Sorriso Insano escrita por LoneGhost


Capítulo 14
Briga de loucos


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Olhem só, escrevi esse capítulo pelo celular, então não sei que tamanho ficou.
...
boa leitura :)



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Eu arregalei os olhos e corri para frente da casa. A porta estava encostada, então a abri com um chute, usando toda minha raiva. A porta se bateu com força na parede. Todos olharam para mim. Jeff riu insanamente.

 

—Veja só, Thomas!- olhou para ele, jogado em um canto do chão, sangrando- Sua Wendy idiota realmente sobreviveu.

Liu sorriu para mim.

—Você é durona. E por que está de cara feia?

Eu não sei como estava minha expressão, mas eu sentia muito ódio.

 

Olhei para a garota que estava ao lado de Thomas. Ela tinha, não apenas o cabelo, mas os olhos negros. Não a íris dos olhos, eles eram totalmente negros. Ela usava um vestido preto e luvas da mesma cor, e sua pele era branca como a de Jeff. Seria quem eu estava pensando? Ela também parecia machucada, mas parece que aproveitou o momento em que Jeff e Liu estavam virados para mim e se levantou muito rápido e esfaqueou as costas de Liu, que estava em sua frente. Ele inclinou o corpo para trás.

—Maldita.- falou e se virou com um soco no rosto dela.

Ambos começaram a lutar. Olhei para Jeff.

—Eu não te suporto.- falei indo em sua direção, com meu cutelo na mão.

Ele sorriu, também indo para perto de mim.

—Eu também não te suporto- falou.

Pulamos um em cima do outro e começamos a nos esmurrar. Eu peguei ele pelos cabelos e bati sua cabeça na parede. Em troca, ele me pegou pelos braços e deu um chute em minha barriga, me fazendo cair no chão. Eu cuspi sangue e minhas costas arderam. Ele começou a vir devagar em minha direção e pude olhar para Thomas. Ele estava muito pior do que eu, quase desmaiado, cheio de hematomas no corpo e sangrando. Mas minhas forças também já estavam se esgotando e eu não conseguia me levantar. Jeff se agachou perto de mim e colocou as duas mãos e minhas bochechas.

—Eu pensei que nós iríamos nos divertir mais.- falou com tom de voz triste, mas certamente, seu sorriso ainda estava ali.

—P-Por que v-você fez... Isso com ele?- perguntei com raiva e dor, tentando recuperar o fôlego.

—Por que você se importa com ele?- seu rosto expressou ódio- Por que não se importa um pouco comigo?!- gritou.

Ele levantou a faca, mas não deu tempo. Sua expressão tomou tom de dor. Em um raio de segundos, vi Thomas atrás dele com o machado em suas costas. Jeff deixou a faca cair.

—Porque valho muito mais que você.- Thomas disse baixo.

Jeff, ainda com a expressão de dor e o machado nas costas, virou a cabeça para ele.

—Você...- Jeff falou com a voz baixa.- vai pagar.

E caiu no chão com o machado fincado nas costas. Olhei para Thomas aterrorizada.

—Acabou...?- perguntei.

Ele não parecia acreditar no que havia feito. Não parava de olhar para Jeff, caído no chão, provavelmente morto.

—Não pode ter sido tão fácil.- Thomas disse.

—E não foi.- disse Liu atrás de Thomas.

Ele chegou na velocidade da luz ali. Nenhum de nós dois percebemos sua presença. Da mesma maneira que Thomas bateu o machado nas costas de Jeff, Liu enfiou um facão nas costas de Thomas, que atravessou seu corpo saiu por seu peito.

—NÃO!- eu gritei.

Me levantei o mais rápido que pude e Liu retirou o facão do corpo de Thomas, que caiu no chão. Eu tentava bater minha faca em Liu, sem sucesso. Eu era rápida, mas ele era mais, se desviando e recuando. Mas também começou a me atacar, fazendo movimentos inteligentes com o facão. Eu tentava me desviar de todos, mas falhava algumas vezes, recebendo alguns pequenos cortes. Ele certamente sabia lutar muito melhor do que eu. 

Mas eu não podia esperar que aquela garota me ajudasse como fez. Devagar, ela foi até Liu e bateu o cabo de uma faca grande na nuca de Liu e ele caiu no chão, desmaiado. Olhei para ela e ela me encarou com aquelas órbitas negras.

—Você é Jane?- perguntei.

Ela não respondeu e olhou para Thomas, caído no chão. Corri até ele e coloquei sua cabeça em meu colo. Ele ainda estava sangrando.

—Thomas... Thomas, acorde, por favor- dei pequenas batidas em seu rosto.

Ele não apresentava nenhum sinal de que acordaria. Senti meus olhos cheios de lágrimas.

—Thomas...- falei, balançando-o.

Eu fazia de tudo para acordá-lo, mas ele não reagia. Coloquei o dedo sob seu nariz e não senti sua respiração.

Comecei a chorar e minhas lágrimas pingaram no rosto dele. Ele estava morto e eu nem pude me despedir. Na verdade, eu não pude fazer nada. Ele tinha me acompanhado aquele tempo todo, me ajudava e eu não pude fazer nada para ele. E ele nem estaria comigo para se orgulhar de ter matado Jeff. Eu nem compartilharia esse sentimento de alegria com ele. Na verdade, acho que nunca mais me sentiria feliz de verdade.

 

A menina se aproximou e se ajoelhou do meu lado, olhando para Thomas.

—Ele era muito bonito.- ela disse.

Sua voz, apesar de parecer com a de uma menina normal, era rouca, como a de Jeff. Olhei para ela e percebi que era mesmo Jane The Killer. Seu cabelo batia quase na cintura. Sua boca possuía a cor preta e certamente não se mexia quando ela falava. Aquele não era o rosto de Jane, era literalmente uma máscara, e por trás dela, havia muito, muito sofrimento. De qualquer maneira, Jane também não era sã. Não agia com racionalidade e tudo que havia dentro dela... Ela ódio. Seu vestido estava rasgado e sujo e ela não cheirava muito bem. Seus braços estavam cheios de cicatrizes e suas luvas estavam desfiadas. Eu não sabia quantas pessoas ela tinha matado. Eu estava entre loucos. Eu estava ficando louca. E havia deixado mais alguém importante para mim ir embora.

—Por que isso está acontecendo?- perguntei entre as lágrimas.- Por que todos que eu amo estão morrendo?- solucei.

Ela olhou para mim.

—Você o amava?- ela perguntou.

Chorei mais ainda. Eu não conseguia parar de pensar que poderíamos ter ficado bem mais tempo juntos. Eu estava sozinha agora.

—Amor...- ela disse, olhando para Thomas.- eu sinto falta desse sentimento. Eu nunca mais vou poder amar.

—Eu também queria não poder amar.- olhei para ela.- Por que isso dói tanto?- perguntei com lágrimas pesadas percorrendo meu rosto.

Ela me analisou por um instante.

—Porque era real.- ela respondeu.

Olhei para ele e chorei por mais um tempo, passando a mão em seu cabelo.

—Eu também já amei alguém...- ela olhou para Jeff.

Olhei para ele também. Eu não acreditei no que ouvi.

—...mas ele se tornou o monstro mais desprezível que já conheci.- ela terminou.

Passado um tempo, Jane virou-se para mim.

—Posso fazer um favor por ter me ajudado.- ela disse.

Continuei olhando para Thomas. Eu não chorava mais, mas estava profundamente triste. Não olhei para ela.

—Eu só queria ele de volta.- falei.

Jane não podia fazer aquilo. Ela olhou para ele e colocou a mão sobre seu ferimento.

—Como quiser.- ela falou baixo.

Jane começou a falar palavras macabras, como Jeff fizera para nos teleportar de um lugar para o outro. Senti um calafrio em meu corpo e continuei segurando a cabeça de Thomas. Vi vultos aparecerem dentro do quarto enquanto a voz de Jane ficava cada vez mais alta, e eu não fazia ideia do que ela dizia. Parecia latim. Em volta do ferimento, surgia uma fumaça negra, que ia se espalhando pela sala toda. A voz de Jane ficava mais e mais rápida e eu sentia uma forte nagatividade naquela sala. Pelo canto do olho eu via mais e mais vultos e, de repente, tudo parou. Ela parou de falar, parei de sentir impacto sobre meu corpo, parei de ver vultos, a fumaça sumiu e ela tirou a mão do peito de Thomas, onde não havia mais nada. Nenhum machucado e nada de sangue. Respirei fundo e olhei para ele. Durou algum tempo até que ele abrisse a boca, desse um enorme suspiro e acordasse sentando-se rapidamente, assustado. Como se tivesse acordado de um pesadelo.

—Eu não acredito!- falei e o abracei.

Ele tremia e parecia não entender muito bem o que acontecia, mas me abraçou também. Eu ainda sentia meus olhos lacrimejarem. Ele estava ali, em meus braços, e eu não queria soltá-lo nunca mais.

—Vocês ficam bem juntos.- ouvi Jane falar atrás de mim.

Eu soltei Thomas e olhei para ela. Eu não consegui me segurar, a abracei também. Ela havia trazido Thomas de volta. Eu não sabia como agradecer. O mais surpreendente foi quando ela me abraçou de volta e ficamos um tempo ali, paradas. Mesmo que ela fosse uma assassina, sabia que era uma pessoa boa. Talvez, no fundo, Jane não fosse uma pessoa cruel, só estava muito sozinha. E isso era triste.

—Eu não sei como te agradecer.-falei, ainda abraçada.

—Essa sua forma de expressar afeto já foi suficiente.-ela disse mais calma.- Há anos não abraço alguém.

Eu a soltei.

—Como você fez isso?-perguntei apontando para Thomas.

—Jeff não é o único com "super-poderes"-ela respondeu fazendo aspas com os dedos.

Sorri para ela.

 

Algum tempo depois de conversar com ela e Thomas, ela disse que iria embora. Eu sabia que ela não mudaria de vida. Sabia que era uma assassina e que isso não seria diferente a partir daquele momento. Aquilo me entristeceu.

—Jane, mas e Jeff e Liu?-perguntei.

—Monstros não morrem.-ela respondeu.- Tenho que ir. Obrigada por tudo.

E foi em direção à porta. Mas antes de sair, se virou para nós.

—Mas não se esqueçam de uma coisa...- ela disse.- Dê sua confiança à um monstro e ele te dará a dele.

E simplesmente foi embora. Troquei olhares com Thomas sem entender muito bem.

Olhei para Liu, ainda desmaiado e Jeff, certamente morto.

—Thomas...- falei.- Vamos acabar logo com eles!

—Sim, claro.- ele respondeu.

Nos levantamos, e, eu fui na direção de Liu e Thomas foi na direção de Jeff. Liu estava caído de cara no chão. Eu o virei de barriga para cima e pude ver melhor seu rosto. Era mesmo costurado, como se ele fosse um boneco de pano, como se as linhas fossem a única coisa que mantessem sua pele presa, e assim como seu irmão, ele também tinha um sorriso permanente, costurado perfeitamente nos cantos de seus lábios. Peguei meu cutelo e o levantei, mas quando fui bater em seu coração, ele abriu aqueles olhos verdes horríveis e segurou minhas duas mãos com força e minha faca caiu no chão.

—Não hoje, monstrinho.- falou.

Tentei me mexer, mas ele foi muito rápido e me virou contra o chão, ficando em cima de mim. Os cortes em minhas costas latejaram. Ele prendeu minhas mãos contra o chão e colocou as pernas em cima das minhas, me paralisando.

—Wendy!- gritou Thomas, correndo para perto de mim.

Olhei para ele, mas quando estava chegando perto, Jeff, aquele demônio, conseguiu se levantar e o pegou pelos cabelos. Jeff tinha tirado o machado de suas costas, que agora estava no chão. Thomas se virou rápido e chutou sua barriga, mas Jeff não o largou e o jogou no chão, com força. Ele bateu a cabeça.

—Thomas!- gritei.

Liu colocou uma de suas mãos em minha boca.

—Quietinha.- falou.

Ele aproximou mais o rosto do meu e lambeu minha bochecha e isso me deu uma insana vontade de matá-lo.

—Não faça isso, idiota!- gritou Jeff.

Liu olhou para ele e sorriu.

—Você devia brincar mais com ela.

—Mas você não!- Jeff gritou.

Malditos...

Jeff levantou Thomas e o levou para fora.

—Liu, traga ela para cá também!- ele gritou.

Quando Liu saiu de cima de mim, eu tentei socá-lo para fugir, mas ele rapidamente jogou meu corpo contra a parede e segurou minhas mãos no alto. Predeu minhas pernas com as dele da mesma maneira que fez no chão. Ele aproximou sua boca da minha orelha.

—É melhor se comportar. Ou depois, vamos brincar de verdade.

Ele mordeu minha orelha e eu me arrepiei. Mas não tive uma sensação boa como deveria normalmente ter, na verdade, foi uma sensação horrível. Nojo, medo, agonia e raiva. E ele não mordeu minha orelha levemente, ele mordeu com força. Tirei minha cabeça bruscamente de perto dele e a encostei na parede.

—Jeff não vai gostar disso.- tentei intimidá-lo da pior maneira possível.

Ele sorriu.

—Não se preocupe. Ele não estará perto o tempo todo.

Ouvi a voz de Jeff vindo lá de fora.

—Liu, seu maldito! Se você estiver fazendo alguma coisa...

—Estou indo!- ele gritou.

Pegou meus braços e me levou para fora. Jeff estava parado do lado da entrada do quarto subterrâneo onde eu estava antes.

—Entra aí.- ele me disse.

Olhei de cara feia para ele. Tirei com força meus braços das mãos de Liu e pulei lá dentro. Thomas também estava lá, de pé, perto da escada e olhou para mim quando entrei.

Virei minha cabeça para cima e vi os dois psicopatas. Jeff estava com uma chave na mão.

—Quando eu voltar, vocês aprenderão a ser assassinos de verdade.

E fechou a tampa. Tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por vir até aqui :)
Nos vemos no próximo capítulo!



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