I'm sorry escrita por Lyhshi


Capítulo 1
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Essa é uma fanfic também postada no spirit. O primeiro capítulo foi escrito em 2017, e não escrevi outro além deste. Agora, eu o reescrevi totalmente (e escrevi o segundo também). Dessa vez, não pretendo mais abandona-la.
Não se preocupem, não vai ser um bullying romantizado - o personagem vai mudar com alguns acontecimentos, e a relação ser construída aos poucos.

Eu peço, de verdade, criticas construtivas e correções em erros gramaticais. Sério. Isso não me ofende, nem um pouco.
Qualquer crítica é SEMPRE bem vinda. SEMPRE.



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ᨖ Asuna ᨖ

 

 

—Bzz... bzz... bzz... – O barulho do meu celular vibrando ao despertar quase ecoava em minha cabeça. Pego-o e deslizo o ícone para a direita, desativando o alarme. É 07:00.

Hora de levantar.

Tiro as cobertas – um grosso edredom rosa, com pequenas flores brancas e um lençol branco – que me cobriam. Ao me sentar na cama, coloco imediatamente meus pés em minha pantufa marrom com ursinhos.

Assim que levanto fico de frente para o grande armário branco a minha frente, afinal, ele é ao lado da minha cama.  Especificamente, ao lado esquerdo da minha cama de casal pois o lado direito fica encostado na parede, no lado contrário da porta que permite a entrada e saída deste cômodo.

“Que roupa devo ir hoje? ”.

Me espreguiço preguiçosamente após abrir a porta do armário.

Já sei, que tal o uniforme? — Penso, ironicamente. Não tenho opção. Só posso ir de uniforme e variar nas meias durante a semana.

Pego minha roupa diária e a coloco sob a cama, me dirigindo a grande janela coberta por grandes cortinas vinho – a qual estava localizada ao lado da cama, no espaço entre o guarda-roupa e a cama. A moldura da janela é branca, como as paredes, o chão e o abajur. Abro as cortinas, depois, abro a própria janela, sentindo a brisa gelada entrar.

Daqui, é possível avistar lá fora o pátio na frente da casa. O jardim verde, coberto por grama e, em alguns locais, algumas plantas bonitas que não sei nomear – quem gosta disso é meu pai, não eu. Se eu falar que esse pátio não é enorme, estou mentindo.  Grandes muros cercavam nosso terreno.

Talvez não tenha sido uma boa ideia abrir isso aqui antes de me vestir, mas eu gosto do ventinho gelado.

Como era inverno, a camisa social – sempre com um detalhe azul na gola, como um “x” um pouco inclinado para a direita - que colocava por baixo tinha as mangas compridas. A qual era coberta por um blazer azul escuro fechado por dois grandes botões dourados enfileirados, com um espaço entre eles. O casaco tinha as bordas brancas, assim como a listra que percorria suas mangas; o emblema da escola ficava em cima do meu seio no lado esquerdo, tanto na camisa quanto no blazer. A gravata é marsala. A saia – minha parte favorita – era do mesmo tom que o blazer e era um palmo acima do joelho, com três grandes botões dourados apenas para enfeitar. Pelo frio, coloco uma meia calça preta, cobrindo por inteiro minhas pernas.

O sapato era tão padrão quanto a roupa: um sapato militar marrom.

Não preciso me preocupar em tomar um banho antes de ir para a escola porque por um milagre, tomei noite passada.

 

 

...

07:15

 

 

Depois de ter utilizado o banheiro, escovado e prendido parte do cabelo com duas pequenas tranças, desci as escadas, e, no momento estou sentada na cozinha conversando com dona Maria – a nossa empregada, especificamente, a nossa cozinheira.

—Ela está ficando tão grande, você nem vai acreditar. – Ela dizia, animada, se referindo a própria filha.

—Ela já tem 10 anos?

Enquanto a vejo responder, bebo o café docinho preparado por ela na minha caneca com diversos corações em variados tons de rosa.

—Não, vai fazer mês que vem. – O seu sorriso orgulhoso mexe com meu coração.

—Avisa pra ela que depois dessa idade só piora. – Digo, fazendo-a dar uma risadinha e assim encerrando o assunto.

Maria era uma moça simples, mas muito especial: tinha um bom humor e uma dedicação que era só dela. Era branca, mas estava bronzeada do verão passado – não se enganem, não foi de ir à praia, meus pais a colocavam para fazer coisas além de sua função no jardim. Eu sempre odiei isso. Ela foi contratada para ser cozinheira, e não deveria ser algo além disso.

Por que não contratavam outra pessoa para estes serviços? Dinheiro não faltava.

Seu cabelo é pequeno, mas estava preso em um curto rabo de cavalo, era cacheado e castanho escuro, quase preto, mas a sua raiz branca crescendo a denunciava – eu sabia sobre seus cabelos grisalhos porque me despedia todos os dias dela quando esta ia embora e estava sem o uniforme, e sem a rede que cobria sua cabeça sempre. Tinha rugas por todo seu rosto, e bochechas um pouco grandes. Não era gorda e nem magra, vestia roupas velhas. Seu semblante era sempre cansado, mas sempre de boa com a vida.

Uma pessoa inspiradora, desde que nasci me espelho nela.

 

 

...

7:30

 

 

De café tomado e dentes escovados, pego minha mochila e me apresso para encontrar meu pai na sala de estar. Ele quem me leva a escola sempre, e me deixa uma quadra antes, quando nossos caminhos se separam – ele vai para o trabalho, eu, para a escola.

 

...

07:40

 

 

Já estamos saindo de casa, com ele na direção e eu sentada no banco da frente ao seu lado. Minha atenção está desviada para a janela, aonde vejo passarmos por um parque – o qual amo – com diversas árvores, com brinquedos para as crianças (não me orgulho de dizer que as vezes vou ali brincar). Depois, prédios, comércios, casas, carros, ônibus.

Que chatice.

—Então... – Meu pai buscava um assunto para quebrar o silêncio, me fazendo olhar para ele. Seu terno preto e sua gravata marinho o deixavam com um ar sério – como vai à escola? Como vão seus amigos?

Péssimo.

Enchem meu saco, fico excluída, não tenho ninguém.

Horrível.

—Vai tudo bem, minhas notas estão ok e acho que vou conseguir passar de boa esse trimestre. Meus amigos estão bem também. – Não gosto de mentir, mas pelo menos a primeira parte é verdade.

—Hm.. – Ele murmurou, coçando a sua barba levemente grisalha e voltando sua atenção à estrada.

Depois disso, só ouvi o barulho do motor do carro.

 

 

...

07:55

 

 

Sou deixada uma quadra antes da escola, como de costume. Se meu pai decidisse me deixar na frente, teria que fazer uma longa volta para poder chegar no seu trabalho.

—Cuidado e juízo! – Foi a única coisa que disse antes que eu saísse do carro. Respondi assentindo com a cabeça.

Com a mochila em minhas costas, fecho a porta e caminho para a escola – na direção oposta ao meu pai.  Ao lado esquerdo e direito é possível ver algumas casas de classe alta, e a frente está a escola, cercada por um pátio que parecia mais uma floresta. Havia bancos brancos para os alunos. O portão já estava aberto, pois agora, já era 08h.

Cinco minutos para caminhar uma quadra... estou sedentária ou distraída? 

Um pouco dos dois talvez.

Se atividade física em realidade virtual contasse, talvez eu fosse considerada uma atleta.

 

Alcançando, finalmente a entrada da escola, vejo diversos alunos entrando. Nenhum aparentava estar preocupado, pois o portão só fechava as 08h10.

Já dentro do pátio (ainda me pergunto se não é mais adequado chamar de floresta), algo a minha esquerda chama minha atenção – mais especificamente, um vulto marrom correndo desesperadamente.

 

—Aquilo é um cachorro? – Escuto um aluno comentar com outro ao meu lado.

—Acho que sim, e é bem grande. – Outro o respondia.

—O que tem de grande, tem de nojento. – Dessa vez, uma menina de cabelo castanho falava.

—Vocês conseguem imaginar quantas pulgas ele deve ter?

 

Quando se acalmou pude perceber que, sim, era um cachorro grande e peludo, mas magro. Tão magro que em suas patas era possível ver a marca de seus ossos.

Ele parou, sacudindo seu rabo tão peludo quanto ele e me olhando. Fofuxo.

Fico de joelhos, batendo em minhas próprias pernas, fazendo sinal para ele vir até mim – o que ele prontamente faz, correndo, desesperadamente. Com ele a minha frente, olho em seus olhos.

 

—Heterocromia... – Digo baixinho, falando com o animal. Um de seus olhos era castanho claro, e o outro, azul como o céu. Passo a mão em sua cabeça, fazendo carinho, enquanto ele me olha com seu rabo sacudindo loucamente – Bom garoto. Mas você não pode ficar aqui.

 

Como posso explicar isso? As pessoas aqui não são tão receptivas com animais de rua.... Se a escola o vê no seu pátio, provavelmente vai expulsa-lo e fazer algo para que nunca mais volte – seja dando um “sumiço”, ou o machucando. Um cachorro, com pulgas, carrapatos e desnutrido mancharia a reputação impecável da instituição.

 

—Quantos animais de rua em um lugar só... – Ouço uma voz atrás de mim, vindo de um grupo diferente de pessoas. Viro para olha-los, me olham com desprezo e deboche.

 

Por quê?

Não sei.

 

Reconheço os rostos, eram de minha turma e sempre tiravam sarro de mim. São cinco pessoas: três garotos e duas garotas. Uma das garotas está cochichando baixinho para outra algo que não consigo escutar, mas vejo pelo movimento de seus lábios:

 

—Duas cadelas na mesma escola. – O grupo todo ri, e passam por mim. Jurando que eu não ouvi.

 

Suspiro, chateada. Os olhos enchem de lagrimas, mas já estou acostumada, eu sou uma pessoa sensível, fazer o que?

Vou para o lado contrário a escola, guiando o cachorro até a saída. Como eu disse antes, ele não pode ficar aqui.

 

—Tchau, amiguinha. Espero ver você de novo. –Ela se senta do lado de fora. Viro as costas e sigo meu caminho, ainda pensando naquelas palavras.

O dia vai ser longo.

 

 

...

 

 

Geralmente eu sento próximo a janela, mas, dessa vez meu lugar estava ocupado. E todos próximos. O único disponível é um no final da sala, em frente ao garoto que mais odeio: Kirigaya Kazuto.

Suspiro.

Ninguém trocaria de lugar comigo, então me sento e pego meus materiais. O professor ainda não chegou.

 

 

...

 

 

Algo cutuca minhas costas atrás de mim, sei o que é – ou melhor, quem é – mas mesmo assim me viro para olhar. Kirigaya. Ele me entrega um bilhete, na verdade, uma folha de caderno arrancada.

Me virando para a frente, o abro.

 

...

 

Por quê?

 

Um desenho que claramente era eu, mal feito e rabiscado. Destacando todos os meus defeitos. Pernas magras demais. Jeito estranho. Voz esquisita. Não precisei acabar de ler, simplesmente rasguei no meio com todo ódio presente em mim.

 

Ódio.

Raiva.

Rancor.

 

Por que as pessoas não percebem o quanto coisas assim machucam alguém? Destroem alguém?

Kirigaya, eu te odeio como nunca odiei ninguém. É uma mistura de diversos sentimentos ruins.

 

Não estou prestando em mais nada a minha volta, nem ouvindo mais nada. Perdida em pensamentos.

 

A culpa disso tudo é sua, e é por isso que eu te odeio. Tudo começou com uma piada inocente sua, depois um apelido, depois bilhetes com palavras más. Se fosse só isso, era suportável. Mas não é só isso.

Nunca foi só isso.

Os outros viram como você me tratava, viram que eu ficava quieta, não reagia.

Os outros achavam engraçado.

Os outros pensaram que, já que você fazia e eu não reagia, estava tudo bem se eles fizessem o mesmo.

O mesmo, ou até pior.

Empurrões, xingamentos pesados, ser tratada com desprezo.

Como um animal.

Eu não posso aguentar isso calada para sempre.

Eu não vou.

 

Vejo o autor do bilhete passar ao meu lado, em direção a porta da sala. Por quê? Não faço ideia, não estava prestando atenção. Meu olhar se dirige a ele, e nossos olhos se encontram.

Acho que minha cara denuncia tudo o que estou sentindo, pois ele parou de caminhar e seus olhos arregalaram-se de leve.

 

Fico em pé, dominada por meus sentimentos. O professor está na porta, minha visão está embaçada. Eu estou chorando?

Eu preciso falar.

Eu preciso gritar.

 

Mas não o faço.


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Notas finais do capítulo

Novamente: Eu peço, de verdade, criticas construtivas e correções em erros gramaticais. Sério. Isso não me ofende, nem um pouco.
Qualquer crítica é SEMPRE bem vinda. SEMPRE.

Obrigada a você que leu o capítulo até o final - mesmo que não vá continuar a fanfic, ter lido inteiro significa que é pelo menos aceitável, né?
Eu estou me esforçando o máximo nessa fanfic e nas minhas futuras, eu estava meio enferrujada depois de mais de um ano sem pensar em escrever, então, tenham paciência, por favor ♥



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