Ele levantou com a cabeça latejando, não somente por causa da ressaca, mas também pelas palavras de Albus. O amigo tinha razão, ele não podia continuar com aquela vida. Tomou um longo banho de água gelada e depois de tomar uma poção revigorante, colocou seu uniforme e saiu em direção ao ministério londrino.

       Scorpius não estava realmente com ânimo pra passar mais um dia falando daquele caso idiota. Ele já estava cansado de apresentar provas para inocentar seu avô, mas o ministério americano insistia em dizer que Lúcio Malfoy estava diretamente envolvido.

         Na verdade ele não se importava tanto em livrar a barra do avô, eles nunca tiveram um bom relacionamento, e não compartilhavam dos mesmos ideais, além do fato de que Lúcio dizia não se arrepender de suas ações passadas, e isso deixava o neto com muita raiva.

        Scorpius sofreu e sofre até hoje com os feitos de sua família no passado, em Hogwarts ele era vítima de provocações e humilhações por pertencer a família Malfoy, ninguém o respeitava por causa de seu sobrenome.

 Com exceção de Albus é claro, o amigo nunca o julgou por ele ser quem era. Assim que se conheceram no dormitório da Sonserina e descobriram que seriam colegas de quarto, viraram amigos inseparáveis. Scorpius também fez amizade com o resto dos Potter, e com o passar do tempo, até ficava alguns dias na casa dos mesmos durante as férias.

 Foi através de Albus que ele conheceu a ruiva dos seus sonhos. Rose Weasley, eles viraram amigos logo de cara também, ela sempre andava com Albus e Scorpius quanto tinha um tempo livre ou quando iam para um passeio em Hogsmead. Ele adorava a forma doce em que ela sorria pra ele, a forma que os cabelos longos ruivos balançavam com o vento enquanto ela jogava quadribol, e a forma que ela sempre o defendia quando falavam mal dos Malfoys.

          Com um tempo eles perceberam que o que sentiam não era só amizade. Foi depois de um jogo no qual a Sonserina venceu a grifinória, enquanto a ruiva reclamava por não ter conseguido segurar a goles e estava com as orelhas vermelhas (herança de seu pai) que Scorpius, por impulso, a pegou pela cintura e a beijou sem conseguir se conter. Depois disso eles nunca mais se desgrudaram (palavras de  Albus).

         Esse relacionamento trouxe momentos inesquecíveis, como o dia em que Ronald Weasley saiu correndo atrás dele pelos terrenos da toca com uma vassoura na mão gritando a plenos pulmões que daria ele de comida aos gnomos de jardim da dona Molly, e só parou quando Gina Potter o acertou em cheio com a maldição pra rebater bicho papão. Ou quando eles estavam se beijando na beira do lago Negro, e James e Albus os empurram pra dentro da água, Rose ficou furiosa, mas Albus disse que era a única medida cabível a se tomar pra apagar o nosso fogo.

            Scorpius balanço a cabeça assim que entrou no elevador para afastar essas lembranças. Elas eram felizes, porém dolorosas. A última coisa que ele precisava no momento era lembrar o quanto aquela ruiva fazia falta. Ele ainda não tinha superado o fato de que ela tinha ido embora sem nenhum motivo aparente sem nem mesmo se despedir ou mandar uma carta.

           Quando o elevador parou no andar certo ele caminhou pelo corredor até uma sala de porta preta onde se lia "sala de reuniões" e abriu sem nem mesmo bater. Foi nesse momento que tudo congelou, e ele se viu encarando aqueles olhos azuis brilhantes que ele não conseguia tirar da cabeça nem por um segundo. Pode perceber que aqueles olhos também estavam surpresos por vê-lo ali. Ele nem percebeu quando Albus levantou da mesa e veio caminhando em sua direção com um sorriso presunçoso e disse:

—bom, como já percebeu, a senhorita Weasley é a auror que o ministério americano mandou para nos ajudar com aquele caso.