Abri os olhos me acostumando com a luz solar, me sentia cansada e com a boca seca. Tinha uma agulha espetada no meu braço segui o tubo de plástico e vi uma bolsa de soro. Olhei em volta me deparando com a brancura monótona do quarto, no canto vi Denise deitada em uma poltrona, ela despertou e disse:

- Até que fim você acordou!

- Quando a gente vai embora da droga desse hospital, esse cheiro está me matando! – falei com mau humor, vi a expressão de Denise mudar ela sempre teve um auto-controle invejável era sempre firme, havia algo de errado em sua expressão sempre tão centrada.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa um homem de branco que supus ser o médico entrou com uns papeis nas mãos. Ele olhou na direção de Denise e disse:

- Você poderia nos dar licença?

- Claro – ela sorriu falsamente ao passar por mim, havia algo de errado acontecendo.

- Como está se sentindo Senhoria Britto?

- Um pouco cansada, quando eu vou embora? – Perguntei impaciente.

- Se tudo der certo hoje à noite.

- Graças a Deus – murmurei.

Ele começou a me examinar checar meus ouvidos, boca, nariz. E por fim deu aquela martelada no meu joelho. Fez algumas anotações na minha ficha e eu perguntei receosa:

- Tem algo de errado com a minha saúde? – Ele tirou os olhos das anotações e me encarou.

- Sim – disse seco e rápido – Nós fizemos alguns exames em você e em um deles deu positivo para Leucemia – Minha garganta trancou, tentei manter a calma e perguntei:

- Que tipo de Leucemia – Eu já tinha ouvido falar em vários tipos de Leucemia mais graves outras menos graves.

- Leucemia linfocítica aguda.

- É grave?

- Se tratada no começo não... Mas no seu caso é grave, a Leucemia aguda tem progressão muito rápida, por isso tem que ser tratada de pressa para evitar o crescimento  de células malignas que invadem a circulação periférica e outros órgãos. – Eu não tinha conhecimento daquilo que ele estava falando mais sabia que coisa boa não era.

- E como está o meu caso?

- Vou ser direto, o seu caso é gravíssimo porque as células já se espalharam e são muitas e mesmo com o tratamento talvez não resulte. – Senti dificuldade em respirar, havia um bolo em minha garganta que engoli com dificuldade antes de falar.

- Quais são as chances de me salvar fazendo o tratamento?

- De cinco há dez por cento o seu caso já está bem avançado.

- E se eu não fizer o tratamento?

- Chance nenhuma.

- E se eu não quiser fazer o tratamento quanto tempo de vida eu tenho?

- No máximo um ano, mesmo que suas chances de cura sejam mínimas é necessário que você faça o tratamento. Eu sinto muito Senhora Britto.

O médico saiu me deixando sozinha estava em estado de choque, Denise entrou ela provavelmente já sabia de tudo antes mesmo de mim, por isso ela estava com aquela cara. Ela se sentou perto de mim e me abraçou, não conseguia chorar parecia que minhas lagrimas tinham secado. Ela se soltou de mim e ainda em estado de choque eu disse:

- Eu quero embora da merda desse hospital!

- Vou chamar a enfermeira pra tirar o soro e arrumar suas coisas.

Ao sair do hospital tinha alguns Paparazzi todos muitos curiosos, eu pedi sigilo absoluto sobre minha doença aos médicos e funcionários do hospital. Denise se livrou dos Paparazzi dizendo que era somente estresse do trabalho.

Não queria acreditar que tudo aquilo estava acontecendo comigo, eu iria morrer, mesmo que tentasse fazer o tratamento minhas chances eram mínimas. Eu não vou fazer esse tratamento não vou perder meus cabelos, ficar feia eu não quero isso!

Denise veio o caminho todo tentando me convencer a fazer o tratamento em vão, eu já tinha minha opinião formada e não ia voltar atrás. Eu já não tinha nada mesmo se eu morresse não ia fazer tanta diferença assim... Talvez uma viagem seria melhor para mim nesse momento.

- Denise quando chegar em casa quero que você arrume uma casa e passagens para mim, eu vou para Cannes. – Ela tirou atenção da estrada e olhou pra mim.

- Você ama mesmo aquele lugar.

Se era pra morrer que fosse em Cannes o lugar onde... Deixa pra lá.