Like a Vampire 3: Lost Memories escrita por NicNight


Capítulo 8
Capítulo 8- Beijos proibidos


Notas iniciais do capítulo

GENTEEEEE eu sei que tô postando bem demoradamente, mas relevem, a escola tá puxada até pra mim e eu tô perdida kkkkk Mas, porém, contudo e todavia, aqui está mais um capítulo pra vocês ♥
Espero que gostem e boa leituraaa ♥



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Narração Priya

O quarto onde estava era aconchegante, apesar de levemente assustador. As paredes de pedra, o teto alto e o espelho quebrado bem á sua frente davam uma ideia de mansão assombrada, mas as cortinas brancas e a cama com cabeceira de madeira e lençóis verdes me faziam sentir que eu estava num castelo digno de realeza.

Além disso, eu estava sentada numa poltrona verde pra lá de confortável. Juro que cheguei a cochilar algumas vezes enquanto estava guardando Sofie, tão parada e de respiração tão lenta, que parecia estar dormindo na cama.

Assim que Sofie caiu ao chão, me lembro de Sarah se jogar ao lado da irmã desesperada, e de ouvir Brunna gritando por ajuda. Lembro que Ayato quis fingir que não se importava, mas cada segundo que passava sem ela abrir os olhos, ele a sacudia numa tentativa de acordá-la. Foi Yuma que mostrou alguma iniciativa quando ninguém veio para acudir a Herbert, a carregando pelo ombro como se fosse um saco de arroz, e começou a andar em direção da saída da arena.

Lembro das expressões quase chocadas da família Rosemary. Que Robert ofereceu que ela descansasse nos aposentos de sua própria família. Lembro mais ainda das expressões abismadas de Nikki e Marie quando recusaram a oferta do rei. Quando chegamos pra fora da arena, longe dos olhares de todos, a apoiamos no chão novamente, e Anna apontou para uma flecha na área de seu quadril/cintura.

É óbvio, as coisas não aconteceram de uma forma tão calma quanto parece. Durante todo esse período, estávamos gritando um para os outros, eu e o resto das meninas praticamente chorando de tão preocupadas, e todos estavam estressados demais pra ouvir qualquer discordância da sua opinião sobre o que deveriam fazer.

Foi então que as Creedley apareceram. Eliza e Haruka, pra variar. Elas ofereceram um quarto na casa onde estavam ficando, pra que ela descansasse. Concordamos, não tínhamos mais o que fazer por aquele instante. Ficamos lá pelo resto do dia, e quando Sofie não acordou, elas nos disseram pra que fossemos dormir em nossos próprios quartos e que deixássemos a Herbert por lá, e voltássemos no dia seguinte.

Fizemos exatamente isso. Por todos os quatro dias que tinham se passado desde o incidente.

Sofie estava pálida, percebi que estava um pouco mais magra do que o normal também. Seus cabelos castanhos estavam emaranhados em nós, e ela não tinha se mexido um centímetro desde o momento que havíamos a colocado naquela cama, mas ela ainda respirava. Isso era a única coisa que nos tranquilizava.

E agora era meu turno de vigiá-la.

—Vocês vão acabar perdendo toda a diversão do festival se ficarem tão preocupadas com elas, Mesubuta!- Ouvi a voz alta de Yuma, e me limitei a dar um sorrisinho fraco na direção dele. Nem o respondi.- Nossa, sem resposta! O negócio tá feio pro lado de vocês, hein?

—É nossa amiga que tá deitada aqui a quatro dias, sem acordar e sem nenhum tipo de nutrição!- Eu revirei os olhos meio irritada- Eu posso não ser nutricionista, mas imagino que não seja muito recomendado que um humano fique tantos dias sem comer ou beber água assim!

—O máximo que vai acontecer é ela devorar um banquete inteiro quando ela acordar- Yuma se aproximou da minha poltrona, dando tapas violentos nas minhas costas- Oy, Mesubuta! Estou falando com você!

Olhei pra ele irritada, coçando os olhos:

—O QUE DIABOS VOCÊ QUER QUE EU FALE?

Yuma não pareceu muito satisfeito com a minha resposta:

—OY, NÃO GRITE COMIGO!

—Dá pra vocês dois calarem a boca?- Nikki apareceu na frente da porta- Yuma, só te mandamos aqui pra você ver se estava tudo bem com a Priya, não pra você gritar na droga dos nossos ouvidos.

—Vocês estão todas estressadas esses dias!- Yuma grunhiu- Qualquer coisa ficam bravas, frustradas e berrando por nada.

—Isso chama preocupação, obrigada pela parte que me toca- Eu disse, me levantando com ferocidade- Fica de olho nela, eu vou tomar um pouco de ar fresco.

Saí do quarto pro corredor, não ficando muito chocada ao ver praticamente todo mundo reunido sentados no corredor, só trocando conversa fiada de leve.

—Como ela tá?- Victoria perguntou, e eu percebi as olheiras embaixo de seus olhos castanhos-claro.

—A mesma coisa dos últimos dias.- Eu me sentei do lado dela- Nenhuma mudança, nadica de nada.

—Só eu que quero saber o que diabos fez ela ficar nesse estado?- Kanato perguntou, apertando seus joelhos.

—Sonífero, imagino- Reijii estava do outro lado de Victoria, massageando os dedos de sua esposa com suavidade- A flecha que a acertou tinha um container dentro. Um bem grande, por falar nisso. Fiz alguns experimentos com os resíduos que ficaram nele, e duvido muito que seja algum tipo de veneno.

—Por que diabos alguém acertaria Sofie com uma flecha com sonífero?- Daayene perguntou, sendo praticamente a única de pé de todos- Quem faria isso?

—Talvez...- Lua sugeriu- Tenha sido só uma flecha das justas que acabou acertando ela sem querer...?

—Se um homem não consegue nem mirar direito no oponente dele, ele nem deveria participar de justas- Ruki disse de forma irritada.

—E se...- Brunna pareceu prestes a falar alguma coisa- Não, esquece, é maluquice.

—Agora você fala!- Kou brigou com a loira.

—Eu só estava pensando... Talvez... Tenha alguma coisa a ver com a família Rosemary..?- Brunna sugeriu.

—Maldita Rosemary- Ayato xingou- Se metem com a minha mulher, e ainda por cima podem ter deixado ela em coma.

—Te corrigindo! Um: Minha irmã não é sua mulher.- Marie se virou pro Sakamaki- Dois: Ela não está em coma!

—Ela tá dormindo a dias- Subaru nem refletiu sobre os fatos- Parece com um coma pra mim.

—Mas por que você tá suspeitando da família Rosemary?- Sarah pareceu chocada- Eles parecem tão legais! E são da realeza feiticeira.

—Exato. Mas reis são reis em qualquer lugar do mundo, obcecados em serem os deuses salvadores do reino, que vão os livrar de tiranos. E acaba que, eles são o maior perigo.- Brunna explicou- Mas nenhum de vocês achou bizarro o Rei Robert ficando todo todo pro lado da Sofie?

—Essa parte foi bizarra. Ele parece ter uns quarenta anos...- Comentei- Ou mais.

—Não levem pro pessoal, ele faz isso com todas as mulheres que considera bonitas.- Shu, surpreendentemente, estava acordado- Desde quando eu era criança, inclusive. Ele tem nove bastardos, e esses são apenas os reconhecidos. Nenhum legítimo, já que nunca se casou.

—Espera aí!- Victoria pareceu ter tido um clarão- Esse Rei Robert não é inimigo do KarlHeinz?

—E quem não é inimigo do KarlHeinz?- Laito sussurrou em forma de brincadeira.- Mas continua.

—Eu só me lembrei daquela lenda que Mao e Sol nos contaram, ano passado ainda.- Victoria continuou, e todas as meninas soltaram um “Ah...”

—Lá vão vocês com essa história- Reijii revirou os olhos- Já lhes disse trezentas vezes que isso é só uma lenda. Realmente, aconteceu uma guerra entre as duas raças onde Rei Robert e meu pai quase se mataram. Mas não há sinais que foi por causa de uma mulher. Nem há sinais de quem foi essa mulher.

—Talvez porque quem for que tornou isso uma lenda, não queria que descobrissem quem ela fosse- Daayene disse como se fosse óbvio- KarlHeinz nunca citou alguma mulher proibida?

—Até onde eu sei, todas as mulheres que ele tomou como esposa eram tecnicamente proibidas pra ele- Shu respondeu- E ainda tem a mãe da Mun, que a gente nem conhece.

—Deixando de lado QUALQUER lenda e olhando para os fatos- Brunna voltou ao assunto- Tudo que eu queria falar era sobre como tudo isso está... suspeito.

—Como assim?- Kou perguntou.

—Recebemos um convite de um festival das quatro raças. Um que, de acordo com vocês mesmos, deu muito errado na última vez que aconteceu, causando uma guerra.- Brunna se levantou, citando e andando em círculos.- E então chegamos aqui, encontramos a irmã bastarda dos Sakamaki que foi criada com humanos casualmente por aqui. E então vamos pra um baile, conhecemos a família que é inimiga dos Sakamaki. Vamos pra um torneio, conhecemos o líder dessa família, que coincidentemente se apaixona á primeira vista pela Sofie, e então ela leva uma flechada com sonífero e desmaia. E também, alguém aqui não acha estranho o fato que KarlHeinz não fez questão de conversar conosco até agora, e que as Creedley não estiveram aqui durante os quatro dias que Sofie esteve desmaiada, mesmo que a casa seja delas?

Brunna então respirou fundo pra recuperar o folêgo.

—... Dá pra ver porque você e Sofie são tão amigas- Ayato disse- Mas então, o que você acha?

—É tudo parte de um plano maior de KarlHeinz- Marie completou o raciocínio da loira.

—O que vocês vêem de tão mal no KarlHeinz?- Yuma perguntou, aparecendo pela primeira vez. Quis brigar com ele por deixar Sofie sozinha, mas optei por outro motivo:

—O que tem de bom nele? Quer dizer, ele é um manipulador que fica querendo nos dar poder pra que a gente mate os inimigos dele, e depois morramos. E ele fique mais poderoso ainda.

—Ele nunca disse isso.- Ruki cerrou as sobrancelhas- E até onde eu saiba, vocês que adoram a ideia de quebrar o sistema por dentro.

—Espera aí, vocês tão defendendo ele?- Victoria se levantou, abismada.

—Ele nos salvou!- Kou disse com o fantasma de um sorriso- Foi ele que nos transformou em vampiros, e nos uniu. Ele nos tirou do orfanato e nos deu uma chance nova de vida. E ele agora nos inclui nos projeto Eve dele!

—Karl...Heinz...Nos... Salvou.- Azusa concordou.

—Eu não acredito nisso!- Brunna pareceu revoltada- KarlHeinz é um manipulador, é isso que ele faz! Ele quer iludir vocês, provavelmente, dando essa “chance nova”. E no final ele fica mais e mais poderoso porque pessoas como vocês apoiam ele!
—Brunna- Ruki a chamou calmamente- Precisamos de um rei. Vocês se rebelarem contra ele vai só causar uma guerra. E isso é o que o reino menos precisa agora. Se você realmente é a favor do reino, me escuta, e fale pra suas amigas pararem de criar planos maléficos ou sei lá o que vocês fazem nesse seu exército falso contra o governo.

—Exército falso?- Nikki colocou as mãos na cintura, parecendo abismada- Como é que você consegue dizer isso?  Ele pode ter salvado a vida de vocês, mas isso não exclui o fato de que ele enviou por décadas mulheres inocentes pra casa dos filhos dele, pra servirem de alimento e morrerem!

—Vocês foram parte dessas mulheres!- Yuma retrucou com raiva.

—E nós fomos as únicas que sobrevivemos presas lá!- Nikki respondeu agressivamente- E mesmo assim ele forçou um casamento entre as duas famílias e é o principal motivo pelo qual a minha irmã e o marido dela não conseguem criar o filho deles de um jeito normal!

Depois disso, o quarto até ficou silencioso.

Ouvimos uma batida na porta, que cortou todo o clima.

—...A gente pode entrar? Tava rolando uma gritaria, eu achei que alguém tinha morrido- Uma voz conhecida brotou, e eu vi as garotas meio assustadas porém sorridentes.

—JACKSON!- Lua gritou, e correu pra abraçar seu irmão- Que bom que você veio!

—Ele não veio sozinho, sabe...- Sol brotou detrás dele, revirando os olhos com um sorriso.

—SOL?!- Nikki limpou o rosto.

—Tem eu também!- Mao praticamente se jogou no chão- Oi, pessoal!

—Ah, a Yui veio também- Jackson timidamente puxou Yui, que estava atrás de Sol:

—O-oi gente...!

—Por que todos os meninos acabaram de se teletransportarem pra longe?- Sol questionou. As meninas olharam, percebendo que de fato, eles haviam sumido.

É, até eu sumiria depois do sermão que Nikki deu.

—Ouvimos o que aconteceu!- Jackson entrou, puxando o resto com ele.- Chegamos ontem, mas aí Lilith brotou com um bebê no colo dizendo que Sofie estava em perigo. Ela me pediu pra pedir desculpas pra vocês, por não poder vir.

—Tá tudo bem, ter vocês aqui já é suficiente!-Daayene deu um sorrisinho.

—E então Mao teve a GENIAL ideia- Sol disse, ironizando a palavra genial- De... “comprar” um presente especial pras Herbert em forma de consolo.

As Herbert se entreolharam.

—Eu deveria ficar preocupada?- Marie questionou.

—Sol está exagerando! É um LINDO presente!- Mao então correu pra trás da porta, e então entrou de novo com uma gaiola dourada- LHES APRESENTO: PAPANICOLAU!

Dentro da gaiola estava o pássaro mais feio que eu já tinha visto. Era um papagaio, mas parecia menor do que um papagaio normal, parecia ser meio vesgo e ainda tinha uma penugem irregular e estranha. Além disso, ele era meio gordo.

—Meu Deus, que bicho feio- Victoria disse sem pensar.

—Ai gente, não é pra tanto também- Sarah riu- Vocês acordam pior que ele e eu não falo nada.

Eu e minhas irmãs seguramos a risada.

—Mas... tipo...- Nikki começou- Papanicolau? É sério?

—Eu tentei avisar pra ele do nome, mas não deu muito certo...- Yui concordou com a cabeça.

—É um lindo nome pra um lindo papagaio!- Mao exclamou- Além disso, vocês podem se surpreender com o quão inteligente e rápido ele é!
Percebi então que Lua estava quase chorando, com os olhos esmeralda pulsando de felicidade e brilhando:

—Eu... a...do...rei...!

—Surpreendendo 0 pessoas- Marie deu de ombros.

—Eu falei que a Lua ia gostar- Jackson deu um sorrisinho, e Sol grunhiu.

—Ele é todo seu, Lua- Mao entregou a gaiola pra Lua, que sorriu:

—Bem vindo á família, Papanicolau Herbert!

—Por favor não fale isso de novo- Sol reclamou- Bizarro.

—Lindo nome- Mao pareceu choramingar.

—...Tem certeza que você ainda quer ficar comigo, e não com ela?- Nikki apontou pra sua irmã- Vocês combinam mais do que nós dois, sério.

Mao colocou a mão no coração:

—Não me fale de amor, donzela, não acredito mais nele.

—E lá vai ele de novo...- Sol revirou os olhos.

—Não subestime minha lástima!- Ele caiu de joelhos no chão- Você me abandonou! Completamente! VOCÊS TODOS!

—... Não sabia que ele gostava de você, Sol- Brunna cerrou as sobrancelhas- Da última vez que eu vi, ele gostava dessa aqui.

—Ele nunca gostou de Sol- Yui explicou- Só está magoado porque... ela resolveu tomar um rumo com a vida amorosa dela.

Olhamos confusa pra Sol.

—É, eu tô namorando uma menina da escola, tá legal?- Ela revirou os olhos dourados.- E como Jackson e Yui começaram a namorar recentemente, ele acha que a gente abandonou ele porque agora ele é o único solteiro do rolê.

Marie olhou com sobrancelhas cerradas pro seu irmão:

—Você pretendia me contar quando que namora a Yui?

—Hm... Agora?- Jackson parecia incerto.

—Péssima resposta- Victoria suspirou- Mas que bom que você tá namorando, Sol! Felicidades pra vocês duas!

—Ela veio?- Anna perguntou- Pra cá, eu quero dizer.

—Não, Mao não aceitaria ficar de vela todo santo dia- Sol deu de ombros- Se bem que Jackson e Yui são tão tímidos na nossa frente que eles ainda parecem alunos de pré que acham o outro bonitinho.

Jackson e Yui coraram instantaneamente.

—Deixa eles em paz- Sarah riu- Essa é a melhor fase do namoro.

—Se por melhor fase você quer dizer que os dois parecem dois retardados, claro que é- Arqueei as sobrancelhas.

—...Você falou igualzinho a Sofie agora- Yui notou.

—É, foi bizarro.- Lua concordou- Enfim, vocês querem ver ela?

Todos concordaram, e abrimos a porta do quarto. Quase perdi Ayato na beira da cama, observando com atenção ela. Assim que ouviu a porta se abrir, ele se teletransportou pra outro lugar.

Lua colocou seu novo pet na poltrona do lado da cama:

—Desse jeito Sofie vai ter companhia quando ela acordar.

—Sofie... acordar! Sofie...acordar!- O papagaio repetiu.

Ela ia tomar um susto, isso sim.

Yui tirou seu colar de cruz prateada, com uma pedra vermelha. Ela deu um suave beijo no pingente antes de enrolá-lo no pulso de Sofie.

Jackson então deu um beijinho na testa de Sofie, e ficou olhando por uns segundos antes de falar:

—A gente pode ficar de olho nela agora. Vão aproveitar.

Seguimos o conselho do lobisomem, e saímos juntas. Acabamos parando num café lá perto pra comer rosquinhas e tomar chá. Ou pelo menos tentamos fazer isso, já que Sarah quase chorou quando a moça disse que o bolo de chocolate estava saindo do forno.

Acabei pedindo só um suco de maracujá mesmo, já que parecia a melhor forma de me acalmar naquela hora.

—Você tá bem, Sah-chan?- Anna perguntou, massageando suavemente as costas da Herbert.

—Eu acho... que tô prestes a entrar em um colapso mental.- Sarah respondeu honestamente- Qualquer coisa que aparecer e me irritar é capaz que me faça querer matar alguém.

—Eu ouvi alguma coisa sobre matança?- Meg de repente apareceu, ajeitando seu vestido vermelho. Me peguei revirando os olhos- Ora, não ajam de uma forma tão irritada só por me verem!
—Talvez se você não aparecesse do nada nos nossos dias e não nos estressasse falando sobre como quer transar com o meu marido e os irmãos dele, não seria recebida assim!- Victoria brigou, enfiando um biscoito de canela na boca.

—Ah, vocês querem só que eu não fale de homens?- Meg deu um sorriso falso, jogando os cabelos pra trás- Ok, então! Podemos ser amigas! O que acham de jogarmos alguma coisa?

—...Eu não confio em você.- Cerrei as sobrancelhas.

—O que provavelmente é a melhor decisão que vocês já fizeram desde quando se sentaram nessas cadeiras- Meg disse, as unhas pretas arranhando a mesa- Liçãozinha do dia pra vocês: Nunca confiem em  ninguém. Principalmente no mundo mágico. Principalmente num festival desses.

E ela deu um olhar quase assassino na direção de Sarah:

—Ou até nas pessoas que estão mais próximas de vocês.

—Tá, que jogo você quer jogar?- Daayene perguntou, e eu olhei pra ela como se dissesse “você tá louca?”.

—Verdade ou desafio- Meg deu um sorrisinho- Acho que já estão familiarizadas com esse jogo, né?

—Até mais do que eu gostaria de assumir- Lua sussurrou baixo, olhando pra seu colar de rosa branca.

—Mas aqui não é o lugar ideal pra isso.- Meg ignorou Lua- Podemos ir numa sala de reunião dos profetas. Talvez vocês gostem. É espaçoso. Amarelo e vermelho.

Nos entreolhamos, sentindo o quanto aquilo podia dar errado.

Já era anoitecer quando chegamos na tal sala de reunião profeta. Meg não estava mentindo. Era gigante, o chão era todo amarelo e liso, além do teto alto vermelho, cheio de detalhes e uma grande redoma de vidro. Ela se sentou no chão:

—Venham! Não precisam se acanhar!

Nos sentamos em roda ao lado dela.

—Por que está fazendo isso?- Marie perguntou.

—Como assim?- Ela perguntou de volta, os olhos dourados se estreitando.

—Você não gosta da gente. Sabemos disso.- Nikki respondeu- Não precisa fingir que gosta.

—Não estou fingindo que gosto de vocês.- Meg respondeu como se fosse óbvio- Estou prestando minha cota de empatia do ano. A garota Herbert está em coma a dias, que o Senhor a proteja no limbo.

—O “senhor”?- Brunna perguntou- Não sabia que você era religiosa.

—Nós, profetas, só acreditamos no Senhor.- Meg explicou com o sorriso- Ele nos dá o direito á vida e á morte. E o direito ainda maior pras mulheres, o de dar á luz.

—Então... os profetas na verdade são um culto religioso?- Sarah questionou- Eu não... sabia.

—Ele nos dá sua benção- Meg deu um sorrisinho- O das visões. O de ver o passado, presente e futuro, além dos dias que nunca serão reais. Nos dá a liberdade de abençoar casamentos, gestações e bebês. E o de controlar energia, venenos e fogo.

Percebi que Victoria cerrou os punhos, nervosa.

—Heisuke foi abençoado por profetas, certo?- Meg também notou a reação de Victoria- Não os verdadeiros, mas profetas serão profetas. Bebeu sangue de feiticeiro. Eu vi na sua mente.

—Como você sabe de tudo isso?- Vic perguntou.

—Eu te disse.- Meg sorriu- Eu sou uma profeta. Eu tenho essa benção de saber de tudo.

—E por que nos chamou pra jogar algo cujo objetivo é descobrir as coisas?- Brunna perguntou.

—Qual é a graça de saber de coisas obscuras de cada uma e guardar tudo pra si mesma?- Meg tinha dado um sorriso psicótico.- Se soubessem das loucuras que cada uma que vocês conhecem e confiam fizeram, me veriam como um anjo.

—Tipo quem?- Daayene perguntou.

—Vários- Meg respondeu- As Creedley, por exemplo.

—O que elas fizeram?- Perguntei pra ela de novo.

—Cousie viu toda a família ser massacrada por feiticeiros. Os que sobraram morreram de uma doença demônia chamada Endzeit.- Meg pegou uma espécie de suco de uva e bebeu um gole- Por isso a coitada não bate bem da cabeça. É violenta, parece gostar de ver morte. Haruka também, tem uma fome por matar que é surreal. Eliza é um pouco melhor que as duas, mas a coitada não tem controle nenhum de seus poderes. Foram vendidas para os Tsukanami pra servirem de éguas parideiras pra eles. Repovoarem a raça.

—Quem são os Tsukanami?- Nikki perguntou.

—Eu li sobre eles.- Brunna respondeu- Ou ouvi Ruki falar... É a família que governava os Primeiro-Sangue, que são tipo a “raça de origem” de todas as raças. Eles meio que tem todos os poderes possíveis, e mais alguns que se perderam com o passar do tempo. Ou teriam. Agora só tem os dois irmãos dessa família pra contar história.

—Vocês até que não são 100% burras- Meg pegou o pescoço de Daayene- Chega a ser adorável.

—Você quer jogar ou não?- Afastei ela da minha irmã.

Ela então pegou uma garrafa de vinho e a girou com força, chegando a sair breves faíscas vermelhas . Ela parou no vão entre Anna e Sarah.

—Em quem... parou?- Anna perguntou, confusa.

Um homem de repente passou por nós, e sussurrou algo no ouvido de Meg, que sorriu e agradeceu, vendo ele ir embora:

—Como hóspede dessa festinha... Eu digo que parou na Sarah!

Sarah revirou os olhos:

—O que é que essa menina tem contra mim?

—Verdade ou desafio, Sah-chan?- Meg disse o apelido com veneno.

Sarah pareceu hesitar, seu olhar ficando obscuro. Sua respiração ficava mais lenta e eu vi seus dedos se fechando, seu corpo começando a tremer:

—Desafio.

—Sério?- Meg fingiu suspresa- Medo das suas amigas e irmãs descobrirem de você?

—Não. Falta de medo de você.- Sarah nem parecia a garota que eu conhecia.

—Ok.- Meg se esgueirou pra frente dela- Eu te desafio a ir lá fora e beijar a primeira pessoa que ver.

Um silêncio constrangedor passou pela roda. Marie o quebrou rindo descontroladamente.

Quando todas nós a encaramos, a loira olhou com um sorriso sarcástico pra Meg:

—Você tá zoando, né?

—Por que eu “zoaria”?- Meg questionou, sua sobrancelha se arqueando.

—Por que você pediria aleatoriamente pra Sarah ir lá fora e beijar alguém?- Brunna questionou, parecendo suspeitar de algo.

—É, pede pra ela beijar alguém daqui da roda.- Daayene revirou os olhos- É bem mais fácil.

Brunna a olhou de forma estranha:

—Não foi isso que eu quis dizer. Alguma coisa está errada. Eu tô com um pressentimento ruim.

—Nossa, você tá falando igual a Sofie agora- Lua deu uma risadinha- Não é á toa que vocês duas são melhores amigas.

—Eu não vejo problema, sinceramente.- Victoria opinou- Sarah beijou várias pessoas na vida dela, e isso é só um desafio. E também, Sofie nem tá aqui pra poder discutir sobre as “moralidades desse desafio” com a gente.

—Que tipo de irmã mais velha você acha que está sendo?- Marie questionou, mas Meg a interrompeu:

—O tempo está passando, e você ainda não foi lá fora, Sarinha....

O sorriso de Meg era tão nojento que me fazia querer socar a cara dela, mas ela era tão bonita que eu sentia que eu a beijaria em algum outro tipo de contexto.

Sarah então se levantou, ajeitando a franja do cabelo curto. Ela olhou quase com desprezo pra Meg, antes de sair pela porta com determinação.

—Não deveríamos ir atrás dela?- Perguntei, e nos levantamos e começamos a andar na direção da porta. Mas Meg foi mais rápida, e saiu antes de todas nós.

Por algum milagre, cheguei na frente de todas as meninas. Elas haviam resolvido dar uma de espiãs e ficarem meio escondidas atrás da porta. Eu não, ia ver tudo mesmo.

—Tá, essa rua tá vazia- Sarah retrucou- Você quer que eu beije quem?O chão?

—Oi...Eves...- Uma voz atrás de nós me fez congelar até o último membro do meu corpo- Vim... buscar... vocês...

—Azusa?!- Eu estava tão chocada que senti meus pulmões se contraírem pela falta de ar- O que você tá arrumando aqui?

—A profeta... me chamou...- Azusa se explicou- Falou que vocês... queriam ir embora.

Dei um olhar raivoso para Meg, que estava apoiada tranquilamente na parede com um sorrisinho no rosto. Ela deu de ombros como se dissesse “se vira.”

Olhei então pra Sarah, que olhou pra trás algumas vezes e então olhou de volta pra Azusa, respirando fundo.

—Você não vai cumprir o desafio, né?- Perguntei- Foi uma armação dela!

—Desculpa, Priya. Eu não desisto de desafios- Sarah respondeu- E me perdoa, Azusa.

Sarah não deu tempo pra Azusa responder, já que deu um passo a frente e segurou o rosto machucado do garoto entre as duas mãos, o dando um beijo rápido. Rápido, porém longo o suficiente pra me fazer ficar assustadíssima e provavelmente vermelha.

Bem, Azusa também estava vermelho. Não o culpava.

Quando Sarah se separou do Mukami, ela olhou pra ele, ainda segurando seu rosto.

—Não conte para Kanato.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Como os meninos vão reagir ao "desafio" que a Sarah cumpriu? E as meninas?
Não se esqueçam de comentar suas teorias e e opiniões que eu amo ler ♥ Beijos e até o próximo capítulo! Bye bye!



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