Apenas Uma Mentira? escrita por Julie Kress


Capítulo 3
Coisas Sobre Você


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo de AUM!!!

Espero que gostem!!!

Boa leitura!!!



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6 de Fevereiro, Quarta-feira, 2019.

P.O.V Da Jade

Bati na porta, estava 5 minutos atrasada. Mas que diferença faz 5 míseros minutinhos de atraso? Para mim, nenhuma. Aguardei e bati de novo, com mais força. Meu vizinho demorou um pouco para abrir. Ele estava usando camiseta branca e bermuda jeans, seus cabelos medianos estavam úmidos.

— Bom dia. Pode entrar, fique à vontade. - Ele disse todo educado.

— Com licença. - Eu só era educada com quem era comigo.

Entrei em seu apartamento, eu não tinha reparado na noite anterior. A sala era toda mobiliada, com móveis escuros, quadros com retratos dele pendurados nas paredes cinzas. O que mais chamava atenção era a enorme TV de tela plana, uma daquelas de 50 polegadas.

— Não repara na bagunça, sabe como é casa de um homem solteiro... - Deu uma risadinha.

— Que bagunça? - Olhei ao meu redor.

Tudo estava arrumado. Arrumadinho até demais para o meu gosto.

— Você quer tomar ou comer alguma? - Perguntou sendo gentil.

— Não, obrigada. Já tomei café da manhã. - Recusei.

— Então, sente-se, a conversa vai ser longa. - Indicou o sofá cor de vinho.

Sentei, eu estava um pouco encabulada com aquilo. Por quê diabos alguém contrataria uma noiva de aluguel?

— Ontem, antes de dormir, fiz uma lista de coisas que você precisa saber sobre mim, será que você consegue decorar? Precisamos ser convincente, sabe. Minha família vai perguntar, principalmente a minha mãe. Vamos ter que fingir que somos noivos, e temos que fazer isso direito! - Apanhou uma folha de papel que estava sobre a mesinha de centro.

— Saquei! - Assenti. Ele me entregou a lista.

— Nossa! Você tem 26 anos! - Exclamei surpresa lendo sobre a idade dele.

— Algum problema? Sou velho demais para ser seu noivo? - Indagou, preocupado.

— Não! Nada disso... É que você tem carinha de 20. - Prendi o riso.

— Ah, menos mal. - Sorriu, relaxando. - Eu me cuido bastante. Saio para correr todos os dias, bebo bastante água, malho 3 vezes por semana e sou um pouco vaidoso, sabe? - Se gabou.

— Sei... Você sabe cozinhar? - Perguntei.

— Na verdade, eu como alimentos pré-cozidos, é só aquecer no microondas. E eu peço comida também. Você já provou o frango com molho agridoce do restaurante tailandês aqui perto? É uma delícia! - Afirmou.

— E ainda diz que se cuida bastante sendo que vive à base de comida por delivery e comida congelada... - Debochei.

— Mas a questão não é essa, vizinha. Agora prossiga, leia a lista com atenção. - Apontou para o papel em minhas mãos.

— Jade. Me chame de Jade. - Falei.

— Okay, Jade, volte a ler. - Fez um gesto.

— Gosta de música Pop, sabe tocar violão, se formou em Administração, tem alergia à gatos, bichos de pelúcia, castanhas, amendoim, blá, blá, blá... O quê? - Reli uma das coisas que tinha na longa lista. - Você é romântico? - Perguntei.

— Sou sim. Por quê? - Franziu o cenho.

— Duvido. - Não acreditei. - Me diz algo que já fez para alguma namorada. - O encarei.

— Já levei uma namorada minha para Roma, preparei um jantar super romântico à luz de velas, com música ao vivo e depois dei um lindo colar para ela, custou uma boa nota, e terminanos a noite fazendo amor no hotel 5 Estrelas, com pétalas perfumadas sobre a cama, foi uma noite e tanto.... - Contou.

— Uau! Você me convenceu de que é mesmo um cara romântico. - Falei, surpresa.

— É, meses depois peguei a vadia na cama com o meu irmão. - Disse com armagura.

— Não brinca! Ela te traiu com o seu irmão? - Fiquei incrédula.

— Traiu. Mulheres são safadas! Soquei a cara dele e desmascarei ela para a família dela... Todos achavam que ela era uma moça de respeito, sabia? Porra nenhuma! A cretina não presta, e o meu irmão é outro safado, aquele... - Gruniu sem terminar o que dizia.

— Eu também tive a cabeça 'enfeitada', peguei o filho da puta comendo uma prima minha no dia do meu aniversário. Dei uma surra nela e quebrei o braço direito dele, nem queira saber como... - Ri me recordando.

— Nossa! Você é durona! - Sorriu admirado.

— Sou mesmo. - Falei orgulhosa.

[...]

P.O.V Do Beck

— Já terminou de ler a lista? - Perguntei após alguns minutos em que ficamos em silêncio.

— Sim. - Jade dobrou a folha de papel. - Vou levar pra casa e decorar tudo. - Enfiou o papel dobrado no sutiã.

Ela era uma moça bem diferente, parecia uma adolescente com aquelas mechas vermelhas que faziam um belo contraste com suas madeixas negras. Os olhos azuis-esverdeados combinavam com a pele alva, não pude deixar de olhar para o seu busto avantajado...

"Sou homem, porra! Claro que vou admirar belos seios fartos de uma mulher muito bonita. Bonita e exótica... Jade tinha uma beleza única."

— Precisamos nos conhecer, você sabe algumas coisas sobre mim, agora me fale de você. - Pedi, observando-a.

Ela não era o tipo de falar muito, mas estava inquieta. Mexia no cabelo e torcia os dedos, seus olhos iam de um lado para o outro, ela estava olhando os meus quadros que decoravam a sala.

— Hum... Vejamos. - Mordeu o lábio inferior, pensativa. - Tenho 24 anos, meus pais são divorciados, tenho um irmão adolescente por parte de pai. Me formei em Publicidade, mas depois de um tempo, percebi que gostava de outra coisa, não é meu ramo, sabe? Pretendo cusar Jornalismo em breve, estou desempregada como você já sabe... Tive apenas 3 relacionamentos em toda a minha vida. Curto Rock, minha banda preferida é a Skillet. Eles são tão foda... Sei tocar guitarra. Me viro bem na cozinha. Sou mais caseira, prefiro ficar em casa lendo um bom livro de terror, também sou louca por filmes de suspense/terror. O meu filme preferido é A Tesourada... Prefiro cachorros, gatos são estranhos. Nunca viajei para fora do país, meu sonho é conhecer a Itália. Amo dias chuvosos. Gosto do escuro. Quando eu era criança, meu brinquedo era um martelo. Coleciono tesouras e amo comida japonesa. - Falou parecendo mais à vontade.

— Hum... Interessante. Você tem gosto peculiares. - Comentei. - Tem algum tipo de alergia? Pratica algum exercício? - Indaguei querendo saber um pouco mais sobre ela.

— Alergia? Não que eu saiba... Pratico sim. Corro três vezes por semana, passei meses sem me exercitar, mas agora estou voltando a correr. - Respondeu.

— Curte algum esporte? - Perguntei.

— Basquete. - Respondeu desviando o olhar.

— Eu amo Basquete, é o meu esporte favorito. - Falei.

— Que bom... - Disse sem empolgação alguma. - Já acabamos por aqui? Vou decorar essa lista e você já sabe um pouco sobre mim. - Ela se levantou já querendo ir embora.

— Não o bastante. - Aquilo era fato. - Podemos conversar mais. - Eu queria conhecê-la um pouco melhor.

— O que quer saber? - Voltou a sentar e cruzou os braços.

— Sua ficha é limpa, né? - Vai saber se ela era alguma criminosa.

— Fala sério! Eu tenho cara de bandida? - Arqueou a sobrancelha esquerda.

— Não, me desculpe, eu não queria ofend...

— Relaxa, cara! - Riu.

A risada dela era rouquinha e contagiante.

— Já fui parar no reformário quando eu tinha 16 anos... Ih, uma longa história, mas nada que envolva drogas ou algo do tipo, sabe? Me envolvi numa briga e também furtei numa locadora, roubar DVD's era para cumprir um desafio... Você sabe, adolescentes fazem merda. - Riu de novo.

— Sei muito bem, quando eu tinha 13 anos, meus amigos e eu costumávamos faltar aula, a gente gastava toda a nossa mesada com besteiras, e uma vez um dos meus amigos furtou um maço de cigarro, o dono da lojinha o pegou no flagra, ele não deixou a gente sair, ligou para os nossos pais e eu lembro até hoje dele nos xingando de marginais, quando cheguei em casa, levei uma surra do meu pai, ele usou o cinto e me deixou todo marcado. - Relembrei.

— Nossa! E tudo por culpa do seu amigo... - Ela gargalhou. - Também já levei uma surra daquelas, eu tinha 15 anos e fui para uma festa onde rolava bebida e tudo mais, quase perdi a virgindade naquele dia, alguém contou para a minha mãe sobre eu estar na festa, e ela foi lá me buscar, imagina o mico que paguei? Quando chegamos em casa, ela me deu um surra, eu não chorei, apesar de ter doído pra porra! - Contou me fazendo rir.

— Caramba! Imagino... - Comentei.

— Fui uma adolescente rebelde, do tipo bastante pirracenta, com 14 anos coloquei piercing no umbigo, fiz minha primeira tatuagem com 16 anos e dei muita dor de cabeça para os meus pais, e não me orgulho disso. - Desabafou.

— Tem quantas tatuagens? - Perguntei.

— Três. Essa borboleta na nuca... - Afastou o cabelo e se virou mostrando a bela borboleta de duas cores, azul e preto. - Tenho um Diamante negro aqui... - Indicou a tatuagem na região do busto, entre os seios. - E tatuei o nome da minha irmã... - Mostrou o nome no pulso direito. - Ela faleceu aos 10 anos, tinha Leucemia... - Seus olhos marejaram e ela fitou os pés.

— Meus pêsames. - Me comovi.

— Obrigada. - Ergueu o olhar.

Seus olhos estavam num tom cristalino.

— A Jamilly amava borboletas. As azuis eram as preferidas dela. - Sorriu, emocionada.

— Agora sei o significado da tatuagem na nuca. - Sorri achando aquilo lindo. - E o que significa o Diamante negro? - Perguntei.

— O Diamante representa o meu coração. - Disse levantando.

— O que quer dizer exatamente? - Eu ainda estava confuso.

— Você destruiria um Diamante com facilidade? - Indagou.

— Ouvi dizer que o Diamante é a pedra preciosa mais dura que existe, ela é bruta, quase inquebrável, mas quando é lapidada, se torna uma jóia bela e única. - Falei.

— Meu coração é como essa pedra preciosa, entenda como quiser. Preciso ir agora! - Ela estava com pressa.

— Deixe-me acompanhá-la até a porta. - Me ofereci.

Jade apenas assentiu.

— Quando vamos viajar para visitar a sua família? - Quis saber.

— Sexta-feira. Amanhã vou levá-la para dar uma repaginada no seu visual, sem ofensas, mas você parece uma daquelas adolescentes rebeldes sem causa. - Expliquei.

— O quê? - Ficou ofendida. - Sou uma mulher adulta. Tenho 24 anos. - Disse, irritada.

— Calma. Eu disse que vou pagar bem! - Avisei.

— Então, vai me levar ao salão de beleza e ao shopping? Tá, entendi. Tenho que está ao seu nível, bem apresentável, né? Mas escuta aqui, eu não vou ficar loira e nem vou usar saltos enormes, muito menos aqueles vestidos de madame. - Apontou o dedo na minha cara.

— Eu não quero uma patricinha de Beverly Hills como minha noiva. - Brinquei.

— Beleza! Eu escolho o que vou mudar em mim e as roupas. - Decretou.

— Sim, senhora! - Assenti.

— Senhora é sua... Ah, deixa pra lá. Ei, posso te fazer uma pergunta indiscreta? - Me encarou.

— Pode sim. - Sorri.

— Você é gay e não tem coragem de sair do armário, né? Aquela sua namorada te traiu e você mudou de time, é, isso acontece, compreendo, mas não se preocupe, eu não vou...

— Epa! Não! Não! Não! Eu não sou gay! Sou muito macho! - A interrompi.

— Ah.... - Ela ficou sem graça. - Foi mal aí, mas sei lá, foi o que eu pensei... - Disse, séria.

— Eu pareço ser gay? - Me senti ofendido.

— Até amanhã. - Se despediu e me deu as costas, indo embora.

— Ei! - A chamei, mas a morena nem olhou para trás.

"Caramba... Ela pensou que eu fosse gay. Que merda! Para ela, eu pareço ser gay..."


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Notas finais do capítulo

E aí??? Curtiram???

O que acharam do capítulo???

Comentem, nada de vácuo. Bjs



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