Especial escrita por Iara


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, esta história é basicamente uma formalização da pergunta: E se a Hermione quisesse usar a inteligência dela pra coisas maiores do que as aulas normais?
O foco é principalmente em como ela seria se fosse educada como uma menina puro-sangue.
Espero que gostem!



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Hermione sempre soube que ela era diferente... especial. Tinha ficado claro desde que ela era uma menina pequena que ela era muito superior às outras crianças de sua idade. Sempre a excluída dos grupos de brincadeiras, Hermione passava a maior parte do dia sentada na biblioteca da escola enquanto seus colegas se contentavam em ficar sujos de areia do parquinho.

Conforme crescia, seus pais também perceberam que sua única filha tinha interesses que não condiziam com a sua idade. Para a felicidade da criança, seus pais sempre apoiaram psicologicamente e monetariamente os desejos dela. Hermione não achava que era uma criança mimada, mas reconhecia que era muito mais privilegiada que muitas pessoas. Ela tinha uma vida muito confortável vivendo em uma casa muito maior que uma família de três pessoas realmente precisavam, estudando no melhor colégio e viajando pelo menos uma vez por ano.

Reconhecendo que seus pais lhe permitiam realizar algumas vontades, ela deu o braço a torcer e aceitou as aulas de balé e piano que sua mãe insistia que ela fizesse, bem como a aula de artes marciais que seu pai a matriculou. Hermione aprendeu desde cedo que o dia tinha vinte e quatro horas e que elas podiam ser aproveitadas ao máximo, passando o dia tendo aula na escola, as aulas de dança, luta e uma vez por semana a de piano. Ainda assim, surpreendentemente, havia tempo para jantar e aproveitar o resto da noite em família.

Hermione adorava seus pais, mas sabia que às vezes eles ficavam preocupados pela falta de amigos da menina. Por isso, sua pessoa favorita era sua avó paterna. Cressida Granger era uma mulher orgulhosa e que prezava pela reputação da família mais do que tudo. A mulher francesa era muito cuidadosa com sua aparência e com quem se associava. Quando ia passar as férias na casa de sua avó, Hermione sempre tinha que deixar os tênis surrados e jeans para trás e se lembrar de pentear o cabelo. A matrona nunca iria permitir que sua neta usasse tais roupas indignas.

Foi com ela que Hermione aprendeu o francês perfeitamente, como se fosse sua primeira língua, também foi sua vó que lhe ensinou a andar corretamente e a cumprimentar os mais velhos com tal educação que fazia os amigos dela sorrirem em aprovação. Durante o período que ficava na casa de Cressida, Hermione se permitia agir como uma pequena princesa.

A outra coisa que Hermione amava sobre sua avó é que ela sabia como Hermione gostava de ser tratada. A mulher não tentava fazer com que Hermione se juntasse com as outras crianças para correr por aí de forma sem sentido, pelo contrário, Cressida enrugava o nariz sempre que via uma criança gritando descontroladamente. Ela entendia que sua neta era preciosa, que um dia ela seria grande e incrível.

Foi por tudo isso que, quando uma mulher estranha, chamada Minerva McGonnagal apareceu em sua porta alegando que Hermione era uma bruxa, a menina não conseguia deixar de pensar: Eu sempre soube!

***

Hermione e seus pais, Anastasia e Maxime Granger, estavam tomando o chá da tarde quando a campanhia soou pela casa. A menina mal tirou os olhos do pedaço de croissant que estava comendo, pois sabia que Gisele, a governanta, iria abrir a porta e anunciar quem quer que fosse o visitante inesperado. Tomar chá da tarde aos sábados era claramente uma das poucas coisas inglesas que sua mãe conseguiu incutir no francês Maxime. Hermione adorava esse momento com seus pais, eles lhe contavam histórias engraçadas de seus pacientes e a menina lhes dizia sobre sua semana na escola.

A tarde normal dos Granger foi interrompida pela governanta que era seguida pela mulher mais excêntrica que Hermione já havia visto, mesmo sua avó que sempre insistia que a criança usasse vestidos e sapatilhas, teria olhado estranho para a mulher. Ela usava um vestido longo roxo escuro e um chapéu sobre o cabelo perfeitamente enrolado num coque apertado. Ela parecia uma personagem dos filmes vitorianos que Anastasia Granger adorava.

Maxime logo tomou a frente, se posicionando como um protetor na frente da mesa onde sua esposa e filha estavam. Gisele anunciou Minerva e o pai de Hermione estendeu a mão de forma educada.

— Ao que devemos a visita, Sra. McGonnagal? Me perdoe, mas não me recordo de você. – A voz de seu pai era rouca e forte, Hermione sabia que muitas vezes ele a usava para amedrontar algumas pessoas, mas não foi o que aconteceu com a mulher mais velha. Ela apenas levantou uma sobrancelha e estendeu um envelope.

— Me desculpe aparecer sem aviso prévio, Sr. Granger, mas temo que este tipo de conversa não possa ser adiada.

— Sente-se por favor, Sra. McGonnagal. – Anastasia ofereceu a cadeira ao lado da sua.

Minerva finalmente se virou para olhar Hermione. Ela usava óculos meia-lua que a deixava com mais cara de ser uma mulher severa, mas a criança de onze anos apenas bebeu mais um gole de chá ao invés de dizer qualquer coisa.

— Isso é uma brincadeira? Porque não tem graça e eu terei que pedir para que você se retire da minha casa.

Hermione finalmente abaixou a xícara e olhou para seu pai. O homem podia ser bem intimidante quando queria, tendo servido no exército, ele era um metro e oitenta de puro músculo. Minerva se remexeu na cadeira parecendo levemente envergonhada, mas não abaixou a cabeça ou deu algum sinal de que seu pai tinha colocado um pouco de medo nela.

— Não, eu posso garantir que é real e posso provar. Apenas me deixem explicar. – Maxime se sentou a contra gosto na cadeira ao lado de Hermione, mas ainda era visível que ele estava pronto para defender sua família a qualquer momento.

— Sua filha, assim como eu e alguns outros, é uma bruxa. Ela poderá fazer magias, poções e muitas outras coisas, por isso, ela foi gentilmente convidada a estudar em Hogwarts, uma das melhores escolas para jovens feiticeiros.

Por alguns segundos ninguém falou nada e Hermione podia jurar que seu coração ia saltar para fora de seu peito. Isso explicaria muitas coisas, como aquela vez em que George Winstoll rasgou seu livro e Hermione desejou que enquanto ele corria pra longe dela, ele caísse e quebrasse a mão. Foi o que aconteceu. Ou então aquela vez que mesmo sem tocar em Mila June, a menina mais velha acabou com dois dentes a menos depois de roubar os lápis de Hermione.

Pelas próximas duas horas, Minerva explicou o máximo que pode sobre magia, Hogwarts e como a educação de Hermione seria nos próximos anos. Enquanto seus pais faziam perguntas técnicas sobre a escola, Hermione se permitiu sentir a sensação de que ela finalmente podia provar que ela melhor do que todas as outras crianças que lhe atormentavam.

— Se vocês não tiverem mais dúvidas...

— Eu tenho! – Hermione finalmente falou e todos olharam para ela. – Você pode me fornecer um tutor?

— Um tutor? Para que exatamente você acha que precisa de um? Hogwarts possui um dos melhores ensinos que você pode imaginar.

— Eu entendi essa parte, mas e quanto ao resto? Suas religiões, modo de vestir e agir, etiqueta bruxa. Quem vai me ensinar tudo isso? – Neste ponto, McGonnagal estava com os olhos arregalados e Hermione se tocou de que esta não era uma pergunta comum.

— Bem... normalmente nascidos-trouxas não se importam muito com isso.

— Então a senhora está me dizendo que espera que eu entre num mundo que eu nem sabia que existia e simplesmente não estude nada sobre ele?

— Hermione tem razão. – Anastasia falou. – Vocês não podem largar ela lá e dizer pra ela se virar. É a mesma coisa que ir a outro país e nem se dar ao trabalho de aprender a falar ‘obrigada’ na língua nativa.

Minerva engoliu em seco e acenou com a cabeça, ela se abaixou e tirou de uma pequena bolsa um livro enorme e pesado. Ela o colocou sobre a mesa e o empurrou para Hermione. A menina viu o título ‘Hogwarts: Uma História’ gravado em letras douradas e se animou com o presente certeiro.

— Isto é o que eu posso fornecer por enquanto, mas me comprometo a compartilhar seus pensamentos com Dumbledore, o diretor de Hogwarts. Enviarei a vocês uma carta com uma resposta sobre esta aflição.

Vendo que um clima desagradável havia se desenvolvido, a mãe de Hermione se levantou e se ofereceu para acompanhar Minerva até a saída. Após as despedidas educadas, Hermione se lançou nos braços de seu pai, um sorriso enorme estampando seu rosto.

— Eu sei, querida. Nós sempre soubemos que você era especial.

E ele estava certo. Hermione Granger era especial. Agora ela também iria se tornar uma bruxa especial... ela seria a melhor bruxa.


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