Les Crimes de Grindelwald escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

ANTES DE QUALQUER COISA... Fui ver Crimes de Grindelwald e sai bem frustrado com o filme. No dia seguinte, rascunhei um roteiro de como eu achava que a história devia seguir pra /pelo menos/ não ser tão frenética quanto pareceu pra mim vendo pela primeira vez. No mesmo dia, comecei a escrever essa fic. Tem coisa nela que é igual ao filme, mas que eu escrevi focando apenas no POV do Newt, e tem coisa que está totalmente diferente do filme. São mudanças que eu queria fazer pra ver como ficavam, pra ver se dava pra melhorar (ao meu ver) a experiência de ver a história que, pra mim, ficou apressada demais e perdida demais no meio de tanta coisa acontecendo em um filme com uma edição frenética.

Também foi o meu jeito de finalmente participar do NaNoWriMo. Não consegui vencer o desafio (fechei 50.000 palavras dois dias depois do 30/11), mas valeu a pena, porque vi como funcionava só sentar e escrever loucamente e depois editar. Então, essa fic foi escrita entre 14 e 30 de novembro.

Espero que gostem. Como sempre, comentários são um incentivo a mais, mesmo que essa fic já esteja terminada e só esperando para ser postada.



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O homem dentro da cela era quase um fantasma. Pálido e com os cabelos desgrenhados, quase totalmente escondido pelas sombras, Gellert Grindelwald estava bem diferente da foto anexada ao seu registro no Ministério austríaco. Apesar da aparência horrível e exausta, os olhos continuavam os mesmos: um castanho, que transparecia serenidade, e outro pálido, arregalado e frio. Rudolph Spielman sentiu um arrepio ao ver aqueles olhos desviarem do rosto da Presidente Picquery e se fixarem em si, mas manteve-se sério e o encarou de volta. Grindelwald não piscou. Aos seus pés, um lagarto andava languidamente, volte e meia esticando a língua para fora da boca a fim de apanhar uma mosca que se arriscava a chegar mais perto.

 

“Tivemos que trocar os guardas várias vezes,” disse Seraphina. “Ele entrava na cabeça de todos que ficavam aqui. Falava demais, por isso tiramos a língua dele.”

 

Spielman arqueou uma sobrancelha, virando para olhar a bruxa ao seu lado. O semblante severo de Picquery tentava esconder o cansaço decorrente de passar meses com um bruxo como Grindelwald sob custódia. Ele havia lido os relatórios, havia visto a longa lista de feitiços usados para isolar o bruxo e a lista ainda mais longa de funcionários dispensados por conta da influência do prisioneiro.

 

“Fez um bom trabalho, madame,” ele falou, dando as costas para a cela. “Logo ele estará na Europa outra vez, onde vai responder pelos seus crimes.”

 

O homem viu os ombros da bruxa relaxarem por uma fração de segundos, antes desta se aprumar outra vez e o guiar ao longo do corredor. Com um aceno de mão, os aurores a postos se aproximaram. Picquery manteve-se em silêncio durante a caminhada até o porto, onde a carruagem os esperava. Atrás deles era possível ouvir os detentos, que berravam o nome de Grindelwald, assoviavam e batiam nas grades de suas celas. O barulho era infernal e Madame Picquery devia estar ansiosa para acabar com aquela bagunça.

 

“A varinha dele,” disse Seraphina enquanto esperavam o prisioneiro chegar. O cocheiro terminava de selar os testrálios, que estavam mais agitados do que o normal. “A encontramos escondida entre as suas coisas.” A mulher olhou em volta e acenou para alguém atrás dele. “Abernathy... Onde está?”

 

Um homenzinho se aproximou, inquieto sob o olhar da presidente. Com dedos agitados, ele vasculhou pelo bolso interno do casaco e tirou dali uma corrente prateada. Pendurado na ponta da corrente, havia o que parecia ser um medalhão estranho e delicado, com uma pedra de cor de madrepérola no centro. Spielman apanhou o objeto, passando o dedo pela joia ali incrustrada.

 

“Como anda o pobre coitado que serviu como disfarce dele?” Rudolph perguntou, olhando rapidamente para trás ao ouvir os passos rápidos dos bruxos que traziam Grindelwald suspenso no ar. O lagarto bizarro, que Picquery havia dito ser um chupa-cabra, flutuava ao seu lado.

 

“Se recuperando.” Seraphina respirou fundo e acenou outra vez com a mão, fazendo o homenzinho, Abernathy, se afastar. “Grindelwald precisava dele vivo para que a poção funcionasse, mas não podia deixar que ele ficasse forte demais a ponto de tentar escapar. Percival é um exímio duelista, ele não deixaria Grindelwald se safar com facilidade.”

 

‘Ainda assim, foi pego por ele,’ Spielman pensou, mas preferiu não expressar em voz alta. Entre outras coisas, os relatórios de Picquery também relatavam o estado deplorável em que o chefe da Segurança Interna, Percival Graves, havia sido encontrado, trancafiado atrás de milhares de feitiços e encantamentos dentro de seu próprio porão. O homem havia enlouquecido (apesar de não ser essa a exata palavra usada nos relatórios) e agora tentava atacar todo mundo que se aproximasse portando uma varinha.

 

“Madame Presidente?” um dos aurores chamou. “Está tudo pronto.”

 

“Bom,” Pickery murmurou, esticando uma mão para ele. “Boa viagem, Sr. Spielman. E boa sorte.”

 

“Obrigado, madame.” O bruxo apertou a mão da mulher. “Entraremos em contato assim que aterrissarmos.”

 

Spielman foi até a carruagem e pulou para dentro desta, seguido por dois aurores. Lá dentro, Grindelwald esperava em silêncio, com os olhos atentos presos nele. A porta foi fechada e os estalos das trancas ecoaram pela cabine. Lá fora, o chicote dos cocheiros estalou e a carruagem sacudiu, logo antes de mergulhar no ar, fazendo com que Rudolph fechasse os olhos por alguns segundos, sentindo o estômago parecer sumir de dentro de si.

 

“Muito bem,” ele sussurrou, abrindo os olhos e encontrando Grindelwald o encarando. O bruxo não conseguiu impedir-se de sorrir. Finalmente estavam com Gellert Grindelwald em em suas mãos.

 

Do lado de fora, um trovão estourou no ar e os pingos de chuva começaram a bater na carruagem com força. Ainda sorrindo, Spielman abriu a mão que segurava o penduricalho entregue por Picquery. Ele o observou com cuidado e franziu o cenho, notando que a pedra no centro não era uma pedra, mas sim vidro, e a coloração madrepérola era um líquido contido ali dentro. Quando ergueu o olhar outra vez, Grindelwald olhava o pingente com as sobrancelhas franzidas.

 

“Sem língua afiada agora, não é mesmo?” Rudolph riu, jogando a corrente para o alto e a apanhando no ar.

 

A carruagem chacoalhou e um grito foi abafado pela tempestade. Na sua frente, Grindelwald abaixou a cabeça e seu corpo todo sacudiu em espasmos. Os aurores puxaram as suas varinhas e logo elas estavam apontadas para o prisioneiro, que continuava se contorcendo e gemendo. Spielman sentiu o estômago sumir de dentro de si de novo e dessa vez não foi por conta de um mergulho no ar.

 

Os cabelos pálidos de Gellert Grindelwald estavam escurecendo, das raízes para as pontas, e encurtando. O homem parecia encolher dentro das roupas puídas, que agora ficavam folgadas em seu corpo franzino. Quando ele ergueu o rosto, suas feições ainda se distorciam e se realinhavam: os olhos agora eram escuros, a boca pequena e o rosto sem nenhuma característica marcante como o do bruxo que antes havia estado na sua frente.  E agora, aqueles olhinhos estavam fixos na janela atrás deles. Spielman se virou e deixou escapar um barulho estrangulado ao ver o rosto pálido de Grindelwald o encarando lá fora.

 

O homenzinho se jogou contra eles. Ainda com os pulsos presos por magia, ele usou o corpo para empurrar os aurores para lá e para cá, enquanto as varinhas destes escapavam de suas mãos por meio de alguma magia silenciosa. O lagarto feioso que servia como guarda do prisioneiro se soltou da sua corrente e pulou no auror a sua direita, mordendo-o na perna e fazendo com que ele berrasse de dor. O interior da cabine virou um caos de gritos e empurrões, intensificados pelos movimentos bruscos da carruagem, jogando-os de um lado para o outro.

 

Quando Spielman conseguiu se livrar do homem que o atacava, empurrando-o para cima do auror machucado, se abaixou para tentar apanhar a varinha que havia sido jogada para longe de si, mas tudo o que sua mão encontrou foi água. A cabine estava se enchendo de água rapidamente. Um dos aurores havia percebido e agora batia na porta com os punhos fechados. Em poucos minutos, eles estavam submersos.

 

As coisas desaceleraram de uma forma quase cômica. Um auror continuava esmurrando a porta enquanto o outro apertava a própria perna que havia sido mordida pelo lagarto. O usurpador parecia muito calmo, chutando a parede para se impulsionar na direção do penduricalho brilhante de Grindelwald, que agora flutuava no meio da cabine. Ele agarrou a corrente com a boca e Spielman esticou o braço para tentar empurrá-lo para longe, sendo impedido pelo chupa-cabra que flutuou para perto de si e decidiu se agarrar ao seu pescoço.

 

Quando a porta se abriu, o auror que estava até então batendo nesta para sair foi o primeiro a escorregar para fora, se perdendo no meio da tempestade. O bruxo machucado ao seu lado soltou um grunhido desesperado e tentou se agarrar ao assento, mas foi puxado para fora por magia. Então ele entrou. Geller Grindelwald não parecia um prisioneiro, mas sim o próprio Ministro da Magia, com o queixo erguido e o olhar forte. Ele olhou o homenzinho, que agora estava estirado no banco, e sorriu, esticando a mão para apanhar a corrente da boca deste e a prender no casaco sujo e gasto.

 

“Komm her,” disse Grindelwald, esticando-se para apanhar o chupa-cabra, que parecia atordoado e soltara o seu pescoço por um segundo. O bichinho se contorceu, antes de relaxar quando o homem o acariciou com delicadeza. “Sehr gut, Antônio.”

 

Spielman observou, assustado, enquanto o bruxo agradava o animal. Gellert notou a atenção e apenas sorriu, antes de encolher os ombros e jogar o bicho para fora da porta. Rudolph se apertou contra a parede quando o homem se debruçou sobre ele, passando um braço por trás do seu ombro e o levantando. A mão de Grindelwald era firme e o gesto era quase como um abraço, mas logo ele estava pendurado para fora da cabine, com o vento sacudindo as suas vestes e os pingos de chuva batendo em seu rosto com tanta força que chegavam a machucar.

 

O bruxo apenas sorriu outra vez, erguendo uma mão e mostrando a varinha de Spielman. Ele soltou o objeto e, logo depois, Rudolph estava caindo. Ele nem teve tempo de gritar, estando preocupado demais em procurar a varinha no ar. Caiu e caiu e caiu, até finalmente sentir os dedos se fecharem ao redor do cabo de madeira.

 

Foi tempo suficiente para um aceno de mão e um feitiço quase estrangulado. Seu corpo desacelerou até parar, um metro acima das águas revoltas da baía, logo antes de despencar no mar gelado. O homem chutou e sacudiu os braços para se manter acima da superfície, vendo, ao longe, o brilho da Estátua da Liberdade. Quando virou o rosto, viu, de relance, a carruagem sumindo por entre as nuvens.

 

Madame Picquery nunca mais o deixaria em paz e ele, com certeza, iria perder o seu cargo como Diretor de Encarceramento.

 


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Notas finais do capítulo

Por favor, se alguém fala alemão melhor que eu (a grande maioria das pessoas), não me matem por um eventual alemão escrito errado.



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