Sorriso Insano escrita por LoneGhost


Capítulo 13
Pesadelos reais


Notas iniciais do capítulo

boa leitura.



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Entre tiros e facadas, levei um tiro de raspão no meu braço. Acho que foi a pior dor que já senti. Vi Jeff correndo para a saída esfaqueando algumas pessoas, e Thomas ia atrás dele fazendo o mesmo. Eu definitivamente não sabia o que podia fazer... e minhas forças estavam se acabando. Então coloquei meu capuz, cortei o pescoço do homem que lutava comigo e me escondi no mar de pessoas eufóricas que estavam naquele hospital, fingindo ser uma delas. Algumas pessoas corriam atrás de mim, tentando me alcançar, mas fiz o máximo que pude para me livrar. Eu havia me perdido de Jeff e Thomas e não via Liu em nenhum lugar, então aproveitei para ir para mais longe.

 Desci correndo vários degraus até chegar ao térreo, e de lá, disparei em direção à porta de saída. Bem na hora que chegava perto da porta, ouvi o alarme de incêndio e senti cheiro de fumaça. Arregalei meus olhos, mas não me virei para trás para ter certeza que aquele hospital estava pegando fogo, apenas fui para fora. Alguns policiais que guardavam a porta gritaram para mim, mas não dei ouvidos. Não sei se eles estavam preocupados com o fato de uma menor de idade estar fugindo do hospital ou se perceberam que eu era um dos monstros que tinha começado aquilo, mas seja lá o que for, eu consegui correr e virar em uma esquina, bem longe do hospital. 

A rua era bem isolada e parecia sem saída. Alguns moradores das poucas casas corriam para fora para ver o que acontecia. Fiquei longe deles paras evitar perguntas e corri para o fundo da rua. Ela não era sem saída, mas em seu fim, havia muitas árvores. Percebi que estava em uma cidade do interior, cercada por uma densa floresta onde era desprovida construções.

 Eu corri para lá, não muito profundamente, mas fiquei em um lugar considerável, onde sabia que as pessoas não me veriam. Já era tarde e estava frio. As nuvens estavam carregadas, como se fosse chover. Joguei minha mochila no chão, com raiva e coloquei as mãos na cabeça. Soltei um grito.

—O que eu vou fazer... o que eu vou fazer?!- me perguntava fechando minha mão e puxando meus próprios cabelos.

Olhei para o chão tentando refletir sobre tudo que aconteceu, mas senti que estava sendo observada. Olhei para trás e não consegui ver nada, mas foquei meu olhar para mais longe, entre as árvores. Senti minhas pupilas ficando menores, e isso foi por conta do que eu vi. Aquele foi o primeiro monstro do qual eu já tinha ouvido falar, e foi meu primeiro pesadelo. Quando eu era criança, tinha medo de deixar a porta do quarto aberta, com medo dele entrar, mas também não queria deixá-la fechada, com medo de tê-lo deixado dentro do meu quarto. Todos os dias eu tentava me convencer de que ele não existia, mas naquela hora, eu perdi minha cabeça. Rake estava olhando para mim com aquelas órbitas vazias e negras. Ele estava grudado em uma árvore como se estivesse a escalando, mas estava simplesmente parado, com o olhar colado em mim. Ele me dava mais medo que Jeff, Liu e Slenderman juntos. Fiquei parada, só o encarando enquanto ele fazia ao mesmo, e literalmente, em um piscar de meus olhos, ele sumiu.

—Meu Deus...- minha voz falhou.

Eu não conseguia me mexer, só movia os meus olhos tentando encontrá-lo, até que consegui focar minha visão em uma árvore mais próxima. Ele estava exatamente na mesma posição, olhando para mim. Eu não sabia o que devia fazer, meu cérebro parecia ter desligado. Comecei a levantar minha mão direita lentamente, ainda com os olhos fixos no monstro. Coloquei-a sobre o machucado do tiro, no braço esquerdo, e dei um murro em cima. Fiz isso para me acordar. A dor foi tamanha, que finalmente consegui reagir, dei um grito e olhei para meu braço, mas quando fiz isso, vi com o canto do olho Rake descendo da árvore e correndo rapidamente em minha direção. Olhei para ele e este já estava em minha frente, e foi quando eu consegui correr pra dentro da floresta. Minhas pernas já estavam enfraquecidas, mas o fiz mesmo assim, um pouco lento e cambaleando. Eu ouvia o barulho dos galhos e folhas sendo pisoteados atrás de mim e enquanto ele corria, rugia de uma forma horrível. Eu não aguentava mais correr, então parei e caí de joelhos no chão. Fechei os meus olhos esperando que ele me matasse, e foi aí que senti um dor terrível em minhas costas. Eu sabia que ele tinha me arranhado com aquelas garras enormes. Eu gritei e meus olhos lacrimejaram de dor. Minha visão ficou embaçada. Caí e apoiei meus braços no chão, chorando. Eu senti sangue escorrer pela minha boca. Minhas costas ardiam fortemente e ficaram molhadas, mas naquela hora, eu não havia percebido que Rake não estava mais ali. Apenas algum momento depois, me virei, ainda sentada e vi que não tinha mais nada atrás de mim. Tentei me levantar, mas gemi de dor e caí no chão. Minhas costas estavam ardendo muito.

—Por que você não me matou?!- gritei- Por que?!

Comecei a chorar de dor. Coloquei uma mão por debaixo do moletom e senti um fino porém profundo corte em minhas costas e senti mais dor. Tirei minha mão do machucado e ela estava molhada de sangue. Meu moletom estava rasgado e me encostei em uma árvore. Eu estava exausta, com medo, com fome, com sede, com dor e triste. Eu queria morrer. Encostei minha cabeça na árvore e chorei até adormecer.

...

 Quando abri os meus olhos, eu não estava no mesmo lugar. Na verdade, eu não consegui identificar muito bem onde eu estava, já que estava tudo tão escuro. Quando meus olhos se adaptaram à escuridão, eu percebi que estava em algum tipo de sala. Mas havia algo de errado... o teto era extremamente baixo, mesmo que eu pudesse me levantar normalmente, ainda não seria um tamanho de teto normal. Alguém com claustrofobia morreria naquele local. Me dei conta de que estava deitada no chão, com minha cabeça apoiada em uma almofada. Me sentei no chão e percebi que o teto parecia ser alguns centímetros mais alto que minha cabeça caso eu me levantasse. Senti uma leve ardência em minhas costas e passei a mão nela, sentindo cortes, e me lembrei de tudo que aconteceu. Eu senti o desespero percorrendo meu corpo e olhei ao redor. Aquele local era muito pequeno e quase vazio. Parecia uma sala pequena com um teto baixo, com algumas latas e facas jogadas no canto. Meu estômago roncou. Eu olhei para frente e vi a única fonte de luz que consegui. Percebi que havia uma pequena escada grudada na parede, que se direcionava para cima, onde parecia ser a saída e entrada de onde eu estava, um lugar subterrâneo. O corte não doía mais tanto, então eu me levantei e andei até a escada. Empurrei para cima o que parecia ser a tampa que fechava aquela saída e ela se levantou, então pude ver o lado de fora.

 Estava escurecendo e, definitivamente não era o mesmo local onde estava antes. Saí de lá e não havia mais árvores ao meu redor, mas vi o que pareceu ser uma casa de campo, e ela aparentava estar vazia. Olhei para frente e muito longe de mim, vi uma estrada onde passavam alguns poucos carros. Eu estava mesmo em um campo, mas não via ninguém. Eu me dei conta de que tinha perdido minha mochila quando coloquei a mão em meu bolso e senti meu cutelo. Meus outros pertences foram perdidos naquela floresta, a foto com minha família, as coisas de meus pais, tudo... eu me sentiria triste se não estivesse com tanta curiosidade e medo ao mesmo tempo, querendo saber onde eu estava. A casa parecia ser simples, mas me aproximei de uma das janelas e olhei para dentro. As luzes estavam acesas e a visão que tive foi de Thomas e uma menina de cabelos pretos sendo estrangulados. Por Jeff e Liu.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por chegar até aqui :)
Garanto que nos veremos no próximo capítulo.



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