Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 7
Capítulo 7- Apenas o escudo


Notas iniciais do capítulo

EU SEI QUE DEMOREI DEMAIS, NÃO ME XINGUEM!
Tá, desculpa o esbaforecimento, mas a vdd é que eu terminei esse cap a uns dias atrás, mas não tava com internet pra posta! Mas agora, eu cheguei com mais um cap pra vocês!
Enfim... boa leitura ♥



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Narração Anna

Não consegui dormir direito naquela noite. Nem me culpei tanto por causa disso, já que eu tenho quase certeza que ninguém dormiria bem depois de duas pessoas aleatórias arrombarem a janela do quarto de uma das suas amigas na sua frente. Obviamente, essa não foi nem a parte mais estranha da conversa:

—Vocês falam “Somos os Tsukanami” numa simplicidade absurda. Quase como se deveríamos saber quem são vocês.- Sofie respondeu com grosseria- Além disso, vocês não precisavam arrombar a janela do meu quarto, esse castelo tem uma porta pra isso.

—Oy, Brinquedo- O de cabelos meio loiros/rosas disse, em tom zombeteiro- Quem você pensa que é pra falar assim com a gente? Ainda mais uma humaninha...

—Eu penso que sou uma garota prestes a socar vocês dois se não saírem do meu quarto imediatamente.- Sofie respondeu sem titubear- Eu posso não ser a mais guerreira que vocês conhecem, mas podem apostar que eu sei aguentar uma briga.

O de cabelos brancos se aproximou mais de Sofie, a segurando levemente pelo queixo:

—Eu peço perdão pelo meu irmão, milady. Viemos em busca de três garotas.

Ele arromba a janela da garota e ainda pede perdão. Nunca vou entender os caras daqui.

—Carla!- O de cabelos rosados reclamou- Pare de agir assim! Essa garota miserável não é nenhuma lady.

—O sangue dela já está sujo pelos vampiros, Shin.- O tal Carla completou, me fazendo congelar- Ela pode ser sim, uma lady.

—Que garotas vocês estão procurando-  Eu interrompi a conversa, fazendo os dois rapazes me olharem.

—E essa? Por acaso ela está imunda pelos vampiros também?-  O fulaninho chamado Shin falou- Podemos pegar ela como refém e tortura-lá até ela revelar onde aquelas malditas Creedley estão!

Eu e Sofie então trocamos um olhar preocupado.

—Nós não iremos torturar ninguém, fique calado- Carla pareceu revirar os olhos por dentro- Não se essas duas colaborarem.

—Nós não conhecemos nenhuma Creedley, se é isso que vocês estão procurando- Sofie mentiu com um sorriso- Eu não faço a mínima ideia de por que vocês invadiriam aqui de todos os lugares por fulanas.

Um silêncio se preencheu no comôdo.

—Sabemos que vocês são convidadas de honra do Rei Vampiro- Carla começou- Suas palavras não significam nada.

—Uma pena. É a única coisa que temos.- Sofie continuou, enquanto eu ainda estava congelada sem saber muito o que falar ou fazer- Somos mulheres, afinal.

—Ela me parece difícil- Shin comentou- Gostei dela. Deve ser divertido tentar quebra-la.

—Você ficaria surpreso com o que eu já passei.- Sofie deu um passo á frente- Eu entrei numa fogueira e saí viva.

—Impossível, você é só humana- Shin revirou os olhos com uma risada- Não existe como uma humana sobreviver ao fogo.

—Eu sobrevivi porque o fogo dentro de mim queimou mais que o fogo ao redor de mim- Sofie deu um sorriso fraco.- Agora saiam dessa mansão imediatamente, antes que vocês testemunhem o que meu fogo é capaz de fazer.

Os Tsukanami se entreolharam, e depois olharam pra Sofie de forma estranha.

—Foi um prazer conhecer vocês, miladies- Carla fez uma breve reverência, antes dos dois desaparecerem do nada.

Sofie ficou parada em silêncio enquanto tremia, e eu não precisei de mais dicas pra saber que era minha hora de sair.

E cá estou eu. Vítima de uma insônia do cão, lentamente trocando de roupa pra sair com os Mukami e minhas irmãs.

É, acabou que eles resolveram de última hora que eles TAMBÉM queriam ir no torneio que ia rolar hoje, que nem os Sakamaki.

Ou melhor, copiando os Sakamaki.

Olhei pro lado, percebendo a ausência de Haruka no quarto.

Mas, quando terminei de me arrumar e desci para o portão de entrada, como combinado, me surpreendi ao ver as Herbert e minhas irmãs com caras impacientes.

—ONDE DIABOS ESTÃO ESSES MENINOS?- Nikki gritou, me fazendo dar um pulo de susto. Cedo demais pra ser recebida assim.

—Talvez eles só estejam...- Sarah procurou alguma resposta- Tomando café?

—É. Dez garotos tomando café por duas horas.- Priya revirou os olhos- Com certeza.

—Eu hein, esses guris não tem noção nenhuma de compromisso- Lua reclamou entre bocejos- Nos obrigam a acordar cedo e ainda dão bolo na gente, palhaçada.

—Você faz a mesma coisa de manhã pra ir pra escola, Lua- Sofie respondeu secamente a irmã- Ficaria dormindo ainda se nós não fossemos até seu quarto te arrastar pra fora da cama.

—Mas é diferente!- Lua bateu os pés na escada- Se eu matar aula, quem vai se danar no final sou eu. Mas agora eles estão nos danando, entendeu?

—Que tipo de ser humano fala “danar”?- Brunna perguntou pra Lua, estreitando os olhos.

—Aparentemente minha irmã, muito obrigada- Marie resmungou.

—Gente, a gente vai só ignorar a Anna que tá parada bem atrás da gente ou o quê?- Victoria de repente falou, fazendo todas as meninas olharem pra mim e minhas bochechas ficarem vermelhas.

—Bom dia Anna!- Daayene bateu palmas- Quer se juntar ao clube das abandonadas?

—P-por que vocês estão aqui?- Eu perguntei.

—Porque certos garotos decidiram quando acordaram que preferiam não ir ao torneio que nos encheram o saco pra todos irmos- Nikki parecia estressada- E agora a gente tá aqui, que nem trouxa, esperando os bonitões aparecerem num cavalo branco pra salvarem nossas vidas do tédio.

—E.... Vocês viram as Creedley?- Perguntei baixo de novo.

Sofie olhou pra mim incrédula, como se perguntasse “sério isso?”

—Elas foram embora pela madrugada, eu acho.- Marie respondeu- Ninguém daqui viu elas essa manhã.

—Elas realmente só deviam querer passar a noite aqui- Victoria deu de ombros com uma expressão quase triste.

—Ou estavam fugindo daqueles caras malucos que arrombaram a janela do quarto da Sofie.- Brunna colocou os cabelos loiros de lado, e depois olhou pro meu rosto confuso e assustado- Não se preocupe, irmã, Sofie já fez o favor de contar da proeza de vocês na última noite.

—Se dependesse de Anna, ela nunca ia contar- Daayene riu, e eu me senti querer reclamar- Ainda bem que Sofie, a pessoa que nunca esconde nada, estava lá pra testemunhar.

Sofie deu um sorriso falso, e quase inseguro.

—Alguma de vocês tem ideia de quem era aquele cara, por falar nisso?- Sarah perguntou suavemente.

—Sei lá, mas talvez as Creedley saibam- Priya respondeu- Pelo que Sofie falou, eles estavam bem bravos com elas.

—Eles pareciam mais bravos com a gente- Sofie revirou os olhos- Disse que devo ser divertida de tentar quebrar.

—Fala pra ele que ele deve ser divertido de queimar- Nikki reclamou, e Marie deu um tapa nela- AI! É verdade, a Sofie tem um drakon, ele no máximo tem um mini-pa...

—Meu Jesus, podemos mudar o assunto dessa conversa?- Lua perguntou entre risadas enquanto eu me sentava do lado dela.

Nós ficamos cerca de cinco minutos paradas em silêncio. Nem sinal dos meninos.

Dez minutos. Nada.

Quinze. Nadica de nada.

—Gente, o que vocês acham da gente ir pro torneio sozinhas?- Priya sugeriu.

—Você tirou as palavras da minha boca.- Marie respondeu com um sorrisinho.

—Por que sair? Por que não voltar a dormir?- Lua resmungou.

—Por favor, já que já estamos arrumadas e acordadas a um tempão, podemos nos dar o luxo de sairmos pra um negócio diferente uma vez na vida!

—Exatamente!- Brunna se levantou- Alguém aqui tem o endereço, lugar, referência, alguma coisa que mostre pra onde a gente vai.

—Eu tenho.- Victoria também se levantou, pegando o celular da bolsa- Reijii me entregou o endereço por algum motivo. Aparentemente é numa espécie de arena daqui, cerca de meia hora andando.

—Então é melhor começarmos a jornada logo!- Daayene ajeitou o vestido rosa com animação, ajudando o resto das garotas a se levantarem.

Acabamos fazendo o trajeto em mais ou menos vinte minutos, já que do nada Daayene e Lua apostavam corridas, fazendo com que a gente tivesse que andar mais rápido pra alcançar elas até que elas cansassem e caíssem na risada.

Quando chegamos á frente de uma arena gigantesca, decorada por luzes e cheia de pessoas tentando entrar, sabíamos que tínhamos chegado ao lugar certo.

—É aqui?- Lua perguntou.

—Não, imagina, aqui deve ter trezentas arenas onde pessoas estão claramente para ver um torneio- Nikki revirou os olhos.

—Nunca se sabe!- Lua deu de ombros.

Nos enfiamos no meio da multidão. Quase me perdi várias vezes das garotas, me fazendo ter que dar uma corridinha pra chegar nelas. Quando nos aproximamos da entrada, dois homens em armaduras vermelho-preto nos barraram com os braços.

—Convites, senhoritas?- Um deles nos perguntou.

—Eu achava que era aberto ao público.- Priya estreitou os olhos.

—E é. Mas por enquanto apenas os convidados de honra estão entrando.- O outro guarda disse- Eu insisto, onde estão os convites?

—Que convite o que, meu filho?- Victoria colocou as mãos na cintura- Você sabe quem eu sou? Eu sou a esposa do príncipe Reijii Sakamaki, Victoria Herbert Sakamaki! Agora me dá licença que eu não tenho paciência pra quem tá começando!

Victoria tentou passar pelos guardas, que a empurraram.

—Sem convites, sem entrada.- O guarda falou.

—Se meu marido chegar aqui e ver vocês me empurrando, vocês sabem bem que as coisas não vão acabar bem pra vocês, né?- Victoria deu um sorriso- Sabe-se lá do que um príncipe vampiro é capaz. Pode os demitir, os executar, fazer coisas maléficas pra toda sua família...

Os guardas engoliram em seco, enquanto Victoria sorria de orelha a orelha ironicamente:

—Vai saber, né?

—Pode passar, senhorita?- Um dos guardas abriu passagem pra Victoria, mas barrou quando o resto de nós foi tentar passar.

—Elas estão comigo- Victoria se virou pra eles- Minhas damas de companhia.

Os guardas se entreolharam, e depois nos deixaram passar.

—Bom torneio pra vocês- Um deles acenou com a cabeça.

Daayene correu até Victoria:
—Já te falei o quanto que eu amo quando você encarna a princesa Victoria?

—Jura que ama?- Victoria pareceu chocada- Eu prefiro a minha versão normal.

—Nossa, quanta gente!- Sarah exclamou, apontando para as “arquibancadas” da arena. Realmente, estavam lotadas.

Muitas pessoas em vestidos espalhafatosos, cabelos presos de formas exuberantes e ternos com detalhes de ouro estavam por lá. Pessoas importantes e ricas, imagino. Me fez até me sentir um pouco... inapropriada com meu suéter e minha calça jeans.

Um homem passou do nosso lado, oferecendo uma espécie de suco de uva mais vermelho em taças douradas. Todas nós pegamos um cálice e tomamos um gole. Daayene fez uma careta:

—Cruzes, que negócio horrível.

Eu comecei a tossir. O gosto daquilo era inacreditavelmente amargo, deixando um sabor queimante por toda minha boca e minha garganta seca, como se coçasse.

—Isso nem é suco de uva!- Marie também disse, deixando seu cálice de lado.

—Bom dia pra vocês, garotas!- Eliza de repente apareceu pulando. Ela usava um vestido vermelho esvoaçante, e seu cabelo agora preto estava preso por presilhas douradas. Sua pele estava mais bronzeada, e seus olhos estavam azuis. Ela então olhou de forma estranha pra gente- Por que vocês tão tomando vinequi?

—Esse é o nome desse negócio?- Sofie fez uma careta- Achávamos que era suco de uva.

—É uma bebida tradicional feiticeira.- Eliza explicou.- Feita pra simbolizar a boa sorte, a vitória e a conquista.

—Ah, legal- Brunna disse, limpando a boca que estava colorida- Do que é feito?

Eliza pareceu querer segurar a risada:

—É uma mistura de vinho com sangue de cavalo.

Eu engasguei na minha própria saliva, e o resto das garotas também.

—É SÉRIO?- Priya pareceu assustada- AS PESSOAS FAZEM BEBIDA COM SANGUE DE CAVALO E MISTURAM EM BEBIDAS ALCÓOLICAS? POR QUE?

—Tradição de raças, acontece- Eliza deu uma risada.

—...Eu preciso de uma água. Urgentemente- Lua parecia querer vomitar- Tem alguma água aqui que não tenha alguma substância de algum animal?

—O que está acontecendo aqui?- Haruka se aproximou de nós, confusa. Depois olhou pra Eliza.- Elas beberam vinequi, não beberam?

Eliza concordou com a cabeça, meio rindo.

—Eu odeio vocês- Nikki murmurou.

—De qualquer forma, viemos agradecer pela noite que passamos na residência de vocês- Eliza deu um sorriso doce.- Saímos cedo para não incomodar ninguém.

—Vocês nunc...- Marie tentou falar, mas foi interrompida por Haruka novamente:

—Enfim, agora temos que nos encontrar com Cousie. Só conseguimos entrar aqui por conta da burrice dos guardas, mas não podemos deixa-lo desconfiar que três pessoas que não são convidadas de honra estão zanzando por aqui.

Elas então deram as costas, e Sofie as chamou:

—Haruka, Eliza.

As duas viraram pra trás.

—Ontem á noite- Sofie disse, meio nervosa, surpreendentemente- Dois homens entraram no meu quarto, procurando vocês...

—Nós sabemos- Eliza disse meio secamente, forçando um sorriso.

E elas saíram, sem dizer mais uma palavra sequer.

—Que meninas estranhas- Lua disse- Ao mesmo tempo que eu tenho medo delas, eu quero ser amiga delas. Isso é estranho?

—Um pouco.- Sofie respondeu.

—Olha, olha, quem está aqui!- Uma voz feminina cantarolou atrás de nós- As dez H&H, que coisa mais linda.

Meg estava atrás de nós, seus olhos amarelos vibrantes como sempre, e seus cabelos cacheados negros jogados de lado. Ela usava um vestido prata justo e brilhante.

—Ai, até esqueci que você existia- Nikki resmungou baixo.

—Então é bom que eu apareci, pra vocês saberem que eu ainda estou aqui. Viva e funcionando muito bem.- O sorriso dela era quase sádico- E que milagre é esse, que vocês nem estão acompanhadas de seus lindos príncipes sexys?

—Não é da sua conta, Meg- Priya revirou os olhos.

—E seu maridinho, hein?- Meg segurou Victoria pelo queixo- Ainda não aceitou o caso perdido que é o relacionamento de vocês? Ou você que não aceitou?

—Você faz xingamentos baixos demais.- Brunna bufou.- Nem parece que você é uma profeta.

Meg arqueou uma sobrancelha:

—Você quer realmente me ver na minha forma profeta? Eu sou a melhor profeta feiticeira!

—Quanto mais você fala isso, mais eu acho difícil de acreditar nisso de verdade- Sarah respondeu secamente do nada, uma escuridão pairando em seus olhos.

—Você quer brincar comigo, Herbert?- Meg passou por trás de Sarah, sua mão passando pelo seu pescoço- Quando eu olho nos seus olhos, eu vejo o que você fez. O que você faz. Vejo uma escuridão... Dominando, dominando, e dominando. Tomando todo o poder que você tem sob seu corpo. Deteriorando cada pedaço da sua vontade de viver. Sua garganta gritando pela sede de sangue, seus pulmões sufocando pelo arrependimento. Eu vejo seu sangue borbulhar de raiva, eu chego á sentir quão quente ele vai ser quando sair do seu corpo...

Eu troquei um olhar com as garotas, sentindo a tensão do momento crescer.

—Se você quer jogar comigo- Meg sussurrou ao pé do ouvido de Sarah, e vi ela cerrar os punhos- Você deve aprender que aqui, ou você vence, ou você morre.

—Se é assim, eu estou disposta ao que der e vier- Sarah se virou, segurando a mão de Meg apertando-a com força.- Custe o que custar.

Em alguns momentos de silêncio, eu achei de Meg fosse revidar. Achei que ela ia machucar Sarah. Mas ela só sorriu de forma cruel, olhando Sarah nos olhos.

Ninguém se atreveu a falar nada. Nem Sofie, que parecia querer avançar em Meg. Nem Marie, que parecia querer a mesma coisa.

A única coisa que interrompeu o momento foi outra voz feminina:

—Senhorita Meghanny Pann.- Uma mulher de cabelos pretos longos presos e olhos azuis arroxeados se aproximou de nós, seu vestido amarelo chegando a arrastar no chão- Vejo que já conheceu a família Sakamaki e...

—Hudison- Murmurei perto dela, mesmo tremendo com ela chamando as Herbert de Sakamaki.

—Hudison.- Ela completou, dando um sorriso agradecido na minha direção- Por que você não vai ficar com suas irmãs? Tenho certeza que elas sentirão sua falta?

Meg bufou, fazendo Sarah soltar sua mão. Ela então se curvou brevemente á frente da mulher, soltando um “milady”, antes de ir embora.

—Temo que ainda não tive a chance de conhecer todas vocês- Ela se aproximou de nós.- Princesa Sakamaki, um prazer revê-la.

—O prazer é todo meu, Princesa Rosemary- Victoria se curvou brevemente na frente dela- Essas são minhas irmãs: Marie, Sarah, Sofie, Nikki e Lua. E essas são minhas amigas Brunna, Priya, Daayene e Anna Hudison. Garotas, esta é  Princesa Alice Rosemary, a irmã do rei Robert do reino feiticeiro.

—Ouvimos falar a seu respeito- Brunna disse com um sorrisinho no rosto- A respeito de sua família, no caso.

—Não tanto quanto eu ouvi sobre vocês nos últimos dias, aposto.- Alice deu um sorriso gentil e carinhoso- Em meu primeiro encontro com o Rei KarlHeinz, ele citou as senhoritas como “a revolução das raças”.

—Eu não diria isso, exatamente.- Marie suspirou- Mas palavras do rei, quem pode negá-las.

—Apenas outro rei.- Um homem tão pequeno que eu tinha que abaixar o pescoço para vê-lo se aproximou. O seu cabelo era curto e loiro, e seus olhos eram do mesmo tom de azul que a Princesa Alice. Ele usava uma roupa toda dourada- Mas quando se trata do homem mais poderoso vivo, sabemos que não podemos confiar muito.

—E este é Príncipe Tyrosh Rosemary, o irmão mais novo do Rei Robert- Victoria explicou.

—Temo que chegou tarde, irmão- Alice sorriu- Acabamos de apresentar todas as dez.

—Eu aprendo com o tempo- Tyrosh deu de ombros- É uma honra conhecer todas vocês, as aclamadas “humanas malditas”, que o povo fala.

Não pude deixar de dar risada.

—A honra é toda nossa.- Daayene parecia estar tendo um ataque de fangirl interno- Nunca conhecemos uma realeza de verdade, tirando a Família Sakamaki, então... eu tenho que admitir que estou nervoso.

—Vocês tem muito que aprender ainda- Tyrosh se colocou ao meio de nós- Mas parecem ter um potencial de esperteza e coragem admirável. Até me lembra de uma pessoa que eu conheci...

—Meu irmão é o homem mais esperto que eu conheço- Alice o interrompeu.- Ele sabe de muitas coisas de todos os assuntos.

—Mas uma coisa é ser esperto, e outra é ser sábio.- Tyrosh disse, bebendo uma taça inteira de vinho num gole só.- Ah, olha só quem vem vindo.

Os dois irmãos Rosemary se viraram levemente para trás, por onde vinha um homem mais alto que ambos, mais gordo e mais robusto. Ele tinha cabelos pretos desgrenhados longos com uma coroa dourada em cima, além de uma barba longa bagunçada da mesma cor. A pele era bem branca, tirando pelo rosto que parecia avermelhado. Seus olhos eram da cor de um azul mais elétrico, e usava uma roupa toda preta com botões prateados.

—Irmãos!- Ele chegou, batendo fortemente nas costas de Alice e na cabeça de Tyrosh- Não sabia que viriam pra um torneio! É tão fora do ambiente de vocês!

Os dois deram um sorriso quase desconfortável.

—Com certeza, Robert.- Alice deu uma revirada de olhos bem discreta, quase não notável- Meninas, este é o Rei Robert do Reino Feiticeiro, também conhecido como meu irmão.

—É um prazer conhecê-lo- Brunna fez uma breve reverência, e nós a seguimos no gesto, fazendo com que ele finalmente nos notasse.

—E quem são essas belezuras?- Robert perguntou com uma risada.

—Estas são as...- Tyrosh começou, mas Robert o interrompeu:

—Humanas! Claro que são humanas! Olhe a inocência no olhar delas!

Nós nos entreolhamos, com expressões confusas.

—Na verdade...- Marie começou, mas ele a interrompeu também, olhando para Tyrosh:

—Alguma dessas é sua nova prostituta, irmão?

—Nós acabamos de nos conhecer, na verdade- Sofie deu um passo a frente- Mas agradeço por perguntar.

Ela obviamente estava sendo irônica, mas Rei Robert não pareceu notar.  Na verdade, seus olhos pareceram brilhar enquanto ele olhava pra Sofie.

—Minha dama- Ele de repente se ajoelhou em frente á ela, beijando as costas da sua mão. Sofie pareceu assustadíssima- Permita-me notar como sua beleza é a mais perfeita de todos os quatro reinos.

 Sofie olhou pra nós com olhos arregalados e sobrancelhas franzidas, como se pensasse “O que diabos está acontecendo?”

Várias de nós já estavam prontas pra intervir, mas Alice foi mais rápida:

—Irmão, acredito que a senhorita não esteja confortável com seus... elogios.

Robert pigarreou, e então se levantou e passou suas largas mãos pelo rosto de Sofie.

—Perdoe-me, senhorita. Sua beleza é tão exuberante que me deixou fora de mim por alguns segundos.

É, todo mundo percebeu, querido.

—Jura? Eu adoraria saber mais sobre essa “beleza exuberante”- Ouvimos uma voz conhecida ao nosso lado.

Quando olhamos pra lá, eu quase dei risada de tanto nervosismo. Os Sakamaki e os Mukami, todos juntos, olhando pra gente junto com a família Rosemary.

—Ah, são vocês.- Robert bufou- Os principezinhos herdeiros Sakamaki. E esses... sei lá quem eles são.

—Uau, estou ofendido!- Kou guinchou.

—Cala a boca, ninguém sabe quem você é- Yuma murmurou.

—Acontece que essa “beleza exuberante”- Ayato pareceu brilhar de raiva- Está acompanhada por Ore-Sama! ENTÃO TIRE AS MÃOS DO QUE NÃO TE PERTENCE!

—Só pra constar... até onde eu saiba, a Sofie não te pertence também- Sarah levantou a mão em gesto de opinião.

—...Você cortou toda a onda dele, Sarah.- Priya falou.

—Realmente.- Nikki concordou.

—Podemos todos calar a boca e resolvermos isso de forma civilizada?- Reijii deu um passo a frente- Rei Robert, um prazer vê-lo. Perdoe a interrupção de meu irmão, tenho certeza que ele só estava... fora de si. Assim como tenho certeza que sua conversa com a Senhorita Sofie nunca teve o objetivo de ser ofensiva, e sim extremamente respeitosa e amável.

—Você acabou de chegar!- Daayene pareceu confusa- Como que você sabe da conversa inteira deles?

—Meu marido tem seus trejeitos, acredite em mim.- Victoria deu um sorrisinho cúmplice para minha irmã.

—É um prazer vê-los, Sakamaki.- Alice desceu alguns degraus da escada até ficar frente a frente com Reijii- Creio que isso foi tudo um mal-entendido, meu irmão gosta de elogiar mulheres, é parte dele.

—Ele devia pensar mais antes de elogiar a Sofie, então- Laito deu uma risadinha baixa.

—Vamos resolver isso da melhor forma possível: Sem piadas e de um jeito tradicional- Tyrosh sugeriu- Existe algo que possamos contribuir para que nos perdoem pelo mal-entendido?

Os Sakamaki se entreolharam, sem nem nos perguntar nada.

—Que vocês ensinem política e economia pras garotas- Shu disse do nada, sob os olhares confusos de seus irmãos.

Brunna engasgou:

—É o que? A gente?

—Pra que mulheres usariam esse tipo de conhecimento?- Tyrosh perguntou.

—Eu me voluntario á ensiná-las-  Alice sugeriu, com um sorriso solidário em nossa direção- Se vocês quiserem, é claro.

O olhar dela tornou de gentil para cúmplices, e nós nos olhamos entendendo que ela tinha um plano.

—Ok, nós aceitamos.- Eu falei, um pouco exaltada.

—E o que vocês querem em troca?- Subaru perguntou irritado.

Robert parou pra pensar um pouco, antes de passar a mão no cabelo de Sofie:

—Me dêem chance de ter uma noite com essa princesa.

E em dois segundos, um barulho estrondoso surgiu do nada, atraindo os olhares de todos ao nosso redor.

—SOFIE!- Marie então se ajoelhou no chão, levantando o corpo de uma Sofie desacordada do chão.

Me abaixei do lado dela, vendo que a parte de trás da cabeça  de Sofie estava começando a ficar molhada de sangue. Ela devia ter se machucado com a queda.

Mas o que mais chamou minha atenção foi a flecha que tinha acertado em sua cintura, com uma ponta presa a um pequeno recipiente, agora vazio.

Olhei para o lado, e tive que forçar a visão bem pra eu ver a silhueta que estava entre dois pilares de pedra, em cima da multidão. Os cabelos escuros estavam presos num rabo de cavalo, os olhos estavam estreitos, usava uma roupa quase toda cinza, e ainda estava com o arco em mãos.

Cousie.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam desse capítulo? E de todos os personagens fazendo seus comebacks e primeiras aparições?
Enfim, não esqueçam de contar suas opiniões e teorias nos comentários porque eu amo leeer!
Beijos e até o próximo cap



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