Fim de ano na cabana escrita por Denise Reis


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771467/chapter/7

 

 

O depoimento do sequestrador ocorreu dez minutos após o horário designado, pois os cirurgiões precisaram ministrar em Jerry Tyson alguns medicamentos pós cirúrgicos, tais como, antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios que fossem compatíveis com o soro da verdade.

O paciente estava visivelmente fragilizado e pálido por conta do seu precário estado de saúde, já que saíra de uma cirurgia difícil para extração de vários projéteis, sendo que dois deles não puderam ser retirados por se encontrarem em locais de difícil acesso. Caso os cirurgiões insistissem na remoção das balas, ele não sobreviveria. Apesar dos monitores hospitalares indicarem um delicado estado de saúde, o moço mostrou-se mais forte do que todos esperavam.

Com uma expressão de ódio no rosto, o criminoso, superando todas as expectativas médicas, respondeu claramente, em alto e bom tom, tudo que lhe fora perguntado, e a primeira pergunta não poderia ser outra, senão sobre a sua verdadeira identidade, a fim de descartar ou não a hipótese de ele ser o serial killer que todos pensavam ser. Ao final desta pergunta específica, ficou confirmado que não havia mais dúvidas de que aquele homem era mesmo o Jerry Tyson. Sim, era ele mesmo.

Naquele leito hospitalar estava o famoso e odiado Jerry Tyson, e o mesmo estava completamente imobilizado por faixas, correias, correntes e cadeados. Impossível sua fuga. Após a confirmação da sua identidade, foram sendo elucidadas todas as dúvidas da Justiça, desde a época em que ele fora dado como morto por ter caído de uma ponte com mais de trinta metros de altura. Esclareceu também acerca do seu antigo relacionamento amoroso com a Dra. Kelly Newman e também sobre as cirurgias plásticas feitas por ela e ainda a respeito de todos os planos que os dois tinham para matar o Castle e a Beckett. Confessou que Kely Newman fizera apenas um clone dele e que o mesmo, por não ser tão preparado e esperto quanto ele próprio, fora pego numa cilada e morrera no mesmo dia em que a médica fora morta por Kate Beckett. Dentre muitos outros assuntos antes enevoados, esclareceu detalhes da sua infância, onde morava com sua mãe adotiva, que, infelizmente, foi o marco inicial para ele passar a matar moças loiras cuja aparência se assemelhassem com a de sua mãe.

Cada revelação que o Tyson fazia deixava todos os presentes, a Polícia e o FBI estupefatos não só pela riqueza de detalhes, mas também pela forma gelada e sem nenhuma emoção com que narrava os fatos e os crimes.

Todo o depoimento foi dentro dos moldes da Polícia e do FBI e acompanhado por médicos, além de ser inteiramente filmado e gravado por várias câmeras e microfones potentes, a fim de não restarem dúvidas não só do relato dele, mas também para provar que ele não estava sendo maltratado verbal ou fisicamente pela polícia. Ninguém sequer encostou nele.

Além do corpo médico responsável pela cirurgia do criminoso e a manutenção da sua integridade física dentro do hospital, quem também esteve o tempo todo presente no depoimento foi Benício, Lanie Parish Esposito e mais três peritos médicos do FBI, além, claro, da Kate e do Castle.

Conforme prometera, Castle não se intrometera no depoimento, pois o Capitão Javier Esposito e o Agente Especial Kevin Ryan perguntavam tudo da melhor forma possível, não deixando de fora nenhuma questão e nenhum detalhe. Tyson esclareceu todos os crimes cometidos por ele, inclusive o sequestro das cinco crianças da família Castle, cujo motivo não foi outro, senão, fazer o Rick sofrer, pois deixou claro que o plano seguinte seria sequestrar, estuprar e matar Katherine Beckett Castle e, por fim, depois de fazer a família sofrer bastante, mataria o próprio Escritor com requinte de crueldade.

Como estava sob o efeito do soro da verdade, Jerry Tyson estava sendo completamente sincero nas suas reações, não tendo condições alguma de ocultar ou fingir comportamento, muito menos camuflar atitudes e, desta forma, não poupou agressões para o Castle, o provocando o máximo que pode, debochando da respeitabilidade do seu casamento, da honra de Kate como esposa, e, utilizando-se de palavras vulgares, teceu comentários descabidos e inoportunos acerca de beleza e forma física estonteantes da moça. Ele olhava para Kate com um misto de desejo e raiva e ao encarar o Castle, sua respiração ficava acelerada, tamanho era o ódio que o serial killer tinha do Escritor.

Por ter conhecimento que o homem era mesmo um desequilibrado, Castle não reagiu com as loucuras que monstro falava a seu respeito no decorrer do depoimento. Contudo, já decorrido algum tempo do interrogatório, no momento em que ouvira as agressões e as palavras deveras desrespeitosas, todas de cunho sexual dirigidas à sua esposa, Castle se levantou, chegou bem próximo ao criminoso e, olhando-o nos olhos, sem sequer tocar no enfermo, apenas falou de forma clara e irada — Você é um miserável  e invejoso, Tyson! Você é mesmo um fraco, um incapaz e infeliz que não foi capaz sequer de manter um relacionamento saudável com uma namorada, muito menos ter uma esposa e filhos, então viveu a última década se corroendo de desgosto e ódio provocado pela felicidade alheia. Sim, Tyson, você viveu os últimos anos espionando e invejando o meu sucesso e a minha felicidade com a minha família e isso te incomodou e te fez sofrer muito. Fique você sabendo que esta atitude não é auspiciosa. Seria tão mais fácil tentar ser feliz... Mas não... Você preferiu cultivar sentimentos noviços como a inveja e o ódio. Resultado, só te resta ficar acorrentado o resto da sua vida em uma penitenciária de segurança máxima, sabendo que, apesar de você, Tyson, eu vou continuar cada dia mais feliz acompanhado da minha linda e maravilhosa mulher e, apreciando e regozijando ao lado dela e da família que eu e ela construímos juntos. Tente viver com isso.

Ao ouvir o comentário do Castle, os olhos do Jerry Tyson ficaram vermelhos de ódio e aquele sentimento era tão forte e tão venenoso que seu organismo respondeu negativamente a ele.

Imediatamente após sua declaração, Castle saiu da sala hospitalar, levando Kate com ele. Precisavam voltar ao chalé e acompanhar, de perto, o pós traumático das crianças, principalmente Lily e Emily que eram maiores que os três garotinhos traquinas, mesmo que as meninas, aparentemente, demonstrassem que estavam maravilhosamente bem.

Kavin Rayan, Javier Esposito, Lanie Parish, Benício e os demais cirurgiões que acompanharam o depoimento do Tyson, perceberam que o paciente entrara em choque causado por sua própria ira. Os olhos giraram como se fossem de um boneco mal-assombrado e sua tez ficou ainda mais pálida do que já estava. Seus lábios arroxearam e todos os níveis apontados no Monitor Multiparamétrico ao lado dele, começaram a decrescer rapidamente e culminou em um colapso fatal. O aparelho começou a apitar de forma contínua indicando que já não havia mais vida no paciente. A morte o livrara de um julgamento em vida. Ele não passaria pelas dores e sofrimentos normais que todos os transgressores da lei passam. Jerry Tyson fora premiado com a morte. Aliás, não foi bem um prêmio, pois, com certeza, a justiça divina é mais rigorosa do que a justiça humana que, quando condena os criminosos à prisão, apenas os encarcera por alguns anos atrás das grades.

Segundo os médicos que o operaram, a morte do Tyson foi algo esperado, pois perdera muito sangue. Aliado a isso, havia muito ódio no seu coração e isso é um veneno não só para a alma, mas também para o corpo, que não resistiu.

Mesmo não fazendo parte da equipe de Legista da delegacia daquele município, Lanie se ofereceu para participar da missão e o Benício, como médico, pediu permissão para assistir aquela importante tarefa.

Antes de seguir Lanie para o Necrotério, Benício aconselhou o sogro – Castle, vá com a Kate para o chalé. Vocês estão exaustos.

— E você, Benício? – Castle indagou preocupado com o genro. — Está tão cansado quanto eu e ela.

— Ah, sogrão, mas eu estou acostumado a ficar mais de dez horas seguidas em um centro cirúrgico, com a mente completamente acesa e funcionando. E eu preciso assistir isso, ter a certeza que ele não vai ressuscitar mais. Preciso pôr um ponto final nesta história porque eu quero contar para a Alexis que esse homem não vai mais fazer mal a mais nenhuma família... Quero ter a certeza que ele não vai importunar mais nenhuma criança inocente. Ah, e avisem a Alexis que eu estou bem.

— Fique despreocupado, Castlle. Depois eu providencio uma viatura da polícia para levar o Benício ao chalé. – Ryan avisou – Apesar dos pesares, amigo, fique tranquilo.

— Ok! Então... – Castle deu-se por satisfeito. — Então, até mais tarde e bom trabalho para vocês.

De mãos dadas com a esposa, Castle caminhava em direção à porta da rua quando se virou para falar com o Esposito e com o Ryan — Hei, amigos, sei que o momento não é apropriado, mas tenho que perguntar... Vocês ainda vão passar o final de ano conosco no chalé, não é? Nossa família está inteira e vocês foram de fundamental importância para este crime ter sido solucionado, então temos motivos de sobra para comemorar e brindar o novo ano que se aproxima.

— Confirmadíssimo, Castle! – Esposito anuiu — Chegaremos com as crianças a tempo de comemorarmos o ano novo. Eu e a Lanie retornaremos para Nova York ainda hoje, logo depois que terminarmos a papelada. Acho que o Ryan também tem relatórios para fazer.

— Sim! Concordo com o Espo. – Ryan ratificou— Nosso plano continua de pé. Vamos comemorar o ano novo juntos.

 

 

Continua...

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fim de ano na cabana" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.