamorados. Mas pense, que não são defeitos.
     A felicidade por fim, cresce quando o que há de triste desaparece. Andam de mãos dadas, as oposições, os polos e extremos. É belo andar pela floresta decídua durante um dia de sol escaldante, assim como é belo explorar os frios alvores das montanhas.
     Seja como for, ou como flor, posto à objeto de comparação; surge-nos os caules de algo novo, no ermo que antes vivia em nossas memórias de amor.    Ali, remonta-se os pecíolos, as folhagens, pedúnculos e pétalas, d'onde a vinha vem e amarra. As raízes enfim rijas hão de atingir a dor que antes sentíamos, e viver. Estamos apaixonados!
     Esta alma nova, as vezes, necessita de cuidados; irrigação, nutrição e luz constante. Essas costumam ser frágeis, e morrem com o tempo. Pois saibas bem, que esta que vive comigo não os precisa. É uma pérola dos amores que vivem por si só, e até, por via da interação que nos promove, nos abriga.
     Estes, porém, são os mais perigosos. Desatentam, abrandam, oculpam. Eu, que arrisco ter uma boa sensibilidade, consigo sentir no sofrer que me traz, certo viés reflexivo. Mas bem sei que não há nada melhor que senti-lo na forma original. Sabes que não gosto de escrever dessa forma? Tudo me parece tão sintético; e o amor não é assim. É mágico, doce e místico.
     Vejo as violetas. Todas flores, amores, paixões. Cuidarei de todas, durante o tempo que for. Um dia esse conjuntinho irá esmaecer, acastanhar, e só existirá dentro de nós, nas lembranças. Cuido então, que amores sejam assim..!
      Meu coração é floresta. Repleta de admirações e flores de todos os tipos. O que mais me encanta nesta viagem, é que descobri nela uma flor enorme, com raízes profundas e pétalas robustas, que invadem o sol de todas as outras. Já sabes de quem estou falando.
     Deixo de lado agora esses meus devaneios de insônia. Talvez amanhã eu os releia e já não façam mais sentido. Agora cuido de presentear aquela moça com este singelo colar, na esperança de que tal objeto possa guardar enquanto existir, a essência deste amor que sinto, talvez até meus póstumos fins.


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